Recomendação Musical: Remove the complexities- Peter Sandberg
—
O silêncio que pesava no ambiente se quebrou em murmúrios. O Vizir ordenou aos guardas,
"Levem-na para a masmorra subterrânea e limpem tudo isso."
"Sim, Vossa Excelência!" Os guardas responderam.
O Rei William então se virou para olhar para os seus convidados com um sorriso e disse, "Vamos nos mudar para outro cômodo para continuar a celebração."
Anastásia não conseguia se mover de onde estava, pois não estava longe de onde Charlotte tinha sido decapitada. O choque havia tomado seu corpo, e sua mente estava congelada. Ela sabia que os Espinhos Negros eram cruéis e sem coração, mas eles haviam tirado a vida de alguém apenas pela suspeita de ter insultado sua família.
Os murmúrios dos convidados se transformaram em conversa à medida que começaram a sair do cômodo. Enquanto alguns estavam sem palavras pelo que acabara de acontecer, a maioria não se importava e voltava a conversar.
"É isso que acontece quando você se mete com a família real. A serviçal insignificante mereceu por pensar que poderia se safar de um comportamento tão atroz," comentou um dos convidados por perto.
"Ela desenhou de propósito?" Perguntou outra pessoa. "Talvez ela não soubesse desenhar desde o início?"
"Mas ela desenhou a Rainha Sophia exatamente como ela queria. Com certeza foi de propósito!" Veio outro comentário.
O rosto da Princesa Niyasa ficou vermelho de humilhação. Isso porque Charlotte era sua criada, e ela havia permitido que a serviçal insultasse sua avó. A Rainha Sophia exigiu em voz baixa,
"Como você pôde deixar algo assim acontecer, Niyasa?"
"Permita-me repreendê-la, Rainha Sophia," Lady Maya se curvou, e a Rainha Sophia lançou um olhar cortante novamente antes de sair do cômodo. A primeira concubina do Rei William então se voltou para a filha, que abriu a boca para falar, "Nem uma palavra aqui. Siga-me em silêncio."
Quando chegou a hora de deixar o cômodo com os outros convidados, Anastásia estava passando pelo local onde havia ocorrido o horror, mas seus olhos não conseguiam ficar à frente e se moveram para olhar para Charlotte.
Os olhos de Anastásia caíram sobre o sangue no chão, que havia se espalhado ao redor do corpo sem cabeça. Seu estômago se revirou, e incapaz de ficar parada, ela se apressou em sair do cômodo. Seus pés se moveram rapidamente antes de ela entrar no jardim que havia visitado mais cedo. Ela andou o mais longe que seus pés podiam levá-la daquelas pessoas bárbaras.
Ela chegou a uma pequena parede circular feita de pedras cinza escuras que tinham designs intricados, e no centro havia a estátua de uma mulher que parecia estar coberta por um véu, mas era trabalho em pedra.
Anastásia puxou o véu para longe de seu rosto. Colocando sua mão na pequena parede, seu estômago expeliu o que ela havia comido à tarde.
"C—como eles puderam matar e—ela..." Anastásia questionou-se. "Eles a mataram..."
Os lábios de Anastásia tremiam. Sua visão ficou turva à medida que as lágrimas começaram a cair de seus olhos. Ela não podia acreditar que Charlotte estava morta. Morta sem um segundo pensamento ou misericórdia. Ela fechou os olhos para controlar suas emoções, mas suas lágrimas não pararam.
Ela ainda se lembrava do dia em que Charlotte foi trazida pela primeira vez ao palácio e se aproximou dela.
'Por que você está sentada sozinha?' Perguntou a jovem Charlotte ao ver Anastásia no canto da cozinha. 'Deixe-me sentar aqui para lhe fazer companhia.'
'Anna, olhe! Eles estão distribuindo doces; vamos pegar alguns!'
Anastásia sabia que a mentira de Charlotte não iria longe e acabaria em ela sendo punida. Mas ela foi decapitada.
"Por que você os roubou... mentiras, meu Deus..." Anastásia sentiu um arrepio envolver seu corpo quando percebeu a borda afiada de uma espada caprichosa na qual estava de pé.
Se e quando a família real descobrisse sobre ela ter mentido para eles, eles a decapitariam também! Pensando no destino de Charlotte e no que poderia acontecer com ela, ela estava aterrorizada, e seu corpo tremia por inteiro. Ela tinha que escapar... não podia ficar neste lugar cruel. Embora estivesse no jardim agora, ela se sentia sufocada, como se paredes invisíveis a aprisionassem.
Anastásia sentia falta de ar. Seu corpo balançava, pronto para cambalear para trás, quando ela ouviu alguém dizer,
"Calma aí."
Dante estava atrás dela, segurando seus braços para apoiá-la.
Anastásia recuperou o equilíbrio. Ela virou-se para olhar para ele, os cílios retendo gotas das lágrimas que derramava dos seus olhos.
Pela primeira vez, os olhos de Dante se fixaram no rosto da jovem mulher, que não estava escondido atrás do véu. Seus olhos castanhos estavam úmidos, e ela parecia assustada. Suas bochechas e nariz estavam rosados. Seus lábios entreabertos tentavam respirar, mas estava difícil, considerando como seu peito arfava. Suas sobrancelhas escuras se franziram, e ele a instruiu,
"Respire lentamente. Foque na minha voz."
Levou um bom minuto antes do coração ansioso de Anastásia parar de bater descontroladamente. Ela sussurrou, "Estou bem agora... obrigada." Se afastando dele, ela se recostou à pequena parede circular. Ela enfiou a mão nos bolsos em busca de um lenço, mas não havia nenhum.
"Aqui," Dante disse, oferecendo seu lenço para ela.
Com hesitação, Anastásia pegou-o e usou para limpar seu rosto. Ela disse, "Obrigada. Estarei bem sozinha, Príncipe Dante."
"Você parece longe de estar bem. Minha avó não ficaria feliz em saber que a deixei sozinha. Sem mencionar que eu mesmo poderia usar um pouco de espaço," Dante respondeu, observando a jovem mulher de perto, que parecia com o coração partido. O lado do jardim em que se sentaram estava silencioso. Ele notou que ela segurava o lenço no colo e perguntou, "É a primeira vez que você vê alguém ser executado?"
Anastásia não olhou para ele, mas assentiu em resposta. Ela perguntou, "Me perdoe, pois não tenho a intenção de ofender, mas a morte não é uma punição muito cruel?"
"Confie em minhas palavras quando digo que há coisas muito mais cruéis do que a morte, senhora," Dante declarou, sua voz calma e controlada como se a morte não o afetasse. Ele disse, "A criada cometeu o erro de zombar não de qualquer um, mas da rainha suprema deste reino."
Anastásia havia esquecido que Dante era um Espinho Negro, e que tinha a reputação de ser impiedoso ao determinar punições.
Como ela pôde esquecer? Só porque havia vestido um vestido caro e conversado com príncipes e princesas, isso não apagava a verdade de que ela era uma criada mentindo para eles. Ela se lembrou de sua irmã mencionando que Dante matou o guarda que tentou fugir com a cortesã mais velha.
Um fio de medo se infiltrou no coração de Anastásia. Ela se disse para não mostrar medo, pois isso só revelaria a verdade diante deste homem. Ela perguntou a ele suavemente, "Quando você se acostumou com a visão da morte?"
A cabeça de Dante se inclinou enquanto a observava. Ela era definitivamente uma bela jovem mulher, mas o apego à beleza significava muito pouco para o filho mais velho do rei Espinho Negro. Aproximando-se da parede circular, ele se encostou nela, enquanto enfiava as mãos em seu longo casaco. Ele respondeu,
"Provavelmente quando eu tinha oito ou nove anos." Neste ponto, as sobrancelhas de Anastásia se elevaram sutilmente. Mas então, ele vivia em um palácio onde as pessoas eram frias e cruéis. Ela o ouviu dizer, "E é difícil não experienciar a morte durante as guerras. Você se banha no sangue que pertence aos seus inimigos ou aos seus soldados, e isso muda você."
"Me desculpe," Anastásia sussurrou, pois Dante, naquele momento, parecia mais humano do que os outros diziam dele.
"Você não precisa estar," a resposta de Dante foi cortante, e ela se virou para olhá-lo, onde ele tinha cruzado as pernas. Ele disse, "É uma posição de prestígio, lutar pelo seu reino e trazer de volta a cabeça dos inimigos."
... e lá se foi a parte humana dele, Anastásia pensou consigo mesma.
"Você não concorda," Dante observou, e era mais uma afirmação do que uma pergunta.
Anastásia franziu os lábios e respondeu, "Eu acho que toda vida deve ser valorizada, independentemente de sua insignificância. E tudo pode ser consertado... mudado."
Quando seus olhos se voltaram para o rosto de Dante, ela notou um canto de seus lábios se ergueu, e ela teria confundido com um sorriso se não fosse pelo olhar imutável em seus olhos. Ele disse,
"Se eu não estiver enganado, a criada não foi a pessoa que fez os esboços que foram exibidos ontem. Ela mentiu, e meu pai provavelmente sabe disso. Deixar uma pessoa impune dá oportunidade para que outras cometam ofensas semelhantes, e é por isso que é melhor lidar com essas coisas rapidamente."
Anastásia franziu a testa e perguntou cautelosamente, "Como você pode dizer?"
"Que não foi ela?" Os olhos da meia-noite de Dante não se desviaram dos olhos castanhos de Anastásia. Suas palavras foram vagas, "Digamos apenas que é a experiência. Quando você está lidando com intrusos e mentirosos... você consegue perceber a verdade, como o fato de a sua irmã não ser alérgica ao clima e à areia. Ou que você não tomou café da manhã em seu quarto esta manhã."
Seu coração disparou com suas palavras, e ela segurou a beira da parede para acalmar seu coração, sentindo a superfície fria.
Anastásia começou, "Eu—"
"Não tenho interesse em saber suas razões. Você é uma convidada no palácio, cuja visita é breve. E o que estamos fazendo é apenas uma farsa para evitar que os outros nos incomodem," as palavras de Dante foram cortantes. "Então fique à vontade," ele disse, antes de desviar o olhar dela.
Eles ficaram assim por vários minutos sob as estrelas, cercados pelo silêncio.
Anastásia ficou preocupada com o pensamento de sua mentira vir à tona, e ela permaneceu em silêncio. Não tendo dormido a noite inteira e tendo chorado há pouco, ela sentiu seus olhos pesarem e ajustou sua postura para que não cochilasse.
Por outro lado, Dante notou que não se importava com a companhia desta jovem dama. Provavelmente porque ela não estava se jogando sobre ele. Era refrescante por uma vez e a fazia parecer tolerável. Ele sabia que ela não havia tomado café da manhã porque, antes de deixar o palácio, ele perguntou ao Sr. Gilbert se algum convidado teve sua refeição servida em seu quarto, e a resposta tinha sido não.
Anastásia e Dante se olharam ao mesmo tempo. Ele se impulsionou para ficar ereto e disse,
"Devemos voltar para dentro."
Ao mudar de postura, Anastásia moveu seu quadril para trás, de modo que, ao tentar levantar-se, em vez de mover para a frente, sentiu seu corpo se mover para trás. Dante, que notou isso, moveu-se para segurá-la, e ela agarrou a frente de seu casaco com as mãos para evitar a queda.
Mas isso acabou puxando-o para a fonte de água atrás deles contra a qual ela não sabia que estava se encostando. A água espirrou para fora.
Anastásia arfou, seus olhos arregalados e despertos. Por causa da água na fonte, seu corpo e suas roupas estavam encharcados.
Diante dela pairou um Dante igualmente encharcado, a água escorrendo por seus cabelos e rosto. Havia um olhar de irritação e aborrecimento em seus olhos enquanto ele a encarava agora.
"Parece que banhos regulares não lhe agradam, Senhora Flores," Dante comentou, seus olhos nos dela. "Ou você prefere companhia," suas palavras zombavam com leve irritação.
Engolindo o nervosismo, Anastásia pediu desculpas, "Eu—Eu não pretendia puxar você, Vossa Alteza."
Dante se afastou dela e saiu da fonte, passando a mão pelos cabelos molhados para jogá-los para trás.
Anastásia lutou para sair antes de conseguir, e arrumou o vestido que tinha levantado.
Por outro lado, Dante olhava para Anastásia, onde água continuava a se acumular ao redor de seus pés, assim como ele. Ela parecia envergonhada enquanto segurava as mãos à frente do corpo e tremia. Suas roupas agora colavam em seu corpo como uma segunda pele, revelando os contornos femininos. Mas seu vestido molhado revelava mais do que apenas o contorno. Por alguma razão, a visão dela provocou seus pensamentos usualmente controlados, e ele cerrou os maxilares.
Anastásia de repente sentiu algo sendo jogado nela. Ela olhou para suas mãos e notou o casaco marrom. Ela ouviu Dante ordenar,
"Vista-o. Você vai precisar dele ao voltar para dentro."
Quando Anastásia olhou para Dante, ela viu sua camisa branca que havia se tornado transparente revelando a pele e os músculos por baixo de sua camisa molhada. Gotas de água escorriam por seu pescoço e desapareciam atrás do tecido. Ele virou as costas para ela e seus olhos caíram sobre seus ombros largos. Ele disse, "Eu vou entrar primeiro."