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Chapter 14 - Escuridão Repentina

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(Da Perspectiva de Blue)

Me encolhi rapidamente, tentando ampliar o espaço entre nós, mas ele ainda estava segurando minha mão, me mantendo no lugar.

— Fugindo, minha noiva? — ele provocou.

— Você não vai me mostrar outras partes do castelo? — perguntei, tentando parar suas provocações. Eu não queria deixá-lo ver meu estado, uma bagunça desajeitada.

— Ah sim, minha noiva — ele sussurrou, roçando os lábios no meu lóbulo da orelha antes de se afastar. — Que tal irmos para a biblioteca?

Ele me levou escada acima, para o segundo andar, até a biblioteca. No nosso caminho, muitas pessoas se curvaram para nós. Eu me senti muito desconfortável, mas ele parecia não notar.

— Eles sempre se curvam? — perguntei.

— Devem fazê-lo, pois sou o Rei deles — ele respondeu.

— Isso não é demais?

— Talvez, mas as regras às vezes podem ser opressivas — ele deu de ombros.

Ele empurrou a porta da biblioteca com as palmas das mãos. Era enorme e certamente pesada, mas ele a abriu sem esforço.

— Vocês, lobisomens, são mais fortes do que os humanos normais? — perguntei.

— Pode-se dizer que sim.

— Tipo, quão forte você é? Você tem superforça?

— Depende da sua definição de superforça.

— Você pode socar uma parede e fazer um buraco?

— Não tenho certeza sobre um buraco, mas posso causar uma fratura na parede com certeza — ele disse.

— E você não vai quebrar seus nós dos dedos?

— Não apenas socando a parede.

— Isso é realmente incrível! — exclamei admirada. Mas então o pensamento veio a mim. Ele era incrivelmente forte e isso significava que ele poderia quebrar meus ossos se estivesse com raiva. Eu engoli em seco. E se ele quebrasse meus ossos? E se ele esmagasse meu crânio?

— No que você está pensando, minha noiva? Está com medo de mim? — ele perguntou.

— Não — tentei rir, mas o som que saiu da minha boca poderia ser qualquer coisa, mas com certeza não era uma risada.

— Não minta para mim, doce coisa. Eu consigo ver através das suas palavras. Nunca esconda seus verdadeiros sentimentos de mim — ele disse, aproximando o rosto do meu e acariciando o lado do meu pescoço como se tivesse cuidado para que eu não desmoronasse.

— Não estou com medo ... Só um pouco consciente da realidade — murmurei.

— Entendo. Mas fique tranquila, minha noiva, eu não a machucarei. Eu levantaria o mundo por você ...

— E depois deixaria cair na minha cabeça quando você estivesse com raiva.

— O que faz você pensar que eu faria isso? — ele perguntou, e eu percebi que tinha dito isso em voz alta. Achei que estava na minha cabeça, mas minha boca me traiu.

Olhei para cima, culpada, os meus olhos encontrando os dele, pretos, e engoli em seco novamente. — Desculpa.

— Por que está se desculpando? Você falou exatamente o que estava em sua mente. Eu gostaria que fizesse o mesmo. Quero que você seja completamente honesta comigo sobre sua vida, suas decisões, seus sentimentos e tudo mais — ele disse enquanto passava o polegar pelo canto do meu pescoço onde sua mão estava, e eu me senti derretendo. — Mas não se preocupe, minha noiva. Você é minha e eu não machuco o que é meu. Eu os salvo a todo custo e me certifico de que ninguém mais tome o que é meu. Mas eu nunca vou machucar a minha coisa. Não importa como eu seja com os outros, minha doce noiva, você não verá essa parte de mim com você.

Eu não sabia se deveria estar confusa ou aliviada com suas palavras. Havia algo na maneira como ele dizia 'minha', algum tipo de possessividade, uma determinação e algo mais que eu não conseguia compreender.

— Você não vai me machucar? — perguntei tremulamente.

— Não vou, querida, não vou — ele disse e beijou minha testa. O gesto era um sinal de proteção, uma promessa que segurava meu coração com força.

— Meu rei?

Uma voz me fez estremecer, e tentei me afastar já que estávamos muito perto. Mas ele me segurou no lugar, sem se importar quem nos visse parados tão próximos.

Percebi que ainda estávamos de pé na porta da biblioteca, muito próximos um do outro, de tal maneira que ele respirava no topo da minha cabeça.

— Oh, eu não sabia... — o homem velho começou hesitante, desviando o olhar.

— Não se preocupe, Amos. Estou aqui para mostrar a futura Rainha a biblioteca — disse Demétrius, olhando para baixo em minha direção, fazendo minhas bochechas esquentarem.

— Oh, eu não sabia. Seja bem-vinda, minha senhora — disse o homem velho, curvando-se.

Assenti para ele e ofereci um sorriso, sem saber o que mais fazer. — Por favor, entre, minha senhora.

— Você pode fazer uma pausa agora, Amos. Precisamos de um pouco de privacidade — disse ele.

Eu não entendi nada. Ele deveria me mostrar a biblioteca. Então por que precisaríamos de privacidade?

— Certamente, meu rei. Tenha um bom tempo, meu rei e minha senhora — Amos disse e se curvou mais uma vez antes de sair.

Demétrius me levou para dentro da biblioteca e fechou a porta atrás de mim. A biblioteca era imensa, com enormes estantes de cada lado. Havia mais livros do que alguém poderia contar. Eu fiquei impressionada com a grandiosidade do lugar e a coleção de livros.

— Por que precisamos de privacidade? — perguntei, mas ele apenas riu, balançando a cabeça. — Não estamos casados — murmurei embaixo do fôlego, o que o fez rir ainda mais. Sua risada era sedutora de uma maneira, mesmo que não devesse ser.

— Não se preocupe, minha noiva. Eu não farei nada que você não queira que eu faça. Eu só não quero que ele fique por perto enquanto desfrutamos do nosso tempo a sós — disse ele.

Limpei a garganta e senti-me compelida a mudar o assunto. Ele estava me provocando cada vez mais a cada segundo que passava. Ele não era assim há pouco tempo, mas ele foi se tornando aos poucos um provocador e eu... não odiava isso.

— Você vem aqui muitas vezes? — perguntei enquanto passávamos por uma estante e eu admirava os livros.

— Eu não tenho muito tempo livre, mas quando tenho, venho aqui para ler — respondeu ele.

— Eu posso vir aqui também? Quero ler alguns livros também — pedi.

— Claro, minha noiva. Não precisa me pedir isso, apenas faça o que quiser — disse ele, dando umas batidinhas na minha cabeça como se eu fosse uma criança. — Mas lembre-se de uma coisa.

Eu olhei para cima, porque sua voz tinha subitamente se tornado fria. Parecia que o lado afetuoso dele tinha ido embora em um segundo. Não pude deixar de me sentir desconfortável com a súbita mudança.

— Lembre-se sempre de que você é minha. Sempre lembre disso — ele disse, sua voz era tão escura e perigosa que eu quis dar um passo para trás. Se não fosse pela mão dele no meu cabelo e sua outra mão segurando minha mão, eu faria isso o mais rápido possível.

— Você entende, minha noiva? Você entende, minha doce Blue? — ele perguntou, trazendo o rosto para perto do meu, me deixando quase cega pelo olhar em seus olhos escuros.

— S-Sim — eu disse e minha voz tremeu muito.

Ele sorriu abruptamente, fazendo a aura escura se desfazer e me pegando desprevenida. — Boa menina — ele comentou enquanto bagunçava meu cabelo.

— Vamos, agora vamos até a janela. Vou te mostrar uma coisa — disse ele e me puxou consigo. Eu estava tão chocada que não consegui dizer uma única coisa. A mudança súbita, o olhar sombrio - tudo estava me dizendo que havia mais coisas sobre ele do que eu pensava.

— Alguma coisa está te incomodando, minha noiva? — perguntou.

Balancei a cabeça e tentei sorrir enquanto ele me mostrava o fosso. A água que enchia o fosso era cristalina, parecendo linda à medida que os raios de sol caíam sobre ela. Mesmo com o clima bonito e os arredores fantásticos, não pude deixar de pensar sobre a maneira como ele se comportou há pouco.

— Você não tem que trabalhar hoje? — perguntei.

— Não, minha noiva, não até a tarde. Eu sairei depois do almoço. Posso me atrasar. Estamos com um problema com outro reino. As coisas estão ficando um pouco tensas com vários espiões deles entrando em nosso reino. Preciso investigar mais a fundo essa questão — disse ele.

— Barrett disse que existem cinco reinos — eu disse.

— Sim. Este é Querência, meu reino, nosso reino. Os outros quatro são Ataraxia, Trouvaille, Lacuna e Mazarina. Temos um problema com Trouvaille. Ford Trouvaille é o rei de Trouvaille. Ele não é muito de fazer acordos decentes com os outros. Ele até deu o nome do seu sobrenome ao reino — disse.

— Isso é permitido? — perguntei, surpresa.

— Ele fez com que fosse permitido. Seu reino é um pouco menor que o meu, mas não vou mentir, ele tem espiões melhores do que nós. Seus espiões fazem votos de morte — disse.

— Votos de morte?

— Sim, tipo se eles forem pegos, eles se matarão de uma maneira ou de outra — respondeu ele.

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