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Chapter 4 - A ALMA

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A alma foi agraciada com seus próprios ouvidos para ouvir coisas que a mente não entende. –Rumi–

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"As bruxas da Convenção Setentrional se encontrarão com os Vampiros perto do nosso território, com base nas informações que obtivemos, ambos os lados organizaram uma afiliação." Rafael explicou enquanto folheava o documento.

Torak levantou a mão, sinalizando para Rafael parar. "Falaremos sobre isso mais tarde." Disse ele com voz fria. Depois, voltou sua atenção para Ronan. "Alfa Ronan... Eu ouvi que alguém da sua alcateia viu um Kanima em nosso território na semana passada?"

Kanima era um metamorfo, uma mutação do gene de lobisomens. Eles eram considerados criaturas perigosas porque poderiam ser usados como um instrumento de vingança. Essas criaturas não procuram por uma alcateia ou comunidade, ao contrário, eles estavam em busca de um mestre e executariam o que quer que lhes fosse ordenado.

O Alfa Ronan baixou a cabeça. "Sim, Alfa Supremo Torak." ele admitiu, ter outras criaturas invadindo seu território era uma humilhação para ele. "Na verdade, dois dias atrás, outro membro da alcateia reconheceu dois Kanimas, que se transformaram em forma humana em nosso território."

As sobrancelhas de Torak franziram-se. "Como ousam..." Um rosnado profundo escapou de seus lábios.

O território dos licantropos de Torak abrangia quase 70 por cento do mundo humano com ele sendo o Alfa Supremo, enquanto o resto era dominado por Demônios, Vampiros e outras criaturas. As criaturas sobrenaturais viviam em sua maioria entre os humanos, embora os humanos não percebessem a existência deles, e assim deveria permanecer.

Torak apoiou o cotovelo sobre a mesa e enterrou o rosto na palma da mão. Ele se sentia ansioso ultimamente e seu lobo estava à beira de vir à tona, mas ele não sabia o que havia causado isso.

"Alfa Supremo Torak, você está bem?" A voz de Ronan encheu-se de perplexidade enquanto olhava para o Beta que parecia estar tão confuso quanto ele.

Torak queria discutir algo com Ronan e essa era a razão pela qual o fizera ficar. Mas ele estava tão inquieto que isso o estava deixando louco. 

Algo não estava certo, como se ele tivesse esquecido de algo?

Ninguém poderia dizer...

"Torak..." Rafael deu um toque em seu ombro. Além de seu Beta, Rafael também era um amigo próximo de Torak. Ele estava ao seu lado desde a primeira vez que estabeleceu seu poder no mundo humano e governou todos os licantropos. "Alfa Ronan, peço desculpas... Acho que você deveria ir embora. O Supremo Alfa Torak não está em boas condições."

O Alfa Ronan não disse mais nada enquanto se levantava, acenou para a direção do Supremo Alfa Torak e do Beta Rafael antes de sair da sala.

"Torak, você está bem?" Rafael se sentou ao lado dele. 

Torak levantou a cabeça e abriu os olhos. No entanto, seus olhos de cor azul oceano mudaram para preto absoluto olhando para o distante.

"Torak, seu lado lobo está vindo à tona." Rafael apontou o óbvio.

"Eu sei." Disse Torak com voz áspera. Ele fechou os olhos por um instante antes de abri-los novamente e voltarem à sua cor natural azul oceano.

"O que aconteceu? Você parece inquieto recentemente." 

"Eu não sei, meu lobo queria tomar o controle."

"Já faz um tempo desde que você deixou seu lobo sair. Talvez ele só precise de um pouco de alongamento?" Rafael deu de ombros enquanto esticavam os músculos dos braços. "Ah! Eu também preciso deixar meu lobo sair."

"Calleb está aqui!!!" 

A voz alta junto com a abrupta abertura da porta fez com que Torak e Rafael rosnassem. Quando a porta se abriu, revelou um jovem na casa dos vinte e poucos anos que entrou tempestivamente na sala de reunião.

"Da próxima vez que você fizer isso de novo, você vai ser demitido." Rafael rosnou para ele.

Enquanto Calleb caminhava em direção à cadeira perto dele, ele deu a Rafael um sorriso maroto. "De qual posição? Como assistente ou como Gama?"

Calleb era o supremo Gama para Torak, o terceiro no comando, embora tivesse um comportamento imprudente, na verdade ele era um dos lobos mais fortes e inteligentes que Torak conhecia. Além disso, com aquela atitude, ele conseguia equilibrar o reinado de Torak em ambos os mundos.

Rafael não respondeu à sua questão vazia e apenas lançou-lhe um olhar fulminante.

"O que aconteceu com o nosso Alfa?" Calleb se inclinou para a frente e encontrou os olhos escuros de Torak. "Seu lobo veio à tona!" Ele repetiu a palavra de Rafael e isso só fez Torak se irritar profundamente.

"Calem-se os dois." Ele estalou. "Vamos embora."

Torak se levantou e saiu pela porta. O dia deles fora longo e Torak precisava descobrir o que estava errado com seu lobo.

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"Ahh! Queria saber o que minha parceira está fazendo agora..." Calleb suspirou e deixou os ombros caírem no assento do passageiro.

Aparentemente, o céu noturno melancólico lá fora tinha alguns efeitos colaterais no humor de Calleb, pois ele se tornou mais emocional. 

"Você não tem nada que se pareça com uma parceira, Casanova." Rafael revirou os olhos de trás do volante. 

"Mantendo os olhos retos na rua, por favor, não precisamos de um acidente de carro na nossa agenda." Calleb resmungou rabugento. "Ah! Por que ainda não encontrei minha parceira..."

"Você tem apenas sessenta anos, mal passa de um filhote." Rafael retrucou. 

"Com licença, eu tenho setenta e dois." Calleb se sentiu ofendido por ser comparado com um cachorro. "Eu teria netos se eu fosse humano."

"Eu teria a minha sétima geração se eu fosse humano." Rafael respondeu desnecessariamente sendo competitivo. 

"Você teria morrido." Calleb corrigiu. "Nenhum humano conseguiria viver trezentos anos."

Por causa de sua longa expectativa de vida, isso se tornou uma piada privada entre eles de vez em quando.

"Bem, ninguém pode vencê-lo." Rafael apontou para Torak, que estava sentado no banco de trás, pelo retrovisor. 

Calleb seguiu seu olhar e olhou para Torak, que fechou os olhos, aparentemente havia adormecido. "Realmente, se for ele, estamos falando de séculos."

"E você está reclamando que não tem uma parceira." Rafael o lembrou em um tom baixo que fez Calleb fazer bico.

Quase toda alma no mundo sobrenatural sabia sobre a maldição dos Donovans. 

Eles foram amaldiçoados para viver sem uma parceira pela deusa da lua, mas ninguém sabia sobre outra profecia que ocorreu após o término da guerra.

A parceira era a fase mais importante na vida dos licantropos e lobisomens, como a essência de sua existência. Muitas vezes, lobisomens masculinos teriam se tornado ferais por um longo período de tempo se necessário, para encontrar sua outra metade. Afinal de contas, a parceira era o que equilibrava suas vidas. 

Por outro lado, para os licantropos que tinham uma vida mais longa, frequentemente eles encontravam suas parceiras muito tarde e por isso eram mais fortes para manter sua mente lúcida em comparação aos lobisomens. Mesmo assim, ainda era um milagre para eles viverem sem parceiras por séculos como licantropos.

A rua da Cidade de Fulbright ainda estava viva mesmo tendo passado da meia-noite e o céu noturno melancólico começou a garoar quando Rafael ouviu a voz gutural de Torak, "Vire à direita." 

"O quê?" Rafael pensou que o tinha ouvido errado, instintivamente ele olhou para ele pelo retrovisor e viu os olhos escuros de Torak olhando de volta para ele.

Por causa da ordem inesperada, Rafael não foi rápido o suficiente para mudar de direção. Ele quase perdeu a entrada quando Torak abruptamente se inclinou para frente e agarrou o volante dele.

"Vire à direita!" Torak rugiu. 

"Merda!" Calleb praguejou alto quando o carro fez uma curva brusca na direção do beco estreito à direita deles. 

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