Astracar respirou fundo novamente antes de continuar, sua voz firme, mas carregada de uma mistura de emoções.
"Mesmo eu não sendo sangue do seu sangue, tanto ela quanto Lampião me disseram que eu poderia me apresentar como filho deles. Eu poderia sentir ódio e desprezo por você, poderia me revoltar por tudo que ela sofreu... Mas como posso fazer isso ao ver você assim, nesse estado, carregando um peso tão grande nas costas?"
Ele fez uma pausa, observando a expressão de Tiberius, antes de prosseguir.
"Em nome dela, eu irei te perdoar. Mas, saiba... eu nunca esquecerei suas palavras, nem o que aconteceu. O perdão não apaga o passado, mas pode nos ajudar a seguir em frente."
A sala do trono parecia mais silenciosa do que nunca, enquanto Astracar e Tiberius trocavam olhares, compartilhando o peso de uma história complexa e dolorosa.
Tiberius, com os olhos ainda marejados, levantou a cabeça e, com uma expressão mais determinada, colocou a mão sobre o peito. Sua voz ganhou força à medida que ele jurava solenemente:
"Eu juro, em nome da Deusa Yarandira, que eu, Tiberius Light, usarei todo o poder do meu Imperio para te ajudar, Astracar. A partir de hoje, você terá todo o suporte que meu reino puder oferecer. E seu tio, Apollo, também estará ao seu lado."
Ele fez uma breve pausa, como se o peso de suas próximas palavras fosse algo monumental.
"E a partir deste momento, você será um membro da família real. Não apenas por laços de sangue, mas por escolha e reconhecimento. Eu te declaro meu neto."
Tiberius estendeu a mão em direção a Astracar, uma oferta que selava um vínculo poderoso. Era uma reconciliação com o passado e uma promessa de um futuro compartilhado, agora com Astracar não apenas como um herói do sertão, mas como parte da realeza.
Astracar estendeu sua mão e segurou firmemente a de Tiberius. Seus olhos, agora mais calmos, refletiam uma mistura de gratidão e aceitação. Ele sorriu levemente e disse com sinceridade:
"Obrigado, avô. Creio que minha mãe ficaria feliz com isso."
O peso das palavras pairou sobre eles, como se naquele momento ambos honrassem a memória de Maria Bonita e o elo que, de uma forma ou de outra, agora os unia. O Imperador sagrado, que um dia fora palco de dor e discriminação, agora se tornava um lugar de redenção e novos laços familiares.