Ao abrir os olhos, sou saudado pelos primeiros raios de sol que penetram pela janela do meu quarto, pintando o ambiente em tons dourados e prenunciando o início de um novo dia. Levanto-me da cama com determinação, sentindo a energia da antecipação pulsar em minhas veias. Caminho até a janela e contemplo a paisagem lá fora, as muralhas imponentes do castelo erguendo-se contra o horizonte, enquanto o sol ilumina o vasto campo além.
Ao meu lado, Alice desperta lentamente, seus olhos azuis brilhando com curiosidade enquanto ela observa minha expressão. "O que você está pensando, meu amor?" ela pergunta, sua voz suave ecoando pelo quarto.
"Estou pensando no dia de hoje, minha querida," respondo, meu olhar fixo no horizonte distante. "Hoje é o dia em que finalmente poderei montar minha cavalaria, uma ordem que será a própria imagem dos Lourenços: leal, justa e poderosa."
Seu olhar se ilumina com uma mistura de admiração e malícia, e não posso deixar de sorrir diante de sua expressão encantadora. Mas então ela adota uma expressão de brincadeira, sugerindo que eu não me esqueça dela, minha pobre esposa. Seu sorriso travesso é irresistível, e eu me aproximo dela com um olhar cúmplice.
"Jamais poderia esquecer de você, minha adorada esposa," respondo, tomando sua mão entre as minhas. Beijo delicadamente seus dedos, sentindo o calor de sua pele macia contra a minha. "Você sempre será minha prioridade, não importa o que aconteça."
Ela solta uma risada doce, e eu me vejo envolvido por sua ternura. Continuo a acariciá-la com carinho, sentindo-me grato por tê-la ao meu lado. Mas então, um lampejo de desejo passa por seus olhos, trazendo uma faísca de tensão ao ar entre nós.
"Sim, em breve teremos muitos herdeiros para continuar nossa linhagem," murmuro, sentindo um calor reconfortante se espalhar por meu peito. "Mas hoje, vamos nos concentrar no que está por vir. Hoje é o dia em que darei vida à minha visão, e nada me deterá."
A atmosfera no salão estava carregada de uma falsa alegria, como se todos estivessem usando uma máscara para esconder os verdadeiros sentimentos sombrios que permeavam o ambiente. O guarda abriu a porta e adentramos, ocupando nossos lugares à mesa. Meu pai e minha mãe estavam lá, e nos juntamos a eles para a refeição.
Enquanto saboreávamos a comida, meu pai trouxe à tona o assunto que eu temia: a guerra civil entre os irmãos de Alice. A nobreza muitas vezes lida com conflitos internos de forma pragmática, e meu pai não era exceção.
Apesar da notícia sombria, todos mantinham uma expressão alegre e cordial, como se estivessem cumprindo um papel em um teatro elaborado. Alice, especialmente, parecia uma mestra na arte de esconder suas verdadeiras emoções por trás de um sorriso educado.
Um peso se instalou sobre o ambiente, e vi a expressão de preocupação no rosto de Alice. Ela ficou séria por um momento, mas logo retomou a compostura, mantendo-se calma diante da notícia.
Perguntei a meu pai sobre a situação dos irmãos de Alice, e ele explicou que a disputa havia começado e que o Conde Hoster, pai de Alice, estava à beira da morte. Senti um aperto no coração ao ouvir aquelas palavras, sabendo que isso afetaria diretamente a minha amada.
Alice respondeu com serenidade, aceitando a notícia com resignação. Ela tinha uma expressão triste nos olhos, mas manteve-se firme, como sempre fazia diante das adversidades.
Decidi mudar de assunto, não querendo prolongar a atmosfera sombria à mesa. Informei a meu pai que meus planos estavam prontos e que a estrutura para a nova cavalaria estava preparada. Ele parecia satisfeito com minha rapidez e eficiência.
"Konrad, você agiu com presteza. É importante que tenhamos nossa própria força militar, especialmente em tempos de incerteza como esses", disse meu pai, com uma seriedade que denotava a gravidade da situação.
"Sim, pai. Acredito que a criação dessa cavalaria não só nos fortalecerá, mas também nos dará uma vantagem estratégica importante", respondi, expressando minha convicção na importância desse empreendimento.
Alice permanecia em silêncio, absorvendo as palavras trocadas entre mim e meu pai. Seu olhar era perspicaz, como se ela entendesse o peso das decisões que estávamos tomando.
Decidi propor a próxima etapa do plano, sugerindo que partíssemos ainda naquela tarde para selecionar as tropas necessárias. "Pai, pretendo ir com Sir Cedric para escolher as tropas da cidade e iniciar os preparativos imediatamente", anunciei, buscando sua aprovação.
Meu pai assentiu, reconhecendo a urgência da situação. "É uma decisão sensata, Konrad. Confio em sua liderança e sei que fará o que for necessário para garantir o sucesso dessa empreitada."
Com a bênção de meu pai, eu me senti renovado em minha determinação. Por fora, mantive o sorriso educado que esperavam de mim, mas por dentro, sentia uma sombra pairando sobre mim, uma sensação de inquietação e apreensão em relação ao futuro incerto que nos aguardava.
Terminando de comer, me despeço e vou encontrar Sir Cedric. Chego ao guarda que está no corredor e dou a ordem para chamar Sir Cedric e avisá-lo para me encontrar. "Sim, meu senhor", responde o guarda, indo cumprir minha ordem. Parto para o jardim, onde fico olhando as flores por alguns minutos até avistar Cedric chegando.
"Me chamou, meu Senhor?" ele indaga ao se aproximar.
"Sim, Cedric. Caminhe comigo, tenho algumas coisas para discutir", respondo, conduzindo-o por entre os jardins bem cuidados.
"Você sabe, Cedric, estou criando uma nova cavalaria", começo, enquanto caminhamos. "Uma força que será a própria imagem dos Lourenços: leal, justa e implacável."
O rosto de Cedric se ilumina com uma expressão de surpresa e honra. "Seria uma grande honra para mim fazer parte dessa empreitada, meu senhor", ele responde, mantendo o tom respeitoso.
"Sim, será uma honra para qualquer um", concordo, "mas você, Cedric, terá um papel especial. Será o comandante dessa cavalaria, encarregado de treinar nossos homens e liderá-los com bravura e determinação."
Cedric assente com seriedade, compreendendo a responsabilidade que lhe foi confiada. "Entendo, meu senhor. Prometo que farei o meu melhor para estar à altura dessa confiança."
"Isso é o que espero de você, Cedric", digo, colocando uma mão em seu ombro em um gesto de camaradagem. "Reúna cem homens da guarda da cidade e comece a selecionar os mais capazes para se juntarem a nós. Eles serão os melhores entre os melhores, os cavaleiros dos Lourenços."
Cedric parece determinado a cumprir a tarefa, e eu confio plenamente em sua habilidade e lealdade. "Entendido, meu senhor. Farei o meu melhor para garantir que esses homens sejam dignos de usar o brasão dos Lourenços."
"É tudo o que posso pedir", respondo, dando-lhe uma última instrução. "Em alguns dias, quero ver pessoalmente os novos recrutas. Certifique-se de que estejam prontos para enfrentar qualquer desafio que se apresente."
Com isso, libero Cedric para iniciar os preparativos, enquanto eu permaneço no jardim, contemplando o horizonte com um misto de expectativa e preocupação. O dia promete ser desafiador, mas estou determinado a enfrentar o que quer que venha pela frente, pela honra e glória da minha casa.