Enquanto seguia o velho, observei que a população estava mais calma. Aparentemente, os soldados os informaram que não foram os demônios que atacaram a vila.
Os vestígios de cheiro de demônios pelos lugares que passei eram escassos, o que sugeria que apenas uma minoria deles atacou a vila. Com essas informações, criei duas hipóteses: ou a vila era muito fraca, ou os demônios eram poderosos. Esperava que fosse a segunda hipótese.
Chegando aos aposentos do velho, vi que algumas partes estavam destruídas, mas a mesa e algumas cadeiras estavam intactas.
— Quando vão aparecer os demônios? — perguntei ao velho.
O velho sentou-se em uma das cadeiras e disse:
— Vai aparecer amanhã. Uma vez por semana no mesmo dia aparece um demônio que devasta a nossa vila inteira. Para derrotá-lo custa a vida de muitos aldeões.
— Tempo demais para perder nesta vila morta.
— Afirmo que esse demônio vai valer a perda do seu tempo.
— Espero que sim, senão quem vai perder tempo será você.
O velho achou estranho o que falei, mas não me respondeu. Provavelmente, estava mais preocupado em nos utilizar do que em descobrir quem éramos de fato.
"Um dia perdendo tempo nesta vila não fará diferença. Lutar com um demônio forte será um bom aquecimento antes de enfrentar os destemidos."
— E como é esse demônio? — perguntou Max.
— Não interessa, saber que são fortes, é o suficiente.
— Hum?
— Não se preocupe, ele é assim mesmo.
— Entendo.
"Sinto que fui tratado como louco nessa conversa, mas ignorarei, pois o meu foco é o demônio, e não saber quais habilidades ele possui torna a batalha mais emocionante."
Estávamos dispostos a resolver um problema para essa vila, mas não senti que estávamos sendo bem tratados. O mínimo que eles poderiam fazer era agradecer e implorar de joelhos pela nossa ajuda, mas ninguém o fez. Para piorar, não nos ofereceram nada em troca. Essa vila estava longe de ser agradável.
— Ei, velho.
— Meu nome não é velho, meu nome é...
— Não interessa. Se querem ajuda, vocês têm que pagar os custos, e eu não estou vendo os custos.
— O que podemos oferecer ao senhor?
Esse velho já tinha compreendido sua posição na hierarquia. Toda aquela postura inicial agora parecia envolta em dúvidas. Era evidente que ele pensava que não tinha como pagar pelos meus serviços, mas essa vila estava com sorte, pois meu pedido era algo fundamental para a sobrevivência deles.
— Me dê a sua comida, prepare um banho e um quarto, entendeu?
— Sim, senhor.
O velho ficou aliviado com o pedido e imediatamente começou a falar com o soldado que o acompanhava. Ele nos pediu para nos sentarmos à mesa e aguardarmos pela refeição. Eu me sentei e coloquei os pés sobre a mesa, demonstrando minha insatisfação com a vila.
Não demorou muito, duas garotas surgiram com pratos de comida, e o soldado trouxe as bebidas, colocando tudo na mesa.
— Me desculpe por ser pouco, mas no momento é tudo que temos. — O velho falou.
— Vocês…
— Obrigado pela comida, não é Izumi? — Max cortou a minha fala.
— Que irritante!
Eu sabia que essa vila estava em dificuldades, mas não esperava que não fossem capazes de preparar um banquete adequado. O que trouxeram era apenas um aperitivo.
Para piorar, aquelas duas mulheres se sentaram ao meu lado. Com certeza esse velho as disse para vir encher o meu saco. Eles achavam que sou algum adolescente que ficava com tesão quando duas gostosas encostavam seus grandes peitos em meu ombro? Não, nesta minha vida, morrerei virgem. Me recuso a comer uma humana e dar prazer para elas.
— Oi, eu sou a Ui.
— E eu a Ai.
Pelo menos as mulheres eram interessantes. Fiquei um pouco impressionado quando vi os cabelos brancos da baixinha; era a primeira vez que via alguém parecido comigo. Os olhos dela eram pretos, nada de impressionante. A outra mulher era semelhante a ela, mas não tinha cabelo branco e era mais alta. Provavelmente eram irmãs.
— Posso saber o seu nome? — A mulher baixinha, chamada de Ui, falou.
— Não te interessa.
Ela começou a ficar sem jeito após a minha rejeição, ela parecia genuinamente interessada em mim, ao contrário da outra que permaneceu indiferente à minha resposta.
Com certeza eram putas que iram aparecer no meu quarto à noite querendo esfregar o seu tomate na minha mandioca, mas elas não sabiam que meu sistema reprodutor nunca se levantou na vida. Ele tinha que ter muita coragem para se excitar por humanas.
— O nome dele é Izumi.
"Filho da puta do Max, intrometido do caralho, não sabe ler o clima que estava rolando? Você não viu que eu não estou a fim de papo com putas? Um tremendo sem noção."
Após descobrir meu nome, ela ficou visivelmente mais animada, como se isso tivesse grande importância para ela. No entanto, eu me perguntava qual era o motivo por trás desse entusiasmo.
Surgiam suspeitas de que ela talvez tivesse uma inclinação para se envolver com clientes à noite, uma tremenda puta.
— Izumi, que belo nome. Prazer em te conhecer, Izumi — falou com um rosto alegre.
— Foda-se!
— Belo nome. — Peitos caídos, cochichou com um leve sorriso esnobe.
Pelo sorriso, pude deduzir o que ela estava pensando. Ela poderia achar meu nome bonito, mas na minha cidade, era considerado feio. No entanto, seria interessante para as pessoas da cidade ouvi-la gritar meu nome à noite.
Quando peitos caídos cochichou, baixinha a examinou e depois olhou para mim com dúvidas.
— Tenho 15 anos e você?
— Foda-se!
Max e peitos caídos começaram a rir da situação, quase pensei que estavam rindo de mim, mas pouco importava. Continuaria a ignorar as investidas.
— Pareces forte, de onde és?
— E realmente sou.
O plano era ignorar, mas quando o assunto era força, eu nunca deixava passar sem responder de acordo. Quando respondi à sua pergunta, ela ficou feliz novamente. Inadvertidamente, dei a ela uma razão para me chamar de forte durante a noite, o que era melhor do que ser chamado de "soca fofo".
— E tens cara de ser o mais forte da tua vila.
— Hahaha! Vejo que tens bons olhos.
— Tão lindo — falou tão baixo, mas consegui ouvir.
Ela tapou a boca e começou a ficar vermelha, desviando o olhar. Não compreendi completamente o que estava acontecendo com ela, mas o fato de me chamar de "lindo" me fez lembrar da minha mãe. Mesmo sabendo que tudo o que ela fazia era por ordens do velho, isso me deixou um pouco contente.
A sua reação parecia indicar que ela não estava acostumada a elogiar as pessoas. Seria ela inexperiente? Parece que esse velho tinha uma abordagem ousada.
— Você quer saber como me tornei o mais forte?
— Quero — respondeu com um rosto alegre e curioso.
— Mais forte? Certamente Max é o mais forte.
— Venci o torneio e me tornei o homem mais forte.
— Homem? Não passas de um demônio!
— Oh! Droga. — Max falou.
Os habitantes da vila ficaram confusos com a afirmação de peitos caídos, e ela percebeu que havia falado besteira, mas era tarde demais para voltar atrás. Eu deveria tê-la matado antes.
— Que história é essa? Você é um demônio? — O velho perguntou.
Já fazia dias desde que não sentia essa energia negativa sobre mim, e pude perceber que ultimamente estava me tornando mais complacente, como eles. Provavelmente era porque fazia alguns dias desde que não sentia essa energia negativa o tempo todo, mas agora ela estava de volta.
— Sim, eu sou um demônio. — Com um sorriso, respondi.
Todos os habitantes da vila ficaram alerta; o soldado sacou sua espada, e uma das moças se afastou de mim. No entanto, eu não estava surpreso com essa reação. Baixinha, mesmo sabendo que eu era um demônio, não se afastou de mim. Qual era o problema dela?
— Ui, se afaste! — O soldado falou enquanto avançava em minha direção com a espada erguida para me atacar, mas Max pulou na mesa e desferiu um chute com a perna esquerda, atingindo-o.
— Você também é um demônio? — O velho franziu a testa, expressando claramente sua incerteza enquanto formulava a pergunta.
— Eu sou…
— Eu sou o único demônio.
Se todos forem expulsos da vila, não obteremos informações sobre a localização do destemido, pois esse mapa do Max não era confiável. Posso ser arrogante, mas percebi isso. Afastei a baixinha, e ela me olhava com dúvida. Realmente, não entendia essa mulher. Comecei a sair dos aposentos do velho.
— Você acha que vamos te deixar sair vivo? — O velho fez a pergunta com convicção, acreditando firmemente que poderia me impedir.
— Deixar? Lhiahahahaha! Quem? E por quê?
Baixei minha cabeça, fechei os olhos por um momento. Quando ergui a cabeça novamente, abri os olhos e sorri.
— Speed Iz!
Desapareci, e provavelmente o único que podia me acompanhar era Max. Todos ficaram confusos, mas no mesmo instante, eu estava atrás do velho, com uma das minhas espadas apontadas para a garganta dele.
— Tem certeza?
O velho começou a transpirar de pavor, e quando todos olharam em sua direção, desapareci novamente. Bati nas bochechas de Max e segui em direção à saída da vila. Sentei-me em um dos destroços fora da vila.
— Agora é com você, Max.