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A era Oggin

🇧🇷Eknocyo
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Synopsis
A era Oggin foi a época onde diversos seres do mundo pularam ao mar com suas embarcações em busca de desvendar os mistérios das estruturas nomeadas de "Torres do Arrebatamento". Torres essas que eram altas o bastante para cortar os céus, no entanto, só eram localizadas assim que pisassem na ilha onde estava localizada, surgindo de maneira anormal. As lendas ditavam que após completarem todos seus andares, recompensas inimagináveis os aguardavam. Entretanto, subir não era simples, ainda mais para aqueles de mente fraca.
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Chapter 1 - Qual seu nome?

O céu estava cinzento, as nuvens carregadas não conseguiam mais aguentar e banhavam as cidades sob elas. Eram formações imparáveis de centros militares e campus estudantis, mas contendo planícies e regiões montanhosas ao longe, sendo habitada por agricultores e civis de baixa renda. 

Dabsy, como apelidaram o interior do país Nawy. Acolhendo as diversas raças existentes, como alguns humanoides chifrudos, outros mais azulados tendo guelras em partes aleatórias do corpo ou simplesmente os humanos normais. No entanto, o que mais chamava atenção era uma humilde casa de barro seco e rachado, um pouco afastada das outras, protegida da torrencial chuva por densas telhas de palha.

"Como você pode se chamar de homem com essa atitude!" Gritava de maneira chorosa uma voz feminina abafada pelas paredes.

Com alguns segundos após, a porta simples de madeira velha que compusera a entrada dessa casa, era aberta para dentro com violência rebatendo na parede ao final do movimento. Do chão, agora lamacento, se formava poças na qual uma bota de couro desgastado pisoteia em passos rápidos, vinda do homem que saia agitado do casebre.

"Largar essa coisa é o melhor que se faça! Tu és besta em achar que a gente vai conseguir criar ele na min--... na nossa condição." Diz ele parando de andar em meio a chuva e se virando para a entrada, com uma entonação atrapalhada expondo sua embriaguez.

Suas vestes demonstravam a farda padronizada de um fazendeiro, camisa de botões com mangas compridas, colada ao corpo por alças vinda da sua calça rústica de tom marrom, na cabeça, um largo chapéu que por pouco ultrapassava a linha de seus ombros, escondia sua face. 

"Por que és tão sujo Matias?! Tu falavas tanto em ter esse 'meninu' Matias!" Respondia de volta com desgosto, enquanto se aproximava da porta que estava a se fechar novamente.

Matias resmungava tentando buscar palavras em meio aos pensamentos controversos, enquanto não pudera ser salvo da chuva por seu largo chapéu devido as direções caóticas ocasionadas pela ventania. Na sua tentativa falha de responder, ele só pôde olhá-la. 

Era uma jovem de pele branquinha com um corpo esguio, olheiras profundas dada por noites mal dormidas, utilizava um vestido datado de tonalidade azulada, sua gola era folgada até quase passar seus seios inchados e pesados - em questão da fase de amamentação. Uma das alças havia escorregado de seu ombro e com alguns tufos de seu cabelo sobre sua testa, apesar do resto estarem amarrados num rabo de cavalo, constituiria seu aspecto decadente mesmo sendo bela.

"Aghf!" Era o som do choro engasgado e sem força nos pulmões, de um bebê de 7 meses que deitado estava nos braços da mãe.

Com o olhar desesperado e marejado voltadas ao homem, ela descia os olhos para sua criança pálida e magra, a confortando em seu corpo, seguindo com balanço momentâneo a fim de acalmá-la.

"Esse demônio só veio tirar o que já não tínhamos! Não quer comer e só acaba com nossas economias ficando doente a todo momento..." Ele cambaleia se virando para confirmar algo, se certificando ao ver janelas entreabertas dos vizinhos distantes, observando a discussão pelas frestas. Então retoma para a moça continuando. "...Aliora, vamos enterrar ele... por favor!" Desesperado e quase sussurrando, ele cospe as palavras com agonia.

"Morra! Morra! Morra!" Aliora berrava beirando ao agudo em ódio. "Vai embora! Eu nunca mais quero ver sua cara! Eu nunca mais quero ouvir sua voz! Vá para o inferno já que um demônio foi gerado por você." Ela arfava encerrando seus gritos.

Matias erguia levemente o queixo mostrando uma pele morena ocultada pelo chapéu, revelando apenas um dos olhos que refletia aquela cena, ficando turvo quando as lágrimas tomam a imagem inteira e recaem pela bochecha áspera até sua mandíbula, contendo alguns pentelhos perdidos por uma barba malfeita. 

Sem ter como responder, sem ter como voltar com suas palavras, o fazendeiro dá alguns passos para trás ainda com o equilíbrio prejudicado, porém ao se virar totalmente caminha em passos tortos como se não encontrasse seu chão, mas dessa vez não sendo causado pelo álcool.

Aliora morde seu lábio inferior e se segura com a mão livre na borda da porta, enquanto lentamente cai como suas lagrimas, ficando de joelhos vendo o homem partir e se perder diante chuva que ficava cada vez mais densa. Agora ficando a sós com o próprio destino e de sua criança.

....

Desde lá, 8 anos se passaram. Aliora, encostada na mesma porta e com o punho fechado na cintura, vê sua criança correndo na frente de casa atrás de um pássaro que saltita pelo chão pegando formigas.

"Vamos Ness, o almoço tá pronto." Dizia retornando a mesa que estava posta.

"Já vou mamãe!" 

Era uma criança de mais ou menos 158 centímetros de altura, de corpo saudável com o rosto rosado, mas ainda magro. Moreno de cabelos ondulados repartidos para os dois lados, com olhos castanhos claros. 

Trajava a indumentária de fazendeiros, porém grande demais pro seu tamanho. Quando leves brisas adentravam as mangas da camisa, a roupa inflava como um baiacu, caso um vendaval passasse, o levaria o pobre coitado para os ares.

"Agora eu consigo pegar você sabichão!" Ness gritava saltando para cima da ave. 

O que felizmente foi um plano falho, pois sua agitação irritou o passarinho que já estava aos céus voando livre - uma liberdade que ninguém poderia tirar.

Ness, com as mãos no chão em posição fetal, rapidamente olhava para cima vendo o pequeno cortar os ventos que pincelava o vilarejo.

"Não ache que só porque voa se livrará de mi--..." Uma pedrinha o atinge na cabeça, impedindo de continuar, também o fazendo pender para trás e bater a bunda no chão. "...Ai!" Esfregava com a mão afogada na manga da camisa, o lugar onde aquele projetil acertou.

"Hun Hun Hun!" Ria de maneira esquisita e exagerada outra criança a 5 metros de distância, um pouco mais velha, levemente jogando algumas pedrinhas para cima e deixando cair em sua palma novamente. 

"Hunf!" Bufava Ness mostrando o punho serrado para sua risada.

"Deixe de querer ser o dono dele. Não vê? Ele é mais feliz em cima do que aqui embaixo." Com as pedrinhas caindo outra vez para sua palma, adiantou com um movimento lateral e agarrou todas elas fechando o punho, trazendo até sua cintura enquanto abria um largo sorriso.

Seu cabelo era esverdeado, tinha 162 centímetros de altura, pele napolitana devido às marcas do bronzeamento. Vestia uma regata branca enaltecendo seus braços com certos traços de músculos - um tanto chamativo para uma criança; e uma bermuda rosa.

O punho de Ness afrouxava ao ouvir suas palavras e então olhava o céu novamente enquanto recaia em pensamentos.

"Ness!" Aliora chamava-o pela segunda vez, retirando de um devaneio esquisito.

"Já vou mamãe!" Respondia ainda olhando para cima. 

Segundos depois estava batendo sua roupa com terra já de pé, deitando a pupila na pálpebra inferior e rodando rapidamente para os lados procurando aquele garoto de cabelo verde. Ness esfregava os olhos procurando limpar as impurezas trazidas pela brisa, mas mesmo com isso não foi capaz de achá-lo. 

Dando de ombros, ele partia para dentro, tomando um forte golpe de temperos que o redirecionava para a mesa. O garoto arregalava seus olhos e disparava para cima, no entanto, sua mãe erguia uma mão enquanto balançava a cabeça.

"Primeiramente, a sujeira." Ordenava sem nem mesmo olhar para suas mãos repleta de terra alaranjada.

Seu disparo havia sido tão feroz que a interrupção o fez capotar até o pé da mesa. Em uma olhada de canto, Aliora o viu se levantar e aparecer no limiar da mesa para espiar o que tinha sido feito, babando pelos olhos vendo as várias tigelas contendo diferentes tipos de coisas.

"Está certo 'mawnmãnhe'." Atendia sua ordem a chamando de maneira engraçada.

O casebre possuía apenas dois cômodos, a do quarto e a que era a junção de todos os cômodos comuns. No chão, dentro do quarto, uma bacia feita de tábuas de madeiras circulada por uma barra fina de metal ficava sempre cheia d'água. 

Ness se aproximou mergulhando suas mãos retirando toda a terra, o que ele não esperava é que logo atrás sua mãe o seguia com um sorriso malicioso e com os dedos se remexendo esperando para pôr a jogo seu plano, surgindo sua oportunidade assim que o garoto se abaixou para lavar as mãos. 

Com movimentos pesados e rápidos, ela agarrou seus tornozelos e o girou para frente, pondo todo seu corpo dentro da bacia.

"Que banhozinho bom." Se expressava de maneira serena, apesar de estar segurando o que parecia ser um gato molhado que tentava escapar da água.

....

Na mesa, Aliora, com seus cotovelos em cima e o queixo nas costas da palma, olhava Ness que estava com cabelo lambido para trás e utilizando a indumenta de fazendeiro, apesar de serem outras mais limpas.

Emburrada, a criança cruza os braços, dando leves espiadas na expressão da mãe que se matinha com um sorriso que quase fechava os olhos.

"Feliz aniversário, Ness." Falava enquanto esticava os braços para fazer seu prato predileto, arroz-doce com carne de porco apimentada. 

No crescimento de Ness, nunca lhe faltou comida, mas também nem sempre pôde comer o que queria. Quando ainda menor, teve problemas com alimentação, causando muitas situações difíceis para sua mãe, mas ela nunca pensou em desistir.

Vendo-a montar seu prato, um sorrisinho sobre suas bochechas estufadas ficou aparente, saltando em seguida pela lateral da cadeira que rangia bastante, para ir abraçar ela.

Aliora sorri para aquele que afundava a cabeça nas suas costelas enquanto abraçava. A face do garoto deslizava para cima, presenciando aquela curvatura delicada em seus lábios, que tremiam pendendo a neutralidade em questão dos pesares no seu coração, que de maneira sobrenatural Ness conseguia sentir eles.

....

No final do dia, já no pôr do sol, Ness saia novamente apenas para as proximidades da casa, não muito longe. No entanto, hoje era diferente.

"Cadê aquele sacana?" Ness resmungava se espreitando pelas vielas formadas a partir das casas do vilarejo.

Após caminhar por um tempo, Ness dava de cara com um imenso campo agrícola que descia e subia pelas ondulações presentes naqueles hectares de plantação. Nisso uma forte ventania surfou na depressão formada entre dois montes e subiu até ele, invadindo sua roupa e o jogando alguns metros para trás, tendo outra queda de bunda no chão. 

"Ai Ai Ai" Gemia esfregando sua bunda que doía.

Ainda no chão ele ouvira risadas a distância, e quando procurava quem estava zombando de sua situação, notava uma garota de 154 centímetros de altura se apoiando nas coxas para não tombar de tanto rir. 

"Eu disse que ele era engraçado." Orgulhoso falava um garoto ao lado dela de jeito risonho.

"Te achei então!" Exclamava Ness com a bochecha enfiada na terra e a bunda virada para o céu ainda a esfregando, fixando seus olhos nas mechas esverdeadas na cabeça do outro garoto.

Ainda rindo, ele se aproximava e estendia a mão para ajudar, mas Ness era presunçoso demais em relação aos dois, se levantando sozinho sem recorrer à gentileza que ele não conseguia perceber da outra criança.

"Meu nome é Tyranus, aquela outra logo atrás é a Naty" Seguia com o polegar para atrás, apontando para a garota que acenava.

Ela tinha cabelos pretos, como de Ness, mas eram completamente lisos e sedosos. Seu penteado estava disposto a uma maria-chiquinha. Pelo torso vestia uma blusa que só iria até metade da barriga, de mangas curtas e o desenho de um coelho no centro; pelas pernas um short folgado apertado por cordas na cintura. Sua pele era morena e seus olhos brilhavam em amarelo, parecendo girassóis.

Na sua tentativa falha de conter o riso, ela mostrava um pequeno espaçamento entre seus dentes da frente.

"Desse jeito a colher vai passar direto para garganta HAaAHa--." Zombava de Naty como troco, iniciando uma risada forçada quase sem ar no final, porém nenhum dos dois reagiu e seu riso decaiu no mesmo instante.

"Que genial!" Naty revirava os olhos dando um rápido sorriso falso com a boca fechada.

"Deixando a baixaria de lado. Qual é teu nome baiacu?" Tyranus cortava o contato entre os dois.

"Puuuuff!" Naty zombava mais uma vez agora devido o apelido dado.

"Baixaria? O que é baixari—" Ness sussurrava até receber um peteleco no nariz.

"Ah, meu nome? É Ness... Ness Onuur."