Chapter 12 - Meu culto

Ao acordar pela manhã seus ferimentos antigos e os causados pela onça doíam, definitivamente acordar assim era incrivelmente ruim.

As feridas recentes tinham parado de doer depois dele usar sua regeneração, mas provavelmente não havia o curado, apenas fechado seus ferimentos internos.

Se lembrando da onça resolveu ir ver seu corpo, indo até a localização e a encontrando arrastou com dificuldade o corpo até perto do penhasco deixando a uma dezena de metros apenas.

Ele iria devorar o corpo futuramente mas agora ele sequer conseguiria devora-la devido ao tamanho e também a dor, então apenas cobriu o corpo com o líquido esmeralda para marcar quem a havia matado e para evitar atenção indesejada.

Então resolveu meditar sobre o corpo da onça para ver seu espírito novamente, mas ele já havia se desfeito.

Então resolveu tentar usar sua habilidade de regeneração em seus ferimentos antigos ma esperança de ser o suficiente para conseguir ir até sua nova casa sem se rasgar, causando uma dor de cabeça ao fazer isso.

'– Quando eu usei essa habilidade que aprendi com a onça nenhum extinto foi despertado, então essa habilidade não é da minha espécie, mas é bom que eu possa aprender e usar habilidades que não são da minha espécie'

Isso abriu uma gama de possibilidades em sua mente além de preocupações, ele poderia recriar habilidades, "recriar" era a palavra que lhe dava medo.

O fato dele sentir dor de cabeça ao usar a habilidade mostrava o fato de que a habilidade dele não era igual a da onça, a habilidade da onça era obviamente mais rápida e automática, tanto que ainda funcionava depois de sua morte.

Enquanto ele tinha que parar se concentrar muito e ainda sentir dores de cabeça, sua espécie não tinha essa habilidade nata então para ele utilizá-la precisava usar sua mente, se ele quisesse usar todo o potencial dela precisava tornar esse processo consciente em inconsciente.

O que significava treinamento, investir nessa habilidade era uma boa ideia já que ele poderia se recuperar de batalhas mais rapidamente e evitar uma morte por perda de sangue, mas também significava investir menos na sua habilidade nata, o reforço físico.

Essa habilidade era importantíssima para ele, ela é o pilar dos seus ataques mais mortais, o bote: que é a única forma de encenar a presa e imobiliza-la, e esmagar: ao se enrolar na presa e esmaga-la era um ataque muito mortal que o salvara muitas vezes.

Agora que ele era o dono deste território ele teria que protegê-lo ou até conquistar mais território, essa escolha era crucial.

Ele resolveu decidir depois de visitar sua nova casa, ou mansão pensou.

Ao chegar no penhasco e subi-lo ele se cortou e furou em algumas pedras mas não era nada de mais, usar sua regeneração foi uma ideia sábia.

Ele se surpreendeu ao entrar, havia dentro da caverna vários ossos e carne, mas o mais inesperado era que a caverna tinha uma decoração tribal, com crânios sobre estacas, desenhos nas paredes e peles.

As peles estavam amontoadas formando uma espécie de cama/trono bem no centro da caverna, os crânios na estacas formavam um caminho até esse trono.

Mas os desenhos nas paredes eram muito curiosos, vários desenhos da onça lutando com outros animais: coelhos, pássaros, cobras, lobos, ursos, outras onças e até uma grifo.

Além de desenhos de... goblins? Que aparentemente adoravam a onça, levavam caças vivas e sacrificaram a onça e até levavam humanos e outros goblins.

As peças se encaixaram, os goblins adoravam a onça para que ela os deixasse viver em seu território, ele já conhecia o território da onça e sabia que haviam três tribos goblins nele.

Sendo assim ele havia matado seu deus, então... ele deveria ser o novo deus não é? Ele sem perder tempo saio da caverna e arrastou o corpo da onça até a frente do penhasco, bem na frente da caverna.

Subiu novamente e espalhou seu líquido esmeralda pela caverna, marcando nela o seu novo anfitrião.

As vantagens de ter seu próprio culto eram atraentes, deveriam haver desvantagens claro, os goblins deveriam sacrificar alimento a ele e assim ele poderia evitar a caça enquanto se recupera.

Além de poder ser defendido por eles caso alguém tente atacá-lo e poder ser avisado pelos seus lacaios de alguma invasão, as desvantagens seriam que ele teria que protegê-los também de outras feras ou melhor "deuses".

Além de manter sua imagem divina e poderosa, mas quanto a isso ele tinha algumas ideias, ele ainda estava em crescimento e era bem pequeno em comparação a onça.

Se ele crescesse bem mais os goblins pensariam que ele ainda era um bebê quando derrotou a onça e por isso ele já era incrivelmente forte quando pequeno e quando fosse adulto seria imbatível.

Ele só precisava que os goblins o aceitassem como sua nova divindade.

< * * * >

Ele esperou por dois dias na caverna, ele apenas devorou a carne que tinha nela e ficava de tocaia para ver se os goblins vinham.

Depois dessa espera ele finalmente sentiu o cheiro deles, provavelmente uns cinco Goblins ele pensou.

Ele então subiu em seu trono e tentou parecer intimidador, depois de escutar o barulho de surpresa e temor dos goblins ele simbilou alto o suficiente para eles ouvirem e esperou.

Os goblins subiram o penhasco temerosamente, ao chegarem se assustaram com a enorme cobra enrolada no trono de seu antigo mestre.

Um dos goblins era bem velho e enrugado e cheio de pinturas corporais além de um cajado com um crânio, um segundo tinha as mesmas pinturas porém era jovem e tinha penas uma cajado sem crânio.

'– O xamã atual e o aprendiz' Pensou.

Logo atrás outros três goblins sem pinturas com lanças nas costas que seguravam no ombro um lobo vivo que estava amarrado.

'– O sacrifício' Pensou.

Os dois goblins xamãs entraram na frente e se ajoelharam e falaram palavras estranhas, em seguida mandaram os outros goblins deixarem o lobo no chão a frente da cobra.

Os cinco então começam apressadamente a limpar as paredes da caverna usando peles e água de cantis, tentando limpar tudo muito rápido, em dez minutos eles saíram fazendo uma reverência.

As paredes não foram completamente limpas, mas boa parte borrada, escondendo assim os feitos da onça e preparada para os feitos da cobra.

O lobo vivo ainda tentava se soltar, a cobra então olhou para ele, os goblins ouviram a distância o lobo grunir de dor e ossos quebrando e os simbilos da cobra.