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Chapter 6 - Terras centrais

Partindo da cidade, a patrulha teria que seguir o curso do rio para chegar a um porto e seguir com um barqueiro até a outra costa do rio e assim estariam, enfim, nas terras centrais. E assim seguiram. Andavam ao lado do rio e às vezes surgiam umas pontas de conversas e comentários. O passo estava bem ritmado e logo chegariam ao pequeno porto.

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Terras centrais

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— Seu nome é Sarah, certo? — Disse Leslie.

— Sim, é um prazer.

— Eu assisti sua luta. Você é muito forte!

— Que nada, ainda tenho muito a aprender.

— Também...

— A propósito, qual seu tipo de magia?

— Tipo psíquico, eu consigo fazer outras pessoas dormirem e faço mudanças em seus sonhos.

— Nunca tinha visto alguém do tipo psíquico antes. No meu vilarejo a gente não costuma usar muita magia.

— Parece cansativo...

Durante muito tempo não houve mais palavras. Leslie, ao som dos passos, apenas observava os pastos e as árvores até onde podia enxergar. Começou a dar passos mais compassados e alojou as mãos nas costas. Sarah olhou para os campos e em seguida percebeu que Leslie também o vislumbrava.

— Seu cabelo é lindo — disse Sarah admirada.

— Oh, fala comigo? Obrigada... O seu também é lindo. Seu penteado é incrível.

— Obrigada, é um penteado comum de antigas guerreiras vulkanas — disse jogando os cabelos com as mãos.

— Por que essa mecha é diferente?

— Esse é um símbolo de honra dos Vulkar. Para cada ato louvável, fazíamos um dread no cabelo. Algum tempo se passou e Sarah estava inquieta. Por um tempo todos pararam para comer. O oficial era acompanhado por um auxiliar que era perito em refeições. Todos foram atrás de lenha em grupos de duas pessoas. Leslie foi feliz até Sarah, para que as duas pudessem ir juntas.

— Sarah, que tal irmos jun—

Mas, por um infortúnio, foi interrompida. Arkim já estava ao seu lado, então decidiu que era melhor ir com outra pessoa. Todos saíram. Estava um clima estranho e todos saíram com alguém que não tinham falado ainda, então a colaboração não era tão eficiente.

— Oi, seu nome é Naguini, certo? Ouvi dizer que você fez o golem do avaliador em pedacinhos. Você deve ser bem forte. — Disse Leslie tentando iniciar uma conversa.

— Não fala comigo, ok?

E por um bom tempo nem uma palavra foi dita entre as duas. Leslie se agachou e arrumou a sua longa saia de modo que ela não encostasse no chão, havia encontrado alguns gravetos e logo os foi coletar. Ao coletar todos, ela se levantou, abanou a saia e pôs o cabelo atrás da orelha, revelando o branco de seu rosto, pouco envolvido em rosa claro e sardas.

— Como alguém como você conseguiu derrotar aquele golem? Antes de você, só aquele grandão havia conseguido.

— Alguém como eu?

— Você é delicada demais para vencer um golem, Principalmente aquele.

— Oh, eu não venci o golem...

... Naguini deixou escapar um pouco de ar pela boca.

— Você deve ser rica, não é? Passou pelo teste com suborno. Que idiotice. — Disse entre os dentes.

— Hahaha. Não, não... Eu derrotei o Oficial.

Ela olhou Leslie de cima a baixo, e então continuou o trabalho. Andando em uma outra direção era possível observar Cedrick, que caminhava ao lado do oficial do rei.

— Você é bem forte, jovem, derrotou o golem com a magia do próprio rei Berith. Sinto que ainda não te perguntei o seu nome.

— É Cedrick, senhor.

— É um nome interessante.

Enfim, entrando um pouco mais fundo na floresta estavam Sarah e Arkim. Sarah estava de joelhos e o cabelo cobria parte de seu rosto.

— Você o derrotou com apenas um golpe, certo?

Ela o encarou, afastou um pouco o cabelo, mas ainda o deixou, em parte, na frente do rosto.

— Sim.

Logo voltou a pegar gravetos. O cabelo voltou a cair, e ele prestou atenção em cada mecha.

— Você me lembra uma velha amiga...

Sarah parou de pegar gravetos e decidiu o ouvir. Ela o olhou um pouco de lado.

— Você a achava bonita? — Disse enquanto virava o rosto novamente.

— Seu cabelo é parecido com o dela.

Os dois ficaram em silêncio a partir daí. Cada um deles retornou de onde estavam e o oficial começou a montar uma fogueira para o preparo do banquete. Todos se sentaram em redor da futura fogueira e Sarah se aproximou de Cedrick.

— Você foi o primeiro a derrotar o golem do oficial né? — Disse, chegando mais perto que o confortável. Ele apenas a afastou pegando em seus ombros.

— Fui eu sim.

— Que incrível! A magia inicial do golem era a do próprio rei, que tipo de estratégia mirabolante você usou?

— Um bom mago não revela seus truques, mas você já deve ter ouvido algo assim.

— Artie lyra já falou uma coisa assim em um de seus livros.

— Então você é fã?

— Com toda certeza.

Sarah se levantou e foi ajudar o auxiliar do oficial. O fogo logo se fez aparente, as chamas cresceram, a noite caiu e foi anunciada a refeição. Dessa vez, Sarah decidiu se sentar ao lado de Naguini.

— Oi. — Falou Sarah enquanto acenava.

— Oi.

E durante um breve momento, Naguini pensou: "Se ela falar comigo mais uma vez..."E nada mais foi dito entre as duas. Sarah se levantou para repetir a refeição e, antes de se sentar novamente, deu um tapinha nas costas do auxiliar. Afinal, é sempre bom manter boas relações com quem faz a comida. Sentou-se ao lado de Arkim.

— Você come bastante para uma moça. — Disse ele.

— Como você diz isso a uma mulher!? Quanta indelicadeza!

— Mas é verdade, não?

— Bem... Ora, o que você quer?

— Mas foi você que se sentou aqui...

Sarah ficou em silêncio por um momento, mas não pode ficar quieta por muito tempo.

— Como foi o seu combate?

— Uh... Eu não combati, fui recomendado pelo rei. Eu fui um de seus melhores alunos.

— Aff, você deve ser daqueles almofadinhas reais ou algo assim.

Arquim deixou escapar ar entre os dentes ao ver que ela observava sua reação de canto de olho.

— Na ver—

— Não sabia que o rei tinha alunos.

— Bem, ele não era rei na época, ele apenas governava uma parte de terra. Para falar a verdade, eu sou o último aluno dele. Um deles desapareceu na última patrulha às terras dominadas...

— Obrigada pelo monólogo.

Novamente um pouco de ar saiu entre os dentes

— Que hilário, você é piadista ou algo assim?

— Você costumava ser mais bem humorado...

Agora, foi Arkim quem olhou ao canto do olho. Ele notou que Sarah mudou sua expressão por um tempo.

— Qual é mesmo o seu nome? — Perguntou Arkim com um ar de suspeita.

— Por que não tenta descobrir?

Então ela se levantou num só pulo e foi ajudar o auxiliar com as louças. Movida pelo ato de Sarah, Leslie também foi ajudar. Todos os outros viram aquilo, mas pensaram que não era necessário. No dia seguinte todos partiram, e depois de um tempo andando e sentindo a brisa, após alguns bocejos e alongamentos, depois de não haver um único diálogo, chegaram ao porto. Não havia barqueiro. Todos estavam esperando um barco atracar alí para que pudessem seguir viagem, quando de repente uma voz se fez ouvir; era doce e cantava uma cantiga suave dos mandibris. Sarah fechou os olhos e sentiu a brisa no rosto por um tempo. Então ela se encostou no ombro de Leslie, que parou de cantar com o susto, mas logo em seguida continuou. Algum tempo se passou e foi possível enxergar uma linha no horizonte, essa que animou até mesmo Naguini, que já não suportava aquela música. Um barqueiro enfim atracou no porto. As negociações rolaram e por fim foi decidido que eles iriam em dois grupos de três. O primeiro grupo partiu, ficaram no porto Naguini, Leslie e Sarah. Nenhuma conversa se desenrolou por um bom tempo. A brisa batia em seus rostos, Sarah respirou fundo, leslie fechou seus olhos por um momento, e Naguini... Ela estava incomodada com um fio de cabelo solto, que dançava no ritmo do vento. Sarah de repente reparou em seu cabelo, notou que ele era muito bem preso, afinal isso é útil quando se trata de uma guerreira. Ela apresenta uma postura impecável, digna de uma guerreira experiente. Lembrava bastante o seu pai.

— O barqueiro chegou. — disse Sarah se levantando. Leslie e Naguini não entenderam. Não havia barco algum à vista.

— Ah, agora eu vejo, mas demorou um pouco, sua visão deve ser muito boa! — exclamou Leslie. Sarah sorriu sem graça e cruzou as pernas. Elas subiram no barco, os balanços se fortificaram um pouco e Leslie quase caiu para o lado. Naguini se sentou rapidamente e apoiou o braço na lateral do barco.

— Deve ser difícil, certo? — questionou sarah.— Ficar indo e vindo. Essas turbulências não te deixam enjoado?

— Para um homem do mar, isso é moleza. — retrucou. — Já vi muitas coisas de revirar o estômago, estas pequenas ondas não fazem mais efeito.

— O senhor parece ter muitas histórias para contar. Quando estiver voltando para minha terra, espero poder ouvir todas. Quando enfim todos desceram do barco, Sarah estendeu o braço para apertar a sua mão. O barqueiro assim o fez, além disso pegou em seu ombro.

— Você é forte, menina. Tem um grande potencial, é perceptível. - Obrigada, senhor. Deve ser porque—

— Deve ser por causa do seu cabelo. Ele é ruivo, é como fogo. — Disse após um longo suspiro. Naguini, ao ver a cena, enfiou as mãos nos bolsos do uniforme e seus passos ficaram mais ruidosos. O trio logo se reuniu com o resto do grupo. Todos partiram em direção ao palácio do rei Berith. O vilarejo era agradável, sua entrada dispunha de um grande arco firmado por duas pilastras. Já na entrada estavam instaladas algumas barracas de comércio. Crianças corriam por todas as partes. Era uma cidade feliz. Todas as casas, que seguiam um certo padrão, exibiam uma bandeira real ao lado da porta. Um rio, uma ponte e de repente estavam num grandioso palácio. Os muros eram altos, no topo de cada torre havia plantas e vinhas. Chegando ao portão, os guardas verificaram a identidade do oficial e a passagem de todos foi permitida. Dentro dos domínios do palácio foi possível observar um campo, onde se reuniram com o rei Berith pessoalmente. Todos fizeram reverência ao soberano das terras centrais.