Como um pequeno vagalume que ilumina os cantos mais escuros da noite, a estrela solar ascendeu aos céus, com seus raios dourados atingindo todos os reinos da terra. Um deles entrou pela janela do meu quarto, que parecia comum para quem olhasse de fora.
Eu fui despertado pela luz do sol que entrava pela janela do meu quarto. Ela iluminava o meu espaço, que era cheio de coisas que eu gostava. Eu tinha livros, revistas, quadrinhos, jogos, bonecos e outros objetos que eu colecionava. Eu adorava o meu quarto, era o meu refúgio. Eu me sentia seguro e feliz ali.
Mas a luz também trazia a realidade, que nem sempre era tão agradável. Eu ouvi uma batida na porta, seguida de uma voz que eu reconhecia muito bem.
— Tyrus, vamos, seu preguiçoso! Levanta, vamos! Meu pai está esperando você — Era Mitra, a minha melhor amiga. Ela era a filha do diretor do instituto, o lugar onde eu morava desde que nasci. O instituto era um lar para seres mágicos como eu, que não tinham outro lugar para ir. Era um lugar de proteção e aprendizado, mas também de regras e limites.
Eu abri os olhos com dificuldade, ainda sonolento. Eu me olhei no espelho que ficava na parede ao lado da minha cama. Eu vi o meu rosto, que era diferente de todos os outros. Eu tinha orelhas pontudas, que se mexiam conforme as minhas emoções. Eu tinha olhos ciano, além de uma cauda que se remexia e reagia as minhas emoções assim como minhas orelhas
Eu abri os olhos devagar, sentindo a luz do sol invadir o meu quarto. Eu me espreguicei, tentando afastar o sono que ainda me dominava. Eu ouvi uma voz familiar me chamando.
—Bom dia, Dragãozinho. Dormiu bem? — Era Mitra, a minha melhor amiga desde que eu me lembro. Ela estava parada na porta do meu quarto, com um sorriso gentil no rosto. Ela tinha cabelos loiros e olhos amarelados, e orelhas e cauda de leão. Ela era uma primal uma leoa por completo, quase como todos os outros que moravam no instituto. O instituto era um lugar especial, onde seres mágicos de todos os tipos eram acolhidos e protegidos. Era o único lar que eu conhecia.
—Bom dia, Mitra... Que horas são? — Eu perguntei, bocejando. Eu me sentei na cama, esfregando os olhos. Eu tinha escamas azuis pelo corpo, e chifres . Eu era um meio dragão, tudo resultado de uma relação entre uma elfa e um dragão pelo que sei.
—Agora são mais ou menos 8:09 da manhã e você tá bem encrencado com meu pai — Mitra respondeu, com um tom de deboche. Ela mexeu as orelhas de leão, que se atiçavam com a sua diversão. Eu não percebi que ela estava se divertindo às minhas custas.
—O quê? Por quê? — Eu perguntei, assustado. O pai dela era o diretor do instituto, e ele não era muito fã de mim. Ele vivia me dando broncas por causa das minhas travessuras.
—Você não se lembra? Ontem à noite você invadiu a cozinha e comeu metade do bolo de chocolate que estava na geladeira. Era o bolo de aniversário do meu pai, seu bobo — Mitra disse, rindo. Ela balançou a cauda de leão, que se movia de um lado para o outro.
—Ah, é mesmo... Eu estava com fome, e o bolo estava tão gostoso... — Eu disse, me lembrando. Eu senti uma pontada de culpa, mas logo a ignorei. Eu não podia resistir a um bolo de chocolate.
—Ok, ok, eu já vou descer. Só diga ao diretor para pegar mais leve — Eu disse, em tom de sonolência.
—Tá, eu quebro seu galho, mas preciso que você faça um favor para mim — Mitra disse, em tom de negociação. Ela cruzou os braços, me olhando com expectativa.
—Qual favor? Fala de uma vez — Eu disse, impaciente. Eu não gostava de enrolação.
—Preciso que acorde o Clayton e o Yone para mim — Mitra disse, em tom de pedido. Ela fez uma cara de súplica, tentando me convencer.
—Por que você não acorda eles, posso saber? — Eu perguntei, desconfiado. Clayton e Yone eram os meus outros amigos, que também moravam no instituto. Clayton era um macaco , e Yone era um Elfo. assim como eu eram travessos, Clayton amava uma pegadinha e Yone era um trombadinha desde de que o conheci.
—Olha, o Clayton sempre acaba pulando nas minhas orelhas e elas são sensíveis. E o Yone, eu tô proibida de entrar no quarto dele. Papai não quer mais encrenca com ele e nem eu — Mitra explicou, em tom de desculpa. Ela baixou as orelhas, mostrando que estava falando sério.
—Tá bom, tá bom, vou ir acordá-los — Eu disse, cedendo. Eu sabia que Mitra tinha razão. Clayton era muito brincalhão, e adorava morder as orelhas de Mitra. Yone sempre roubava algumas coisa de Mitra o que já gerou grande confusão com o diretor Indrax.
—Obrigada, Dragãozinho. Você é um amor — Mitra disse, me dando um beijo na bochecha. Ela sorriu, e saiu do meu quarto.
Eu senti o meu rosto corar, e o meu coração acelerar. Eu gostava de Mitra, ela era como uma irmã mais velha para mim, assim como para o restante dos meus amigos, ela era como nosso ponto de amor fraternal. Ela sempre nos protegia, nos aconselhava, nos fazia rir. Ela era a líder do nosso grupo, a mais corajosa e a mais sábia.
Eu parti em direção ao quarto de Clayton, o meu amigo macaquinho. Eu sempre respirava fundo quando chegava na porta de seu quarto, pois ele adorava me pregar peças. Ele tinha uma pequena lousa na parede, onde ele anotava quantas vezes ele já havia me zoado. A última vez que eu vi, o número era 328. Ele era muito esperto e criativo, mas também muito travesso e brincalhão.
Empurrei a porta e esperei alguma coisa voar em minha direção, mas nada aconteceu. Foi quando notei o pequeno macaco laranja adormecido em cima de um galho de árvore que ficava pendurado em seu quarto. Ele parecia tão pacífico e inocente, que eu quase esqueci de todas as suas pegadinhas. Eu sorri e entrei no quarto, tentando não fazer barulho para não acordá-lo.
Eu me aproximei dele com cuidado, sem fazer nenhum ruído. Eu queria ver se ele estava mesmo dormindo, ou se era mais uma de suas brincadeiras. Eu estiquei a minha cauda e o cutuquei de leve, esperando alguma reação. Esse único movimento foi o suficiente para fazer os pelos alaranjados do meu amigo macaco se arrepiarem, como se ele tivesse levado um choque. Ele deu um grande salto de seu galho, assustado e confuso. Eu não pude conter a minha risada, vendo a sua expressão de surpresa. Ele me olhou com raiva, mas logo percebeu que era uma pegadinha minha. Ele sorriu e me jogou uma banana, que eu peguei no ar. Ele era o meu melhor amigo, e eu adorava zoá-lo de vez em quando.
—O seu dragão arrombado quer me matar? — Clayton perguntou em um tom de pânico, enquanto me xingava de todos os nomes possíveis. Depois que eu consegui acalmá-lo, disse a ele que estávamos atrasados.
—Tá, já acordei, agora pode sair daqui. Preciso me vestir — Ele disse, tentando se cobrir com o lençol. Foi nesse momento que eu percebi que ele estava completamente nu debaixo do lençol. Eu senti o meu rosto corar e desviei o olhar. Para um adolescente como eu, aquela situação era muito constrangedora.
Saindo do quarto, encontrei um de meus amigos, um sapinho conhecido como Ryzer. Ele era o mais tranquilo e inteligente de nós. Eu apenas acenei para ele antes de ir até Yone.
Fui em direção ao andar de baixo, onde encontrei vários seres híbridos e mágicos como eu, já fazia alguns meses que eu morava naquele instituto, lembro de pouca coisa do meu passado, no começo foi complicado, mas graças aos meus amigos eu consegui me sentir bem e me encaixar entre eles.
Fui indo até o corredor quando notei a porta do quarto de Yone aberta, eu entrei e notei que ele não estava no quarto, pelo menos assim eu pensava, foi quando eu senti um toque no bolso de trás da minha calça, então desse modo, usando minha calda agarrei o braço de Yone e disse.
—Se quiser tentar me roubar, pelo menos olhe nos meu olhos, Yone—Eu me virei olhando para ele enquanto ele sorria de maneira malandra.
Removendo minha calda de seu braço eu apenas disse que estávamos atrasados para o café da manhã, assim depois de reunir o grupo nos sentamos a mesa para comer, Mitra cuidava das crianças, enquanto o restante ou preparava o café ou devorava o próprio café.
Não demorou muito para que uma figura imponente descesse as escadas enquanto nos encarava, ele trazia consigo uma confiança e sabedoria que talvez só Mitra tivesse e mesmo era apenas só um pouco.
Aquela figura masculina e sabia era Indrax, um leão e dono do instituo, além de pai de Mitra ele era nosso professor.
—Olá crianças, como vocês estão nesta bela manhã?
Todos responderam confirmando, foi quando ele se aproximou da mesa, sentou-se conosco e logo em seguida começou a nos explicar como aquele dia era especial, não só para nos, mas como para todo planeta Vezel.
—Hoje é um dia especial para todos vocês pois, hoje e o dia da elevação, vocês estão prontos para isso.
Seria apenas eu e meus amigos, nesse dia, contudo um dos mais novos questionou o que era elevação, algo quase incomum, pois os mais novos não eram ensinados sobre isso, foi quando Mitra explicou melhor sobre a situação que estaríamos.
—Elevação é a escolha dos poderes mágicos que todos os novos aventureiros devem fazer caso queiram explorar nossas terras, para isso os candidatos a aventureiros devem escolher uma divindade para ser seus guardiões.
—agora que você falou filha, esta na hora de irmos ao santuário, mas ainda esta faltando uma pessoa, onde está a Azarah.
Logo, eu notamos que ela não havia acordado, assim Ryzer se prontificou a ir em direção ao quarto da garota.
O pequeno sapo foi na direção do quarto da garota tubarão, todos apenas aguardavam ela e depois de algum tempo ela, chegou para estar conosco.
—Bom dia dorminhoca—Mitra brincou—Acho melhor você ir comer logo, ou o papai vai te deixar para trás—Ela logo correu para comer e depois de algum tempo, ela partiu comendo junto com o grupo em direção ao santuário.
Dentro do iluminado santuário tivemos de fazer uma escolha, cada um deveria decidir qual deus iria lhe guardar, mas a pergunta é quem seria o primeiro.