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Lua de Ferro

🇧🇷Nerdssaura
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Synopsis
Em um mundo em crise, cientistas e políticos criaram uma construção enorme, capaz de guardar os recursos ambientais do planeta sustentar uma pequena população. Essa construção foi chamada de "A Arca". Porém, com a ganância de um governante terrível, o lugar de deveria ser a salvação, se torna um ambiente terrível. Nesse lugar, vamos acompanhar a jornada de Luana, uma jovem da periferia, com suas próteses de ferro nos braços, ela busca acabar com toda essa repressão sofrida pelos cidadãos da Arca.

Table of contents

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Chapter 1 - Tec Tec Tec

'Manhã'

Às 6:00 horas da manhã, o despertador toca. O barulho ensurdecedor de um galo gritando é o som do toque.

𝑪𝑶𝑪𝑶𝑹i𝑪𝑶𝑪𝑶𝑶𝑶𝑶𝑶!!!

Ainda com os olhos fechados, Luana desliga quase que imediatamente o alarme. Com preguiça, a menina levanta e vai se arrumar para ir à escola. Escova os dentes, põe a sua roupa de escola junto com um casaco gola alta e um par de luvas, para esconder suas próteses de ferro.

Luana nasceu sem os dois braços, então, sua própria mãe projetou próteses para que a filha pudesse viver de forma independente. As pessoas, por algum motivo, não podem saber sobra isso, por isso ela os esconde.

Enquanto se arrumava, ela começou a ouvir um barulho.

*tec tec tec

tectectec

tec tec tec*

Era um som baixo, distante, quase imperceptível. Porém, foi o suficiente para Luana ouvir.

- Ai! Que barulho chato! - reclamou Luana. - De onde está vindo isso?

Ela olhou ao seu redor, mas nada emitia aquele barulho. Como já estava no horário, ela continuou se aprontando para ir a escola.

Antes de ir tomar café da manhã, Luana passa no quarto do seu irmão para acordá-lo. Gentilmente, ela o acorda com um tapão na nuca.

- AI, GAROTA! - grita Pedro, seu irmão mais novo - Que susto, precisava mesmo disso? Eu já ia levantar.

- Bora logo, cê sabe que a mamãe vai nos matar se a gente se atrasar, né? Anda! - diz Luana, indo em direção a sala.

Pedro afunda a cara no travesseiro, se recusando a levantar.

- Não vai levar, né? Tá bom então...QUEM CHEGAR NA SALA POR, PERDE! - berrou Luana.

O espírito da quinta série se manifestou em Pedro, obrigando-o a levantar e correr também.

Assim que chegaram na sala, ouviram um grito:

- PAREM DE CORRER! EU TO CRIANDO BICHO POR ACASO? - berrou Dona Maria, a mãe dos dois.

- AAAHH NÃO, eu não acredito que caí nessa DE NOVO! - reclamou Pedro, batendo a mão no rosto para de lamentar.

- ALA HAHAHAHA QUE OTÁRIO HAHAHAHA! - Zombou Luana, gargalhando de tanto rir.

- Uma hora dessa os dois correndo e gritando! - broncou Dona Maria, sem gostar nem um pouco da atitude deles.

- Quem começou foi a Luana, mãe. Eu tava dormindo de boa - se defendeu o Pedro.

- Ele que começou a correr igual um maluco, aí eu fui também né. Sei lá, pensei que ele tava querendo comer o café da manhã todo sozinho. Sabe como é né, Preto é fogo.- retrucou Luana, se fazendo de sonsa e alfinetando o irmão.

Pedro se revolta mais ainda.

- Ah, é assim? Bom, o que você acha de trocar o seu café por um ESPELHO!? - refutou Pedro, na mesma moeda.

Luana e Pedro são irmãos de pais diferentes, um é negros e a outra parece ser indígena.

e ambos iniciam uma sessão de ofensas provavelmente criminosas.

- JÁ CHEGA! Vão se adiantar logo antes que eu cometa algum crime de ódio logo de manhã. - diz Dona Maria, tomando o seu cafezinho matinal obrigatório.

- Tá bom, mãe - dizem as duas crianças grandes, abaixando a cabeça e fazendo cara de arrependimento.

Luana e Pedro eram muito unidos. A demonstração de afeto mais comum entre os dois é a ofensa e perturbação. Mas, mesmo com os xingamentos, os irmãos se respeitam e se ajudam sempre que precisam.

Enquanto tomam o café da manhã, Dona Maria dá um recado pros dois:

- Ó, quando vocês chegarem da escola, quero que vão dormir bem cedo. Amanhã a tia de vocês vai se mudar para a casa da frente e nós vamos precisar da ajuda de vocês. - Disse a mãe.

- Ué gente, assim do nada? Aconteceu alguma coisa? - Perguntou Luana.

- Se pá ela foi demitida, ela trabalha pra uma família rica, lembra? Vai ver se cansaram dela ou algo assim. Sabe que rico é enjoado. - supôs Pedro.

- Sua tia entrou em contato comigo ontem à noite. Não me deu nenhuma explicação nem nada, tô tão confusa quanto vocês. - respondeu Dona Maria, com as sobrancelhas erguidas. - Seja como for, a gente vai ajudar com a mudança amanhã. Eu quero os dois acordados de manhã, umas 8:00 horas.

- Ahhhhhh oito horas mãe?? Logo num sabadão? Isso é maldade, viu? - reclamou Pedro, não queria de jeito nenhum acordar cedo.

- Sem reclamações! Não deve demorar muito. Depois de terminar, vocês podem voltar a dormir, se der tempo. - respondeu a mãe, provavelmente a mudança vai demorar bastante e não vai dar tempo de voltar a dormir.

- Obrigado Jesus Cristo, em ti confio. - falou Pedro, com as mãos juntas, de deboche. Luana ficou rindo do outro lado da mesa.

- Ok, recado dado. Agora vão pra escola antes que percam a hora. - mandou Dona Maria. Os dois se despediram da mãe e foram a caminho da escola.

'A Arca'

Luana e sua família moram na Arca, uma estrutura gigantesca, localizada sob o mar. Essa construção abriga as principais espécies de animais, plantas e uma parcela da humanidade. A Arca é dividida em três áreas:

a Parte Superior, onde a Elite e o Congresso estão;

A Área escola; onde se localizam a pré-escola, ensino fundamental e ensino médio. A faculdade fica localizada na Parte Superior, já que, geralmente, só a Elite consegue oportunidade de ir à faculdade;

E a Parte Inferior, onde residem as pessoas exiladas e de baixa renda.

O local onde a família vive está localizada na Parte Inferior da Arca, um lugar que não foi construído para ser habitado.

Devido à problemas entre o governo e a população, uma grande parte de cidadãos (maioria de origem humilde) foi expulsa da Parte Superior.

Indo para a escola, os dois irmãos conversam no caminho até o trem, que os leva para a Área Escolar. Enquanto caminham, Luana escuta aquele mesmo barulho, só que mais potencializado.

*𝑻𝑬𝑪 𝑻𝑬𝑪 𝑻𝑬𝑪

𝑻𝑬𝑪𝑻𝑬𝑪𝑻𝑬𝑪

𝑻𝑬𝑪 𝑻𝑬𝑪 𝑻𝑬𝑪*

- Ai! De novo? Agora tá ficando mais alto, o quê que é isso meu deus. - Expressou Luana, com o barulho ainda mais alto na sua cabeça.

- Que barulho, garota? Tô ouvindo nada não. - reponde Pedro, sem entender.

- Tem um "tec tec" no meu ouvido desde hoje cedo, tá me incomodando, isso sim!

- Não deve ser nada não, deixa isso pra lá. Mulher reclama de tudo mesmo, né. Agora vamo apertar o passo se não vamos perder o trem. - falou Pedro, andando mais rápido para chegar na estação.

- Argh! Tá bom, tá bom senhor engraçadinho, bora logo. - diz Luana, bolada e andando mais rápido.

'O Trem'

Chagando na entrada da estação, tinha uma fila enorme para entrar. Dois guardas ficam na porta do lugar para segurança.

A estação tem um grande policiamento, para que nada suspeito chegue lá em cima, as pessoas dali eram vigiadas como "possíveis marginais ou terroristas". Assim é a vigilância na Parte Inferior.

A grande maioria dos exilados trabalha na Parte Superior, por causa disso, os trens sempre estão lotados. Os trabalhadores e estudantes sofrem diariamente com isso.

Ao entrarem no trem, Luana e Pedro ficaram em pé, apertados. Aquele lugar abafado, com ar de melancolia e depressão, assim é o ambiente dentro de um trem lotado. Faz a pessoa desistir de querer chegar ao seu destino final.

Um dos passageiros estava ouvindo as notícias da manhã no celular.

~*hoje começam as operações de busca e apreensão em toda a Arca. A polícia está investindo uma quadrilha que atua vendendo drogas lícitas e ilícitas tanto na Parte Inferior quanto na Parte Superior...*~

-Aff... Eles não colocaram nem uma farmácia nesse buraco! Aí a pessoa que tá doente tem que fazer um caminho de 20 minutos pra conseguir uma dipirona caríssima! Eu não sou de defender bandido, mas esses aí eu boto fé. - Resmungou o senhor que estava vendo a notícia.

Ninguém disse nada, mas no fundo, todos ali (inclusive Luana e Pedro) concordavam com o senhor. As condições de vida no lugar eram terríveis, sem farmácias, clínicas ou hospitais.

'Maria e Mirela'

Ainda em casa, Dona Maria liga para a sua irmã, insistindo que ela conte o porquê da mudança repentina.

- Aconteceu alguma coisa com você e a Lucia? Eu preciso que você me diga, Mirela - insistiu Maria, preocupa. Lucia era a sua sobrinha, uma menina de apenas 7 anos.

- Relaaaxa, Mariazinha. Não precisa se preocupar com nada! O que demais poderia ter acontecido? Aahhh para né. Só quero ficar pertinho da família. - respondeu Mirela, irmã mais nova de Maria, em um tom despreocupado.

- Você...foi demitida, né? É o único motivo pra você querer sair daí. Você não tá...usando nada de novo, está? - perguntou Maria, preocupa com a saúde mental e física de sua irmã.

- O QUE!? Claro que não, né! Eu já larguei essa merda há anos, relaxa querida. Será que você quer tanto assim que eu não vá? Se não quiser, é só dizer na minha cara! - disse Mirela, afrontando sua irmã.

- Aah... n-não é isso, Mirela. Você sabe muito bem que eu estou só preocupada com você. Olha, deixa pra lá. Que bom que vocês estão bem. Amanhã eu e as crianças vamos ajudar vocês com a mudança. Até. - Assim, Maria encerra a ligação na cara da irmã. Depois disso, ela fala consigo mesma:

- Argh...por que falar com ela é tão cansativ? Ô Lucia, o que mais me preocupa é você. Tomara que a sua mãe esteja dizendo a verdade, o que eu sinceramente, acho que não é o caso. - diz Maria, com um olhar de desapontamento.

Mirela é uma ex-viciada em reabilitação. Ela também fazia parte de uma organização criminosa que atuava na Parte Inferior. Mas, depois de ter a sua filha, uma criança com necessidades especiais, ela decidiu que deveria largar essa vida. Foi graças à ajuda de Maria que ela pode largar o vício e deixar a organização. Conseguiu um emprego de doméstica numa mansão na Parte Superior. É com esse emprego que ela sustenta a si e sua filha. Sem esse sustento, ela teme que Mirela volte ao mundo do crime e negligencie a si mesma e a sua filha.

Maria ergue sua mão e bebe um gole de café, e vai para o seu trabalho.

Depois do "Incidente do Exílio", todos aqueles que foram expulsos, são obrigados a exercer trabalho braçal e de manutenção na Arca, recebendo ordens do governo. Mesmo aqueles que eram formados em ensino superior, ninguém escapou dessa punição. Maria era formada em medicina e robótica, mas acabou trabalhando como auxiliar de serviços gerais.

'A Escola'

Após descerem do trem, Luana e Pedro chegam na Área Escolar. Os dois estão no 9° ano do ensino fundamental. Luana tem 14 anos e Pedro 13 (ele nasceu no final do ano).

Eles vão para a sala de aula, a professora estava se aprontando para começar a aula.

Os irmãos se sentam na fileira da frente. Como são competitivos, desde pequenos eles tentam vencer um ao outro, e na escola isso não é diferente. Os dois são muito inteligentes e aplicados, com notas boas e ótimo desempenho.

Na mesma fileira da frente, estavam sentados mais duas pessoas relevantes: Enzo e Carmem.

Enzo Gabriel Guimarães Tanaka, filho de uma família da alta sociedade. Ele odiava Luana e Pedro, simplesmente por serem do nível Inferior e pelo fato dos dois serem tão bons quanto ele, já que ele se acha melhor que todos. Luana e Pedro também o odiavam profundamente, pode-se dizer que eles são inimigos naturais;

Carmem Castelo, uma garota séria e centrada. Suas notas e presença eram perfeitas. A vida dela e suas motivações eram desconhecidas, já que ela não falava com ninguém da sala e aparentava não ter nenhum amigo próximo. Sua relação com os irmãos era neutra.

Para não haver descriminação por parte do governo em relação aos jovens, crianças e adolescentes dos níveis superior e inferior estudam juntos, sem nenhuma distinção.

A aula começa, era mais um trabalho normal. Enquanto a professora escrevia no quadro, Luana continuava ouvindo aquele som. Agora ele estava bem mais baixo, mas ainda estava lá.

*tec tec tec

tectectec

tec tec tec*

- 'Sss... De novo esse barulho? Fica martelando dentro da minha cabeça, agora tá mais fraco, mas...' que saco! - soltou Luna, bem baixinho pra professora não ouvir.

Sentado do lado dela, Enzo ouviu ela murmurando e se incomodou com aquilo.

- Professora, a Luana acabou de dizer que a sua aula é um saco. E também ela não para de falar aqui do meu lado, eu não consigo me concentrar assim. - reclamou o burguês.

Luana olhou para ele franzindo a testa e recebeu uma dura da professora.

- Luana, o que é isso? Não vou tolerar esse palavreado, silêncio na sala! - brigou a professora.

Luana ficou com muita raiva, mas decidiu debochar da situação. Quando a professora voltou a escrever, ela se inclinou para Enzo e disse algo para ele bem baixinho.

- Enzo Tanaka? Tá mais pra Enzo pAnAca. - sussurrou a garota. Na cabeça dela, isso foi muito engraçado. Mas foi o suficiente para deixar o rapaz nervoso.

- O quê?! O que você disse, dia pu- Enzo foi cortado imediatamente pela Professora.

- Enzo! Controle-se, não se rebaixe ao nível deles! - disse a professora, brigando com Enzo, mas ainda assim revelando um preconceito oculto. Os irmãos se encaram por um instante e ergueram uma das sobrancelhas, já que os dois entenderam a mensagem da professora.

Mesmo assim, Luana e Pedro começaram a rir baixinho da cara de Enzo, o que deixou o riquinho furioso.

Depois de algumas aulas, chegou a hora do almoço. Os alunos vão pro refeitório para comer.

Luana e Pedro sempre ficam juntos, conversando com colegas e zoando.

Enquanto falavam, do nada escutam uma gritaria na quadra da escola. Os dois correm pra ver o que estava acontecendo, era uma briga entre dois estudantes. Um deles era Enzo, que estava gritando com um menino, não muito alto, gordinho e de dreads. Ele estava escorado na grade da quadra, na defensiva e com medo, já que Enzo estava querendo bater nele.

Assim que Enzo estende o punho para dar um soco, Luana aparece na frente e segura o ataque. Enzo se assusta, já que ele não a viu chegando.

- Ahn? O que você tá fazendo aqui? Isso não tem nada haver com você, porra! - grita Enzo, cheio de ódio.

Enquanto segura o seu punho, Luana olha para trás e vê se o menino estava bem.

- Aí, você tá bem? Ele te machucou?

O garoto, assustado, abre os olhos e vê Luana o defendendo. Seus longos cabelos pretos, seus olhos castanhos e seu lindo sorriso paralisaram o menino. Naquele instante, o rapaz ficou maravilhado com o que estava vendo. Um sentimento forte tomou seu coração. Pode-se dizer que seus olhos brilharam, e não era por causa das lágrimas.

Luana voltou a Encarar Enzo, e solta a mão dele. Os alunos começaram a cochichar, falando que Enzo era fraco, já que o seu soco foi segurado com apenas uma mão. (as pessoas não sabem que Luana tem braços de ferro). E isso deixou ele com sangue nos olhos.

- Você nem deve conhecer esse bosta, por quê tá ajudando ele? Você em ao menos sabe se ele é inocente... - Diz Enzo, com um olhar de desprezo.

- Vindo de você, tenho quase certeza de que ele realmente é inocente. Afinal, nunca precisou de muito pra te tirar do sério, né? - rebate Luana, debochando dele.

Antes que a discussão pudesse terminar, o sinal toca e todo mundo tem que voltar para a sala. Os dois se encara por uns instantes, mas também vão embora. A política da escola diz que todos os alunos devem estar na sala de aula cinco minutos depois do sina tocar, caso contrário, serão punidos.

O garoto de dreads também foi para a sala, mas Luana nem conseguiu sequer perguntar o nome dele, e muito menos o motivo da briga, acabou que eles não conseguiram descobrir nada.

Depois disso, Enzo nem olhou mais para Luana, dava para ver que ele estava se remoendo inteiro por dentro. E como Luana não queria encrenca, ela também não fez mais nada.

'O Som'

As aulas terminaram e cada um estava indo para casa. Luana e Pedro já estavam no trem, indo embora. Porém, aquele barulho estava ficando mais alto, a medida que eles desciam para a Parte Inferior. Luana estava encucada, queria saber o que era aquilo.

-"Argh, esse barulho irritante ta ficando mais alto aqui no trem. Lá em cima, ele estava mais baixo. Será que tem algo haver com a estação de trem?" Pensou a garota.

Um tempinho depois, o trem chega na estação deles. Luana para por alguns instantes e tem uma ideia.

- "Hmm... Peraí. Se o barulho tá ficando mais alto aqui na estação, significa que o problema deve ser por aqui. E se eu... Seguir o som, como uma bússola?" - ela pensou, intrigada. - Pedro, vem aqui comigo, eu preciso achar uma coisa!

- Ahn? Achar o quê garota? - perguntou o menino, cansado e com uma cara de quem só queria ir pra casa.

- Eu ainda não tenho certeza, mas eu preciso saber de onde esse som vem! - exclamou Luana. Pedro relutou um pouco, mas aceitou entrar na pira dela.

Os dois então foram seguindo o barulho. A busca precisava ser minuciosa. Luana fechou os olhos para se concentrar e seguir o caminho que o som fazia.

*𝑻𝑬𝑪 𝑻𝑬𝑪 𝑻𝑬𝑪

𝑻𝑬𝑪𝑻𝑬𝑪𝑻𝑬𝑪

𝑻𝑬𝑪 𝑻𝑬𝑪 𝑻𝑬𝑪*

Luana e Pedro andaram pela estação, até que encontraram uma portinha de ferro pintada de azul, um pouco abaixo da estação. Pedro começa a achar que aquilo não era uma boa ideia.

- Uou uou pera lá! Você quer entrar aí? A gente nem sabe que lugar é esse! Com todo respeito minha irmã querida, mas eu não quero ser preso não! - reclamou Pedro, se recusando a continuar.

- Olha, eu sei que parece loucura, mas pode ficar aqui fora se preferir, o som tá vindo daqui, eu tenho certeza! Eu vou entrar, fica aqui e não deixa ninguém entrar, beleza? - pediu a irmã, determina a encontrar a fonte do barulho.

- Aahhh... Tá bom, tá bom. Mas ó, se aparecer algum guarda e reclamar comigo, eu finjo que nem te conheço e vou embora, hein! - expressou ele, incomodado por estar fazendo algo suspeito.

Com isso, Luana passa pela portinha de ferro. Assim que ela abre a porta, ela sente algo muito forte vindo daquele lugar, uma energia pesada.

Ela seguiu por um corredor longo e estreito, dava até para sentir o trem passando lá em cima. Ao chegar no final do corredor, ela se depara com as portas de um elevador. Ao lado das portas, estava os botões de subir e descer, e também tinha um painel para colocar uma senha. Luana encostou a cabeça na porta e fechou os olhos para ouvir melhor, para chegar no lugar de onde o som vinha, ela precisaria descer naquele elevador.

- Pedrooo! Vem caaaa! - berrou Luana chamando o irmão. Assustado, Pedro foi correndo na sua direção.

- O que foi!? Ai garota, que susto! Eu pensei que tinha acontecido alguma coisa! - ele diz isso e dá um tapa na nuca dela.

- Ai! Calma aí cara! Olha só isso aqui. É um elevador com senha! - diz Luana, intrigada.

- Deve ser um elevador de serviço, grande coisa! Os parafusos na sua cabeça devem estar, literalmente, soltos! - reclamou Pedro, querendo sair logo do lugar.

Logo em seguida, o elevador fez um barulho. Alguém estava prestes a sair dele. Os dois irmãos saíram correndo para não serem vistos. Ao saírem de lá, subiram as escadas para a estação, mas ficaram em um ponto onde conseguiam ver quem estava saindo.

Era um homem, meio alto, não dava para ver o seu rosto, ele estava de boné, calça e casaco. Ele olhou para os lados, provavelmente procurando os irmãos. Ao ver que não tinha ninguém, ele entra pela portinha e a tranca por dentro.

- Viu só? Deve ser só um trabalhador aleatório. Vamos por favor parar de atrapalhar o trabalho dos outros? Você sabe que a mamãe mataria a gente se desse merda. - Pedro estava desesperado, ele queria sair dali o mais rápido possível. Ele conseguiu convencer a Luana, e então eles foram para casa. Mas ela não conseguia parar de pensar no elevador e naquele homem.

No fim da noite, deitada na sua cama, Luana não conseguia dormir, ela estava encucada com toda essa história; o som, o elevador e o homem misterioso.

'𝑻𝑬𝑪 𝑻𝑬𝑪 𝑻𝑬𝑪 𝑻𝑬𝑪 𝑻𝑬𝑪.

𝑻𝑬𝑪 𝑻𝑬𝑪 𝑻𝑬𝑪 𝑻𝑬𝑪 𝑻𝑬𝑪

𝑻𝑬𝑪 𝑻𝑬𝑪 𝑻𝑬𝑪 𝑻𝑬𝑪 𝑻𝑬𝑪

𝑻𝑬𝑪𝑻𝑬𝑪𝑻𝑬𝑪𝑻𝑬𝑪 𝑻𝑬𝑪."

- Essas pausas... Será que isso é algum tipo de código? Ou será que o Pedro tá certo e eu tô meio dodói? Quer saber, chega disso, pelo menos por hoje." - pensa Luana, que se cobre e vai dormir.

Na madrugada, aquele mesmo homem usa o elevador novamente. Ele desce até o último piso. Lá tinha um pequeno corredor que levava a uma sala bem pequena. Era um lugar abafado e fedia muito, não tinha nenhuma entrada de ar e nem luz. A única iluminação naquele momento era a luz do elevador.

Naquela sala, estava uma pessoa, acorrentada ao chão e em estado de desnutrição. Não é possível ver o seu rosto, ela estava encolhida em um canto escuro. A única coisa que é possível enxergar é uma fina lágrima escorrendo de seu rosto.

Continua no próximo capítulo...