O inverno em São Miguel trouxe consigo não apenas a beleza das paisagens geladas, mas também uma tempestade de sentimentos que pairava sobre a cidade. A Vó da Maria José, Sovaco e Janelinha, que antes compartilhavam harmonia, encontravam-se agora envolvidos em uma disputa que ameaçava quebrar os laços que haviam construído.
A causa da discórdia permanecia desconhecida para a maioria dos moradores, que testemunhavam os eventos silenciosos que se desenrolavam entre os três personagens centrais.
Sovaco, muitas vezes absorvido em suas próprias melodias, sentia-se incompreendido. Ele acreditava que sua música era um fio que conectava as pessoas, mas a Vó da Maria José e Janelinha pareciam estar desconectados de sua expressão artística.
A Vó da Maria José, sempre uma defensora da tradição, via na música de Sovaco uma interferência desnecessária na serenidade da cidade. Ela valorizava as histórias contadas pelas palavras, e a música de Sovaco parecia desafiar essa tradição.
Janelinha, embora respeitasse a expressão artística, estava preocupado com a possível distração que a música de Sovaco trazia para o centro comunitário. Ele via o local como um refúgio de aprendizado e colaboração, e a música poderia, na sua visão, desviar o foco desses objetivos.
A tempestade de sentimentos atingiu o ápice quando a discussão eclodiu durante um ensaio para uma apresentação especial na praça central. Palavras afiadas foram trocadas, e a harmonia que antes permeava a cidade foi substituída por um silêncio tenso.
Os moradores, surpresos e preocupados, assistiam ao que parecia ser o rompimento de uma aliança valiosa. No entanto, São Miguel era uma cidade resiliente, e os laços que haviam sido entrelaçados ao longo das estações eram mais fortes do que qualquer desentendimento.