(...)
Domian
Diferente de muitos vampiros que vemos nas histórias, sou um puro-sangue que pode andar à luz do sol.
Venho de uma linhagem de puros-sangue e, graças a isso, tenho vários poderes, como hipnotizar, virar um lobo ou um corvo, ler mentes e criar ilusões.
Além disso, tenho uma boa audição, sou muito forte e rápido, mas nunca me importo com isso.
Diferente dos meus irmãos, gosto de viver como humano e, nos meus longos anos, tive muitas profissões, dedicando-me a elas, e nunca quis me envolver romanticamente com ninguém.
Os humanos não têm vida eterna, e as mulheres vampiras são um pé no saco. Meus irmãos não concordam com a forma que vivo; por isso, gostam de fazer minha vida um inferno.
Para acabar com isso, me mudei para outro país. Eles não gostam de países quentes, e o Brasil foi uma ótima escolha. Assim, me mudei para o interior de São Paulo, numa cidadezinha, e eles não vão me achar dessa vez.
Serei professor de história numa escola estadual e não vejo a hora de começar a trabalhar para manter minha mente ocupada.
***
Sai para caçar, faz dias que não me alimento, e meu lado vampiro está querendo sair.
Não será bom ter um vampiro faminto solto. Em minha busca, encontro um homem sozinho.
Mesmo não gostando de sangue masculino, terei que contentar com ele. Uso meu poder de hipnose no homem, me alimento dele e, quando fico satisfeito, curo o ferimento com minha saliva e o faço esquecer.
Ao voltar para casa, sinto um cheiro doce no ar que faz meu corpo esquentar, mas o cheiro se mistura com cheiro de sangue.
Me concentro e solto uma voz feminina: "Uma mulher está com problemas."
Meu corpo age sozinho, e quando percebo, estou na estação. Vejo homens cercando uma mulher, um a segura, e outro está tocando no corpo dela. Seus pensamentos são nojentos, causando náuseas.
Vou até eles e os faço se arrependerem por quererem abusar de uma mulher indefesa.
A mulher está com os lábios cortados, vejo sangue escorrendo, meu lado vampírico fica agitado, e tento me controlar.
Ela tem um cheiro muito gostoso que faz meu corpo tremer de excitação. Jogo os pensamentos que martelam na minha mente e ofereço levá-la para casa. No caminho, trocamos poucas palavras.
Ao chegar na casa dela, ela me agradece e faz algo extremamente perigoso: beija minha bochecha e sussurra para me fazer perder o controle.
Quando ela vira de costas, o vento traz o cheiro dela, minhas presas crescem, e vou embora rápido para não fazer besteira. Ao chegar em casa, entro e encosto na porta.
Meu coração está acelerado, meu corpo tremendo. Em meus longos anos, nenhuma mulher me deixou assim.
Só o cheiro dela deixou meu pau duro, e uma parte de mim queria fodê-la enquanto me alimento do seu delicioso sangue.
Merda! Quem é essa mulher?
***
Graças à mulher, não consegui dormir e fiquei revirando na cama a madrugada toda. Quando meu despertador tocou, levantei-me e fui tomar um banho gelado para esfriar meu corpo, que não se recuperou. Fico alguns minutos e depois termino de me aprontar para ir à escola.
Hoje começo a dar aula e não posso me descontrolar e destruir minha vida pacífica. Terminando de me arrumar, vou para a escola, me apresento na diretoria, o diretor dá os horários das minhas aulas e o mapa da escola, memorizo tudo e depois vou para a sala de aula.
"Bom dia" - falo ao entrar na sala - "sou Domian Moldovan e a partir de hoje serei o professor de história".
"O senhor tem um sotaque forte. De qual país veio?"
"Romênia."
"O senhor conhece a Transilvânia?"
"Sou de lá. Minha terra natal é Cluj-Napoca."
"Existem muitos vampiros lá?" - um dos alunos pergunta e todos riem.
"Só o Conde Drácula" - entro na brincadeira e eles voltam a rir. - "Irei começar a chamada" - falo e começo a fazer a chamada, chamando uma garota duas vezes.
"A princesa de gelo está na biblioteca, professor" - um dos alunos responde. -"Posso ir chamá-la para o senhor?"
"Tudo bem. Irei chamá-la" - falo ao me levantar, saio da sala de aula e vou à biblioteca. Ao chegar, sinto o cheiro de ontem e meu coração acelera. Entro na biblioteca e vejo a garota em cima da escada - "é a mulher que salvei ontem" - pensei.
Esmeralda
Ontem foi meio sinistro o cara sumir do nada. Não sou uma pessoa medrosa, mas confesso que me deu medo.
Graças a ontem não consegui dormir, e a voz do meu salvador misterioso não saiu da minha mente.
O que é isso? Um desconhecido te salva e você fica gamada nele. Lembre-se do que aconteceu com sua mãe?
Não permitirei que alguém entre no meu coração.
Me arrumo para ir na escola e ao chegar vou direto na biblioteca organizar os livros que chegaram. Subo na escada para guardar um livro, me desequilibro e caio da escada, então solto um grito e caio em algo fofo.
"Você está bem?" - a voz que me atormentou a noite toda pergunta. Abro meus olhos e vejo dois pares de olhos azuis me olhando.
"O cara de ontem..." - Penso - "Sim, graças a você que amorteceu a queda." Respondo e lembro que estou em cima dele. - "Desculpa." - Gaguejo e me levanto rápido.
"Tudo bem."
"Desculpe a minha ignorância, o que faz aqui?"
"Sou o novo professor de história e vim buscar a aluna Esmeralda."
"Merda. Perdi a noção do tempo, desculpa professor."
"Você é a Esmeralda?" - Pergunta surpreso. Apenas balanço a minha cabeça que sim. - " Vamos para sala." - Fala e começa a andar. Sigo ele, e alguns minutos entramos na sala. Os garotos começam a me provocar, faço o que sei fazer de melhor, ignoro a todos e sento na minha cadeira.
(...)
Domian
A mulher que não me deixou dormir é minha aluna. Não sei se isso é muita sorte ou azar.
Não sei se vou conseguir me controlar, ela mexe comigo de um jeito que nenhuma mulher ousou mexer.
Quando entramos na sala de aula, os garotos começaram a provocá-la e sinto um desconforto com as cantadas e as brincadeiras sem graça, mas me controlo quando vejo ela ignorar a todos e a mesma senta na cadeira dela e vejo um olhar frio e vazio.
"Mudança de personalidade!"
Quando ela me olhou ontem, era um olhar doce e inocente e agora está com um olhar que dá uma sensação estranha.
Em vez de dar aula, resolvo conhecer meus alunos e começo a perguntar o que eles gostam de fazer e cada um responde e quando chega a vez dela, ela só responde: ler livro.
"Ninguém é bom o bastante para a princesa de gelo."
Um dos alunos fala e todos concordam, e Esmeralda ignora.
Passo as minhas duas aulas falando com meus alunos, mas Esmeralda não se junta, então a deixo quieta e quando o sinal bate, vou para minha próxima turma.
Mas minha mente fica perguntando: Por que princesa de gelo?
Quando bate o sinal para o intervalo, saio da sala e vejo os alunos da sala dela saindo, e duas garotas passam por mim. Escuto elas falarem da Esmeralda e minha curiosidade bate, pergunto por que a chamam de princesa de gelo.
"Porque ela não tem emoções e sempre é fria com as palavras e nunca a vimos sorrir."
Suas palavras me deixam chocado, uma humana que é incapaz de sorrir. Nunca vi ninguém assim na minha existência.
Quem é você, Esmeralda?
"Não sei se foi uma boa ideia vir para esse país" - penso e olho para trás e a vejo indo para a biblioteca. - "Sinto que você será a minha ruína, humana" - falo baixinho, balanço a minha cabeça e volto a andar e vou para a sala dos professores.