Manhã, Florest Village
POV- Aughust
Após o cumprimento ficamos em silencio, sem saber como continuar a conversa, cada um perdido em seus próprios pensamentos, eu particularmente tentando descobrir como fazer as perguntas necessárias sem parecer fora do lugar ou estranho...mais do que já pareço. Não posso chegar e perguntar :
"Existe algum mago nesta aldeia? Qual nome do reino que essa aldeia pertence?"
Primeiramente a energia que sinto em Tom parece ter um efeito bloqueador em meus sentidos de mana e se essa energia for comum entre os moradores ou talvez até as pessoas desta dimensão? Então acho difícil a existência de magos como eu e caso esteja correto, mostrar habilidades estranhas pode gerar desconfiança ainda maior contra min, um desconhecido.
Posso estar pensando de mais, só que como experiências que tive durante minhas inúmeras visitas a outras dimensões, é sempre bom ter cuidado ao entrar em uma dimensão estranha, sempre tentei fixar isso na mente de meus aprendizes.
Me pergunto como estão eles? como normalmente me isolo em meu laboratório não devem ter percebido meu sumiço, quando perceberem entrarão em pânico, pobre Rhia, aquela jovem garota acabou de começar suas lições...
Nesse momento Tom e Sofia olham para min e percebo que preso em pensamentos acabei suspirando alto de mais.
- Desculpem-me, eu estava preso em pensamentos por instantes- Digo
- Tudo bem senhor Aughust, se me permite perguntar, de onde o senhor vem?- Pergunta Tom
Entendo, ele pode ter se acalmado, mais ainda nutre suspeitas sobre minha pessoa, preciso ter cuidado com o que falo perto dele, pode se tornar um problema para minha coleta de informações tranquila.
- Tom, venho de um lugar distante, tive uma longa caminhada até aqui, passei pelos mais variados locais, desde campos de flores que pareciam a primeira vista calmos, onde as flores de varias cores, que vagamente lembravam o arco-íris alegremente balançando ao vento , convidando os olhos a assistir sua divertida dança, a lugares aterrorizantes onde a própria vegetação fazia um grito silencioso de socorro, terra morta por onde seus olhos pudessem enxergar- Termino numa voz levemente dramática, lembrando com carinho de algumas dimensões que visitei no passado.
Espero que eu tenha conseguido satisfazer ele. Nesse momento ouço uma voz muito animada.
- Incrível, pode me contar mais sobre sobre esses locais senhor Aughust ? - Sofia diz em uma voz claramente mais alta.
Olho para ela e vejo os olhos dela parecendo brilhar de expectativas, parecendo estrelas em um céu noturno, me lembrando de uma das minhas discípulas, aquela menina boba, esse olhar acaba me impedindo de negar ou arranjar uma desculpa.
- Tudo bem criança, depois irei te contar mais sobre- Digo gentilmente.
Viro um pouco e olho para Tom que atualmente esta mais próximo, e vejo que ele tenta esconder sua curiosidade.
POV - Tom
Olho para o estranho senhor que se autodenomina Aughust, a primeira vista parecendo um senhorzinho inofensivo, mas duvido que isso seja realidade.
É impossível um idoso inofensivo sobreviver a floresta a noite, e olhando com mais cuidado, sem ferimentos visíveis que significa que ou ele não encontrou nenhum predador ou ele eliminou esses predadores sem se machucar ou se sujar com sangue.
Além de tudo sinto uma sensação estranha dele, a energia vital em meu corpo parece se mover mais dificuldade, só senti algo parecido na presença do mestre Walter, quando eu era apenas uma criança iniciando no meu treinamento.
Observando de perto suas roupas vejo que além dos galhos e folhas que coletou durante sua caminhada pela floresta, não a sinal estar molhada, o que também é estranho, sendo que choveu durante a madrugada, lembro claramente de ouvir o barulho de chuva e as poças de agua nas ruas são uma clara prova.
Tudo nesse senhor grita 'Estranho'
Vou observa-lo de perto, caso ele não tenha más intenções com nossa aldeia não me importo com seus objetivos e motivações, mas caso ele tenha.....eu lutarei contra ele até que um de nós pereça, ninguém vai prejudicar minha família e o local onde moro, não novamente enquanto eu viver.
Pov - Sofia
Estou muito curiosa sobre o senhor Aughust, o medo inicial que senti no inicio sumiu como em um truque de magica, dando lugar a uma curiosidade, ele me parece alguém que já presenciou lugares incríveis, e eu quero ouvir suas historias.
Controlando minha excitação olho para trás, meu tio esta ali claramente perdido em pensamentos, vejo ele cerrar os punhos por um instante e seu olhar passou de pensativo para determinado, espero que ele não faça nenhuma ação tola...
Após aquele incidente anos atrás com aquele estranho viajante, onde a aldeia quase foi deletada do mapa e destruição só foi controlada por nosso chefe, aquele que ajudou a fundar aldeia, por seu sacrifício.
Naquele dia meus pais morreram e o impacto no tio Tom foi enorme, ele nunca foi o mesmo, sempre rude e desconfiado com qualquer pessoa que não seja morador da aldeia, além da morte de seu irmão e nora, o que impactou ele foi a morte do chefe, Tio considerava ele um pai, foi criado por ele desde pequeno. Todos nós respeitávamos e amávamos vovô Walter, o primeiro chefe .
Voltando a realidade olho para o senhor Aughust e digo:
- Senhor Aughust, gostaria de entrar na aldeia e conversar em local mais confortável ? - Nesse momento lembrando do balde que em algum momento deixei no chão, continuo - Tio, pode buscar água no rio? - Digo olhando com o olhar mais severo que posso fazer sendo uma jovem magra e pequena, parecendo desnutrida e tendo dezenove anos.
Tio Tom fica sem reação por instantes e antes que ele possa responder, pego o balde e empurro em suas mãos.
- Obrigado Tio, vamos senhor Aughuts? vou te apresentar ao chefe da aldeia - falo e viro para Aughust.
Vejo que Aughust esta tentando segurar a risada, ele se recompõem e reponde:
-Tudo bem, lidere o caminho mocinha.
Continua...