Era de manhãzinha quando beijei minha Mãe adeus e saí apressada do hospital. O tempo era essencial, eu precisava ir embora cedo para entrar furtivamente na Mansão Greyson para pegar meus pertences enquanto meu futuro ex-marido estava no trabalho. Eu não tinha meu carro comigo, então decidi pegar um táxi.
Quando cheguei ao meu destino, pedi aos empregados para não informarem ao Ace que eu vim pegar minhas coisas. Eu não queria que ele soubesse que eu voltei, mesmo se fosse por uma boa razão.
Juntei todos os meus pertences, me preparando para colocá-los todos na minha mala grande. Deixei de propósito os presentes que Ace me deu no passado para trás. Não me importava se fosse uma caixa de joias valiosas, bolsas de marca de edição limitada ou sapatos de grife personalizados, eu não queria nenhum vestígio dele na minha nova vida.
Estava tão absorvida em arrumar as coisas que quase não ouvi o som da risada de uma mulher ecoando pela mansão. Poderia ser uma ajudante, mas então ouvi também a voz de Ace, junto com o som de passos apressados.
Uma carranca profunda se formou instantaneamente na minha testa quando ouvi eles falando animadamente.
A voz da mulher soava familiar - como se eu já a tivesse ouvido muitas vezes em minha cabeça. Será que poderia ser mesmo?
Com raiva, bati minha mala não muito gentilmente e sentei-me na borda da minha cama de casamento. Prendi a respiração surpresa. Por que Ace estava ali? Ele deveria estar trabalhando! Eu conhecia o horário de trabalho dele e ele nunca havia ficado em casa de manhã.
Uma curiosidade insistente me dominou, eu precisava saber o que ele estava fazendo em casa. Liguei a TV de tela plana de oitenta polegadas no meu quarto - ela estava conectada à CCTV, então eu podia espionar meu marido e a misteriosa mulher risonha.
Era Ângela. A mulher risonha era Ângela. Eles estavam sorrindo e abraçados. Meu coração caiu no chão e se quebrou mais uma vez. Meus piores medos se realizaram - meu marido realmente estava tendo um caso com ela!
Estava prestes a desabar, mas me mantive firme, controlando para me acalmar. Poderia ser um mal-entendido. Eles poderiam estar aqui para trabalhar. Eles poderiam estar felizes por causa do trabalho.
Continuei a assistir em silêncio.
Com o coração na garganta, vi-os entrar na cozinha para pegar um vinho caro da adega. Mordi a língua surpresa de que meu marido havia proibido até mesmo que eu tocasse em uma única garrafa, mas agora ele estava disposto a abri-la e servi-la a outra mulher?
Aumentei o volume da televisão para poder ouvir melhor o que falavam.
"Você está bonita hoje," Ace disse, analisando Ângela, sua secretária de cima a baixo. Seus olhos brilhavam de admiração enquanto ele tomava um gole de seu copo de vinho.
A visão me machucou além da descrição. Ele nunca olhou para mim daquela maneira, aquele olhar que ele deu a ela era tão terno que meu coração doía de ciúmes.
"Esse vestido faz você parecer tão bonita. Suas curvas estão tão sensuais. Você o veste melhor do que as modelos que vi nas passarelas."
"Obrigada," respondeu Ângela, tomando um gole discreto de seu vinho. Ela pestanejou com malícia enquanto mordia suavemente a parte inferior de seus lábios carmim, lançando um olhar tímido acima do seu copo de vinho.
Ela estava obviamente tentando seduzi-lo! Fiquei tão furiosa que quis arrancar aquele sorriso dos lábios dela, mas não havia nada que eu pudesse fazer a não ser continuar assistindo ao drama se desenrolar.
O elogio dele me deu outro tapa duro para acordar. Ace nunca me elogiou antes, mesmo depois de cinco anos de casamento!
Ele claramente se importava mais com Ângela do que comigo. Talvez ele a amasse.
Ace deixou seu copo de vinho de lado e caminhou em direção a ela. Seus braços musculosos se enrolaram em torno da cintura dela, puxando-a para mais perto até que seus corpos se tocassem, até que nada pudesse passar entre eles, nem mesmo ar.
"Tenho medo que sua esposa nos veja, Ace," Ângela advertiu, afastando-o gentilmente. Mas Ace a segurou firme.
"Não importa…" Ele respondeu. "Eu pedi o divórcio a ela e ela concordou."
Ângela sorriu triunfalmente e seus olhos brilharam como fogos de artifício no quatro de julho. "Você pediu?"
"Sim."
"Estou tão feliz, Ace. Obrigada." Ela exclamou, se agarrando ao pescoço dele como uma criança encantada. Eu queria tirá-la de perto dele. Ângela continuou a falar, e cada palavra era um insulto para mim.
"Você é um santo, Ace, por ficar com uma mulher como ela por tanto tempo! Eu sempre me perguntei como você conseguia suportar ficar casado com ela por todos esses anos. Ela nem é bonita, com suas olheiras e lábios pálidos. As roupas que ela veste são tão antiquadas! Ela é muito inadequada como sua esposa.." Ela revirou os olhos dramaticamente.
Minhas bochechas ficaram vermelhas como beterraba com todos os insultos. Eu me senti tão humilhada.
"Vamos parar de falar sobre ela, Ângela."
"Mas eu quero saber mais sobre ela," ela insistiu maliciosamente. "Ela era boa de cama? Só por curiosidade?"
Minha mão fechou-se em um punho apertado. O nome angelical da secretária não lhe cabia nem um pouco. Ela era uma cobra vestida de ovelha.
Ele deu de ombros. "Você não quer ouvir coisas chatas mesmo."
Uma risada suave escapou dos lábios de Ângela, e ela o puxou para mais perto.
Assisti horrorizada quando seus lábios se tocaram.
Ace e Ângela começaram a se beijar, e meu mundo desabou. Eu queria morrer. Minha fortaleza mental se desfez no chão e se despedaçou em milhões de cacos. Comecei a chorar desamparada no meio do quarto, em frente à TV.
Meu coração foi socado, zombado, chutado, martelado e pulverizado enquanto assistia ele beijá-la apaixonadamente, sem sinais de que fosse parar tão cedo.
Desliguei a TV tremendo, incapaz de assistir mais. Arrastando minha mala pesada atrás de mim, saí apressadamente do quarto.
Corri para fora dos portões, minhas emoções fervilhando em mim. Eu me sentia como um vulcão prestes a explodir a qualquer momento. Não fazia ideia do meu destino - não me importava para onde meus pés me levassem. Contanto que eu esteja longe deste buraco infernal que é a Mansão Greyson, qualquer outro lugar serve.
Deixei a propriedade rapidamente antes de sucumbir ao impulso.
Eu poderia matá-los aos dois se quisesse. No entanto, matar esses animais me faria igual a eles.
Mas uma parte de mim realmente queria me vingar!
***
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