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Chapter 15 - Encontro na cozinha

Era mais de duas horas da manhã, e Damon não conseguia dormir.

Seu quarto ficava de frente para o jardim e havia uma floresta ao longe. Damon decidiu ir correr. Isso deveria ajudá-lo a limpar a mente.

Idealemente, Damon se transformaria em sua forma de lobo. Sentir a terra e a grama sob as patas enquanto o vento passa por sua pelagem sempre é bom. No entanto, ele está no território da alcateia da Lua Vermelha e, se seu lobo for visto, será percebido como um desafio, uma ameaça.

Ele veio aqui para ver o que o Alfa Edward está planejando, e não para começar uma guerra.

Damon desceu as escadas e chegou ao andar principal. Ele fez uma curva em direção à porta que dá para o jardim quando o doce aroma cítrico da frésia chamou sua atenção.

Sem pensar, as pernas de Damon se moveram e ele se viu na parte da casa do bando que ele não havia visitado antes. A cozinha.

A luz principal estava apagada, mas ele conseguia ver o ambiente entre as pesadas sombras porque a geladeira estava aberta.

E ali ele viu uma pequena figura saindo da geladeira.

Olhando por trás, com base no tamanho dela, ele estimou que ela não pode ter mais de quinze, talvez dezesseis anos.

Damon se aproximou dela e parou quando estava a meio passo atrás dela.

Ele deu uma respiração profunda e seu doce perfume o deixou tonto, instigando-o a se aproximar e talvez lamber ou mordê-la. Ele se perguntou se o gosto dela também seria tão viciante.

"Hm…", Damon pigarreou, e ela saltou assustada.

"Ai!", Talia sufocou um grito quando sua cabeça bateu na prateleira da geladeira.

Ela se virou rapidamente em direção à fonte do barulho e seus olhos se arregalaram de horror quando seus olhos encontraram os de Damon.

Ela o reconheceu. É o importante convidado. O mesmo que ela interrompeu no momento particular com a Marcy.

Talia amaldiçoou sua sorte.

Depois que Marcy a visitou no sótão, Talia não ousou se mexer até que todos os sons da casa do bando cessassem. Ela pensou que deveria ficar ali até que Marcy e os outros esquecessem dela, mas estava com fome e procurava algo frio para aliviar sua dor.

Se Talia soubesse que encontraria esse cara assustador, ela ficaria com fome no andar de cima e aguentaria a dor. Não seria a primeira vez; a única diferença é que as lesões anteriores eram de outros Omegas e, desta vez, foi a princesa Marcy quem agiu.

Antes desta tarde, Talia achava que Marcy era uma pessoa gentil, mas ela não é.

Entre Marcy e Anna, Talia prefere Anna, que não finge ser legal apenas para intimidar Talia quando ela não espera. Pelo menos ela sabia se precaver de Anna, enquanto Marcy sorria e dizia palavras doces apenas para se aproximar.

Talia olhou para Damon com medo.

Ele também vai puni-la? Por que ele está estreitando os olhos para ela? Ela sentiu a urgência de sair.

Talia não sabia que Damon estava apertando os olhos na tentativa de identificar claramente suas características. A luz estava atrás dela e sombras densas ocultavam o rosto dela.

"Desculpe…", Talia disse com uma voz trêmula e baixou a cabeça antes de dar um passo para o lado, tentando encontrar uma saída.

Damon estendeu o braço, bloqueando o caminho dela. "Pelo que você está pedindo desculpas?"

Ele estava irritado. Ela está evitando ele?

Todas as meninas fariam trabalhos comunitários para ficar a sós com Damon, e essa garota quer fugir.

Talia mordeu o lábio inferior. Como ela deveria responder à pergunta dele? Ela lembrou-se de não mencionar o que viu nesta tarde no quarto de hóspedes. Com sorte, ele não saberá que era ela.

"Desculpe por atrapalhar", respondeu Talia. "Se você me der licença…"

"Espere!" Damon chamou, impedindo-a de sair. Ela não estava procurando algo na geladeira?

Um lado do rosto de Talia foi iluminado e Damon franziu a testa.

Ele segurou o queixo dela rudemente e faíscas deliciosas formigaram em seus dedos e subiram pelo braço, confirmando o que seu lobo disse. Companheiro.

Ele nunca sentiu nada parecido.

Damon pôde sentir seu lobo abanando o rabo em deleite e ele apreciaria essa sensação se não fosse pela aparência desgrenhada de Talia.

Damon obrigou Talia a levantar a cabeça para que ele pudesse ver o rosto dela contra a luz que a geladeira aberta fornecia.

Os lindos olhos dourados de Talia piscaram para ele, mas o devaneio de Damon durou apenas um momento antes de seu olhar passar por suas lesões.

Seu lábio superior estava cortado e ela tinha um hematoma embaixo do olho esquerdo e até a bochecha direita tinha marcas roxas escuras.

"O que aconteceu com seu rosto?"

O fôlego de Talia vacilou. "Eu caí."

Damon não acreditou. Ele viu consequências de muitas quedas e isso não se parecia em nada com isso. "Deve ter sido uma queda feia."

Ele olhou para ela novamente e notou marcas de dedos no pescoço dela. Alguém a estrangulou?

Fúria irrompeu em Damon. A ideia de que alguém machucou Talia o enfureceu além da crença.

Seu impulso era protegê-la, vê-la sorrindo e feliz e isso... só que isso é o quê?

"Quem fez isso?", Damon apertou os dentes com raiva e o corpo inteiro de Talia tremeu de medo.

Não havia como ela dizer alguma coisa. Só traria mais problemas.

Como ela poderia dizer que foi a princesa Marcy? Esse Alfa assustador e Marcy não estão em bons termos? Se ela falar, na melhor das hipóteses ele não vai acreditar nela e há uma grande chance de levar outra surra. Ele já estava com raiva e ela não queria estar por perto quando ele explodisse.

"Ninguém. Por favor. Posso ir?"

Damon soltou o queixo de Talia e segurou o ombro dela. Mesmo através do tecido áspero de seu moletom, Damon sentiu leves formigamentos em sua palma que o fizeram ansiar por mais. Companheiro.

Damon se concentrou em inspecionar o rosto dela, especialmente a marca roxa na bochecha direita. Era oval com pequenos pontos ao redor e, de alguma forma, lembrou Damon do anel que viu no início daquela noite... um anel na mão de Marcy.

'Pare de assustar a garota...', o lobo falou na cabeça de Damon.

Damon olhou para Talia e seus lábios formaram uma linha reta quando ele viu o horror em seus olhos.

A atenção de Damon se voltou para o ombro dela, sob sua palma, e ele percebeu como ela era pequena e frágil. Ele adivinhou que, se exercesse um pouco de pressão, provavelmente poderia esmagá-la.

Relutantemente, Damon soltou o ombro dela, tentando não fazer movimentos bruscos para não assustá-la ainda mais.

"Eu não vou te machucar.", ele disse o mais calmamente que pôde, mas sua expressão inalterada disse a ele que ela não acreditava nele.

Por que ela acreditaria nele? Até agora, as pessoas ou a ignoraram ou a intimidaram. E essas são pessoas que vivem nesta alcateia. Por que um estranho a trataria melhor? E o estranho em sua frente era intimidante.

'Ela provavelmente sofreu abusos.', disse seu lobo, e os olhos de Damon se fecharam na tentativa de conter outro acesso de raiva que crescia dentro dele.

Abusada. Alguém abusou de sua companheira!

Damon respirou fundo, o doce aroma cítrico de frésia deixou-o tonto, como uma droga que o ajudou a relaxar. Era viciante. Ele inalou avidamente de novo e de novo, e demorou algumas respirações para perceber que o aroma estava ficando mais fraco.

Damon abriu os olhos e percebeu que estava sozinho na cozinha. Ela partiu e ele não percebeu. Ela era mesmo real ou ele a imaginou?

'Imaginação uma ova!', seu lobo resmungou. 'Use esse nariz e encontre-a!'

Damon se recuperou e seguiu o cheiro até o lado de fora, em direção ao jardim.

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