Já era fim de manhã quando Damon, Caden e Maya chegaram à Matilha da Lua Vermelha.
Luna Layla pediu desculpas pela ausência de seu marido. "Ele está com os batedores que detectaram movimentos suspeitos na fronteira leste do nosso território antes do amanhecer. Alfa Edward é um líder presente e quer garantir pessoalmente nossa segurança."
Luna Layla foi acolhedora o suficiente para mostrar pessoalmente os quartos no segundo andar.
'Uau! Esse lugar é chique.', Maya compartilhou seus pensamentos com Damon e Caden através da ligação mental.
'Pode apostar.', respondeu Caden.
Nenhum dos três comentou sobre as duas fileiras de Ômegas que se curvaram para cumprimentá-los na frente da casa do bando.
O chão do corredor de entrada era de mármore branco e as colunas altas combinando alcançavam o teto de três andares de altura. A escadaria de mármore curvava-se elegantemente para cima, parecendo pura e impecável, perfeitamente complementada por corrimões dourados e opulentos lustres de cristal que pareciam vir de um castelo luxuoso.
'Quantas casas alguém poderia construir com todo esse dinheiro se baixasse um pouco o luxo?', Damon resmungou através da ligação mental.
'Na Matilha da Lua Vermelha, apenas casais companheiros recebem uma moradia. Guerreiros de alta patente recebem uma casa individual, enquanto outros recebem apartamentos.', lembrou Caden a Damon que normalmente não se importa com o funcionamento interno de outras matilhas. "Todos os outros com mais de doze anos vivem em prédios comuns, onde seis a oito pessoas compartilham um quarto."
Maya franziu a testa diante desse pensamento.
Na Matilha dos Uivadores Sombrios, eles têm prédios comuns, mas a maioria dos membros da matilha vive em casas individuais. Os prédios comunitários são usados por adolescentes que querem experimentar a vida longe dos pais e pelos idosos que desejam ter seu espaço enquanto ficam perto de pessoas de sua idade, e é claro, em caso de situações de emergência, quando a casa de alguém pega fogo ou para refugiados até que encontrem uma solução de moradia permanente.
Damon continuou a prática de seu pai de tratar todos com igual importância, independentemente de sua ocupação ou gênero. Os Ômegas têm os mesmos privilégios dos guerreiros e médicos. Afinal, cada um deles é um importante membro da matilha e merece dignidade.
Dar preferência a alguém em comparação a outros criaria uma atmosfera onde os membros tendem a escolher uma ocupação, desconsiderando seus interesses, apenas por causa dos benefícios que ela traz. Isso poderia facilmente trazer desigualdade e a criação de classes sociais. E também há ciúme, sentimentos de superioridade e outras negatividades que podem facilmente criar raízes.
A Matilha da Lua Vermelha é conhecida por suas provas militares, mas apenas porque Alfa Edward aprecia os guerreiros e dá-lhes melhores condições de vida, o que fez com que a maioria dos homens aptos se tornassem soldados.
Maya sentiu a atmosfera opressiva assim que saiu do carro. Dois guerreiros parados rigidamente em cada lado da entrada principal, os gritos distantes dos grupos que estavam treinando… Era como se tivessem chegado a um complexo militar e não a uma matilha onde as famílias vivem.
"Você está bem?", Caden perguntou a Maya, esfregando o ombro dela, e ela se perguntou se fez uma expressão ou se Caden percebeu sua inquietação por causa do laço de companheira.
Maya lançou um olhar para Luna Layla antes de se voltar para Caden com um sorriso. "Estou bem. Estou apenas cansada da viagem."
"Por favor, refresquem-se e nos encontre lá embaixo. O almoço será servido em uma hora, a comida vai repor suas energias e vocês podem descansar depois disso se desejarem.", disse Luna Layla, ao que Maya respondeu com um aceno.
"A Marcy vai se juntar a nós no almoço?", perguntou Maya antes de entrar no quarto. A jovem Senhorita e a razão de estarem aqui não os receberam na porta.
"Sim. Ela está se arrumando.", disse Luna Layla, lançando um olhar para Damon. "Ela quer estar no seu melhor."
"No seu melhor...", repetiu Caden. "Estamos ansiosos para ver o seu melhor."
O sorriso de Luna Layla congelou e ela teria repreendido Caden por fazer uma observação tão ambígua. Por que ele, um Beta, quer ver sua filha? Mas Alpha Damon estava bem ali, com sua expressão fria e austera fazendo-a encolher, então ela forçou um sorriso no rosto e aguentou isso.
Damon entrou em seu quarto e trancou a porta antes de ir para o banheiro.
Desde que entraram no território da Matilha da Lua Vermelha, Damon começou a se sentir inquieto, como um presságio de coisas desagradáveis por vir.
Ele queria tomar banho e relaxar um pouco porque viajar com Caden e Maya, que estão sempre flertando ou discutindo em tom de brincadeira, é cansativo, e com base na recepção excessivamente entusiasta de Luna Layla, Damon tinha a impressão de que seu humor só pioraria.
Damon já conheceu várias dezenas de lobas que tentaram se tornar sua Luna, mas esta foi a primeira vez que ele permaneceu na casa da matilha durante a noite. Normalmente, ele se encontraria com a mulher e seus pais, levaria-a para jantar ou para uma casa noturna antes de acabarem rolando nos lençóis em um quarto de hotel. Comparado a isso, isto parecia mais um cenário de conhecer os sogros, aquele em que ele precisa ficar por alguns dias e voltar para casa com uma esposa.
Isso não vai acontecer.
Ele queria conversar com Alfa Edward e descobrir o que ele quer, além de Damon se casar com Marcy. Deve haver outras expectativas relacionadas a isso. Mas, infelizmente, Alfa Edward não se juntou a eles no almoço, então isso teria que esperar.
Damon, Caden e Maya fizeram uma refeição na luxuosa sala de jantar que combinava com o resto da vila, na companhia de Luna Layla, Marcy e Nora.
Marcy e Nora já estavam sentadas à mesa quando Damon, Caden e Maya chegaram, e eles apertaram as mãos brevemente enquanto trocavam cumprimentos.
Alfa Edward e Beta Raymond ainda estavam ausentes, ocupados com os batedores, e Luna Layla prometeu que eles voltariam em breve e definitivamente se juntariam a eles para o jantar. Ela também pediu desculpas porque seu filho não estava presente, dizendo que ele está fazendo alguns exercícios com os guerreiros para construir um caráter forte.
Durante a refeição, Luna Layla desempenhou o papel de boa anfitriã, Marcy escolhia suas palavras tentando equilibrar entre não ser muda e não ultrapassar seus limites, enquanto Nora lançava olhares furtivos a Damon e corava copiosamente.
Na visão de Nora, a vida não poderia ser melhor do que isso. O homem de suas fantasias úmidas estava na mesma mesa, comendo e falando e cada movimento de seus lábios era sedutor. Ela se perguntava o que mais ele poderia fazer com aqueles lábios, e com o resto de seu corpo.
Ela apertou a mão de Damon, e seu aperto era sólido e quente, e ela desejava que ele segurasse mais do que sua mão.
Nora olhou para Marcy e se perguntou se ela se importaria se Nora desse em cima de Damon. Afinal, Marcy não parecia possessiva com seu futuro marido e não é como se Nora quisesse pegá-lo para ela mesma. Apenas uma degustação seria suficiente. Uma noite.
Depois do almoço, Luna Layla sugeriu: "Marcy, por que você não mostra o jardim para Alfa Damon? A hortênsia está em plena floração e vocês podem aproveitar essa oportunidade para se conhecerem melhor."
Marcy olhou para Damon e sorriu. "Você está interessado?"
"Para um passeio?", perguntou Damon, e Marcy confirmou com um aceno. "Já que seu pai ainda está ocupado, eu preciso preencher o tempo com algo."
Os lábios de Luna Layla se retorceram. Por que Alfa Damon soava como se tivesse vindo para falar de negócios com seu marido em vez de conhecer Marcy?
'Estou indo dar um passeio.', disse Damon para Caden e Maya através da ligação mental.
Caden sorriu maliciosamente. 'Divirta-se.'
'Faremos a nossa parte.', Maya assegurou a Damon.
Caden e Maya tinham a tarefa de investigar a Matilha da Lua Vermelha e tentar encontrar algo que Damon pudesse usar. Idealmente, eles encontrariam algo negativo sobre Marcy para que Damon pudesse rotulá-la como indigna sem inventar coisas e qualquer informação negativa sobre Alfa Edward seria um bônus.
No jardim...
"Você parece inquieta.", disse Damon, expressando sua observação.
Marcy lançava olhares ao redor, esperando não ver George. Ou talvez ela desejasse vê-lo. Mas ela não podia admitir isso para Damon porque teria que dizer por que George é importante e isso poderia complicar as coisas.
Além do comportamento gélido de Damon, Marcy achava que ele era um homem bonito e poderoso. Com seu status, ele tinha o direito de ser orgulhoso. Ela não conhecia Damon, mas o que viu até agora era impressionante.
"Eu gostaria que conversássemos em particular.", disse Marcy. "E aqui podemos ser ouvidos."
Damon hesitou. Não é que ele não planejasse ir fundo em Marcy, mas ele não achava que ela tomaria a iniciativa menos de uma hora depois de se conhecerem.
"Que tal o meu quarto?", sugeriu Damon, e ele sorriu de forma irônica quando Marcy concordou.
---