Cheguei mais cedo ao parque, escolhi a arvore mais majestosa que encontrei, estendi minha toalha, encostei-me o mais confortavel possivel à árvore, fiquei fitando as nuvens , a brisa fresca em minha pele me fez voltar ao passado...
Foram muitos momentos bons admito, infelizmente teve momentos que me marcaram desagradavelmente.
Lembrei-me de quando tinha 4 anos, meus pais brigaram, minha mãe colocou suas roupas e as minhas em uma mala antiga, dessas retangulares, a alça era de metal e havia 2 fechos de metal que fechava por pressão . Ela pos nossas roupas dentro e saiu moro acida me puxando pela mão enquanto eu chovara que queria ficar com meu pai. Não era a primeira fez que ela o fazia mas desta vez ficou marcada. Fomos até a casa de meus avós, pais de minha mãe, era uma familia grande, mesmo com os filhos que já haviam casado ou só saido de casa ainda restavam minha tia e meu tio mais novos, meus dois primos criados pela minha avó e minha tia mais velha mãe dos dois meninos que trabalhava fora durante a semana e nos sábados voltava pra ficar com os filhos.
Chegamos na casa eu já havia parado de chorar, fui mandada a brincar com as outras crianças enquanto minha mãe contava o ocorrido. Dormimos lá aquela noite, foi dificil pra mim perceber que estava longe de meu pai, eu o amava e admirava muito na época. Na manhã seguinte oque era de se esperar eu queria voltar pra casa, era uma casa simploria , meus avós paternos tinham um galpao enorme onde guardavam tudo oque ocupavam na roça , como triadeira, engenho, motor, serralheira, carroça, arrado e tudo mais que se usava na época para se trabalhar na roça, havia uma varanda que era toda fechada e servia como cilo para guardar milho, metade desta varanda era a cozinha de nossa casa , que era composta por dois comodos a cozinha e o quarto divido por mim e meus pais. Ao lado de nosso quarto ficava a estrebaria, local onde se ordenha vacas.
Para mim que não entendia nossa miséria, aquele era o melhor lugar do mundo.
Chorei muito pedindo por meu pai, minha mãe que estava muito nervosa com tudo que havia passado descontou sua ira em mim. Lembro-me dela me mandando ficar quieta, como não parei de chorar ela usou a corda de prender roupas da lavanderia de minha avó para tentar me enforcar, me recordo do desespero , da falta de ar em meus pequenos pulmões, o medo tomando conta de mim , eu sem forças para reagir.
Senti meu corpo ser puxado e o ar voltando em meus pulmões, levei alguns segundos para ver que minha avó me puxou e tirou a corda de meu pescoço. Meu pai foi atrás de nós e nos levou para casa, meu avô não nos deixou ficar em sua casa.