Numa noite silenciosa e estrelada, na pequena sala de parto havia uma garota deitada, esperando o seu bebê, com uma expressão de dor, enquanto o suor escorria pela sua testa, a cada grito de dor ela emergia uma respiração profunda.
Segurando a sua mão estava uma jovem, ela auxiliava a parteira no seu trabalho, era possível escutar os gritos até mesmo do lado de fora da sala.
Atrás da porta, do lado de fora da sala, o pai, num feixe de nervosismo e ansiedade, permanecia de joelhos, unindo as suas mãos em súplicas silenciosas aos deuses, e então, por um breve período o silêncio tomou conta de tudo, e apenas o choro de um recém-nascido rompeu a quietude.
O pai, em êxtase momentâneo, liberou as suas mãos unidas e ergueu-se, com os olhos repletos de felicidade, postando-se diante da porta. Mal podia conter a euforia que transbordava do seu ser. Entretanto, o momento não passou despercebido pela jovem auxiliar da parteira, cuja ação rápida e enérgica para abrir a porta resultou num golpe acidental no rosto do pai. Ignorando a dor física, ele lançou um olhar ansioso e angustiado à mulher.
— Ocorreu tudo bem durante o parto, a sua mulher e o seu filho estão-te esperando.
Com um sorriso radiante, o pai adentra a sala e depara-se com a sua esposa deitada na cama, ao lado está a parteira em pé segurando o recém-nascido, ele caminha até às duas. No entanto, a expressão perplexa e inquieta da parteira não passa despercebida, despertando dúvidas no pai, que relutantemente decide questioná-la.
— O que aconteceu Léia?
— Seria melhor se você visse por si mesmo.
A parteira então entrega o recém-nascido ao pai, que imediatamente mostra espanto no seu rosto.
— Você tem certeza de que este é nosso filho?
— Sim, hoje eu só ajudei Agnes a dar à luz.
— Mas isso é impossível, esse cabelo branco e a pele pálida dele, ninguém na minha família tem essa aparência.
— Chris está certo, ninguém na minha família tem essa aparência também.
A jovem auxiliar se aproxima da cama e interrompe a conversa.
— Peço desculpas por me intrometer, mas de onde venho, há uma lenda sobre pessoas assim; dizem que aqueles com cabelos brancos e olhos dourados são a personificação da bênção ou maldição.
— Bênção ou maldição? Do que você está falando?
Chris direciona o seu olhar para a jovem moça, deixando-a nervosa.
— D-dizem que pessoas com essa aparência nasceram para governar e não para serem governadas. Elas tendem a ser benevolentes ou tiranas, m-mas é claro que isso é apenas um conto.
A mãe e o pai da criança demonstram estar preocupados com o que acaba de ser falado.
— Claro que isso não se aplica ao filho de vocês. Afinal, como ela disse, é apenas uma história fantasiosa. Agora, chega disso e escolham o nome do filho de vocês, que, aliás, é um lindo menino.
Chris entrega o bebê para Ágata, que a segura com uma expressão doce e feliz, sorrindo enquanto aprecia uma mistura de inúmeras emoções e sentimentos. Entre todos esses sentimentos, o amor se destaca.
— Você tem razão, senhora Léia.
Léia puxa a bochecha de Lucious com um olhar brincalhão.
— Quem você está chamando de "senhora"? Ainda não cheguei aos 60.
— Desculpa, falei sem pensar.
— Lucious, que tal chamarmos ele de Enver, Enver Leonhardt, aquele que iluminará o mundo?
Lucious olha para Ágata e sorri, transbordando de felicidade.
— É um nome lindo.
Passos rápidos, semelhantes a uma corrida, ecoam pela sala, vindo da direção do corredor. Em questão de segundos, uma menina pequena invade o recinto, correndo diretamente na direção de Lucious e pulando sobre ele com entusiasmo.
— Annya? O que você está fazendo aqui?
— Vocês me deixaram dormindo. Eu disse que queria ser a primeira a ver o meu irmãozinho. Você prometeu que me traria, papai. Você mentiu para mim.
Lágrimas começam a encher os olhos da pequena garota enquanto ela dá socos leves no peito do pai. Lucious coloca a mão carinhosamente sobre a cabeça dela, acariciando-a.
— Desculpe, meu pequeno anjo. Eu só queria fazer uma surpresa para você.
— Você jura?
— Sim, eu juro de mindinho.
Outros passos rápidos também são ouvidos, dessa vez de um jovem rapaz, que também aparece na porta da sala, visivelmente ofegante. Ele se apoia na porta e, após recuperar o fôlego, se desculpa.
— Desculpe-me, senhor Lucious, não consegui segurar a Annya. Ela é muito rápida, mal tive chances de alcançá-la.
— Está tudo bem Kay.
A garota olha para o rosto do pai, trazendo consigo um olhar encantador e fofo.
— Papai, eu quero ver o meu irmãozinho.
Lucious coloca Annya no chão e pega na sua mão, levando-a até o lado da cama onde Ágata segura Enver.
— O cabelo dele é branco, ele é tão lindo — Annya olha para o irmão com os olhos brilhando de admiração.
— Ele é realmente lindo Annya.
— Tenho certeza de que ele não puxou ao papai.
Lucious faz uma expressão de surpresa enquanto todos na sala começam a rir.
— Eu sou tão feio assim? Ei parem de rir.