Ao chegar na parte de trás da multidão, alguém exclamou intrigado.
"Não é a Jeslyn? O que ela está fazendo aqui?"
Demorou apenas um instante para que essas palavras fossem absorvidas, e no momento seguinte, os repórteres cercaram Jeslyn como formigas em busca de açúcar. Enquanto alguns tiravam fotos, outros enfiavam microfones no rosto dela, tentando obter declarações de sua parte.
"Senhorita Jeslyn, diga-nos. É verdade que você matou seu avô?"
"Senhorita Jeslyn, por que matou seu avô?"
"Senhorita Jeslyn, o que tem a dizer em sua defesa?"
"Senhorita Jeslyn, como pôde trair seu pobre noivo e abandoná-lo no altar?"
"Senhorita Jeslyn, você não acha que é desumana demais para continuar sendo uma celebridade?"
"Senhorita Jeslyn, diga alguma coisa. As pessoas querem saber.
"Senhorita Jeslyn…."
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As vozes zombeteiras e atormentadoras dos repórteres afogavam os pensamentos de Jeslyn, e ela agarrou seu cabelo bagunçado com força para aliviar a dor latejante em sua cabeça. Quando ela pensava que os repórteres seriam sua perdição, um som alto soou em seu ouvido, acompanhado de uma dor aguda em sua bochecha direita.
Ela virou o olhar bruscamente para ver quem era e deu de cara com os olhos marejados de sua irmã, misturados com raiva.
"Monstro! Eu vou te matar!" Christine gritou e estava prestes a atacar o rosto de Jeslyn com suas unhas longas quando Ray se adiantou e a segurou pela cintura, impedindo-a de partir para a agressão física.
"C–Christine?" Jeslyn chamou enquanto segurava sua bochecha ardendo.
"Não me chame, demônio! O que o avô te fez? Ele te amava tanto e via apenas você como sua neta, mas você retribuiu com isso? Você o matou! Que tipo de coração você tem? Você é um demônio!!"
Ela agitou as mãos no ar, tentando atacar Jeslyn, mas Ray não a deixou ir adiante.
"Christine, eu não fiz nada, eu–"
"Quando um ladrão já admitiu que roubou alguma coisa? Mesmo quando são pegos em flagrante, dizem que só estavam prestes a devolver o objeto roubado ao seu devido lugar."
Ao ouvir essa voz, Jeslyn voltou o olhar para a irmã mais velha de Ray, que acabara de falar, e retornou o olhar para sua irmã. O mundo pode não acreditar nela, mas sua irmã tem que acreditar.
"Eu não fiz nada. O avô foi envenenado e ele–"
"Pare de mentir! O avô estava saudável. Ele foi empurrado e bateu a cabeça na mesa de centro. Maya e os guardas testemunharam tudo!"
"O–o que você está dizendo?" Jeslyn parecia perdida e extremamente confusa.
"Maya e os guardas deram seu depoimento à polícia, que incluía vídeos de como você e o avô discutiram sobre o que você fez com o irmão Ray. Então você discordou do avô e ele te deu um tapa.
"Você ficou chateada e começou a gritar com ele. Percebendo seu erro, ele tentou te puxar para um abraço como sempre fazia e você o empurrou... você o empurrou, sua monstra!!" Christine gritou.
A essa altura, todos os convidados já estavam reunidos e a maioria deles já estava vaiando Jeslyn e apontando dedos enquanto os outros a amaldiçoavam em voz alta e lhe chamavam de todos os tipos de nomes cruéis e humilhantes.
"Christine, isso não é verdade; isso é mentira! É mentira!" Ela gritou repetidamente enquanto segurava a cabeça para bloquear todos os barulhos em sua mente.
"Mostre a prova na cara dela. Ela jamais chorará até ver o caixão." Alguém disse na multidão.
A irmã mais velha de Ray pegou seu telefone. Ela passou os dedos pela tela e trouxe a evidência. Começou a reproduzir o vídeo antes de literalmente enfiar o telefone no rosto de Jeslyn.
Jeslyn, subconscientemente, salvou o telefone de cair enquanto, por coincidência, via as imagens.
O que chamou sua atenção foi seu velho. Lágrimas caíam lentamente dos seus olhos e caíam na tela.
Tudo que estava sendo dito ou roteirizado no vídeo não a afetava. Ela nem mesmo ouvia, pois toda a sua atenção estava voltada para seu velho.
Ela passou os dedos no telefone, contornando sua figura, e de repente deu um pulo quando a mulher na tela, parecida com ela, empurrou o velho, que caiu para trás e bateu a cabeça na lateral da mesa de centro.
"Avô!" Ela gritou subconscientemente, ao mesmo tempo em que deixava o telefone cair no chão, em choque.
"Oficiais, prendam-na!" Christine disse aos policiais que acabavam de se aproximar.
"Senhorita, por favor, venha conosco para a delegacia." Disse um dos policiais.
"Eu– eu… eu não… eu não matei meu avô, ele foi envenenado... perguntem aos médicos. Christine, eu não fiz nada ao avô!"
Christine riu, furiosa. "Quais médicos? Aqueles que você subornou? Infelizmente para você, os médicos testemunharam contra você. Eles disseram à polícia que você instigou a cremação do avô assim que ele foi declarado morto, para esconder a verdadeira causa da morte, e você também o forçou a diagnosticá-la com problemas falsos de saúde mental…"
"Isso não é verdade! Pare de mentir!" Jeslyn gritou incrédula.
"Eu não menti contra você, irmã. Essas foram as declarações dos médicos na delegacia."
"Onde estão os médicos? Me digam, eles–"
"É uma pena, porque os dois médicos se suicidaram por remorso."
"O–o que você está falando?" Seu coração afundou no estômago ao ouvir isso. Como ela iria provar sua inocência agora?
"Você ouviu. Você matou dois trabalhadores inocentes também! Policial, levem-na!" Christine virou o rosto com nojo enquanto os policiais tentavam tirar Jeslyn à força da multidão.
"Solte-a." A voz não era alta, nem baixa. No entanto, foi capaz de parar a confusão.
As pessoas se viraram para olhar o dono da voz. A pessoa retirou a mão do policial do pulso de Jeslyn e disse: "Eu a trarei."
Jeslyn levantou os olhos embaçados para olhar o homem à sua frente e lentamente lembrou-se de que ele era o homem com quem se casou.
Ela não foi a única que se lembrou de quem ele era. Aqueles que compareceram ao casamento na semana passada conheciam esse homem por causa de sua aparência marcante e a energia contida que o rodeava.
"É... é você?" Jeslyn perguntou como se não esperasse que ele estivesse ali.
"O que você está fazendo aqui?!" Ray, que não havia dito nada desde o início da discussão, finalmente falou quando viu esse homem novamente - seu inimigo.
O noivo ignorou todos os outros e segurou Jeslyn pelo pulso, levando-a para fora da multidão. Os policiais os seguiam atrás deles e os flashes das câmeras os alcançavam.
A multidão observou enquanto o homem e Jeslyn entraram em um discreto carro preto estacionado não muito longe, e de repente Ray riu.
Não ficou claro por que ele estava rindo, mas ele murmurou: "Da última vez ele não estava usando roupas sob medida nem de marca. Desta vez também, ele ainda está vestindo uma marca desconhecida e até mesmo um carro velho. Eu estava certo; ele só tem aquela aura superior e nada mais."