*Em uma favela desconhecida*
Uma jovem garota chorava e implorava segurando a alça da saia de uma mulher.
"Mãe não jogue Lilian fora por favor, eu prometo que não vou comer nem incomodar, eu prometo que vou fazer o que a senhora quiser, por favor não me..." Antes que a menina conseguir terminar de falar ela foi chutada impiedosamente pela mulher.
"Não me chame de mãe criança nojenta, você não tem direito de usar esse nome, a partir de agora você é uma Nabaḷā, uma inútil sem nome como você que não tem o menor talento não tem o direito de me chamar de mãe, a partir de hoje jamais apareça na minha frente de novo nojenta, se ousar aparecer na minha frente de novo eu vou te matar, seja grata por eu poupar sua vida de merda." falava a mulher enquanto caminhava pegava a pequena menina pelo pescoço apenas para arremessar novamente em direção a uma casa, a menina atravessou a parede da casa de madeira com enorme facilidade.
A pequena menina que não parecia ter mais de 6 anos, tentou se levantar apenas para cair de novo, enquanto via a mulher entrando dentro de uma carruagem, em seus pequenos olhos escorriam lagrimas que lentamente se misturou com o sangue em seu rosto.
Quando a mulher lentamente virou e entrou dentro de uma carruagem e saiu do local, o local anteriormente vazio começou a voltar a vida, pessoas de todas as idades, começaram a sair de suas casas, uma mulher idosa se aproximou da casa em que a menina havia sido jogada seus olhos ardiam em raiva, porém ao olhar para carruagem ao longe seus olhos revelaram um traço de medo, entrado na casa encontrou a menina jogada no chão, seus olhos arderam me chamas novamente, pegando um pedaço de pau começou a bater na pequena que já estava ferida.
"Criança inútil, como vai compensar a minha perda, como uma inútil como você ousa quebrar a minha parede, vai trabalhar até a morte para me compensar." Não importava o quanto a velha batia a menina não respondia, seus olhos estavam nublados, assim começou o inferno na vida da pequena.
Dia após dia, ser usada como escape para a raiva de todos a sua volta, a velha senhora obrigava a pequena a trabalhar incansavelmente, mesmo que aquela parede já estivesse consertada e a menina já tivesse pago em trabalho a velha jamais deixaria a menina ir, até mesmo marcando o braço da menina para que ela não pudesse sair da cidade.
Assim ano após ano se passou, a pequena menina já tinha 10 anos, mas seu estado era deplorável, seu pequeno corpo antes gordinho agora estava desnutrido, costelas a mostra, ela não havia crescido nada a falta de nutrição atrofiou seu crescimento, seu irmão a visitava, e toda vez que ele vinha vela era para espancá-la com raiva ou para desabafar sua frustração tirando seu sangue a chamando de imunda, sua mãe que o acompanhava fingia que nem a conhecia, seu pai, ela nunca mais nem o viu, tudo por que ela não tinha nenhum talento, até mesmo os sem nome inúteis a desprezavam, e tinha aquela velha, aquela velha que a espancava toda vez que a via, se ela não estivesse trabalhando era pior, o que ela fez de errado? Era tudo o que ela queria saber.
Não importava para que ela pedia ajuda, todos a desprezavam, até mesmo o nome dela foi tirado, agora seu nome é Nabaḷā, assim como todos os outros mortais sem talento, não importa o quanto ela treinasse, quanto ela tentasse sentir a energia no ar, sempre terminava em fracasso, hoje ela cansou dessa vida deplorável, cansou de implorar por comida e ser espancada, cansou de implorar por piedade para a sua mãe quando seu irmão a espancava, cansou de pedir misericórdia ou clemencia, ela sabe que seu talento é inútil, com o pouco conhecimento que ela reuniu, ela sabe que é possível aumenta-lo com frutas e ervas, mas essas frutas e ervas são extremamente raras quando uma aparecem pessoas, seitas, clãs e famílias vão a luta, nem aquela mulher que ela já chamou de mãe jamais poderia pensar em ter um, mas hoje é o dia, o dia que ela cansou e decidiu dar um fim em seu sofrimento.
Saindo sorrateiramente noite adentro, ela se escondia não apenas por causa da velha, não, tinham coisas muito piores que a velha andando nesse bairro a noite, seu objetivo era a velha ponte construída sobre o desfiladeiro, chegando na ponte ela subiu no corrimão abriu os braços e chorou.
Quando as pequenas lagrimas caiam e seus pés chegavam na borda, uma luz surgiu na sua frente, a luz era ofuscante e a energia que emanava dela a empurrou para trás, uma carta negra com linhas douradas e vermelhas, nunca tinha visto nada igual, as linhas pareciam estar vivas, dando uma sensação surrealista como se tivesse misturado calma e violência na carta dizia, na frente da carta havia um selo, e ao lado estava escrito.
*Para menina que está na ponte*
Levantado sua mão para pegar a carta, mas antes de conseguir a carta na sua frente se abriu, revelando ser conteúdo, um convite, estava escrito com as mesmas linhas vermelho e dourado, que iluminavam o papel extremamente negro, dizia:
Seita do Demônio Celestial
Prezada Senhorita, temos o prazer de informar que você foi aceito na seita do demônio celestial, para aceitar a candidatura e ocupar a vaga é simples, tudo que precisa fazer e pegar esta carta e rasgá-la, após isso um pequeno portal aparecera a sua frente, entre no portal e aparecera nos portões da seita onde seu mestre lhe aguarda.
Ass. Mestre da Seita do Demônio Celestial Agnos Draconar Von Zatheorth Di Infernia.
Um convite de uma seita, mas ela nunca tinha ouvido falar dessa seita, mas a pequena ainda estava em choque, não pelo conteúdo da carta, mas pelo nome escrito nela, não há quem nesse continente que não reconhecesse o sobrenome Di Infernia, esse último nome apenas pode ser utilizado pela realeza e mais alta classe demoníaca, todo e qualquer pessoa que tentar usá-lo sem ser da realeza ou da alta classe é cassado e pendurado nos portões das cidades enquanto suas almas erram extraídas, não podendo morrer ou se libertar, além de também ter o Von, ela leu sobre isso antes de ser expulsa de casa, é o nome do progenitor da linhagem, falsificar uma linhagem não teria uma destino melhor, e ela sabia que ninguém em sã consciência iria fingir ter esses nomes também.
Ela não sabia exatamente o que significava ter sua alma extraída, mas sem pensar muito ela pegou a carta e rasgou, ela não tinha mais nada a perder, ela já estava a um passo da morte, qualquer coisa é só continuar de onde parou.
Um portal abriu em sua frente, ela não conseguia ver nada do outro lado, por um tempo ela apenas ficou olhando, todavia o portal começou a se fechar lentamente, reunindo toda a coragem fechou os olhos e com toda a suas forças ela pulou para dentro do portal, ela não sabia agora, mas essa foi uma das melhores escolhas que ela poderia ter tomado, pois ao longe estava a velha.
A velha viu a menina saindo e decidiu segui-la, essa pequena megera ainda tinha muito que trabalhar, quando viu que a menina chegou na ponte ela queria ir buscar essa inútil, mas ela não conseguia se mover, como se todo o corpo dela tivesse sido congelado, ela só pode observar horrorizada o aparecimento da carta, quando ela viu a menina rasgando a carta por um momento teve uma sensação de alivio que não durou muito pois logo apareceu o portal, a pequena entrou no portal e se foi, finalmente ela conseguiu se mover, com olhos cheios de horror saiu do local rapidamente.
Quando a menina abriu os olhos encontrou-se na frente de um portão enorme, o portão não estava fechado, então era possível ver o outro lado, as construções, a grama e até mesmo as arvores, o que não deveria ser possível pois está em uma montanha, na frente do portão estava um homem, o homem parecia ser jovem, seus cabelos vermelhos, olhos dourados e chifres que saiam de sua cabeça como se rebelassem, porem com um único olhar desse homem seu corpo tremeu, seu instinto dizia para apenas abaixar a cabeça e aceitar o destino, não adianta correr, não adianta tentar fugir era tudo inútil, ela ouviu seus passos se aproximando, ela pensou que iria morrer, ela agora estava à mercê dele, se ele fosse malvado como a velha e a mãe, ela nem mesmo poderia escapar dele, seus pequenos punhos se fecharam e lagrimas voltaram aos seus olhos, antes que ela conseguisse terminar seus pensamentos, uma grande mão pousou em sua cabeça começou a acaricia-la, era quente e extremamente gentil como se fizesse um pouco de força ela poderia quebrar.
Ela nem se lembrava quando foi a última vez que alguém a tratou normalmente, quanto mais uma pessoa fazendo carinho nela, o homem se ajoelhou no chão, ficou na mesma altura que ela e a puxou para o seu colo, seu corpo ficou rígido por um momento, mas o homem acariciou lentamente sua cabeça, e falou com ela:
"Está tudo bem pequenina, está tudo bem, ninguém poderá te machucar aqui." Sua voz era calma e continha uma confiança inacreditável por trás.
Ela não sabe bem o que foi ou o porquê a voz dele parecia tão gentil, antes que ela percebesse, ela o abraçou e começou a chorar, essas lagrimas eram as lagrimas da angústia e magoas que ela passou, não se sabe quanto tempo passou, ela lentamente fechou os olhos e pela primeira vez em muito tempo dormiu confortavelmente.
Quando acordou ela estava extremamente confortável, isso instantaneamente a despertou, pulando seus olhos vagavam pelo quarto em busca de qualquer perigo, não vendo ninguém, começou a olhar em volta, esse sem dúvida é o maior e mais luxuoso quarto que ela já viu, como um gatinho curioso ela avançou olhando por trás de cada porta para ver o que tinha lá, ela encontrou um banheiro enorme, cabia pelo menos 3 casas com terreno e tudo daquela velha fedida.
Entrando no banheiro gigante, ela encontrou um enorme espelho, ela se observou em choque, onde está roupa velha e rasgada dela, ela estava vestido um pijama branco, sua pele que antes estava cheia de feridas, hematomas e cicatrizes agora estava normal, como se tudo não tivesse passado de um pesadelo, seu rosto retalhado por sua mãe, irmão e velha estava normal, seu olhos se encheram de lagrimas, mas ela se recusava a fechar os olhos, ela estava com medo, medo que no momento em que fechasse seus olhos acordaria naquela casa para ser espancada de novo.