2011
Uma rapariga é arrastada por 2 homens. Os seus pés deslizavam pelo azulejo, não tinha forças para se debater por isso nem se esforçava a ajudá-los a carregá-la. Ela vestia uma bata branca ensopada com o seu suor da noite anterior. Passou a noite em claro, com imensas dores e uma febre. Não estava ali pela sua própria vontade. Estava ali porque foi obrigada, porque a obrigavam.
Aqueles homens a arrastavam porque ela mesma os obrigava a fazer isso. Depois de tanto tempo e de tantas vezes ela insistia em lutar. Mas por vezes chegava ao seu limite e havia dias em que não aguentava mais. Só se deixar levar. Mas nunca desistir, prometeu isso a si mesma.
À medida que se arrastava e passava por aqueles corredores familiares começou por ver tudo desfocado e o seu corpo começava a ficar mole e pesado, devido às drogas que lhe tinham dado antes. Queria dormir. Odiava se sentir vulnerável.Mas era o que eles queriam, a deixar fraca, a ser um mero fantoche nas mãos deles. Assim ao não ter forças para lutar não tinha outra escolha senão deixar que eles a levassem. Ao não se debater, não iam ter problemas com ela.
No fundo ela sabia que ia ficar ali prisioneira para sempre.