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Chaotic World of Pangea

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Synopsis

Chapter 1 - Chaotic World of Pangea

— Chaotic World of Pangea —

 

Capítulo 1

O começo antes da tragédia.

 

 Encostado no tronco de uma árvore, estava um jovem, maravilhado com a vista panorâmica que se estendia diante dele. Desde a infância, ele vem a este lugar com a única intenção de tirar uma soneca rejuvenescedora, aproveitando a brisa suave que emana debaixo desta árvore.

— Hoje o clima estava sublime — Um sorriso fugaz se desenhou em seu rosto antes de um bocejo interromper o momento. — O dia apresenta uma beleza singular, propício para desfrutar plenamente do meu descanso.

 Mais alguns bocejos escaparam antes de finalmente se render a um sono profundo, como se tivesse passado dias sem dormir.

 Os pássaros cantavam numa melodia suave, um som cativante para apreciar até ao amanhecer.

 O tempo voa, quando de repente o vento muda abruptamente, assustando os passarinhos empoleirados nas copas das árvores ao redor, fazendo-os voar de forma frenética. O barulho alto e abrupto assustou o jovem que dormia pacificamente.

— O quê diabos foi isso?! — Questionou-se bruscamente, acordando em um calafrio na espinha.

 Percebendo que não havia nada ao seu redor, ele se acalma. Ele ficou surpreso com a atividade frenética dos pássaros e prontamente decidiu retornar à aldeia.

 A certa distância do local, era possível avistar uma figura enigmática parada junto a uma árvore, enfeitada com um sobretudo longo e preto como breu. O semblante estava velado enquanto usavam um capuz que escondia totalmente o rosto.

— Finalmente, após tantos anos, consegui encontrar o descendente dele! Estou ansioso pela minha vingança e farei todos os seus descendentes sofrerem pelo o que fez à mim! — Exclamou com fervor, deixando transparecer sua raiva através do tom otimista de sua voz.

 Ao chegar em sua residência, um adulto se depara com o rapaz e interrompe a trajetória ficando no caminho.

 O pai do jovem tem cabelos pretos curtos e olhos castanhos claros. Seu traje é modesto, composto por uma camiseta cinza e calça preta de lã. Essas vestimentas estão visivelmente gastas devido ao uso frequente, refletindo uma triste realidade de trabalho quase escravo.  Infelizmente, a família tem recursos limitados, destinados apenas para o essencial.

 A vida é extremamente precária em todos os cantos do continente. Os homens do vilarejo se veem obrigados a caçar animais no inverno para conseguirem alimentar suas famílias, o dinheiro que ganham da fábrica só serviam para pagar impostos altos e as vezes roupas.

— Para onde você acredita que a minha decepção esteja se dirigindo? — Perguntou para o seu filho. Sua expressão denota que está estressado, presumivelmente devido às tarefas desagradáveis na empresa de mineração.

— Oi, pai. Quer alguma coisa de mim? — Perguntou para saber o real motivo para que seu pai o impedisse de seguir caminho.

— Onde te escondeste dessa vez? — Seu olhar estava firmemente fixado nos olhos do jovem, que sentiu-se inseguro ao perceber tal fato.

— Bem...

Desviou o olhar para o lado enquanto refletia profundamente para encontrar uma resposta ideal a essa circunstância, e disse: — Na floresta Yalow.

— O que estava realizando nesse local? — Indagou, mantendo-se interessado em obter mais informações sobre a localização do seu filho.

— Além de caçar, há alguma outra atividade que eu poderia realizar em uma floresta? — Foi a resposta, mesmo que seja necessário mentir para o seu pai.

— Hum.

Parece bastante claro que ele não acreditou nessa resposta, pois estava em Yalow caçando veados para a aldeia.

 Com isso, o jovem opta por se mover rapidamente, pois se lembrou de que seu pai estava caçando naquela floresta.

 — Sabe? Passei praticamente o dia todo vasculhando Yalow e não te encontrei, agora me conta como é que isso foi acontecer? — Ele cruzou os braços, repleto de curiosidade diante da mentira descarada do seu filho.

 Agora a coisa está pegando fogo, sabe? O seu pai já estava ciente desde o início de que tudo isso era só uma farsa, então agora só resta revelar toda a verdade e descobrir se haverá ou não consequências para isso.

— Oh, você me pegou! Eu não estava em Yalow, e definitivamente não estava caçando. No entanto, é verdade que eu estava na floresta, só que não para caçar.

Infelizmente, não poderia dizer que estava dormindo, pois isso só deixaria o pai ainda mais irritado, que está no limite.

— Ei, ouça bem, seu pirralho inútil! — O pai gritou, agarrando o garoto pela camiseta. — Eu não ralo 17 horas por dia para sustentar uma decepção como você.

 Com um pai enfurecido como esse, todas as possibilidades estão em aberto, sem exceção. Infelizmente, o jovem é jogado com força contra a parede, resultando na queda dos quadros pendurados e na quebra dos vidros em milhares de cacos.

— Você deixou de ser meu filho a partir de agora — essa frase foi dita com impacto, deixando o jovem em estado de choque diante dessa ação.

 Após essa declaração, Clécius optou por utilizar seu filho como alvo de suas frustrações, aplicando-lhe chutes na região abdominal, o que tem se mostrado bastante eficaz no alívio de seu estresse.

 A intensidade desse tumulto despertou a atenção da mãe, que estava ocupada na preparação do jantar, e também do irmão que, curioso, desceu alguns degraus da escada para averiguar o motivo da agitação.

 As faces refletem um misto de temor e indignação por sua relutância em tomar uma atitude. Ao fixar o olhar na escada, o jovem se depara com seu irmão mais novo observando-o atentamente. Ele se esforça para conter as lágrimas que ameaçam escorrer, consciente de que não deseja transmitir qualquer vulnerabilidade àquele irmãozinho tão querido.

 Com uma expressão de angústia e lágrimas fluindo pelo rosto, o irmão ficou acompanhando a situação, mas acabou retornando ao quarto devido à violência extrema. A mãe, compreendendo a necessidade de intervir, decidiu agir para proteger seu amado filho.

— Pare de uma vez, Clécius! Estou realmente preocupada com isso, ele é seu filho — ela tentando acabar com essa brutalidade usando palavras, mesmo que elas sejam ignoradas e não façam diferença, ainda tem fé que ele ainda vai ouvi-la.

 O jovem relutante não compreendia a razão por trás da mudança drástica de seu pai. Essa transformação surgiu quando uma mineradora se instalou na área, afetando a atitude dos trabalhadores. Como ninguém realizou uma pesquisa para investigar a causa, ela permanece desconhecida até o momento.

 O brilho nos olhos estava gradualmente se enfraquecendo, dando a impressão de que estava quase desmaiando. No entanto, ao ouvir a voz preocupada de sua mãe, ele teve a esperança de que seu pai iria parar de chutar o seu abdômen.

— Você quer que eu pare de chutar ele? Eu vou fazer isso, mas não é por sua causa.

 A mãe sentiu um grande alívio ao ouvir essas palavras, pois seu filho não teria mais que suportar a presença de um pai terrível.

 Ele parou, no entanto decidiu desferir um chute com toda a sua força na região do estômago. O impacto foi extremamente poderoso, causando extrema dor ao jovem que quase desmaiou. Observou-se seus olhos se arregalarem e ele começou a cuspir sangue.

 Ao se retirar do local, Clécius decide expressar sua insatisfação dando um tapa no rosto da mulher que atrapalhou o seu divertimento.

 Com uma atitude cooperativa, ela se apressa em direção ao jovem que está lutando para manter os olhos abertos. Ao se ajoelhar, ela cuidadosamente segura e levanta a parte superior do filho dele, aproximando seu próprio rosto ao dele.

— Querido filho, sinto muito por tudo o que está acontecendo. Você não merece passar por isso... Por favor, perdoe seu pai, ele não costumava ser assim... A culpa de tudo isso é do dono da mineradora... — As lágrimas dela escorrem pelo rosto do jovem enquanto o abraça, com muito cuidado por conta dos hematomas.

 A mãe carregou seu filho machucado até o quarto dele, o colocando em cima da cama e depois saí do local. Um tempo depois, ela retorna com uma bacia e começa a limpar a sujeira delicadamente.

 Os dias vão passando normalmente e o garoto se recuperou muito bem, graças aos cuidados da mãe.

 O jovem se via em pensamentos profundos na beira do lago olhando para o seu reflexo.

— Ugh, eu odeio minha vida! Seria muito melhor se eu não existisse, sério! Seria ainda melhor se eles também não existissem!  — Ele gritou até sua garganta ficar seca.

 Para aliviar a frustração, o jovem decide dar um passeio. Ao recordar as palavras ofensivas proferidas por seu pai, ele concordou plenamente com elas. Afinal, ele sabia que era insignificante nesta vasta extensão chamada mundo, sentindo-se fraco e inútil.

  Nesta aldeia remota no fim do mundo, não havia nada de interessante para fazer, as únicas escolhas eram desafiadoras: tornar-se quase escravo de uma empresa mineira ou caçar animais para o resto da vida.

 Nenhuma dessas escolhas lhe agrada;  desejava sair desta aldeia e procurar um lugar onde não precisasse trabalhar, ou seja, virar vagabundo.

 Com o tempo, o turbilhão que vinha ocorrendo na mente do jovem começou a diminuir.  Pensava-se que ele se tornaria igual ao pai, mas ele escolheu lutar por algo maior.

 Cansado de caminhar, ele volta para a vila, apenas para ser surpreendido por um pequeno grupo de Goblins - terríveis criaturas humanoides verdes. Com apenas 1,60 de altura, individualmente eles podem não representar uma ameaça significativa. No entanto, quando se reúnem em grupos de cinco ou mais, eles se tornam o temido terror dos andarilhos solitários. E não se deixe enganar pela permitividade deles: armados com armas, esses Goblins ainda podem causar danos consideráveis.

"Que estranho, goblins geralmente não chegam perto das aldeias" pensou diante desse problema. — Devo ir e informá-los sobre isso.

 Para sua própria segurança, o jovem decidiu contornar discretamente os Goblins, garantindo não chamar atenção. Afinal, ele não é páreo para nenhum deles, muito menos para nove.

 Aproximando-se de uma grande estrutura destinada a reuniões comunitárias, ele entra apenas com a intenção de ouvir atentamente o que estava prestes a transmitir-lhes.

— Estamos bem conscientes da situação que se desenrola, não só aqui, mas em todas as aldeias vizinhas e cidades próximas das fronteiras —, expressou o chefe da aldeia para as pessoas do local. O tom transmite uma sensação de encorajamento e segurança.

— Então, o que faremos?! — Ecoou o grito de um morador angustiado com a situação.

 Com a voz trêmula, ele questionou a todos com suas palavras carregadas de preocupação. Era como se a incerteza pairasse no ar, preenchendo cada canto daquele lugar outrora tranquilo. O descontentamento era palpável, estampado nos rostos preocupados dos que o rodeavam.

 Depois, a maioria dos moradores concordou e o escândalo começou a se espalhar. O medo e a angústia que se seguiram são completamente justificados. Não é sem razão, pois cada vez mais monstros surgem perto das comunidades humanas, o que é extremamente preocupante do ponto de vista dos residentes.

 Quando o jovem lançou um olhar de soslaio, seu olhar caiu sobre um adolescente que parecia refletir sua própria idade. Não era outro senão Jacke, um querido amigo de infância que ainda mantinha o mesmo semblante e vestia trajes escuros despretensiosos, mas elegantes.

 Percebendo que havia uma cadeira vazia, ficaram satisfeitos por não haver ninguém sentado e optou por sentar perto da entrada.

— Tayrem, ouvi dizer que esses dias você se meteu em uma briga. É verdade? — Jacke, sendo um garoto curioso como sempre, aproximou-se de Tayrem e sussurrou com preocupação.

— De fato... — Tayrem murmurou, a voz trêmula, como se a dor ainda estivesse presente.

— Não foi só com você que isso aconteceu. 

— O que você quer dizer? — Tayrem perguntou a Jacke, sua voz cheia de preocupação.

— Não ficou sabendo?! — Perguntou, incrédulo, sem acreditar que o Tayrem ainda não estava a par da situação.

— Não.

— Depois que a mineradora se instalou perto da nossa aldeia, todos que lá foram trabalhar apresentaram um comportamento mais agressivo — afirmou Jacke enfatizando o impacto que isso teve na comunidade.

— Eu não sabia que afetou os outros.

 — Você está totalmente fora de sintonia, não é? Você está sempre cochilando naquela árvore boba — suspirou sem acreditar. 

— Veja, Tayrem. Vamos parar de conversar agora mesmo e prestar atenção no que o chefe tem a dizer.

 Com um aceno de cabeça, ele concordou e ouviu atentamente as palavras proferidas pelos moradores e pelo chefe da aldeia.

 Discussões e mais discussões podiam ser ouvidas naquela sala enorme. O que era para ser um consenso transformou-se numa divisão, com alguns a defenderem a formação dos jovens para defenderem a aldeia quando os adultos fossem caçar, enquanto outros insistiam em enviar os jovens para o exército.

 Apesar das diferentes perspectivas, todos reconheceram a importância de salvaguardar a aldeia e orientar a geração mais jovem para um futuro seguro. A atmosfera estava repleta de preocupações partilhadas e de um desejo genuíno de encontrar um meio-termo que beneficiasse toda a comunidade.

 Nessa busca compartilhada por uma solução, ideias criativas começaram a surgir. Alguns sugeriram um compromisso, propondo um programa de formação que incorporasse elementos tanto da proteção da aldeia como do treino militar. Esta abordagem inovadora teve como objetivo dotar os jovens das competências necessárias, assegurando ao mesmo tempo a sua participação ativa na salvaguarda do futuro da aldeia.

 Naquela sala enorme, em meio a trocas constantes, o consenso começou a tomar forma aos poucos. Ao integrar as várias perspectivas e incorporar abordagens inovadoras, foi forjada uma decisão partilhada: um programa de formação abrangente que combinava competências de defesa com desenvolvimento de liderança, preparando os jovens para salvaguardar a aldeia e contribuir significativamente para o seu progresso.

 O chefe da aldeia, reconhecendo o tempo considerável investido, tomou a decisão executiva de pôr fim a esta exaustiva reunião de emergência e instruiu todos a regressarem às suas casas.

 Ao ouvir essas palavras, Tayrem sai rapidamente do local e volta apressadamente para casa, finalmente se acomodando na cama.

 Com o passar do tempo, a noção de treinar os jovens tornou-se imperativa. Os mais velhos tinham a tarefa de incutir disciplina, pois eles próprios já foram soldados, agora aposentados. 

 Entretanto, os adultos que se dedicam à caça dedicam os seus esforços à formação da geração mais jovem e a dotá-la das competências necessárias para enfrentar os perigos da floresta traiçoeira e indomada.

 Os jovens de 14 a 17 anos passaram por um rigoroso programa de treinamento de estilo militar que, para a grande infelicidade do Tayrem, ele possuía todas as qualificações necessárias para esse treinamento.

 Nos primeiros meses, foi incrivelmente desafiador e exaustivo para todos e principalmente para o Tayrem. A intensidade foi tão avassaladora que ele procurou formas de escapar, fingindo dor ou mentindo, mas ninguém caiu nessa.

 Os treinadores o puniram por tal comportamento, agora, ele tem que suportar o dobro de tudo que foi imposto.

— Não posso acreditar no treinamento infernal que estamos passando — exclamou ele, com a voz embargada enquanto olhava para o chão encharcado de suor, pingando de seu rosto durante as cansativas flexões.

— Vamos!  Vamos, meninas, não quero ouvir nenhum choro de um bando de filhinhos da mamãe! — Gritou o ex-militar, em tom encorajador.

  Os sussurros podiam ser ouvidos de todos os lados. O soldado aposentado aproximou-se de um menino e, segurando a vassoura na mão, bateu-lhe na cabeça. O som do golpe reverberou pelo ar, e o grito de dor seguiu logo depois.

— Parem de fazer flexões, mas permaneça na posição. Devo informar que o próximo indivíduo a se abaixar receberá uma pancada na cabeça.  Nós nos entendemos? — O soldado aposentado perguntou aos meninos exaustos.

 Eles ficaram trêmulos e em silêncio.

— Tudo bem, ouça com atenção o que tenho a dizer... Nestes meses de treinamento chegamos à conclusão que é hora de colocar em prática tudo o que vocês aprenderam nos últimos 9 meses. Portanto, embarcaremos em uma expedição ao território dos Goblins.

 Neste momento, outro soldado aposentado dá um passo à frente e fica ao lado do treinador.  Ele gentilmente coloca a mão no ombro do amigo antes de dar alguns passos à frente e assumir uma postura equilibrada, pronto para falar. 

— Como mencionado anteriormente pelo nosso camarada, prosseguiremos com o nosso avanço no território dos Globins. É imperativo que todos vocês se envolvam no combate e eliminem o maior número possível de oponentes. Enquanto isso, nós, como avaliadores, manteremos uma distância segura para observar de perto o seu desempenho. A nossa intervenção limitar-se à situações em que as vossas vidas estejam em perigo iminente.

 Depois de pronunciar essas palavras, ele retorna habilmente à sua posição original, o treinador acena para ele e depois redireciona sua atenção para os meninos.

 — Os detalhes serão informados antes da expedição. Até lá, descanse bem e lembre-se de consumir alimentos nutritivos.

 Os soldados deram as costas aos meninos exaustos que não conseguiam mais manter a posição de flexão, partindo silenciosamente sem pronunciar uma única palavra.

 Todos desabam pesadamente no solo encharcado de suor, enquanto sussurram com dor.

 Depois de suportar um intenso período de agonia até então desconhecido para eles, permaneceram no chão por um tempo, experimentando um nível de dor que nunca haviam experimentado antes.

 Após um breve momento, eles finalmente tomaram a decisão de partir e retornar para suas respectivas casas. Enquanto isso, os espectadores divertiam-se muito com a situação, rindo como se estivessem presenciando um espetáculo cômico.

 Mais um cansativo dia de treinamento chega ao fim para esses jovens adolescentes, e agora eles finalmente terão uma semana de descanso para colocar em prática tudo o que aprenderam nesses longos meses.

 Tayrem chega em casa e vai direto para seu quarto, desabando na cama como uma estátua sem vida.