Sem esperança e já abalado com a vida, Maêmio decide que quer experimentar algo cujo jamais viu um relato, mas que sabia de sua existência: o Abismo carniceiro, que como habitantes tem apenas as mais horrendas e repulsivas criaturas.
Ele prepara o ritual que foi tirado de um antigo tomo que encontrou quando mais novo, e usando os ingredientes mais perversos que se pode imaginar. Após algum tempo seguindo as instruções, parece que deu tudo certo, o símbolo feito com uma mistura totalmente repugnante cria um feixe vermelho que atravessa o telhado da velha torre de Maêmio e chega até o céu, onde as nuvens começam a se moldar em uma forma parecida com a de um espiral. Não demora muito para o vilarejo próximo do planalto em que se situa a torre de Maêmio perceber o que está acontecendo, um ritual para Erebon, o deus do sangue e da violência. Apesar de tentarem interferir esse evento, um campo formado por angústia e puro ódio os impedia de se aproximar muito, os únicos que podiam se aproximar um pouco mais era apenas o padre, mas também sequer podia encostar nas pedras maculadas da torre. Maêmio percebe o furdunço que está acontecendo e pula no portal, deixando de lado a razão do mundo e sedendo para a loucura do Abismo.
No mesmo instante que atravessa a fenda que fica entre os mundos, ele se depara com a atmosfera insana e aberrante que fica mais abaixo que o próprio submundo, o completo caos onde apenas os seres mais miseráveis podem encarnar, e ainda ter que desenvolver um problema mental absurdo apenas para poder viver nessa literal terra abissal. Maêmio, já com seu psicológico abalado pelos infortúnios eventos que vinha acontecendo em sua vida no superior, fica encantado com a bizarra flora do Abismo que consiste em plantas feitas de carne e seus frutos que são globos oculares ainda funcionais, a relva banhada em sangue ainda úmido, o céu vermelho bordô com as nuvens escuras possivelmente feita de gotículas anômalas de sangue, e o Sol que no seu lugar tem um olho colossal que inquieto espia cada milímetro do Abismo aborrecido.
Após vislumbrar o ambiente abominável, Maêmio decide que vai perambular pelas planícies de carne até que morra por um Abissário ou por algum Erozarro. Ele segue em frente e sem rumo, passando por colinas de ossos, arvoredo de artérias e aortas e um planalto cujo o solo era a carne viva, ainda se contorcendo com a esperança de uma possível benção do deus da malevolência ou talvez das valentes deidades exteriores. Maêmio teve seu paradeiro em uma espécie de vila criada pelos demonetes da fauna abissal, onde passa inconcebíveis éons no horário da dimensão superior, mas meras semanas no distorcido tempo do reino profundo.
Continuação: Ascensão Além do Centro