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Chapter 31 - A Herança

Emma acordou e antes de abrir os olhos, soube que havia alguém mais na cabana. Pensou ser a mulher, mas estava enganada. Ela se sentou e viu Richard de braços cruzados olhando com ódio para ela da porta da cabana. Emma sentiu a boca seca. Precisava se levantar e ir até o rio, mas estava com medo. Não sabia exatamente o motivo, mas sentia que se levantasse, Richard iria fazer algo ruim com ela. Então o fitou fria e indiferente. Ele podia não ter morrido quando ela quebrou o pescoço dele, mas gostava de imaginar que ele sentiu dor.

"Você vai vir comigo, Emma? Pense bem antes de decidir, pois só voltarei a fazer essa proposta em dez anos e você vai ficar vagando por essa floresta durante todo esse tempo. Não há outra forma de sair daqui e acredito que você já saiba disso."

"Se eu for, quanto tempo vai me manter com você? Pois deve saber também que pretendo voltar para Caio e para Andrey."

Richard a fitou e Emma podia jurar que viu fagulhas passar por seus olhos quando ela mencionou Andrey.

"O tempo suficiente para que se cumpra a profecia. Pode durar um dia, uma semana, um ano..."

"Posso fazer o que disse agora mesmo. Posso cumprir essa maldita profecia!"

Richard riu quando Emma alterou a voz e ao seu lado chegou um animal. Parecia com lobo, mas Emma sabia que não era um. Ele a encarou e seus olhos eram tão verdes quanto os dela. Emma continuou indiferente. Queria ver o lobo rasgando o pescoço de Richard. Ele parecia não ter percebido a presença do animal.

"Tem que vir comigo. Qual é sua resposta?" Ele disse e olhou de lado para o animal rapidamente e depois voltou seus olhos para Emma, com jeito indagador.

"Eu vou." Emma disse e se levantou. "Mas antes preciso comer alguma coisa..."

"Existe um banquete esperando por você para onde vamos."

Emma se aproximou dele e a criatura parecida com lobo se retirou.

"Gosta de profecias Richard? Aqui vai uma para você... Sei que não é humano e que vai ficar assistindo minha geração surgir e partir. E em uma dessas gerações, você vai se apaixonar de uma forma tão grande por uma de minha descendência, que vai perder tudo por ela. Poder, imortalidade e ela vai destruir você. Vai me vingar e ao meu filho. Você vai desejar morrer quando ela começar, mas ela só vai parar quando segurar seu pó em suas mãos." Emma disse e ergueu uma sobrancelha quando viu que Richard a fitava com medo no olhar. "Podemos ir agora? Estou com fome."

Richard abriu caminho para que ela saísse primeiro e ficou em silencio enquanto caminhavam de volta para a pedra. Emma sabia que ele estava pensando em suas palavras. Ele a segurou e a fez parar quando chegaram diante de da pedra do sacrifico.

"Emma... Retire o que disse sobre sua geração e a deixarei partir."

"Do que está falando? São só palavras Richard. Pensei que sua obsessão era apenas com suas próprias palavras... Eu não sou ninguém para profetizar."

"Está em uma floresta onde um desejo justificado falado em voz alta, se torna real. Você deseja mesmo que o disse aconteça comigo? Você me amou um dia e agora deseja que eu ame alguém ao extremo de me deixar perder?"

"Meu amor por você morreu junto com o meu bebê." Emma disse implacável. "E sim. Gostaria muito que alguém mais esperta que eu fizesse isso com você."

"Então não vai conseguir ser sincera se eu insistir em que renegue as palavras que disse... Não tem problema. Farei você sofrer tanto Emma, que já vou me sentir vingado se algum dia eu olhar para a sua geração. Porque tudo que fiz, foi porque amo você, mas se recebe meu amor como uma maldição, é o que serei para você." Richard disse e pegou na mão de Emma.

Ela sentiu um vento forte passar por eles. Depois não conseguia ver nada. Era como se tivessem em um furacão. E quando conseguiu ver, viu a porta de um imenso palácio no deserto. Sentiu que estava perto de seu filho e de Andrey. Mas antes que pudesse pensar em mais alguma coisa, Richard a arrastou para dentro do palácio.

Era realmente um lugar luxuoso. Emma observou que a sala de estar era composta apenas por almofadas e um tapete que cobria todo o chão. Richard continuou a arrastando e a fez entrar com violência em um quarto, que mais parecia um pequeno apartamento. Havia um escritório em um canto e uma mesa servida com guloseimas que Emma apreciava. No centro ficava uma enorme cama de casal, voltada para uma televisão de tela enorme. Ela ficou mais interessada na mesa com a comida. Estava faminta.

"Pode se servir Emma."

Emma não pensou mais e se sentado a mesa, se serviu e começou a se alimentar sem se preocupar com Richard. Também não seria preciso que, pois ele logo lhe fez companhia. Após Emma comer até ficar satisfeita, ela olhou para trás e depois voltou seu olhar frio para Richard.

"Vou passar o tempo aqui, esperando que você... Que se cumpra a sua profecia?"

"Nós vamos, Emma. Farei companhia a você. Deve tomar banho e trocar de roupa. Depois disso, lhe mostrarei a surpresa que eu e Elena preparamos para você."

Emma se levantou.

"Não quero nada que venha de vocês dois. Apenas desejo minha liberdade."

"Então faça o que eu disse. Quanto mais rápido obedecer minhas ordens, mais rápido vai sair daqui. Se for isso que vai querer quando eu acabar com você. Porque é mais provável que queria ficar aqui, comigo, para sempre."

Emma o fitou como se ele fosse louco e foi até o closet e escolheu uma camiseta e um short e entrou no banheiro. Enquanto a agua caia por seu corpo, não conseguia se libertar da sensação que estava vivendo algo novamente e sentia que isso não era bom.

Ela saiu do banho e Richard estava em uma poltrona ao lado da cama enorme. Ele a fitou aprovando o que olhava.

"Deite Emma. Se você quiser ver Andrey e Caio... Você chegou a tempo de assistir a festa de aniversário de Caio." Ele disse com olhar misterioso.

Emma se sentou na cama de forma que pudesse ver a televisão, e bem distante de Richard. Ela ouviu a risada dele e depois a televisão se encheu de imagens.

Caio estava vestido de homem aranha. Emma se lembrava vagamente que Andrey perguntou a Caio sobre ele vestir de homem aranha e o menino negar. Já havia se fantasiado uma vez assim e as coisas ficaram ruim depois. Não se lembrava o tema que Andrey havia escolhido. Mas também não se lembrava de quanto tempo estava presa naquela floresta maldita.

Viu seu filho correr em direção a Andrey. Estavam ambos felizes. Andrey o recebeu em seus braços e deu um beijo carinhoso em seu rosto, enquanto se voltava para a multidão que cantava parabéns. De repente, uma pessoa se aproximou para participar das fotos que eles estavam tirando. Ela. Emma. Olhou indagadora para Richard.

"É Elena." Ele disse seco e Emma voltou a ver a festa.

Agora com o coração pesado por nenhum dos dois não perceber que não era ela. Estava com um vestido azul que sabia pertencer a Elena e eles deviam saber que ela nunca vestiria nada daquela mulher. Teve vontade de parar de assistir, mas não conseguia. Seu peito ardia a mágoa e a raiva. Enquanto Elena estava aproveitando e vivendo sua vida, ela estava presa ali. Era ruim demais. Não conseguia ficar atenta mais ao que acontecia na festa e Richard percebendo, desligou a televisão com o controle que estava em sua mão e se aproximou de Emma. Ela o fitou magoada e com ódio.

"Quando alguém ama uma pessoa, ela deseja ver ela feliz, mesmo que seja com outra pessoa. O que você sente por mim não é amor."

"E você sabe disse através de todas as suas experiencias amorosas?" Richard disse e a forçou a se deitar e deitou seu corpo sobre o dela. "Não sabe ainda o que é o amor, Emma. Mas posso lhe ensinar a esquecer aquelas pessoas se você quiser..."

Emma sentiu desconforto ao sentir a virilidade dele. Estava indefesa. Não tinha força para o tirar de cima dela. Sentiu as mãos dele em seu corpo e tudo que sentiu foi nojo. O hálito dele tão perto de seu rosto, não lhe causou os mesmos arrepios que Andrey, quando ele fazia aquilo. Sabia que o rejeitava pelo que ele fez a seu bebê.

"Use essa sabedoria para me esquecer, Richard. Pode ter meu corpo, mas jamais vai ter um amor. Todo meu ser sente repulsa por você."

"Poderia sim, fuder você agora... Mas sou paciente, Emma." Ele disse e se levantou. "Temos muito para conversar, no entanto. Acredito que deva querer se lembrar de seus pais, de sua infância, e de como foi parar nas mãos de Henrique..."

"Como pode saber essas informações?"

Richard riu e estendeu a mão para a ajudar a se levantar. Emma aceitou, acreditando que ele assunto não a interessava, mas era melhor do que ter as mãos dele em seu corpo. Ele a puxou até a mesa onde ficava o computador.

"Sua pasta está ai com seu nome. Voltarei assim que terminar a leitura." Richard saiu do quarto.

Emma viu a pasta com seu nome. Não queria abrir, mas Richard devia ter equipado aquele computador com espião e saberia se ela não abrisse o arquivo. Também poderia fazer perguntas sobre o conteúdo... Ela tinha que ler. Clicou na pasta e quando ela abriu, percebeu que era um testamento.

Tinha informações do pai dela sobre o destino de sua fortuna que devia ser entregue a ela após os vinte e cinco anos, quando já deveria estar formada e trabalhando. O valor, era absurdo. Com uma quantia daquela ela comprava umas cinco ilhas e ainda sobrava muito dinheiro. Henrique era realmente seu tutor, mas havia outro. Ela não perdeu o tempo em guardar o nome dele e continuou lendo, ávida por mais detalhes, não por causa do dinheiro. Isso de nada serviria para ela se continuasse presa. Mas uma pergunta que Andrey lhe fez no avião, começou ecoar em sua mente: "Sabe quantos anos você tem?" Ela procurou essa informação e seus olhos se embaçaram com a descoberta. Ela completava dezoito anos, no mesmo dia em que Caio fazia aniversário. Emma saiu da cadeira e se deixou cair no chã. Seus soluços ecoavam alto no silencio sombrio daquele quarto. Andrey sabia o tempo todo, que ela ainda era uma adolescente. Sabia e não disse nada a ela. Como estava o odiando naquele momento. Não podia confiar em ninguém. As lágrimas desciam como uma cachoeira por seu rosto. Não ouviu quando alguém abriu a porta e parou a poucos centímetros dela. Ela continuava chorando. Era dor demais para guardar atrás de sua frieza e indiferença.

"Venha Emma. Vamos conversar no jardim."

Emma olhou para o alto e viu Richard estendendo a mão para ela. Ela aceitou. Não sabia mais o que pensar.

Richard a levou para um jardim com ambiente fresco. Ela se sentiu melhor ali. Quando avistou um banco, sentou nele e Richard se sentou ao seu lado.

"A quanto tempo você sabe sobre o testamento de meu pai?"

"Tem umas duas semanas que meu advogado me enviou, mas eu não li. Ele me contou o que eu precisava saber."

"Porque não me contou antes?"

"Já estava tudo preparado para trazer você até aqui e... Eu não podia mais parar seu destino. Até tentei, mas não foi possível. Tudo por causa de um pouco de sangue que bebi..."

"Andrey sabe, não?"

"Sim. Ele já sabe a bem mais tempo que eu."

"Eu...Tenho dezoito anos... Pensei que tinha bem mais..."

"Tem mais experiencia que as meninas de sua idade... Lamento por isso, Emma."

"Eu sou rica..."

"Sim. Talvez bem mais que eu e Andrey juntos. Seu tutor é um homem responsável e duplicou sua fortuna. Também é um homem decente. Não se preocupe."

"Não me preocupo com o dinheiro, Richard. Eu daria ele todo para me lembrar de meus pais, da minha infância... Da minha família..."

Richard sorriu.

"A primeira vez que vi você... Não sei como não associei sua semelhança imediatamente. Eu e Andrey conhecemos seus pais. Eles faziam negócios com nossos pais. E frequentavam os mesmos lugares..."

"Eu odiei eles."

"Sem os conhecer"

"Eles colocaram Henrique como eu tutor. Me sentia vendida por eles."

"Não sabiam que ele seria capaz de algo assim, e quando descobriram... Bem, já era tarde para mudar o testamento. Aliás, além da fortuna de seu pai, também tem algo de sua mãe. Não é muita coisa, comparado a fortuna de seu pai, mas é bem significativo..."

"Me fale sobre eles?"

Richard fitou o vazio por um tempo.

"Tem certeza que deseja saber? Porque o que está acontecendo aqui, você nunca vai esquecer."

"Que enigma é esse? Não entendo o que significa."

"Vai entender em breve... Me responda."

"Sim. Eu quero saber."

Richard ergueu a mão e a colocou por cima da cabeça de Emma com os olhos fechados e quando os abriu, Emma o fitava como se ele acabasse de lhe arrancar um braço."