Mesmo antes de o despertador tocar ou abrir os olhos, sua mente já estava trabalhando por horas. Hoje é o dia em que Eric completa 18 anos e como qualquer adolescente dessa idade ele descerá a coluna pela primeira vez.
O despertador toca e Eric abre os olhos pela primeira vez no dia e percebe algo estranho em sua mesa de cabeceira. Uma bolsa de couro muito antiga mas muito bem trabalhada com runas desconhecidas e o brasão de sua família. Dentro da bolsa ele encontra uma carta do pai e uma pulseira comum.
"Quando esta carta que escrevi chegar em suas mãos
Não abra, e guarde essa ilusão
Os dias passaram devagar
Mas agora tudo vai mudar
Só peço que quando chegar a hora não se esqueça da sua família
Mas não abandone sua obrigação para com a cidade e a humanidade."
Quando Eric terminou de ler a carta, logo soube que seus avós não estariam presentes na cerimônia de descida dos novos desbravadores. Com sua mãe morta e seu pai nunca retornando da torre, todas as responsabilidades de manter a fazenda e da família eram deles. Mas eles certamente sabiam coisas sobre o que aconteceu com seu pai que nunca contaram. No entanto, este não era o momento para se preocupar com isso. Eric pegou uma caneta e escreveu uma carta de agradecimento bem simples e rápida e partiu para o fosso de entrada do primeiro andar da grande coluna que sustentava toda a cidade no ar.
Chegando perto do fosso de entrada, centenas de futuros desbravadores estavam ao redor de um homem uniformizado dando as instruções de entrada. Havia tanta gente ao seu redor que ele não conseguia ouvir, mas Eric era um aluno muito bom, o melhor de sua geração, já havia estudado sobre isso várias vezes com seu professor.
Cada pessoa só poderia entrar com um item de sua escolha e após entrar e despertar seu talento poderia escolher outro item com seu talento dentro. Há uma infinidade de talentos que geralmente são classificados do melhor "SSS" ao pior "F". Cada pessoa desenvolve um talento aleatório com base em seu físico, inteligência e genética. Na família de Eric, todos treinaram corpo e mente a vida inteira esperando por esse momento e ninguém nunca tirou mais que "A" e Eric estava curioso para saber qual talento ganharia.
Uma vez lá dentro, só era possível voltar para a cidade quando você chegasse ao andar mais baixo da coluna e reativasse o elevador que estava desativado desde a segunda onda ou usasse o comando de teletransporte que aparece a cada vinte andares, mas uma vez usado nunca mais poderia ser usado novamente.
Enquanto os outros desbravadores se espremiam para ouvir as instruções, Eric procurava alguém na multidão de parentes e amigos atrás dele. Era difícil encontrar alguém lá, mas ele achou um do seus irmãos que tinha conseguido voltar da coluna na multidão, mas Ariel não estava lá.
Eles namoram há anos, foram os primeiros namorados um do outro e ontem tiveram sua primeira noite de amor. Depois de muito procurar por ela Eric ouve um grito dos desbravadores e eles começam a pular na vala, Eric não acreditou que teria que entrar sem se perder mas o tempo está passando e logo ele não conseguirá mais entrar . Ele desiste e vai até a beira do fosso com facilidade já que a maioria dos desbravadores já pulou, de fora não dá para ver nada além de vazio e escuridão lá embaixo. Dava para sentir uma forte rajada de vento quente vindo de lá de baixo.
Quando Eric decide pular sente um leve toque em seu ombro e aquela voz muito calma dizendo: "Onde você pensa que vai sem se despedir de mim?" Antes mesmo que ele pudesse dizer qualquer coisa, o rosto dela já estava colado ao dele. Eric tentou memorizar cada detalhe, como as sobrancelhas e cabelos vermelhos como fogo, os olhos verdes e mais redondos que Eric já viu, seu rosto pequeno que ressaltava ainda mais seus olhos e boca rosada. Ariel também aproveitou esse tempo para apreciar o que mais gostava do rosto de Eric, seus olhos eram todos pretos, não só a íris e a pupila mas tinham um leve brilho dourado quando a luz do sol batia diretamente. Os cílios anormalmente grande para um homem eram pretos como seus cabelos e sobrancelhas. Seus dentes não eram perfeitos mas seus lábios eram carnudos e vermelhos.
Ficaram assim por alguns minutos, apreciando os rostos que talvez nunca mais vissem.