Em meio a o movimentado centro de Omakle, Pedro junto a seu grupo patrulhava pelas ruas atentamente em busca de qualquer tipo de violação das leis. Pedro e seu grupo não estavam fazendo isso por própria vontade, mas sim por que foram ordenados a fazer. E não apenas isso como também eles vieram a estar atuando juntamente a o trabalho dos guardas nas ultimas duas semanas desde que chegaram a essa cidade.
E eles não podem ir contra a ordens, pois todas elas vieram diretamente do Chefe de Segurança, que com algumas palavras pode simplesmente os classificar como inaptos. E isso não era uma ameaça vazia.
A lembrança daquele dia ainda pairava na mente de todos. O episódio foi um choque, principalmente para aqueles que acreditavam que o nome de suas famílias lhes garantia privilégios.
O Chefe de Segurança, Ardan, havia deixado claro desde o início: não haveria exceções. No instante em que alguns jovens nobres do primeiro grupo entraram em conflito com os guardas, muitos pensaram que a situação seria resolvida com algumas palavras bem colocadas ou, no pior dos casos, com um pedido formal de desculpas. Mas ao amanhecer do dia seguinte, todos testemunharam algo que ninguém poderia ignorar.
Sem qualquer aviso, as armaduras dos envolvidos começaram a brilhar com uma luz azul intensa, envolvendo-os completamente. Em questão de segundos, eles simplesmente desapareceram diante dos olhos de todos. O pânico tomou conta por algumas horas, até que uma mensagem oficial foi divulgada: "Aqueles considerados inaptos foram removidos." Nenhum outro detalhe foi dado.
Se lembrando do que veio a acontecer em seguida depois daquele dia, Pedro ficou com o cenho franzido, seus passos ficaram marcados pela frustração acumulada. Ele não apenas perdera cinco membros naquele dia, mas também viu outros abandonarem seu grupo para se juntar a Miguel.
A situação era humilhante. Seu grupo, que antes era o mais numeroso e respeitável, agora mal passava de onze membros. E pior ainda, sua reputação estava manchada. Os sussurros e risadas abafadas que o seguiam aonde quer que fosse só aumentavam seu ódio.
Miguel, por outro lado, parecia se aproveitar da situação. Ele não apenas aceitava de bom grado os ex-membros de Pedro, mas também fazia questão de demonstrar sua crescente influência. Sempre que Pedro o via, Miguel ostentava um sorriso satisfeito, como se estivesse se divertindo com a desgraça alheia.
O orgulho de Pedro queimava lhe dizia para reagir, para mostrar a todos, quem ele era. Mas a lembrança de seus companheiros sendo "retirados" o assombrava, e então com grande frustração ele apenas pode continuar.
Mas não apenas para sua infelicidade, mas como também para os outros, seus serviços em Omakle, ainda estavam um pouco longe de terminar, pois foi informado que a cidade estaria recebendo a visita de um convidado, muito especial, A notícia caiu sobre Pedro e Octávio como um balde de agua fria. Para os já exaustos membros do primeiro e terceiro grupo, aquilo era quase uma sentença de sofrimento prolongado. Desde sua chegada, haviam sido forçados a patrulhar, realizar tarefas desgastantes e se submeter às exigências da segurança da cidade. Agora, com essa nova informação, sabiam que suas responsabilidades apenas iriam aumentar.
Pedro cerrou os dentes. "Mais trabalho, mais humilhação." Ele já estava farto daquilo, mas não havia nada que pudesse fazer. Qualquer resistência poderia levá-lo ao mesmo destino dos outros.
Octávio, por outro lado, apenas suspirou, já prevendo as novas ordens. Ele não gostava das obrigações, mas sabia que resistir não era uma opção viável.
As ruas de Omakle ficaram agitadas com os preparativos. Bandeiras foram erguidas, comerciantes reforçavam seus estoques e guardas dobravam suas rondas. Quem quer que fosse o convidado, era alguém de grande importância para que a cidade estivesse se mobilizando dessa forma.
Pedro lançou um olhar cansado para Octávio, que apenas deu de ombros. Durante doze dias seguidos, eles e seus companheiros foram sobrecarregados com tarefas exaustivas, enquanto o grupo de Miguel estranhamente parecia viver uma realidade completamente diferente das deles.
"Isso não pode ser coincidência," Pedro comentou, cerrando os punhos ao observar um grupo de guardas ajudando alguns membros do grupo de Miguel a descarregar suprimentos — algo que nunca acontecia com seu grupo.
Octávio também notava essa disparidade. Diferente de Pedro, ele não se importava tanto com favoritismos, mas era impossível ignorar a diferença no tratamento. Enquanto ele e seus companheiros eram enviados para patrulhas noturnas, transporte de cargas pesadas e até mesmo reparos manuais em algumas áreas da cidade, Miguel e seu grupo pareciam ter tarefas muito mais brandas.
Além disso, sempre que o grupo dois cometia um erro ou enfrentava alguma dificuldade, a guarda aparecia para ajudá-los imediatamente. No caso de Pedro e Octávio? Eles eram deixados à própria sorte.
Na noite daquele dia, enquanto descansava perto da fogueira no quartel, Pedro olhou para Octávio com uma expressão sombria.
— Isso não é normal — murmurou, balançando a cabeça. — Você também percebeu, não percebeu?
Octávio suspirou, jogando um pedaço de madeira na fogueira.
— Difícil não perceber. Mas, veja pelo lado bom, isso finalmente acabou, a partir de amanha não temos mais de ficar nesta cidade!
Pedro soltou um suspiro pesado, mas não parecia tão aliviado quanto Octávio. Ele encarou as chamas dançantes, suas sobrancelhas franzidas em preocupação.
O silêncio se instalou por alguns instantes, até que o som de passos se aproximando fez ambos se virarem. Um dos guardas da cidade caminhava até eles, com a expressão neutra.
— O Chefe de Segurança quer falar com os líderes. Agora.
Pedro e Octávio trocaram um olhar antes de se levantarem e o acompanharem para a sala de Ardan. Onde ele os esperava de pé, com os braços cruzados e uma expressão difícil de decifrar. O ambiente estava iluminado apenas por uma única lamparina sobre a mesa, projetando sombras que dançavam nas paredes de pedra.
— Sentem-se — ordenou ele, apontando para as cadeiras à frente de sua mesa.
Pedro e Octávio obedeceram sem discutir. Miguel já estava lá, reclinado com os braços cruzados, a expressão despreocupada.
Ardan os observou por um instante antes de falar:
— Vocês partem amanhã, mas antes disso, há algo que precisam saber.
Octávio e Pedro escutaram atentamente o que Ardan teria a dizer.
Ardan se inclinou ligeiramente para frente, apoiando as mãos na mesa.
— A cidade de Omakle tem recebido informações preocupantes. Há movimentações incomuns nas rotas comerciais, mercadores desaparecendo e sinais de que algo ou alguém está espreitando além dos limites da cidade.
Pedro franziu a testa. — E o que isso tem a ver conosco?
— Tudo. — Ardan respondeu com firmeza. — Sua saída amanha coincide com a saída de um dos nosso maiores mercadores. O que significa que, gostem ou não, vocês amanha estarão o escoltando durante o caminho até a segurança de uma cidade.
Octávio cruzou os braços, respirando fundo antes de falar:
— Então, agora também somos escoltas?
— Considerem isso um último serviço para a cidade antes de partirem. — Ardan disse, impassível. — E não pensem que têm escolha. Se recusarem, serão marcados como inaptos, e vocês já sabem o que acontece com quem recebe essa classificação.
Pedro cerrou os punhos, claramente frustrado, mas não discutiu.
— Quem é esse mercador? — Miguel perguntou.
— O nome dele é Horace Vantrel. Um homem de grande influência em Omakle e em várias outras cidades do reino. Sua segurança é prioridade.
Octávio trocou um olhar rápido com Pedro antes de suspirar.
O silêncio se instalou por alguns instantes, até que Pedro finalmente assentiu com um olhar resignado.
— Que seja. Vamos nos preparar para partir ao amanhecer.
Ardan assentiu, satisfeito com a resposta.
— Apresentem-se nos portões da cidade ao nascer do sol. Quero que estejam prontos para partir sem atrasos.
Sem dizer mais nada, ele fez um gesto com a mão, dispensando-os. Pedro e Octávio saíram da sala, caminhando lado a lado em silêncio pelo quartel.
— Isso está errado. — Pedro murmurou, finalmente quebrando o silêncio.
— Concordo. — Octávio respondeu, com a expressão fechada. — Mas, no fim, não temos escolha.
Pedro suspirou profundamente, enquanto se despedia de Octávio e regressava para seu grupo. Octávio observou por alguns instantes os ombros caídos de Pedro, enquanto ele lentamente se aprofundava para dentro das sombras.