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Chapter 3 - Inicio 1: Você sabia sobre aquele cometa? (3)

Com o som cada vez mais próximo, o desespero transparecia no rosto do adolescente. Sua mente gritava para fugir, uma onda de adrenalina o alertava do perigo iminente, mas seu corpo, paralisado pelo medo, recusava-se a obedecer. A lógica de sua mente, que insistia em mover-se, era sufocada pela sensação avassaladora de impotência. O coração acelerado, as mãos suando, mas seus músculos não respondiam.

E então, tudo mudou.

Das profundezas escuras da escadaria, uma enorme sombra emergiu, cobrindo os degraus. Era algo colossal, cuja presença absorvia qualquer luz, tornando o ambiente ainda mais sufocante. Seus olhos, fixos na escadaria, se arregalaram quando percebeu a real ameaça à sua frente.

Foi como se, num súbito clarão de consciência, seu corpo despertasse do torpor. Em um segundo, seu corpo congelado voltou a obedecer, como se o próprio instinto de sobrevivência tivesse finalmente assumido o controle. O impulso foi imediato: CORRER POR SUA VIDA.

Sem hesitar, ele virou-se bruscamente e disparou, cada músculo de seu corpo acionado pela pura necessidade de escapar. Seus pés batiam pesadamente contra o chão do corredor, ecoando junto aos batimentos frenéticos de seu coração. Ele não olhava para trás, mas podia sentir o terror se aproximando, a sombra monstruosa crescendo, ameaçando engoli-lo a qualquer momento.

O medo era agora o combustível que o impulsionava, e cada passo parecia uma pequena vitória contra o pavor absoluto. Ele correu para a esquerda, escolhendo o caminho oposto ao dos outros adolescentes que haviam fugido. Talvez tivesse sido uma decisão imprudente, mas não havia tempo para reconsiderar. Seus instintos o guiavam em uma direção diferente, um impulso quase irracional, mas desesperado, o mantinha em movimento.

Naquele momento, a única coisa clara em sua mente era que ele precisava sobreviver. Mesmo com a escuridão à frente e o perigo atrás, seu corpo reagia à ameaça com a fúria de quem não podia se permitir cair.

E então, com o som da sombra cada vez mais próximo, ele correu, lutando para escapar do inevitável.

O adolescente, em um ato de pura sobrevivência, decidiu correr para o corredor da esquerda, uma direção oposta à que os outros adolescentes escolheram. De longe, alguém poderia considerar essa decisão imprudente, talvez até tola. Afinal, unir-se ao grupo maior parecia a escolha mais segura, onde as chances de ser visto diminuiriam drasticamente no meio da multidão. Mas naquela situação, os antigos padrões de sobrevivência não se aplicavam mais.

Essa não era uma corrida comum pela vida, e a ameaça à espreita não caçava de maneira convencional. Esse jogo mortal tinha regras próprias, onde o conhecimento era poder e a força da criatura era a verdadeira sentença. Além disso, a realidade aterradora era que nem todos iriam sobreviver – sacrifícios seriam inevitáveis, e aqueles no grupo sabiam disso. O adolescente tinha plena consciência de que correr sozinho, apesar de parecer suicídio, era sua melhor chance de escapar da sombra caçadora.

Ele correu. Suas pernas, já cansadas, empurravam seu corpo pelo corredor com uma força que ele nem sabia que tinha. Portas e cruzamentos passavam como um borrão, e mesmo quando sentiu o cansaço extremo e o desgaste mental tentando dominá-lo, ele não parou. Os gritos de desespero começaram a ecoar pelas paredes, ampliados e distorcidos, misturando-se com o som de seus próprios passos e sua respiração ofegante.

Os gritos eram aterrorizantes, um eco do que estava acontecendo em outro lugar do prédio. Suas palavras eram carregadas de agonia:

"O QUE! QUANDO ELE CHEGOU AQUI?"

"DROGA, DROGA!"

"MEDE ESTE APAGADOR!"

"VAMOS CARA, SOMOS AMIGOS HÁ TANTO TEMPO, VOCÊ NÃO VAI FAZER ISSO COMIGO, NÉ?"

A confusão e o pânico misturados com tentativas desesperadas de racionalizar o caos. As vozes tremiam, cheias de medo, e logo a cacofonia de pedidos e súplicas virou uma sinfonia de desespero puro. Os gritos cortavam o silêncio, arrepiando até a alma, como se a própria escola fosse um teatro de horrores.

"MINHA PERNA!"

"CORRAM!"

"ME ENTREGUE ESTE APAGADOR!"

"NÃO!, NÃO!, NÃOOOOOO!"

Ele ouvia tudo. Cada grito, cada pedido de socorro, mas não podia parar. Não havia como parar. O medo e o desespero daqueles atrás eram apenas uma lembrança distante, e ele sabia que não podia perder um segundo. Seus pés continuavam a bater contra o chão, insistindo, mesmo quando cada parte de seu corpo implorava por descanso.

"SOCORROOOOO!"

"MEU BRAÇO! MEU BRAÇO!"

"NÃO SE APROXIME! HAAAAA!"

Mesmo com esses gritos aterradores preenchendo o ar ao seu redor, o adolescente manteve o foco. Cerrou os dentes e usou o medo como combustível para seus movimentos. Ele sabia que ceder ao pavor seria sua ruína. Sua mente estava firme, mesmo que seu corpo clamasse por descanso.

Quando os gritos finalmente cessaram, ele sabia que o massacre atrás de si havia terminado. Mas ele continuava a correr.

Quando os gritos finalmente cessaram, o adolescente chegou à escadaria que levava ao primeiro andar. A tensão era palpável, e a visão diante dele era perturbadora: na escadaria do terceiro para o segundo andar, havia pegadas de sangue, mas naquela que agora ele descia, entre o segundo e o primeiro andar, não havia pegadas, apenas sangue espalhado de forma grotesca.

Ele sentiu o estômago revirar, segurando o vômito que ameaçava escapar. Mesmo assim, forçou-se a descer o primeiro degrau. O som de sua sola tocando o chão ensanguentado ecoou por toda a estrutura da escola, mas o que veio a seguir fez sua alma gelar.

Um som antinatural reverberou pelas paredes, um misto de grito humano e rugido bestial, carregado de fúria e desespero. Não era humano, ainda que vagamente parecesse. Era o rugido de uma fera enlouquecida, faminta, e furiosa. Aquele som perturbador vinha de todas as direções ao mesmo tempo, como se a própria escola estivesse viva e o estivesse cercando.

Ele sabia. Não precisava de uma explicação. O Diretor havia o encontrado.

Seu corpo entrou em estado de alarme total. Cada célula, cada músculo, cada fibra nervosa em seu corpo gritou em uníssono: CORRA! Tomado por uma descarga de adrenalina, ele desceu a escadaria o mais rápido que pôde, seus pés quase tropeçando nos degraus ensanguentados. Ele mal conseguia respirar, mas seu único objetivo era chegar à saída, que estava a cerca de oito metros de distância da base da escadaria. O peso daquela curta distância parecia uma eternidade.

Seus músculos gritavam em protesto, cada passo parecia levar ao limite do seu corpo desgastado, mas ele não podia, não podia parar. O rugido bestial ainda ecoava, agora mais perto. A cada segundo, ele sentia o perigo se aproximar. Seu coração batia tão forte que ele podia ouvi-lo em seus ouvidos.

Foi então que ele percebeu algo que havia ignorado até agora: ele não estava correndo sozinho.

Mais quatro pessoas corriam na mesma direção que ele, também fugindo em desespero. Eles estavam exaustos, seus corpos mostrando sinais evidentes de fadiga e fraqueza muscular, assim como o dele. Eles corriam com o mesmo terror, com a mesma sensação de que suas vidas estavam por um fio.

Juntos, os cinco adolescentes correram desesperados, atravessando metade do caminho em direção à saída. O alívio momentâneo de ver que estavam quase fora daquele pesadelo tomou conta de todos eles. Mas foi ali, quando passaram pela porta da sala da diretoria, que tudo mudou.

Sem aviso, um braço gigantesco e grotesco, feito apenas de carne e sangue, atravessou a porta da diretoria. A criatura, ou o Diretor, os havia alcançado. O braço pulsava como uma massa viva e disforme, e se movia com uma velocidade e ferocidade indescritíveis, perseguindo-os loucamente.

Os cinco, tomados por puro instinto de sobrevivência, continuaram correndo para a saída, mas agora sabiam que não todos chegariam ao final daquela corrida. A verdade cruel se instalou entre eles: pelo menos um de nós vai ser pego.

E foi naquele momento que o instinto mais primitivo deles tomou conta. O lado mais sombrio e egoísta de cada um emergiu, e o adolescente percebeu algo assustador nos outros quatro. Eles começaram a se aproximar dele de forma sutil, como predadores cercando sua presa. Inicialmente, ele não entendeu o que estavam planejando, mas logo ficou claro: eles o estavam pressionando, tentando cercá-lo.

Eles queriam usá-lo como sacrifício.

Seus olhos se encheram de malícia e loucura, prontos para empurrá-lo diretamente para o braço monstruoso que os perseguia. Mas ele havia percebido a jogada antes que fosse tarde demais.

Sorrateiramente, ele diminuiu o ritmo de sua corrida, e quando os quatro tentaram colidir com ele para jogá-lo para trás, eles colidiram uns com os outros. A cena foi caótica: corpos se trombaram, pernas se entrelaçaram, e os quatro adolescentes caíram no chão, em uma cena confusa e ridícula.

Sem perder tempo, o adolescente acelerou novamente, passando à frente deles com um sorriso de desprezo. E, antes de sumir da vista, levantou o dedo médio em um gesto claro de provocação.

Os quatro no chão se enfureceram. Seus olhos brilharam com ódio, mas não tiveram tempo de reagir. Uma sombra gigantesca caiu sobre eles.

.....

Coração acelerado, olhos em chamas de adrenalina, o adolescente finalmente atravessa a porta da saída com um último empurrão desesperado. Ele tropeça e cai de joelhos no chão do lado de fora, o ar fresco do Dia se chocando contra seu rosto suado. Seus pulmões ardem, clamando por oxigênio, e seu corpo inteiro está tomado por tremores incontroláveis. O colégio, agora atrás de si, permanece como uma lembrança viva de morte e desespero, seus corredores ainda ecoando os gritos distantes daqueles que ele deixou para trás.

Ele sabe que não pode ficar ali. O "Diretor" ainda está à solta, e algo no rugido que ouviu lá dentro o faz pensar que aquela abominação pode, de alguma forma, atravessar paredes e portas como se fossem nada. Seus pés, ainda trêmulos, o forçam a se levantar.

E foi então que uma vibração inesperada em seu bolso o faz pular. Com as mãos ainda tremendo, ele pega o telefone, o brilho da tela iluminando seu rosto. A interface familiar de missões aparece na tela, algo que ele via desde que tudo aquilo começou. Só que agora, os avisos eram diferentes, algo havia mudado.

{ MISSÃO PRINCIPAL: (FUJA DO COLÉGIO ANTES QUE O DIRETOR TE ENCONTRE) FOI CONCLUÍDA!}

Ele quase não acreditava. As palavras "concluída" nunca pareceram tão surreais, principalmente após toda a dor, caos e horror que acabara de testemunhar.

[ Carregando recompensas....]

Ele pisca, e o que vê em seguida o deixa ainda mais atônito. Dois novas mensagens brilham na tela do telefone:

[ O título (Sobrevivente) foi adquirido.]

[ O título (Víbora) foi adquirido.]