Dentro da ala médica, o adolescente movia-se com extrema cautela, evitando qualquer barulho. Cada passo ecoava em sua mente, mas ele mantinha o foco, caminhando entre macas destruídas e equipamentos quebrados. O sangue que manchava o chão parecia se espalhar, como se a ala tivesse sido palco de um massacre.
Apesar do horror, ele continuava. Suas mãos tremiam ao chegar em uma cama dilacerada. Sob o travesseiro, ele pegou um telefone, ligando a tela para ver que já eram 2:00 da tarde. Havia duas ligações perdidas. Antes que pudesse reagir, o som de um grito ecoou pelo corredor. Em pânico, ele se jogou debaixo da cama, o coração batendo forte.
Logo, ouviu passos apressados no corredor. Três adolescentes, dois meninos e uma menina, corriam em desespero, seguidos por outro garoto.
— Por favor, esperem! Não me dei— AGH!!
Um grito de dor interrompeu suas súplicas. O adolescente caído olhava para a perna, agora ferida, enquanto tentava desesperadamente se arrastar para longe.
— Não! Não posso morrer aqui, não hoje! — ele gritava, aterrorizado.
Debaixo da cama, o jovem escondido lutava contra o impulso de ajudar. Mas então, passos diferentes se aproximaram: lentos, pesados, com um ritmo quase ritualístico. O pavor crescia. Então, o garoto no corredor reconheceu quem se aproximava.
— D-Diretor?! Não se aproxime! Fique longe! — Ele gritava em desespero, mas seus apelos foram silenciados por um grito lancinante. — Ahhhgg! Meu braço! Para, por favor!
Os gritos cessaram, substituídos por um som grotesco de algo sendo triturado. O som durou uma eternidade, quinze minutos, até que os passos voltaram, lentos e cadenciados, indo em direção àqueles que fugiram.
Com o silêncio restaurado, o adolescente sob a cama, hesitante, abriu a porta da ala médica. A visão o atingiu como um soco. No chão do corredor, uma poça de sangue se espalhava, pedaços de tecido rasgados flutuavam nela. Ao tentar evitar cair completamente, ele fez um movimento brusco, fazendo com que algo emergisse do sangue: um globo ocular, que parecia observá-lo fixamente.
Tomado pelo choque, o adolescente levou tempo para recuperar o controle. Ele sabia que precisava sair dali antes que aquilo retornasse. Escorregando pelo sangue, ele seguiu em direção às escadas que conectavam o terceiro andar ao segundo. Ao descer, percebeu pegadas manchadas de sangue no último degrau.
No segundo andar, a primeira coisa que viu foi uma visão perturbadora: a cabeça decepada de um faxineiro encostada na parede. Ela exibia um sorriso largo, esticado até as orelhas, como se fosse uma recepção macabra para quem descia as escadas.
As pernas do jovem falharam novamente, mas ele se segurou no corrimão, respirando pesadamente. O cheiro de sangue impregnava o ar. Reunindo coragem, ele continuou, tentando ignorar o sorriso grotesco do faxineiro decapitado. Porém, no sexto passo, seu telefone vibrou.
{ MISSÃO SECUNDÁRIA: APAGADOR PERDIDO }
{ DESCRIÇÃO: Ajude o professor Roy a encontrar seu apagador perdido.}
{ Dica: A última vez que ele foi visto foi na sala 15, no segundo andar. }
{ Recompensa: Chave da saída de emergência }
O sangue dele gelou. Portas ao longo do corredor se abriram bruscamente, liberando uma torrente de adolescentes que corriam em desespero. Todos iam em direção ao corredor da direita, onde ficava a sala 15. O pânico estava instaurado.
O jovem ficou parado, observando a multidão passar. Quando o silêncio voltou, ele considerou juntar-se a eles. Porém, um som familiar o deteve: os passos pesados e ritmados, os mesmos que ouvira antes, vinham das escadas do terceiro andar