Senti meu corpo cansado, como se estivesse exausto, porém, acabara de acordar. Isso era bem estranho. Tentei me levantar e, com dificuldade, consegui. Ao que parece, ninguém me achou... Estava deitado em uma poça de sangue.
"É... Parece que nem a morte tá querendo me levar," pensei enquanto tirava a blusa e tateava os ferimentos que Kokabiel havia me feito. Já não existiam; sequer senti alguma cicatriz. "O que aconteceu com meu corpo?"
Tentei me levantar, porém foi inútil. Meu corpo parecia não me responder e doía tanto que, mesmo com a supressão de dor, eu estava sentindo. "Ahh... Acho que exagerei demais."
Me encostei na parede, tentando descansar, até que uma notificação apareceu.
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『MENSAGEM』
Incompatibilidade detectada, múltiplos ferimentos internos requerem atenção.
Energia amaldiçoada e Mana convergindo violentamente no corpo do usuário. Nenhuma das energias parece se conciliar e tentam dominar o corpo. Atenção deve ser necessária.
Possibilidade de aleijamento caso a solução não seja alcançada.
Recursos devem ser distribuídos para o jogador, para sua sobrevivência.
Analisando...
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"Mas um dia comum nessa merda de vida," suspirei, tentando não pensar muito nisso. "Talvez eu deva ir pra alguma cabana no Alasca? É bem isolado e vou poder viver bem sozinho."
Olhei pro lado e vi que estava começando a chuviscar. As gotas de água, na minha percepção, eram tão lentas, e meus olhos ardiam tanto que pareciam queimar. Uma quantidade absurda de informação vinha constantemente à minha mente.
As partículas de cada gota de água... Era possível distinguir coisas ridículas. Conseguia até ver algo como um fluxo, como um rastro que estava vazando do sangue abaixo de mim, como se meu próprio sangue estivesse infundido com energia. Essa quantidade de informação estava machucando meu cérebro e me fazendo ficar tonto rapidamente.
Senti algo molhado escorrer pelo meu nariz e olhos. Passei o dedo, com dificuldade até de levantar o braço. Sangue...
"Merda..." Fechei os olhos, sentindo minha cabeça ficar leve, e as informações diminuíram significativamente. Mas, mesmo com os olhos fechados, estava conseguindo entender meus arredores, como se fosse uma visão igual dos jogos, algo semelhante àquela visão de Águia de Assassin's Creed misturado com aquela visão de hacker de Watch Dogs. As cores pareciam mais vivas, e simplesmente diferentes de antes. Parecia conseguir ver espectros simplesmente que eu não entendia. "Isso vai ser problemático... de me acostumar." Tapei meus olhos com minhas mãos para tentar me ajudar, porém não teve tanta diferença.
Quando tentei descansar, uma nova janela apareceu, me tirando da pequena pausa de tudo.
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『MENSAGEM』
Análise completa.
Devido ao estado do usuário, o sistema propõe uma atualização no sistema. Opções adicionais serão adicionadas para manter a vida medíocre do portador.
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"Vai ficar me esculachando agora? Se ficou debochado, sistema de merda." Não estava com energia nem para ficar com raiva. A chuva começou a se intensificar.
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『ALERTA』
O Sistema entrará em modo de manutenção. Durante esse período, o portador estará por conta própria. O gerenciamento de recursos do sistema estará indisponível, assim como o acesso ao inventário e outras funções.
É recomendada a retirada de suprimentos de suma importância do inventário.
Também é recomendada a restrição de uso de energia amaldiçoada e mana. O uso de qualquer uma das energias poderá causar conflitos internos entre ambas e danos ao usuário.
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"Ah... Que saco." Estiquei minha mão e abri o inventário, puxei uma mochila que havia colocado nele há algum tempo.
Lembranças da época em que estava com a Escarlate numa grande rede varejista vieram à mente na hora.
"Sabia que ia ser útil deixar essas coisas no inventário." Tirei um pacote de balas de banana. "Ahh, preciso de açúcar pra ajudar nessa depre."
Com dificuldade, comecei a comer aos poucos enquanto mantinha os olhos fechados. Levantei a mão para o meu lado, tirando a maioria das coisas que iria precisar e também que conseguiria carregar. Tinha muita coisa no inventário. "O que adianta assaltar a porra do mercado se não posso ter acesso no final? Que saco."
Comendo aqueles doces simples, senti um alívio prazeroso no sabor extremamente artificial e químico da bala. Era algo que me lembrava de uma época mais tranquila e suave. Fechei os olhos, degustando levemente a bala enquanto sentia minha garganta doer ao engolir.
Fiquei ali parado por algumas horas, esperando a chuva parar, enquanto recuperava um pouco de energia. E finalmente, quando a chuva começou a arriar, pensei: preciso sair do país o mais rápido possível antes que aquela chata da Escarlate venha atrás de mim. Odeio admitir, mas ela é bem insistente. Fico surpresa dela não ter me achado antes daqueles filhos da puta.
Peguei uma muda de roupa que havia guardado no inventário. Infelizmente, só tinha roupas formais por conta da Escarlate, que insistia que eu deveria andar mais formalmente. Uma camisa de botões branca com as mangas parcialmente enroladas para cima, por cima de uma camiseta preta, uma calça jeans preta com um cinto, carregando a mochila nas costas. Aproveitei que ainda estava chovendo para lavar o sangue do meu corpo, limpando o máximo possível e, logo depois, colocando a nova roupa, que rapidamente molhou, mas isso não importava muito.
"Então... para onde vamos?" Fiquei refletindo sobre isso enquanto pegava um ônibus em direção ao porto.
As pessoas no ônibus ficaram me encarando. Bem, uma criança andando com uma mochila grande, cabelos brancos e com olhos fechados chama atenção, e ainda mais aqui no Brasil. Talvez estejam encarando por eu ter dado calote, entrando por trás do ônibus... mas isso é só uma possibilidade.
Me sentei ali no fundo mesmo e me aconcheguei. O ponto final era o meu destino. Demoraria uma hora e meia para chegar lá, então peguei a mochila e vi os suprimentos.
'Comida, água, alguns doces, uma pequena adaga, uma barraca de acampamento, um fogareiro, poucas mudas de roupas, um celular flip. E claro, 10.000 dólares e o Manual da técnica de respiração.' Fechei a mochila e encostei no banco. "Preciso passar numa casa de câmbio."
Tentei descansar, mas, cara, esses olhos estão me deixando exausto muito rápido. Abri a mochila, peguei o celular flip e o abri sem ligar. Logo, no reflexo, abri levemente os olhos para dar uma olhada. 'Se não fosse trágico, eu taria um gato', ri e logo fechei o olho rapidamente antes que alguém notasse.
Meus olhos estavam realmente diferentes do normal. O antes cinza monótono que uma vez tingiu minhas íris sumiu, dando lugar a uma metamorfose espetacular. A pupila, antes uma simples esfera, agora se reconfigurou em uma estrela de quatro pontas dourada e viva, com hastes afiadas que cortavam o azul celeste indescritível da minha íris. 'Com certeza absoluta vou chamar atenção se abrir os olhos... melhor deixar fechados de agora em diante... talvez um óculos caia bem.'
A viagem até que foi bem rápida. Não tive tantos imprevistos. Pedi informações a algumas pessoas ao longo do caminho, então cheguei facilmente a uma casa de câmbio e fui atendido por uma moça que, à primeira vista, me encarou com relutância pela minha idade, até eu responder em inglês e pedir para chamar o gerente da casa.
"Olá, jovem, soube que estava desejando falar comigo", ele disse, respondendo totalmente em inglês para mim, num tom que parecia me provocar, não acreditando que eu conseguiria responder.
"Vejo que seu inglês é meio enferrujado, você tem um sotaque bem peculiar, meu caro", sorri com minha pronúncia perfeita para ele, enquanto meus olhos se mantinham fechados para esconder os olhos, e também para eu não ter um colapso ali. "Se o senhor acabou com os testes irracionais e infantis, gostaria de falar sobre negócios."
A feição do gerente mudou completamente para uma de pura surpresa e perplexidade. Meu inglês não era apenas extremamente fluente, mas também bem técnico, o que, sinceramente, aqui no Brasil seria bem difícil de achar. "Claro, jovem senhor, a que devo a visita?" Ele me guiou até uma sala fechada, então começamos a conversar mais seriamente.
"Queria pedir a troca de algumas notas e, de preferência, se conseguir, me ajudar com um requerimento meu", disse enquanto me sentava numa poltrona enquanto ele logo se sentou em outra de frente para mim.
"E quais seriam seus 'Requerimentos'?" Ele perguntou, colocando as mãos para cima, enfatizando as aspas.
"Estou em busca de uma passagem, seja aérea ou marítima, o que for mais simples para alguém que não possui documentos apropriados."
"Desculpe, Jovem, mas acho que está nos confundindo com uma agência de viagem. Apenas efetuamos a troca de moedas."
Puxei os 5.000 dólares e coloquei sobre a mesa. "Creio que não estou enganado, e que você pode sim me ajudar, meu caro senhor. Preciso disso urgentemente e quanto menos perguntas, melhor será."
Ele encarou o dinheiro e puxou as notas para si, avaliando-as e contou a quantia, e logo me encarou, levantando a sobrancelha como se ainda não tivesse entendido. "Eu quero vazar do Brasil, talvez se eu disser assim você consiga entender o que estou dizendo", disse em português dessa vez, enquanto levantava a mão apontando para ele. "Se conseguir me ajudar, consigo arranjar mais."
Ele pareceu ponderar por alguns segundos e logo levantou, pegando uma jarra de água e se servindo. Perguntou se eu gostaria de um copo, o qual recusei prontamente. "Hipoteticamente falando... se eu conhecesse alguém, qual seria o seu destino?"
Sorri de canto de lábio, finalmente ele estava abrindo o jogo. "A Terra do Sol Nascente."
Ele ponderou por alguns segundos antes de finalmente dizer: "Sabe, embora este país possua uma boa relação, o Japão é rigoroso, ainda mais para a entrada de pessoas."
"Não precisa se preocupar muito com como vou entrar, apenas com como me mandar," disse a ele enquanto me levantava, parando na porta. "É suficiente para uma viagem até lá?"
"Se fosse uma viagem normal, seria mais que suficiente, porém como é uma situação não usual..." ele ficou em silêncio.
Suspirei e logo disse: "Darei mais 3.000, será suficiente?"
"Claro, será o suficiente," ele sorriu para mim.
"Ah, e não pense em me passar a perna... Não sou uma pessoa que você gostaria de irritar." Apoiei minha mão na porta, segurando-a com um pouco de força, arrancando-a da parede levemente. "Opa... Parece que a porta está quebrada," disse com um sorriso no rosto e logo me voltei para sentar na poltrona. "Estarei a esperar aqui, senhor. Espero que não demore muito."
O homem pareceu extremamente aterrorizado com a cena e saiu rapidamente da sala.
...
Algumas horas depois...
...
Aquele senhor me deu uma passagem e me pediu para comparecer no aeroporto em 2 horas. Agora estou me dirigindo para lá. "Vai ser uma longa viagem, que eu saiba são 28 horas." Suspirei, logo olhando o telefone; já eram 20 horas.
Nem passaram 10 minutos que cheguei no lugar indicado e havia um cara com uma plaquinha com o nome da empresa de câmbio. Fui até ele e perguntei se estava me esperando. Ele me olhou de cima a baixo e logo pegou o telefone, lendo algo.
"Sim, você é o garoto, né?" disse ele, guardando a plaquinha em sua mochila.
"Exato. Estamos indo para a Terra do Sol Nascente, correto?"
"Sim, conseguimos um avião comercial e uma viagem de primeira classe para o senhor. Pelo valor pago, era o mínimo." Ele me entregou um papel de passagem e alguns documentos, e pediu para eu o acompanhar. "Serei seu 'responsável' durante a viagem."
"Entendo, podemos ir?"
Fomos diretamente para o terminal do avião e nos acomodamos em nossos assentos. O cara adormeceu quase imediatamente, enquanto eu aproveitava a viagem para praticar a respiração da água. Lia sobre as técnicas no livro e fazia algumas anotações, tentando traduzir o texto. 'É mais fácil dizer do que fazer' - algumas instruções eram bem confusas, até uma que dizia para respirar e seguir o fluxo da maré.
As horas passaram rapidamente enquanto eu lia aquele manual.
O restante da viagem foi basicamente eu tentando me concentrar na respiração, já que era a única coisa que eu poderia usar enquanto o sistema estava em manutenção. Nem cogitei usar as energias, o rebote seria fatal.
Ao chegar, parece que a viagem foi direto para Tóquio. Ao desembarcar, o homem apenas disse que o trato já havia sido concluído. Entreguei o resto do valor que havia prometido. "Foi um prazer fazer negócios com você, garoto. Agora é tudo por sua conta."
"Será que vai ser difícil dar a volta na alfândega? Pfff," falei para mim mesmo enquanto ele ia embora. Me alonguei e analisei a segurança. Aproveitei uma brecha e vi que havia uma plataforma no segundo andar onde a segurança era fraca. Então, aproveitei um segundo em que ninguém estava olhando e dei um salto para o segundo andar. "Fácil, agora arrumar uma identidade e documentos aqui do Japão," disse enquanto pegava uma bala da minha mochila e comia, me dirigindo à saída. Quando saí do aeroporto, foi realmente outra visão. Não estava acostumado a ver a escrita japonesa em todo lugar e agora teria que me acostumar.
Comecei a andar até que achei uma casa de câmbio e troquei meu dinheiro de dólares para ienes. "Agora, o que vou fazer..." Parei em um banco e fiquei encostado, pensativo.
Meio que vim para cá no impulso. Queria apenas sair do Brasil e não estou em bom estado para ir atrás dos filhos da puta do Vaticano. Lembrei o que o Gojo-sensei havia me dito e acabei vindo para cá. "Será que deveria ficar aqui? Estou mais perdido do que tudo," pensei por um momento e decidi caminhar.
Realmente, Tóquio é uma cidade gigantesca. Por onde passo, vejo a maluquice que é aqui. Passei por algumas garotas entregando folhetos e elas me encararam. Até que uma veio e se apresentou, entregando um folheto.
"Olá, esperamos ansiosas por sua visita, mestre," ela disse com um sorriso angelical, vestindo uma roupa de empregada e com um folheto na mão.
'Hum, maid café? Não é aquela coisa esquisita onde as minas fazem aquelas coisas extremamente vergonha alheia?' Apenas sorri e respondi com meu japonês nada formalizado, "Obrigado, mas não é muito minha praia esse tipo de lugar."
A garota pareceu não entender muito bem as gírias que usei, então reformulei a frase: "Desculpe, acho que não estou acostumado a falar japonês. Não gosto muito desse tipo de lugar."
Ela pareceu compreender melhor e logo pediu desculpas, mas disse que seria ótimo se pudesse visitar e ver como era o lugar.
"Realmente preciso melhorar minha fluência", balancei a cabeça até que fui andando enquanto vi um fliperama. Decidi dar uma parada pra jogar algo e distrair a mente; todo aquele barulho e pessoas estavam começando a me incomodar mais que o normal.
Ao chegar lá, era realmente como eu via em alguns animes. Tinha jogos de tudo que era lugar. Parei e comprei alguns créditos e fiquei jogando por um tempo. Era realmente divertido; faziam anos que não tinha um pouco de diversão como uma criança comum. Os recordes eram bem incríveis, porém eu realmente estava achando os jogos fáceis demais. Eram apenas padronização e sequências, o que pra mim sempre foi fácil. Então, depois de algumas tentativas, minha pontuação já estava entre os 3 primeiros. A sigla? KURO.
Quando me dei conta, já estava anoitecendo e eu realmente ainda estava tentando me acostumar com o fuso horário. Embora não estivesse com sono, saí do fliperama e voltei a caminhar pelas ruas de Tóquio. Era realmente bonita durante a noite, tirando a multidão de pessoas.
"Vou ter que andar por aí. Bem, Gojo-sensei dizia que Kanto era uma boa região para viver, porém Shibuya fica aqui perto, né?" Comecei a caminhar até ir parar em uma rua meio deserta, até que ouvi alguns barulhos, como se algo tivesse esbarrado em algo.
Abri os olhos e olhei em volta. Vi a figura de um gato com uma energia bem diferente emanando dele. "Pode sair, bichano. Já tô te vendo", disse e logo fechei meus olhos novamente. Não tive reação, então fui em direção de onde o gato estava se escondendo e, quando me abaixei, tomei um arranhão na cara.
"ORA SEU FILHO DA... VEM AQUI", disse, metendo a mão onde estava e puxando o gato pelo cangote. Peguei pela pele onde a espinha, como a maioria das mães gatinho pega seus filhotes.
E lá estava um gatinho arisco, ficava rosnando pra mim. Seu pelo era branquinho e seus olhos azulados, como os meus.
"MEOW!!!" O gato tentou se soltar por alguns segundos até que desistiu depois de uns 2 minutos esperneando.
"Cansou?" Disse e logo abri os olhos, olhando o gatinho de cima a baixo. Sentia um tipo de energia diferente vindo do gato, algo não natural; não era a mesma coisa que vinha de humanos comuns. "O que é você?"
O gato pareceu surpreso e realmente fez uma expressão de surpresa ao encarar meus olhos. "Meow." O gato parecia amedrontado comigo o encarando com meus olhos.
Fiquei alguns segundos o encarando e logo percebi que era uma fêmea, e não um macho. Meus olhos começaram a latejar e doer, então eu os fechei, e a gatinha pareceu ter ficado mais calma. "Tu não é uma pirralha comum, né? Pra tá entendendo o que tô dizendo e ainda ficar surpresa que eu notei isso."
Ela pareceu se tocar que havia entregado o jogo e fez uma carinha de sonsa. "Miaw." Eu ri da situação, achei até engraçado.
"Acho que se entregou, pequena." Tentei a cutucar, e ela logo tentou morder meu dedo. Eu retirei rápido e dei um peteleco em sua cabeça, e ela logo pareceu desmaiar. "... Acho que acertei muito forte." Fiquei ali parado, com um gato anormal nas minhas mãos desmaiado. "Acho melhor arrumar um lugar pra dormir."
Fiquei algum tempo carregando a gatinha enquanto procurava um lugar pra armar a barraca. Entrei em um parque local e aproveitei a escuridão pra montar uma barraca atrás de alguns arbustos. Me deitei e coloquei a gatinha ao meu lado. Cutuquei a gatinha e ela apenas se mexeu, como se estivesse tendo um pesadelo. "Parece que até você tá tendo sonhos ruins."
Deitei e fiquei de lado, encarando a gatinha, tentando analisar a energia que vinha dela. Era diferente de tudo que eu já havia visto. Passei meus dedos pelo fluxo de energia, mas eles simplesmente passavam como se fossem apenas ar em meus dedos, porém tinham uma cor linda. O fluxo era bonito e bem constante, porém parecia perturbado. Encarei o máximo que conseguia até meus olhos começarem a doer novamente. "Parece que o fluxo corresponde ao seu estado de espírito e é bem intrigante." Falei mais para mim mesmo do que para ela.
Então me deitei, até que alguns minutos se passaram e, mesmo não a encarando, vi que ela havia acordado. Ela então olhou em volta e me viu. Uma pequena luz fraca se formou em seu corpo, ela tomou a forma humana, uma pequena garota de aparência mais infantil do que a minha, cabelos brancos longos seus olhos azuis afiados como de um gato, e suas unhas pareciam navalhas afiadas. Ela me encarou, levantou sua mão para mim, como se fosse me atacar, e no último segundo ela parou. Ela me encarou por alguns segundos e logo voltou à sua forma de gatinha e se deitou no canto da barraca, sozinha.
'Se tivesse mexido mais a mão, eu teria arrancado ela, gatinha.' Dei um sorriso de canto de boca e logo tentei descansar, já que vi que ela não faria nada. 'Um gato virando humano, agora realmente já vi de tudo.'