Chereads / Me apaixonei pelo aluno transferido / Chapter 124 - Pequeno volume

Chapter 124 - Pequeno volume

No dia seguinte Nicolas estava fora dos portões esperando a chegada de um certo ômega loiro, que aparecera acompanhado de seu namorado. Apesar de Theodore ainda aparentar preocupado com sua atual condição, ele não deixava de sorrir quando estava ao lado de Gabriel.

Por aquele lado, Nicolas ficara satisfeito por seu melhor amigo estar em boas mãos.

Continuava a não gostar de Gabriel, mas era provável que o baixinho fosse encrencar com qualquer outro alfa que quisesse entrar na vida de Theodore. Só que eles eram almas gêmeas e estavam na espera do primeiro filhote. E ainda era uma gestação um tanto quanto arriscada devida a idade do Theodore.

Nicolas havia prometido a si mesmo que se fosse necessário engoliria o seu orgulho para cooperar com o alfa que tanto detesta. Desde que mantivesse o seu melhor amigo à salvo e seguro.

— Bom dia Nico!

— Como está se sentindo hoje? Já está se sentindo enjoado e desejando comer tijolos?

Theodore fizera uma careta negando com a cabeça.

— Que nojo, é claro que não. Na verdade eu não sinto nada de diferente. — Olhando para a própria barriga, o ômega inclinava a cabeça. — Mas eu quero mostrar uma coisa pra vocês. Vem comigo no vestiário.

Nicolas olhara para Gabriel, que parecia também confuso. Theodore segurara seus pulsos e os arrastara para dentro da escola, mais precisamente por todo o pátio atravessando a escola para chegar ao ginásio onde o time de vôlei costumava treinar.

Verificando que ninguém estava por perto, o ômega loiro empurrara os dois para dentro do vestiário e fechara a porta a trancando. Deixando a mochila no chão, ele coçava a nuca parecendo envergonhado com o que estava prestes a fazer.

— Vou sair vivo daqui?

— É claro que vai Nico. Só quero mostrar uma coisa. Quando Pete falou que seriam cinco meses de gestação, eu fiquei meio que duvidando. Mas quando me olhei no espelho hoje, já notei essa diferença.

Theodore erguera a blusa de moletom, pertencente ao Gabriel pelo que pudera notar do cheiro, e a camisa social da escola. Inicialmente Nicolas não vira nada grandioso, era o corpo normal do seu amigo. Mas no instante em que Theodore virara de lado, os olhos escuros se arregalavam.

Gabriel também se surpreendia com o volume que surgira ali. Pequenino ainda, mas evidente. O alfa ajoelhou-se tocando a barriga abrindo um sorriso largo e incrédulo.

— Uau, já está assim? Quanto tempo? Três semanas?

— Quatro, eu acho.

Nicolas também se agachara olhando curioso para a barriga de Theodore. Estendendo o indicador para tocá-la, sentira o calor da pele do ômega. Não parecia ter nada de diferente, mas a ideia de que um pequenino ser estava ali dentro era fascinante o suficiente para lhe roubar palavras.

— Como pode? Dá a impressão que é minúsculo...

— E é, a coisinha mais pequenininha — Dizia Gabriel rindo com a serenidade de Nicolas. — Literalmente um ovinho. Ele deve estar crescendo agora.

— Mas se passou uma semana desde que descobriu, como poderia ser tão rápido...

— Também fiquei assustado quando notei. Quando eu piscar já vou estar carregando uma criança de, sei lá, uns dois quilos?

Gabriel encostava a testa na barriga mantendo o sorriso no rosto. Nicolas o observava com sua costumeira canseira, mas com certo fascínio. Era nítido o quão feliz ele estava, enquanto Theodore parecia prestes a arrancar os cabelos.

Que casal estranho.

— Cresça saudável e no seu tempo, hm? Aqui fora está frio demais, então fica aí no forninho que é mais quentinho.

— Uaaaaaau, o bosta júnior tá falando fofinho às sete da manhã. Agora eu fiquei enjoado.

— Onde está o seu alfa pra te deixar quieto às sete da manhã, capitão?

— Vocês não vão começar a discutir agora, né? De qualquer forma, eu queria mostrar isso e perguntar se dá pra notar alguma coisa quando estou com a blusa.

Theodore se cobrira quando Gabriel afastou-se, e com aquele moletom nem dava ver o pequeno volume em sua barriga. Até porque era pequenino. Seu amigo esteve paranoico a semana toda achando que os outros descobririam seu pequeno segredo. Mas tendo o seu alfa o acobertando ele poderia ficar tranquilo e fingir naturalidade.

— Ninguém vai reparar. Mas é melhor pegar as roupas mais folgadas e quentes, o inverno está chegando.

— Acho que em casa devo ter algumas que posso lhe emprestar. Já que deve ficar com o meu cheiro.

— Obrigado, vocês são demais!

Com a pequena surpresa da manhã feita, os meninos deixaram o vestiário e seguiram para dentro da escola. Devido ao vento gélido de outono, Gabriel achara melhor manter o ômega loiro dentro do prédio, evitando pegar algum resfriado. Nicolas teve de concordar naturalmente.

Era estranho tentar acompanhar aqueles dois. Nicolas não conseguia compreender as coisas com tanta precisão. Na verdade, estava preocupado com seu amigo, infelizmente sua falta de conhecimento sobre o assunto o deixava sem ideia sobre como ajudar Theodore.

Bem... Só tinha noção da situação. Afinal, sua mãe o tivera com dezessete anos também, e não recebera apoio algum de seus avós. Além de que Nicolas jamais conhecera o seu pai. A sua história de vida só o ensinava que a preocupação de Theodore era válida, e que o próprio Nicolas deveria estar do seu lado para não passar nenhum problema que sua mãe já passara.

Isso era tudo.

Parados no corredor em frente à sala ainda trancada, os três conversavam sobre vôlei. Theodore dissera ter pesquisado sobre o time que enfrentariam nas férias de inverno, e as ideias de treino que poderia ter. Assuntos corriqueiros que não cessaram mesmo com a chegada dos primeiranistas, que sempre cumprimentavam Theodore na entrada.

Outros alunos também buscavam fugir dos ventos gélidos, se aglomerando nos corredores. E não tardara para Nicolas sentir o cheiro amadeirado que sempre sentia quando um certo alguém chegava na escola.

Abrindo caminho entre os demais, com aquele maldito sorriso carismático que ficava lindo nele, Milles chegava andando no skate indo até seus amigos os cumprimentar. O seus instintos pareciam pular de alegria só de ver o alfa perto, de sentir seu cheiro e ouvir sua voz. No entanto, o que mais incomodava Nicolas era a felicidade dele mesmo em ver Milles.

Desde a final, quando se morderam, os dois passaram a estar juntos. Fora da escola então, um dormia na casa do outro. Inclusive, Nicolas se tornara em um verdadeiro ninja por escalar o muro e entrar pela janela. Mesmo quando Jake estivesse por perto e a família Mckenzie viajando, o ômega mantivera o hábito de entrar sorrateiramente.

E agora que os pais de Milles voltaram de viagem, Milles pedira para que se encontrassem na casa do ômega.

Desse modo, Nicolas se sentia cada vez mais ansioso para chegar em casa. Só pra encontrar o alfa, pular em seus braços e finalmente torná-lo seu. Aquilo era simplesmente irritante, principalmente a partir do momento em que admitira gostar dele.

Fora um total constrangimento.

Estavam discutindo como sempre quando no meio dos xingamentos Nicolas deixara escapar que achava Milles bonito e gostava de vê-lo sorrindo. O alfa passara, de maneira irritante, a sorrir sempre que se viam.

Assim como naquele momento.

Nicolas estava perdido em pensamentos sem tirar os olhos de Milles, e o mesmo percebera lançando um sorriso de canto repleto de malícia. Espreitando os olhos, o ômega erguera a ponta dos lábios em um sorriso de escárnio. Claramente estava sendo provocado. Aquele alfa maldito.

— Poderia parar de olhar o meu irmão? — Uma voz feminina ressoara alto perfurando o burburinho e ganhando atenção de todos no corredor. Nicolas percebia que Sadie o fitava friamente, tomando a frente de Milles. — É nojento.

— Tô olhando pra você agora, se quiser vomitar na frente de todo mundo fique à vontade.

Theodore puxara a blusa de Nicolas em uma clara mensagem pra se controlar, mas o ômega pouco se importara. Nem se estava sendo o centro das atenções, ou se estava sendo grosseiro com a irmã da sua alma gêmea.

Pouco importava.

— Você é tão descarado. Por acaso agora vai ficar dando em cima do meu irmão quando claramente já tem alguém que satisfaça os seus fetiches nojentos?

Desencostando da parede, Nicolas mergulhara as mãos no bolso do moletom que usava, dando alguns passos ao meio do corredor. Um sorriso malicioso se abria junto do olhar vazio e frio direcionado exclusivamente para aquela garota. Ela claramente estava querendo chamar atenção, e Nicolas estava sedento pra saber até que ponto ela iria aguentar aquilo.

— Alguém que satisfaça os meus fetiches? Por acaso sabe quais são?

— Você não faz questão nenhuma de esconder. Nenhum de vocês. — Dissera Sadie olhando de relance para Theodore.

— Não mesmo. Por que deveríamos? Te incomoda? Acha nojento? Vira a cara e viva sua vida, garanto que doerá menos.

Os estudantes já se aproximavam para assistir a discussão e reagiam às palavras de Nicolas com surpresa, deixando Sadie nitidamente nervosa.

— Como eu poderia não ver? Você basicamente tava comendo o meu irmão com os olhos. Não o arraste pro seu mundo sujo, Nicolas. Ninguém aqui cairá no seu joguinho.

O sorriso de Nicolas simplesmente crescera na mesma medida em que seu sangue corria fervorosamente por suas veias. A excitação que antecedia a uma briga, amava aquela sensação. Estava caindo na armadilha de Sadie como um cervo entra na mira de um caçador. Mesmo sabendo que era uma armadilha, Nicolas continuaria.

Por que ele sabia que não perderia.

Virando os olhos para Milles, o ômega não escondia a sua malícia. Fosse no sorriso, fosse em seu olhar. Fosse em sua presença.

— Tá vendo grandalhão. A sua irmã não quer que você faça coisas sujas comigo.

— Se controla, baixinho. — Dizia Milles, muito mais como um aviso pra evitar brigas do que pra afastá-lo de si, como Sadie pensaria.

— Isso, se controla! — Dizia Sadie tomando a frente, mantendo os ombros erguidos e o nariz empinado ganhando na disputa de alturas. — Ou por acaso vai usar o seu cheiro de ômega para seduzir o meu irmão por ele ser um alfa?