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Chapter 87 - Encontro marcado

Faltavam dois dias para o começo do cio de Theodore.

E o ômega se encontrava desesperado.

Além do seu cheiro ter ficado forte o suficiente para os alfas e betas da escola prestarem atenção em si, havia o fator Gabriel. Um certo alfa de um metro e oitenta, cujos olhos acastanhados acompanhavam cada passo seu mesmo de longe. Se antes já era fonte de rumores devido a sua classe e a história do Orkut, que continuava a se tornar popular, estar perto do seu cio estampava-o nas evidências.

Não tinha como passar despercebido pelos corredores, mesmo que ainda não sentisse nada dos sintomas de seu cio.

— Bem que eu gostaria de te ajudar, mas tenho alfas em minha sala também. — Lamentava Lilian cruzando os braços — Pelo menos ninguém parece ter comprado briga com você esses dias.

— Estão com medo que eu me jogue no colo deles pedindo pra transar. — Murmurava o ômega puxando o capuz de seu moletom para cobrir a cabeça. — Não se aproximarão tão cedo.

— Mas... E aquele cara? Gabriel, não é? Como ele tem agido?

Theodore suspirava baixo rindo abafado.

— É o contrário. Sou eu quem o evita. Sou apaixonado por ele e adoro o seu cheiro, com certeza não pensaria duas vezes antes de escolher ele como meu parceiro.

— Deveria aproveitar essa chance então.

Suspirando derrotado, Theodore batia a palma da mão em sua testa.

— Não sei como chegar nele. A gente já está ficando um tempo, se passarmos o cio juntos não seria como se assumíssemos a nossa relação? A escola toda vai perceber o nosso sumiço.

— Na verdade você não é o único a estar entrando no cio. — Murmurava Lilian olhando para a janela do prédio. Seguindo o seu olhar, Theodore percebia Sadie conversando com seu grupo de amigas animadamente.

— Ela também?

— O seu cheiro acaba sendo mais forte, mas dá pra sentir o dela. Se Gabriel ficar com você, e aquela garota também não vier para a escola, irão pensar que eles ficaram juntos ao invés de vocês. Entende o que digo?

— Sim, é claro. Apesar de eu não gostar nem um pouco disso. — Reclamava o ômega abraçando as próprias pernas. — Tenho que pensar em alguma coisa.

— Quando se trata desse assunto, sou uma péssima conselheira. Foi mal, querubim.

— Tudo bem, valeu a pena desabafar pelo menos.

Se Gabriel não tivesse pedido para ficarem juntos durante seu cio, provavelmente Theodore já teria tomado alguns medicamentos para continuar indo a escola até o cio chegar, podendo faltar depois. Ficaria trancado em seu quarto, mexendo no computador e lendo livros até que tivesse lidar com o desejo insano de ser tocado. As baixas doses de hormônio controlavam boa parte de sua libido, mas algo sempre escapava.

Nada que Theodore não conseguisse lidar sozinho.

Mas, pela primeira vez em um ano, estava diante da ideia de passar o seu cio com alguém. Não seria a mesma pessoa que outrora, no entanto a semelhança nas situações alarmavam o ômega. Se Gabriel propusesse que fizessem em sua casa, recusaria de prontidão. Não queria repetir todo o inferno que vivenciara daquela vez.

Ah, teria de pensar com cuidado o que fazer.

A ligeira ideia de passar o cio com alguém tomaram os pensamentos e a atenção de Theodore o restante do dia. Devido ao seu cheiro estar forte, ele não pudera acompanhar os treinos. Já avisara o técnico de sua ausência na próxima partida, cuidando das orientações para poder faltar.

Pelo menos pudera arranjar alguma coisa para ocupar sua mente. O que era difícil quando seu olhar se encontrava com o de Gabriel e o via sorrindo para si e acenando. Seu coração batia tão forte e acelerado, tornando quase possível o alfa escutar suas batidas de longe.

Quando o sinal da aula finalmente tocou e os alunos arrumavam seus pertences para irem embora, o ômega permanecera sentado sem se mover a fim de não espalhar ainda mais o próprio cheiro. Até que ficasse sozinho Theodore não se levantara de sua carteira, e justo no momento em que ele ficara em pé ouvira aquela voz.

— Theo.

Virando-se para trás, o ômega encontrava Gabriel segurando a bolsa do treino sobre os ombros. Perigosamente ele se aproximou de si, não parecendo incomodado com o cheiro intenso que o ômega liberava justamente para seduzir aquele alfa.

— A-Ah, Gabriel. Já está indo para o treino?

— Sim, mas eu queria confirmar uma coisa contigo.

— Se for sobre os treinos é melhor conversar com o professor. Eu vou me ausentar até... Tudo passar.

— Não é sobre isso.

O passo seguinte deixaram os dois garotos próximos o suficiente para se beijarem. Tão perto um do outro que tornou-se uma batalha de resistência para eles. Theodore comprimia os lábios temendo que seus instintos o traíssem, ali na escola não correria o risco de beijar o alfa. Pelo menos não enquanto estivesse claro.

— Meus pais vão viajar a trabalho hoje, e voltam somente na segunda. — Gabriel sussurrava coçando a nuca parecendo encabulado ao revelar o assunto. Para o ômega a visão daquele moreno levemente envergonhado era digna de uma pintura. — Então, se você aceitar que eu seja o seu parceiro, podemos ficar na minha casa.

Piscando aturdido, o ômega respirara fundo já empurrando o nervosismo para o fundo de seu estômago, o que fora uma tarefa deveras difícil. Ele estava levando a sério de ficarem juntos, o que só aumentava a ansiedade de Theodore.

O rubor tomou-lhe a face precisando desviar os olhos para qualquer outro ponto que não aqueles olhos castanhos brilhantes. Uma onda de calor tomara o seu peito, arrepiando a pele exalando ainda mais forte o próprio aroma adocicado.

— Ahm... Eu não tenho certeza se é uma boa ideia. Digo... Eu posso me virar sozinho, e assim ninguém precisará descobrir...

— Eu quero. — Interrompia Gabriel segurando as mãos de Theodore o mais forte que conseguia. Prendendo a respiração com a aproximação repentina, o ômega conseguia sentir a respiração quente do alfa bater em seu rosto. — Já falei sobre a gente para minha mãe, e ela me dará cobertura. Por isso está tudo bem em ficar na minha casa.

— S-Sua mãe sabe... Você contou sobre nós pra sua mãe?

Soltando um riso abafado, Gabriel inclinou-se depositando um ligeiro selar nos lábios do ômega, apreciando o tom avermelhado intensificar nas bochechas dele.

— Contei. E ela vai adorar te conhecer. Só não posso dizer o mesmo do meu pai, ele é... Chato. Mas o que me importa agora é passar esse momento importante contigo.

— Não quer esperar outro momento? Não posso fazer isso na sua casa.

— Então quer que seja na sua?

— Mas é claro que não! Não quero que minha irmã sinta meu cheiro e escute coisas... Inapropriadas. Ela é muito nova e... E...

Gabriel alargava o sorriso na medida em que notava o nervosismo crescente do ômega. Como se fumaça saísse de sua cabeça de tanto buscar uma saída para aquele dilema, o ômega baixara os olhos completamente derrotado.

A quem ele queria enganar? Estava ansioso para ser tocado por Gabriel. Já começara a imaginar como seria a primeira vez deles desde o momento em que o alfa lhe propusera ficarem juntos. Somado as fantasias que se criou desde o dia em que Gabriel brincara consigo na escola... Seria uma baita mentira dizer que não queria.

E além disso... Gabriel parecia ansioso também.

— Tudo bem. Então... Amanhã vou te esperar na frente da minha casa.

— Ok — Sorria Gabriel, erguendo as mãos de Theodore para selar os seus dedos. — Estarei esperando ansiosamente, Theo.

Assistindo o atleta deixar a sala de aula o ômega só pode chegar à conclusão de que ele também esperaria ansiosamente a própria morte. Pois até a chegada daquele momento tão aguardado, seu coração poderia ter parado.

Puxando a alça da mochila sobre seus ombros, o ômega respirava fundo. Ele tinha exatas 24h para se preparar. Nessa onda de determinação, Theodore deixara a escola para ir à farmácia e retornar para casa onde poderia planejar o seu melhor cio da juventude.