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Chapter 72 - Pedido de socorro do alfa

Com o fim das aulas, e o fim da reunião na sala da coordenação, Theodore acompanhava Nicolas para o vestiário do ginásio onde se trocaria. O baixinho estava quieto desde o momento em que a briga terminara, preso aos próprios pensamentos.

— Você está bem? — Ousara questionar, cruzando os braços ao se encostar nos armários.

Nicolas erguera os olhos ao terminar de arrumar as joelheiras, pegando as cotoveleiras para vesti-las. Soltara um suspiro pesado, como se fosse um fardo organizar os próprios pensamentos.

— O grandalhão me pareceu estranho hoje.

Um arrepio passara na espinha de Theodore, mas ele soubera manter a compostura e não parecer nervoso.

— Como assim? Foi um alívio ele ter ajudado a parar a briga.

— Argh, vou ter que agradecer ele? — Resmungava Nicolas com uma careta, causando risos em seu amigo.

— Seria bom, fingir que é educado com ele.

Nicolas revirara os olhos fechando o armário com força.

— Pensarei no assunto. Já comeu o seu chocolate?

— Tive chance? Quando estava pensando em me deliciar, você resolver criar um espetáculo.

— Então faça o favor de comer e ficar beeem quietinho, certo Theozinho?

Rindo da careta divertida de seu melhor amigo, Nicolas deixara o vestiário indo para a quadra, onde todos os jogadores estavam reunidos em frente ao técnico. Que os céus tivessem bondade de seus ouvidos, ele parecia zangado.

Todos de cabeças baixadas e mãos às costas. Nicolas se colocou na fila sendo o único a retribuir o olhar do professor. Não estavam no exército para agir tão obedientemente, tampouco fugiria da responsabilidade em ter brigado com seus colegas de time.

— Estão de sacanagem comigo? Por acaso a escola parece ser um playground para vocês brincarem? Eu treino atletas e não um bando de moleques! — Esbravejara o técnico, respirando fundo para se recompor em frente aos meninos. — Qual poderia ser o motivo de meus jogadores brigarem entre em si em um momento como esses, hm? Howard?

Nicolas não transparecera a impaciência em ter de explicar o motivo da briga.

— Na verdade eu estava discutindo com alguém de fora do time. Os dois se intrometeram.

— Você ia bater numa garota! — Replicara Thunder irritado.

— Eu te bati no lugar dela, fique feliz. Não fui cavaleiro o suficiente?

— Como é?

— Aliás, como tá conseguindo falar? Tenho certeza de que acertei sua boca várias vezes pra te calar.

— Chega! Por Deus, chega. — Suspirava o técnico se virando para Theodore, que estava quieto ao seu lado comendo o chocolate. — Vá na coordenadora pegar os papéis com os castigos, por favor Moss.

— Sim senhor.

Theodore deixara o ginásio, lançando um olhar para o melhor amigo com um claro aviso para se comportar em sua ausência.

— Temos uma partida nesse final de semana, como vocês puderam se meter nessa? Vou treinar os reservas para ficarem no lugar de Thunder e Boyle.

— Só a gente? Qual é, isso é injusto. O capitão também deveria ser afastado.

— Não seriam afastados se estivessem bem fisicamente. — Rosnava o treinador. — Por acaso consegue enxergar alguma coisa com esse olho roxo? Não reclame, se meteu em briga então arque com a responsabilidade.

— Mas professor!

O professor apitara alto dando início ao treino. Os meninos logo formavam fila e começavam a correr em volta da quadra se aquecendo. Todo o treino fora um verdadeiro campo do exército. Provavelmente o mau humor do técnico fora devidamente descontado nos exercícios árduo e suas reclamações pontuais com todos os meninos.

Nicolas se mantivera focado no treino, ignorando a dor em sua mão direita que estava avermelhada e levemente machucada. Queria aproveitar a energia e leveza que sentia naquele dia, ignorando os demais jogadores propositalmente. Acertava os cortes com aquela mão com toda a força, fazendo ecoar por todo o ginásio o baque da bola contra o chão.

Enxugando o suor do buço na camisa do treino, Nicolas paralisara ao lembrar de não ter colado os adesivos de manhã. Discretamente farejou sua camisa sem sentir o seu cheiro característico sobressair.

Que estranho!

Enrugando a testa confuso, Nicolas balançara a cabeça e voltara a treinar sem perder o foco até o apito soar novamente encerrando o treino diário horas depois.

Sentado no chão perto de Theodore, que fazia suas meticulosas anotações, o capitão bebia água sedento. Descansava quando o técnico aproximou-se ainda irritado.

— A coordenadora definiu o castigo de vocês. Vai limpar os banheiros depois do treino. E ainda lembrou que esse é o seu segundo aviso, Howard. O terceiro é a suspensão, e então não posso fazer nada por você sobre o campeonato.

Bufando, Nicolas assentira com a cabeça.

— Sim senhor.

— Se comporte, moleque.

Quando o professor afastou-se, o ômega jogara a cabeça para trás suspirando alto.

— Até que ela pegou leve, que alívio.

— Você acabou de se recuperar da febre, é claro que ela pegou leve. Mais um motivo para você mimar sua mãe.

— Vou levar bronca quando ela chegar em casa, não é?

— Pensei pelo lado positivo, ninguém da escola sabe que a coordenadora é sua mãe.

Nicolas dera um leve cutucão em Theodore o ouvindo rir divertido. Não puderam brincar muito, pois o técnico chamara pelo ômega loiro para discutir sobre o plano de treino. Permanecendo sentado enquanto observava os demais jogadores deixarem o ginásio, Nicolas passara a encarar a própria mão.

Doía como um inferno.

Assoprara e chacoalhara sentindo o ardume piorar. Fazendo uma careta dolorida, Nicolas mau notara a aproximação de um certo alfa que imediatamente segurou seu pulso o puxando para ficar em pé e arrastá-lo até o vestiário.

Assim que notara ser Milles quem o sequestrava na surdina, Nicolas queria xingá-lo. Porém, se conteve. As costas de Milles eram largas como muralhas inalcançáveis. Os cabelos suados pingavam em sua nuca, e as veias saltavam em seus braços e mãos.

Tais detalhes simplesmente saltavam à vista de Nicolas, que engolia em seco completamente abobado.

Com a porta do vestiário fechado, Milles ainda arrastara o seu capitão para os bancos ao fundo, onde já estava posicionado um pequeno kit de socorros. E sem dizer nada, jogara o baixinho contra o banco obrigando-o a se sentar, ficando sentado na sua frente impedindo a sua fuga.

Nicolas se mantivera quieto observando aquele estranho na sua frente. Percebera um curativo em seu ombro direito, imaginando que pudesse ter se machucado na briga mais cedo. Será que ele intervira por ter sido atingido?

— O que está fazendo?

Silenciosamente Milles molhara o algodão no soro fisiológico, e delicadamente segurou a destra do capitão tomando todo o cuidado ao começar a limpar. Nicolas fizera uma careta e tentara puxar a mão quando sentira arder, mas o alfa o segurou um pouco mais forte no pulso e lançou um olhar furtivo para ele.

— Fique quieto, peste.

— Do que me chamou?

— De peste. Ou prefere capeta? — Murmurava Milles concentrado em sua tarefa em limpar a ferida.

Prestes a responder, Nicolas engolira o xingo. Sentia-se estranho em ver Milles sentado no chão aos seus pés, segurando sua mão para cuidar dele. Tomando-o como uma tarefa que precisasse de esmero.

Estando ali, Nicolas pudera ver claramente o nariz fino de Milles e os belos olhos castanhos. Ficava lindo concentrado.

Notando seus pensamentos, Nicolas desviou os olhos bufando alto. Seu coração começava a bater acelerado, emitindo o cheiro característico de um ômega. Milles parara sua tarefa respirando fundo, mas fingindo não notar, só para alcançar a pomada e passar na mão ferida.

— Você tem um corpo fraco demais, capitão. Se machuca demais.

— Algo me diz que consigo me virar. — Resmungou Nicolas se referindo a briga de mais cedo.

Enfaixando a mão de Nicolas com esmero, Milles encerrava a sua pequena tarefa com destreza. Mesmo quando colara o esparadrapo na ponta da faixa branca, ele não soltara a mão de Nicolas.

A mão de Milles era quente, percebia Nicolas. Descendo os olhos para os seus dedos, percebia eles ficarem vermelhos de calor. As veias saltavam até as costas da mão, e Nicolas engolira em seco com a excitante visão.

O que diabos estava acontecendo consigo?

Por que o seu corpo parecia esquentar com o toque de Milles? Seriam os seus instintos brincando consigo mais uma vez?

Seus olhos desciam para Milles, que continuava a encarar sua mão perdido em pensamentos. Questionava o que mais poderia estar passando em sua mente para deixá-lo tão longe daquele vestiário. No entanto, Nicolas também se perdia em algum lugar quando memorizava a linha dos lábios de Milles.

A mão livre fora para o queixo do alfa, erguendo-o em sua direção quando o seu rosto aproximou-se perigosamente. Se pudesse enxergar suas pupilas, Milles saberia que Nicolas tinha perdido a batalha em sua consciência.

Nicolas dera um singelo selar nos lábios de Milles. E quando estava prestes a beijá-lo com intensidade, o alfa afastou o rosto para fugir. O ômega soltara seu queixo para segurar os cabelos em sua nuca, o forçando a virar-se para si e tentar capturar seus lábios.

Debatendo-se, Milles conseguira empurrar minimamente o capitão o suficiente para gritar o mais alto que conseguia.

— Biel! BIEL! GABRIEL!

Milles pudera ouvir a correria vindo do ginásio até as portas do vestiários serem abertas tão repentinamente. As duas figuras de Theodore e Gabriel surgiram bem à tempo, onde encontraram um Milles desesperado para fugir.

— Plano A, como a gente conversou ontem à noite. — Sussurrava Gabriel para Theodore, antes de ir até o capitão segurar suas mãos com força e obrigá-lo a se soltar do outro alfa.

Theodore ajudou Milles a se levantar e o empurrara para longe sob tropeços, e rapidamente se sentou no seu lugar segurando Nicolas o impedindo de ir atrás do alfa.

— Aguenta aí? — Questionava o moreno para o ficante, que concordara ofegante. — Só vou ajudar Milles a sair e logo volto. Me espere aí!

— Tudo bem, vai logo!

Rapidamente Gabriel fora até Milles e o ajudara a sair do vestiário. Respirando fundo, Theodore finalmente conseguira conter Nicolas que se acalmava longe do seu alfa. O arrumara sentado no banco, e fingira ser ele quem cuidava de sua mão até que Nicolas acordasse de seu torpor.

— Ahn? Theo? O que está...

— Não acredito que um treino desses foi o suficiente pra te fazer dormir sentado, Nico. — Sorria um Theodore descarado.

— Mas não era você quem cuidava da minha mão...

— Milles já foi embora quando Sadie o chamou. Vim aqui terminar, mas você já estava dormindo. Vamos, você tem que ainda limpar os banheiros.

— Ah... Certo, certo. Valeu aí Theo.

Aturdido, Nicolas se levantara do banco depois de agradecer o amigo, indo até o outro corredor dos armários pegar seus pertences. Ainda sentado no chão, Theodore respirava fundo se debruçando no banco formando um bico manhoso nos lábios.

— Isso não vai dar certo, Gabriel.

— Vamos embora Theo! — Gritara Nicolas do outro corredor.

— Eu to indo!

Theodore concluía que seria melhor Milles dizer a verdade para Nicolas antes que as coisas piorassem.

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