Em uma cama de hospital estava uma bela mulher com cerca de 45 anos sentada com vários aparelhos ao lado de sua cama ligados à ela, possuindo cabelos negros que iam até seus ombros, olhos castanhos e um rosto bonito que já passou de seu auge com rugas aparecendo,mas visivelmente doente tendo uma aparência esquelética.
Um homem alto e bonito abre a porta do quarto e para por um momento, observando a senhora de aparência frágil.
Fechando a porta ele senta na poltrona ao lado da cama "Estou aqui mãe."
A mulher vira para encara-lo e abre os braços.
Lágrimas começam a cair em grandes quantidades e ele se levanta para abraçá-la. "Não sei mais o que fazer mãe!" Ele diz engasgando com o choro.
"Está tudo bem, vai dar tudo certo." Sua mãe acaricia sua cabeça enquanto o confortava com uma voz gentil e tristeza em seus olhos.
"Sofia terminou comigo 5 meses atrás, assim como a Íris fez no passado, eu também não quero que você me deixe, vou perder tudo se você morrer!" Ele fala em um tom amargo completamente destruído.
"Está tudo bem meu filho, fui um fardo muito pesado e também sabe que eu não tenho mais cura. Além disso, você sabe que errou com a Sofia e elas tem seus motivos, já estou próxima da hora de partir então você tem que levantar essa cabeça e seguir enfrente não importa os obstáculos." A mulher diz contendo as lágrimas.
Um silêncio se estende enquanto se abraçam. "Ter criado você é algo que eu nunca vou me arrepender. Lembre-se toda vez que estiver perdido que você ainda precisa continuar em frente, sempre estarei contigo no seu coração."
"Uhum." Ele acena levemente a cabeça e concorda.
"Lembre-se de comer bem e ser feliz. Ajude as pessoas que você julga merecerem ser ajudadas. Isso me deu propósito na vida e sei que também pode lhe mostrar um caminho. Meu maior arrependimento é não conseguir testemunhar o dia que você vai me dar netos hehe cof COF!. Mas não se prenda as minhas palavras, sou só uma senhora doente no fim da vida… não quero afetar suas decisões por estar errada."
"Mãe, a senhora nunca esteve errada." O homem fala baixinho com uma voz rouca e calma.
Separando-se eles olham um pro outro com um sorriso, as horas se passam com conversas alegres relembrando boas memórias.
A mulher com um grande sorriso nostálgico no rosto "Tu pareces ter um orgulho enraizado nos seus ossos desde novo. Lembro que você chegava às vezes todo machucado quando era criança brigando com garotos mais velhos para defender os outros de bullying, mesmo quando era bem mais fraquinho e magrinho que as outras crianças hahaha!."
O filho cora e fica sem graça com um sorriso torto. "Mãe, não me lembre desse passado vergonhoso."
Ela sorrindo encara seu filho com um olhos cerrados e, como uma criança brincalhona, finge uma cara de dúvida colocando a mão no queixo e inclinando a cabeça para o lado enquanto olha para o teto branco do quarto de hospital diz:
"Nem cheguei na melhor parte, hum… se eu não me engano essa mesma criança dizia com uma cara séria 'Como um nobre justiceiro que segue meus ideais, não consegui tolerar tamanha covardia desses insetos insolentes.' Hahahaha!"
A mulher solta altas gargalhadas até lágrimas começarem a se formar.
"Mãe! Por favor, quer que eu me ajoelhe pra essa humilhação acabar?" O homem fica vermelho igual pimenta e coloca as mãos no rosto.
A mulher se acalma e ainda rindo ela fala limpando as lágrimas de riso. "Haha… que época boa, mas não estou falando isso atoa meu filho. O que tem de errado em querer ser herói e ajudar os outros em um mundo tão sombrio? Poucos homens e mulheres tiverem a coragem de fazer a diferença na história e menos ainda tiveram a vontade de persistir nesse caminho quando entraram. Eu sei que você ainda é muito orgulhoso e quer fazer a diferença, mas também sei que você reprimiu muito esse sentimento enraizado dentro do seu coração."
Ela levanta a mão e a coloca na região do peito de seu filho enquanto o encara nos olhos com um sorriso. "Na sociedade atual, uma pessoa orgulhosa de mais como você é reprimida por não se encaixar no molde perfeito. Só queria lembrá-lo que não precisa reprimir isso, pois o torna especial e uma hora esse sentimento de orgulho vai romper essa barreira no seu coração podendo te levar a alturas inimagináveis dependendo das suas escolhas e ações."
Tirando a mão do peito de seu filho, ela começa acariciar seus cabelos. "Só não deixe isso se transformar em arrogância, tá? Não quero um filho babaca hahaha!"
O homem fica sem reação, mas ainda cena a cabeça em concordância.
Conversa vai e conversa vem, com a chegada na noite, a mulher estava deitada fracamente com os olhos quase fechando, o jovem ao lado estava olhando para seus últimos vestígios de força desaparecendo, segurando com força as lágrimas nos olhos apertava firmemente a mão da mulher que ele mais ama nesse mundo.
Ela diz fracamente com uma voz baixa, quase inaudível "Pode chorar meu filho… Mas não torne isso um hábito… Sabe meu filho, quando a gente se encontra no fundo do posso mais profundo da vida, temos que ter um coração forte e inabalável… Ter esperança e força de vontade é essencial… são as coisas que podem empurralo a seguir um caminho cheio de espinhos…perdê-las é aceitar olhar para os resquícios da luz do céu de um lugar escuro como o breu, para sempre. Nunca… se esqueça disso, Miguel… meu filho…. minha preciosa… criança…" esgotando toda energia vital para esse discurso final, seus olhos perdem o brilho e a máquina que apitava periódica com seus batimentos cardíacos apitou de maneira constante declarando o fim de sua vida.
"Mãe?… mãe!… Alguém?! MÉDICOS!!!" Ele começa a chorar se engasgando com as próprias lágrimas sem parar enquanto segura a mão, agora completamente gelada, de sua falecida mãe e guarda cada palavra dita nesse dia e faz delas sua memória mais preciosa.
'Pode deixar comigo mãe, nunca esquecerei' Miguel beija a mão da mulher uma ultima vez antes da equipe médica empurralo para abrir espaço na tentiva de resgatar o paciente.