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Áz - Campo de Batalha

🇧🇷KairosZero
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Synopsis
entenas de anos atrás, ocorreu o primeiro Campo de Batalha de Áz, naquela guerra entre Lordes quase todos morreram, apenas os próximos titulares da Autoridade dos Pecados permaneceram vivos. Agora, centenas de anos depois, o Império caiu, ninguém mais pode se tornar Imperador e os Verdadeiros Reis estão em conflito. A guerra está acontecendo em vários reinos do continente e Áz, o planeta, corre o risco de ser levado à destruição. Sejam humano ou os poucos que se mostram entre vampiros, bruxas ou dragões, nenhuma raça pode escapar do destino de seu planeta. Em meio a um abismo perigoso, um encontro entre duas pessoas de épocas diferentes se torna o ponto de ignição para algo que pode mudar o rumo de tudo. Mas, graças a eesse encontro o Campo de Batalha está prestes a chamar a todos novamente...
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Chapter 1 - Prólogo - Campo de Batalha do Pecado

— Isso!!! Mas... por quê fez isso?!!!... Podíamos tentar!!!... Podíamos tentar chegar à outra forma!!! Por quê?!!! — Angustiado o vampiro perguntava ao tentar puxar a mão de seu amigo.

— De-desculpe... — Contorcendo-se ele, o Lorde dos Ladrões, tentava responder. — Mas... Você sabe, mesmo que... ho-uvesse outra forma, o restante de nós... nós morreríamos... pa-ra cumpri-la.

O Lorde do Sangue, ao ouvir as palavras dele, olhou para baixo apertando as mãos e cerrando os dentes, sua impotência perante aquelas palavras indicavam que provavelmente era verdade, ele mesmo estava tentando bolar um plano e era possível acabar morrendo ao executá-lo. Quando eles viram os Lordes do Sol e da Lua se sacrificando para sobrepor o limite de apetite da Gula, o próprio Lorde do Sangue havia se resignado a por tudo de si a prova em uma última tentativa, mas antes que ele tivesse chance de implantar seu plano, o Lorde dos Ladrões fez aquilo que determinava sua autoridade, roubou a Autoridade da Gula, e agora tinha que aguentar as consequências.

Ele já podia ser considerado ser muito forte e resistente por não ter enlouquecido e se descontrolado com esse poder no momento que o roubou, e apesar disso... Todos que ainda estavam de pé sabiam, ele estava quase sendo devorado pelo poder do pecado e se isso ocorresse eles seriam os próximos.

— Vai logo... vampiro. Fo-foi menos de um dia... Mais foi bom... Tentarmos sobreviver, juntos... Apesar de to-todos os desgraçados. Haa... Haa... — Buscava continuar o Lorde dos Ladrões enquanto sangrava de seus ouvidos, olhos e nariz. — E ainda falta um...

Com tais palavras o Lorde do Sangue voltou seu olhar a ele, contra quaisquer palavras que poderia dizer e apesar do estado deplorável que o jovem homem a sua frente se encontrava, tudo que ele pôde ver era um sorriso. Talvez doesse mais para poder forçar aquele sorriso do que para amaldiçoar quem quer que fosse que jogou todos os lordes no meio dessa merda, ainda sim, perante o seu fim, ele sorria como se estivesse feliz, ao mesmo tempo em que o sangue começava a escorrer pelos cantos de sua boca e começava á pingar no chão.

— Haha!

Vendo aquilo ocorrer o Lorde do Sangue não podia deixar de dar uma risada seca perante aquele idiota, idiota que se sacrificou por eles, mesmo que entre todos ele talvez fosse aquele que mais quisesse viver.

— Eu não vou dizer que "te vejo do outro lado". Provavelmente não irei chegar lá tão cedo. — Completava o Lorde do Sangue ao levantar sua espada feita de sangue e apontar em direção ao peito daquele que em menos de um dia, ao notar agora, havia se tornado seu amigo.

— He-he... — Junto com ele o Lorde dos Ladrões ria dos dois ao falar. — Você... deve ter mais de cem anos... mas... parece uma criança... querendo chorar agora... Não sabia que vampiros... choravam assim tão facilmente.

O silêncio se mantinha ao redor deles, claro que não estavam sozinhos já que outros lordes sobreviventes esperavam em silêncio atrás do Lorde do Sangue, o silêncio se mantinha pelo respeito com aquele a frente deles, respeito com aquele que levou a vida inteira de roubos e trapaças, respeito com aquele que fez uma ação não condizente com a sua forma de viver e ainda sim fez algo mais respeitável do que alguns deles mesmos, eles talvez se colocados contra a parede na posição do Lorde dos Ladrões, talvez não tivessem a coragem de realizar tal sacrifício.

— Eu... vou te matar... — Dizia o Lorde do Sangue com convicção no que iria fazer, mesmo que não fosse a primeira vez que matasse alguém.

— E eu... vou... morrer... — Respondia este, fechando os olhos enquanto em sua pele bronzeada apareciam suas veias pulsando em uma cor negra por seus braços pescoço e cabeça, como se essas veias estivessem atrás de consumi-lo completamente, nisto o sangue que escorria de sua boca se tornava negro no mesmo instante em que isso acontecia.

Voosh!!!

Não demorou dez segundos, no fim ele não sentiu nada, a dor que entorpecia seu corpo ao segurar aquele pecado impediu-o de sentir qualquer dor. A lâmina que atravessou seu coração se dissolveu em sangue dentro de seu corpo espalhando-se para cada ponto que conseguisse.

— Obrigado. — Com um sorriso o Lorde dos Ladrões, em suas últimas forças,dava-o um abraço.

—Adeus... meu novo amigo... — Dizia o Lorde do Sangue, respondendo o abraço dele e segurando-o firme enquanto serrava os dentes mais que antes até eles machucarem-no.

Após isto, o corpo do Lorde dos Ladrões cujo perdeu sua força explodiu em sangue e pedaços de carne, desde seu rosto branco pálido, até em suas roupas escuras sujas o sangue se alastrou, mesmo assim ele não limpou o sangue de si.

— Porque ele fez isso?! Não precisava ter explodido o corpo dele!!! — Perguntou o Lorde da Beleza.

Ainda restavam seis deles de pé, junto com aquele manchado de sangue a frente deles, estavam respectivamente os Lordes: da Beleza, da Neve, das Armas, da Mentira e dos Assassinos. Estes foram os que podiam se dizer sortudos, se tinha mais alguém vivo, além de outros dois que não estavam neste mesmo lugar agora, eles não tinham como saber sobre nenhum outro.

— Ele precisava... Se não o fizesse, o Lorde dos Mortos iria ressuscitá-lo como um morto-vivo. Neste momento onde qualquer morto a mais é um aliado a menos, isto que ele fez... pode ser considerado uma libertação para um morto neste lugar. — Respondia em alguns instantes então a Lorde da Neve em um olhar melancólico.

— Está tudo bem. — O Lorde do Sangue continuou a conversa. — Como Lorde dos Ladrões, como um ladrão... garanto que ele não queria ter seu corpo roubado pelo poder dos mortos. Com isso ao menos ele teve a sorte que quase ninguém teve...

Ninguém tinha coragem de olhar para aquela cena, isso não se devia apenas ao que ocorreu agora, todos estavam cansados, muito cansados mesmo de tudo. A Lorde da Neve tremia ao escutar aquilo, seu amado não teve a mesma sorte e que fim teve seu corpo, isto ninguém queria comentar, mesmo assim ela não tinha o direito de culpar o Lorde do Sangue por proferir isso.

— Temos que ir! O Lorde do Sono não vai aguentar muito tempo. — Comentava a Lorde dos Assassinos com uma voz forte e indiferente.

As palavras da Lorde dos Assassinos lembrava-os a verdade inevitável, todos se sustentavam ainda de pé devido ao Lorde do Sono estar suprimindo o poder da Autoridade da Preguiça, porém ele não iria aguentar muito tempo.

— Vamos... — Cansado, respondia o Lorde do Sangue, respondendo mais para si mesmo mais que para os demais.

Todos corriam floresta à dentro na direção onde podiam sentir o poder da Preguiça, a Lorde dos Assassinos encarregava-se de carregar o Lorde da Mentira, este cujo não era tão rápido quanto os demais deles. Dois minutos depois eles chegaram, poderes de lordes se chocavam naquele lugar, mesmo suprimido eles ainda se sentiam lentos e cansados, não queriam se moverem de forma alguma. Ainda sim todos avançavam, o que viam naquele início de noite de luar era o que parecia ser uma criança deitada em posição fetal, como se nada no mundo pudesse atrapalhar seu descanso, e na frente desta, um homem parecia estar dormindo de pé.

Seria simples dizer que era somente isso, pois na frente de alguém a nível ao menos de um mestre outra coisa bem clara podia ao menos começar à ser notada. Um aura mágica escura saia do corpo da criança espalhando-se em todas as direções e se dissolvia no ar como se nunca estivesse lá, tal era a Autoridade da Preguiça que chegava até eles e os faziam se sentir naquele estado. Entretanto, o homem que dormia de pé estava puxando tudo o que se espalhava para si, como se fosse um redemoinho, e mesmo assim nem tudo ele conseguia levar.

— Vocês estão aqui. — Sentindo-os, comentou o Lorde do Sono, em seu estado de "sonambulismo". — Minha irmã fez tudo o que pode, mesmo assim eu ainda não consigo sobrepor esse Pecado...

— Mesmo assim vocês devem ter achado uma maneira Sono, diga o que você e a História conseguiram fazer? — Perguntava o Lorde das Armas, mesmo sem nenhuma de suas armas com ele para ajudar, todas haviam sido destruídas.

— Sim, conseguimos algo. Ela criou um fim a História da Preguiça, apesar que isso custou muito dela... — Respondeu o Lorde do Sono, com uma voz lenta e indiferente, dizendo assim o que devia ser feito. — Lordes das Armas e Lorde do Sangue, vocês devem matá-lo juntos de alguma forma. Foi isso que ela conseguiu...

— Tudo bem. — Disse o Lorde das Armas.

Todos deram algum espaço a eles com exceção do Lorde do Sono, devido á seu trabalho. Mesmo que em suas visões o Lorde da Preguiça parecesse uma criança, isso não os impediria de cumprir seus objetivos, não havia criança nenhuma a frente deles, apenas um inimigo a ser eliminado para que pudessem viver.

—Huuu... Haaa... — Posicionado o Lorde das Armas respirava pesadamente.

Como um Lorde das Armas, apesar de suas principais formas de lutar fossem dependentes de suas armas, isso não queria dizer que sem elas ele era impotente, no fim sua maior arma era si mesmo. Seus músculos feridos claramente visíveis tremiam enquanto ele acumulava mana em cada parte de seu corpo, logo seu corpo brilhava em uma aura ciano, esta que se concentrava em seu punho e, em um segundo, sua silhueta desapareceu de sua posição, reaparecendo nos céus em queda livre onde seu punho aberto como uma lâmina de machado em poucos segundos se implantou no corpo da Preguiça.

BOOOMMMM!!!

Qualquer mestre comum e muitos Lordes morreriam com aquele punho, porém apesar de afundar o local do impacto dezenas de metros seu alvo mal teve um arranhão.

BOOOOM!!! BOOOM!!! BOOOM!!!

Mesmo assim ele continuou atacando, precisava de uma abertura e tão perto não duraria segundos, o Lorde das Armas podia sentir seus músculos quererem parar se trabalhar, sua mente estava ficando mais lenta e seus pensamentos já estavam contaminados mela vontade de parar e se entregar a tal sentimento. Por que ele precisava continuar atacando? Não seria mais simples se ele parasse e desancasse? Ele já havia lutado muito, mesmo que não fizesse isso não importava, na verdade nada importava, ele apenas devia parar com essa tolice...

— NÃO PARE AGORA! — De algum lugar a voz do Lorde do Sono chegou em sua mente. — DESCANSE... Descanse após bater um pouco mais.

Como se por reflexo seu corpo que estava parando seus ataques e caindo recuperou a força devido a tal interferência, não ia durar mais que alguns segundos mais isto podia ser o suficiente, ele só precisava implantar uma ferida, uma única ferida...

BOOOM!!! BOOOM!!!

— HAAAAAAA!!! VAMOS VIVER! SEU DESGRAÇADO! MORRRAAAA!!! — Como um grito em suas últimas forças seus ataques em sequência já haviam afundado o corpo da Preguiça em 50 metros e mesmo assim eles continuava a atacar, um soco ciano igual um martelo com o a mão esquerda, um corte de machado com a mão direita. Podia parecer aleatório mais tudo o que ele fazia tinha sentido, apenas um único ponto... Ele precisava feri-lo para ter sucesso.

BOOOMMM!!!

Com um último estrondo seu corpo parou de responder a qualquer estímulo como uma estátua e começou a cair para o lado, parecia que havia perdido contra o poder da Preguiça e isso é verdade, mas somente para ele sozinho. Seu punho direito que caiu para o lado junto com seu corpo detinha uma gota de sangue, uma única gota de sangue que não era seu caia no solo a deixar seu punho.

Voosh!

Uma pequena agulha voava em direção à Preguiça e passou ao lado de sua mão perfurando aquela gota de sangue que caia e chegou ao local da ferida da Preguiça. Sozinha aquela agulha que era feita de sangue do Lorde do Sangue não faria nenhum efeito, mas... ninguém pode se proteger contra si mesmo de todas as formas possíveis, muitos nem lembrariam de temer a si mesmo e assim a Preguiça possuir um corpo humano comum que era algo que detinha sangue, foi uma fraqueza dele.

Não havia som de mais nada além fraca respiração de todos, era a única chance deles e a agulha de sangue havia feito seu trabalho silencioso. A queda da Preguiça podia ser percebida aos poucos devido à aura negra que saia de seu corpo esgotar-se em alguns segundos, o poder do Lorde do Sangue havia feito seu corpo entrar em colapso por dentro e todas as suas funções, sejam mágicas ou comuns, haviam parado de responder.

— Acabou... — Dizia o Lorde do Sangue caindo de joelhos.

Muitos deles se escoravam em qualquer lugar que podiam, o Lorde da Beleza havia ido ajudar o Lorde das Armas tentando o acordar. Podia demorar mais ele ainda estava vivo, seu coração havia voltado a bater na morte da Preguiça, se demorasse mais algum tempo seu corpo talvez nunca mais se moveria mais ninguém se importava com isso agora, o que importava era que eles estavam vivos.

Tudo estava chegando ao fim, mas o preço era alto por tal termino de batalha. A guerra, qualquer ela fosse, sempre trazia mais tristeza e desamparo para aqueles que restaram vivos, sentimentos de solidão, pena, melancolia, raiva, ódio, assim como alívio por estar vivo, mesmo que esse alívio não fosse aquilo na mente de muitos era ainda o que os fazia indiretamente poder sentirem-se vivos.

O cheiro de sangue que emanava no ar assim como as enormes poças de sangue no chão formadas em vários lugares, se alguém voasse neste momento e desse uma olhada de cima, ignorando toda a destruição implantada por ali, formaria um belo desenho de tinta vermelha em forma de rosa, isso era algo que o Lorde do Sangue estava fazendo em seu descanso, os mortos deste campo de batalha deviam ser homenageados, muitos foram traídos, mortos antes mesmo de notarem, muitos não poderiam descansar em paz devido ao Lorde dos Mortos, muitos... sofreram, ainda sim todos eles deviam ser homenageados, pois isto era o máximo que ele podiam fazer por eles.

— Acabou...

Não parecia mais real, se alguém os perguntasse se tudo aquilo tinha sido real ou não, na mente de alguns isso não passaria de pesadelo.

— Devemos ir embora daqui, nosso fim não é ficarmos parados por aqui. — Disse a calma voz de uma mulher vinda de algum lugar.

Muitos a conheciam então mesmo cansados se levantaram, os que não acabaram seguindo o que os outros fizeram, não era sábio ignorar as palavras daquela que podia interferir na própria História do planeta.

— Irmã. Você voltou. — Disse o Lorde do Sono que nunca saia de seu estado de sonambulismo.

— Claro... mais isso só ocorreu porque eles conseguiram matar Preguiça. — Respondeu a mulher cujo ao aparecer do nada era a única com aspecto imutável e limpo por ali.

Como ela havia voltado dos mortos se ela sacrificou o seu próprio corpo para impedir um pecado? Isso eles nem perguntariam, o poder da Lorde das Histórias era algo estranho e constantemente em mudança.

Enquanto ela chegou o Lorde da Beleza junto com a ajuda do Lorde da Mentira haviam conseguido finalmente despertar o Lorde das Armas que tossia tentando respirar, seus pulmões haviam parado também e sua respiração estava tão baixa que ao acordar seu corpo precisava desesperadamente de ar.

— Onde devemos ir? — Perguntou a Lorde dos Assassinos não muito entusiasmada com a ideia.

— Em frente, mas antes... temos algo a terminar aqui. — Completava a Lorde das Histórias.

— O que seria isso? — Perguntou o Lorde do Sangue sentado no chão.

A pergunta que todos queriam saber, o que eles deviam fazer ainda aqui? Horas atrás a Lorde das Histórias havia dito à eles que tudo acabaria se os Pecados fossem derrotados e mortos, seria a melhor chance deles, e agora ainda havia algo a se fazer neste lugar.

Infelizmente ou felizmente a resposta não chegou através dela, no céu acima deles um enorme círculo negro tinha se formado, havia com 11 pontos nele, 7 situados em sua circunferência. Dentro dele também havia um quadrado, que era onde se situavam os restantes 4 pontos negros simetricamente espalhados em suas quatro pontas. Como um todo a figura formada pelo círculo e pelo quadrado ocupava a maior parte possível do céu do campo de batalha e lentamente giravam como se estivesse indicando algo.

—Mais que merda é essa agora?!!! — Perguntou o Lorde das Armas irritado.

— Mais um inimigo? — Também dizia a Lorde da Neve com uma expressão fria.

Muitos se prepararam para o que podia ser uma possível batalhas mais a explicação chegou até eles por outro meio.

— Aquilo... — Visava explicar a Lorde das Histórias cujo nem ela mesma sabia da resposta para o que era isso até segundos após aquela coisa negra aparecer, mas no meio do caminho ela desistiu de falar.

Após girar mais algum tempo e prender a atenção deles cada ponto da figura circular se lançou como um feixe negro em várias direções, nisto o círculo negro desapareceu deixando apenas o quadrado. Alguns haviam sido impedidos de se mexer, um dos sete feixes negros foi em outra direção e os seis restantes foram em direção a eles.

Não faziam som algum, mais a velocidade com que cada feixe vinha mesmo que se mexessem não podiam fazer algo contra eles, o primeiro que chegou até eles bateu no corpo do Lorde do Sangue sumindo logo após, outro foi de encontro ao Lorde do Sono fazendo o mesmo, após isso os Lordes da Beleza, da Mentira, das Armas, dos Assassinos, das Histórias... Todos estes tiveram o mesmo destino.

— VOCÊS... Estão bem? — Perguntando quase em um grito a Lorde da Neve demonstrava sua preocupação, o que era raro no caso dela.

— Eu... me sinto estranho. — Respondeu o Lorde do Sangue tocando seu peito que fora onde o feixe negro havia entrado em seu corpo, sim ele havia sentido isso. — Ao menos por agora não parece ter feito algum mal.

— Sinto o mesmo. Não sei o que é, mas não há problema algum além de saber que isso entrou em nossos corpos. — Completou a Lorde dos Assassinos tocando seus braços e ombros.

Os que não haviam sido atingidos não tinham como verificar o que eles diziam pois ainda não podiam sair do lugar, entretanto, o problema no céu não esperaria a opinião deles sobre o assunto, o quadrado também se desfez enquanto os quatro pontos restantes voavam em diversas direções, três foram em direções separadas e outro veio no mesmo sentido em direção à eles.

Intuitivamente eles entenderam, somente a Lorde da Neve restava sem nada ter ocorrido com ela ainda. Em um impulso o Lorde do Sangue tentou tocar um feixe que ia em direção à Lorde da Neve que estava alguns metros atrás dele, seu braço não conseguiu tocar neste feixe que passou por ele como se não existisse e chegou também à ela.

—Neve?!!! — Chamava seu atual apelido a Lorde dos Assassinos buscando saber se ela estava bem.

Não teve tanta diferença assim como na ocasião dos demais, porém uma marca negra havia se formado em sua testa, uma marca em forma de lágrima. Ela mesma havia sentido a marca se formar mais com uma sensação de queima na pele, ainda sim, como se a marca era para estar sempre lá, a sensação se foi após alguns segundos.

Ainda era noite, mas como Lordes todos tinham uma visão ao menos um pouco do melhor que o normal e viam a marca tão escura quanto preto, ao mesmo tempo em cada um deles uma marca também se formava. Apareciam uma coroa, uma mulher, uma língua, uma joia, uma mancha, uma nuvem, cujo no total sete marcas estavam feitas em cada um deles.

— Isso... — Alguém falou como se representasse todos.

Mais palavras não eram necessárias para representar seus pensamentos, desta vez não precisaram de nenhuma explicação da Lorde das Histórias. Intuitivamente eles descobriram que haviam recebido a Autoridade de um Pecado, após terem matado todos os sete intuitivamente a maioria deles chegaram a conclusão de que todos haviam recebido isto, que haviam recebido cada um dos sete ali uma das sete autoridades.

A resposta deles estava correta, estava meio correta apenas.

— Isso eu não sabia... Por algum motivo sabia apenas que algo iria ocorrer. Mais a história não me deu informações de que, da mesma forma que não sabia como viemos parar aqui antes de me deparar neste lugar. — Comentou a Lorde das Histórias segundos depois enquanto todos se acalmavam.

— Irmã. Eu me sinto... mais forte... e essa Autoridade... — Perguntou o Lorde do Sono estranhando o que recebeu.

— Parece que nem a Lorde da História em si tem a resposta para tudo, não é mesmo? — Meio sarcástico comentava o Lorde das Armas. — Bem, apesar dessa mulher chata provavelmente saber, não vou dizer que autoridade recebi apesar da marca. Somente olhando ela alguns devem saber mesmo assim, mesmo assim não me importo com isso. — Terminou de declarar ele friamente ao cruzar os braços.

— Temos que ir embora daqui. — Disse indiferentemente a Lorde da Neve. — Não quero passar nem mais um minuto neste lugar.

— Sim. Espero que qualquer que seja a direção que iremos seja mais bonito que aqui. —Complementou o Lorde da Beleza.

— Esperem... — Pediu para pararem a Lorde das Histórias.

Todos estavam começando a sair daquele lugar, mas as palavras dela nunca eram palavras vazias então todos pararam esperando sua resposta.

— Não há só nós sete vivos aqui. Ignorando o Lorde dos Mortos... E certas coisas que não consigo entender, ainda há alguém vivo. — Completou ela calmamente olhando à direita como se observasse algo bem distante.

Ninguém estava realmente prestando atenção no ambiente, no momento que tudo acabou para eles, mesmo sendo algo considerado idiota ninguém mais tinha energia para montar qualquer guarda contra perigo, poderia ser um momento fatal onde podiam ser mortos, felizmente ela não dizia que era um inimigo.

O Lorde do Sangue se concentrou no sangue espalhado no campo de batalha o utilizando como meio de detecção e a cerca de dez quilômetros de distância, em algo como uma enorme poça de sangue numa cratera, ele pode "ouvir" um coração batendo.

— Não pode ser... Esse cara... — Ignorando qualquer pergunta possível dos demais que esperavam sua resposta sobre ele apenas respondeu. — Sigam-me!

Em uma velocidade igual a do som ele desapareceu atravessando a floresta indo na direção do coração que batia, instintivamente todos os seguiram e pelo que parecia ser vinte segundos depois eles haviam dado de cara com uma enorme cratera, algo havia como um meteoro havia sido arrastado horizontalmente pelo solo por quilômetros e após mais algum tempo, no fim eles puderam ver um enorme buraco.

— Hahahaha!!! Esse cara está vivo?! Eu não acredito!!! — Mesmo com seu corpo ainda fraco o Lorde das Armas ria freneticamente como se encontrasse algo absurdo.

No meio de uma poça de sangue dentro do buraco o corpo de um homem se encontrava, com um grande buraco na barriga e com cada músculo dos braços e pernas desgastado e dilacerado, na visão isso não passaria de um pobre coitado morto, ainda sim a verdade sobre quem ele era estava muito longe disto.

— Graças aos deuses... Ele está vivo! — Meio exaltado falou o Lorde da Beleza.

O Lorde do Sangue e a Lorde do Gelo já tinham corrido para ajudá-lo, apesar de não haver nenhum Lorde com poderes baseados em cura estes dois teriam que servir para ajudar, o coração daquele Lorde batia de forma fraca, confusa e lenta mais sua tenacidade de continuar vivo podia ser considerada impressionante.

Uma pequena alegria se espalhou por eles, o homem quase morto que encontraram era um sinal de esperança em suas mentes desde quando a matança começou, ele sozinho foi o que garantiu, em grande parte, que estes poucos Lordes pudessem viver após o fim da batalha. Ele havia lutado e lutado mais que qualquer um de uma forma que devia ser coroado por Áz pelo seu feito praticamente impossível de ser realizado por qualquer Lorde conhecido.

XxX

Horas depois, dezenas de quilômetros de onde estavam antes, todos os oito lordes estavam descansando no topo cortado de forma lisa de uma montanha, cujo Lorde das Armas realizou tal feitio de deixá-la assim por puro prazer, a visão privilegiada do topo dela mostrava o horizonte cujo amanhecer chegava lentamente, isso representava muitas coisas na mente de cada um deles envolvendo passado, presente e futuro.

Ao redor de uma fogueira se encontravam os sete deles sentados e deitados, o único que dormia era o homem que estava sendo curado até poucas horas atrás, momentos depois que o Lorde do Sangue começou a acelerar seu processo natural de cura através do sangue o Lorde acordou repentinamente, na hora mesmo estando naquele estado em seus olhos podia ser visto uma força de vontade inabalável, ainda bem que ele foi rápido para entender que tudo tinha acabado se não uma batalha desnecessária poderia começar, agora ele descansava fielmente enquanto seu corpo se recuperava.

Por outro lado os seis despertos não estavam falando muito, para inicio de conversa devido a sua Autoridade o Lorde da Mentira não falava sem necessidade, e o Lorde do Sono... Bem, este também estava dormindo e não iria se importar com isso, para os cinco restantes algum tipo de acordo silencioso havia sido feito indiretamente, ninguém falaria de suas perdas nem de seus feitos, tenham sido estes cruéis duvidosos ou qualquer coisa que levasse a discordância, só restavam eles então se lutassem o que sobraria? Áz provavelmente estava um caos devido à todos os Lordes desaparecerem repentinamente, se os reinos dos vários continentes estivessem em disputas internas não seria exagero dizer que a guerra iria ocorrer mais que o normal, ao menos isso não era problema deles por hora.

— Achei que haviam apenas Sete Pecados. Somos Oito aqui, sem contar o maldito Lorde dos Mortos. — Iniciou a conversa a Lorde dos Assassinos deitada de lado.

- São os principais Assassina, estes são os sete principais, sempre houveram outros a mais, ou ao menos é o que dizem os antigos Livros de A'Kalem. — Respondeu o Lorde do Sangue sentado com os braços em cima do joelho.

— O Lorde da Ordem... Achei que seus livros fossem uma lenda que se perdeu no tempo. - Comentou o Lorde das Armas de pernas cruzadas em uma pedra.

— Se fossem... talvez não estaríamos aqui Armas. — Respondeu o Lorde da Beleza.

— O que importa agora é que cada um de nós recebeu uma dessas merdas, e ai? Em duzentos anos vão pegar mil lordes, jogarem em um lugar qualquer com nós no meio e deixar todo mundo tentar nos matar igual fizemos com aqueles monstros? — Ironicamente impunha sua teoria o Lorde das Armas. — Posso não ser o melhor estudioso mais não deve ter tantas vagas assim para Lorde de Um Pecado.

— Onze. — Falou do nada a Lorde das Histórias espetando um graveto no fogo.. — Só tenho informação de nove, mas sei que tem mais dois ou três, dois a mais seria uma certeza e três a mais... Nem eu sei...

— Parece que tem mais algo a dizer História, não pare, se tiver de dizer diga logo. — Claramente olhando suas expressões conflitantes, interviu a Lorde da Neve esperando algo.

Ao olhar para ela a Lorde das Histórias consentiu e olhando calmamente para cada um deles por vez continuou.

— Estamos entrando em uma nova Era, o tempo deve ser zerado, o que ocorreu conosco foi o Dia Zero... Hoje é o primeiro dia da nova Era. — Respondeu ela. — O porque disso, minha Autoridade só engloba a história de Áz, o que estiver intervindo de fora eu não tenho informações, não costuma ser escrito na história do planeta interferências de fora.

— Então, você está dizendo que algum merda de fora de Áz queria fazer uma festa com formigas guerreiras suicidas dando "prêmios" no fim? Onde nós somos as tais formigas? — Com sua voz aparentando raiva chegava à essa conclusão o Lorde das Armas.

— Isso não importa agora, mesmo como Lordes somos fracos demais contra os próprios Titãs e Dragões de Áz, imagine contra o que nada se sabe. — Respondeu ela. — A Era mudou, fomos os precursores da mudança dela, agora cabe a nós deixar a Era do Pecado crescer.

— Isto não é o fim, isto não foi o fim, é isso que quer dizer? — Perguntou a Lorde dos Assassinos.

Silenciosamente assentiu com a cabeça a Lorde das Histórias, um suspiro podia ser ouvido pelo Descontentamento do Lorde das Armas porém ele não comentou nada mais.

— Eu quero espalhar, espalhar a história de cada um de vocês, não sei quanto tempo cada um de nós vai viver... Este trabalho deve ser realizado por mim. Até o fim de cada um de nós eu estarei deixando no mundo, eles precisarão da Verdade. — Completou ela ao terminar.

Era meio irônico dizer que o mundo precisava da verdade na frente do Lorde da Mentira, porém ele não iria discordar nem aceitar qualquer coisa, apenas se mantendo em silêncio para não ter que mentir.

— Algo está vindo... — Falou o Lorde do Sangue olhando o horizonte.

— Espera. O quê? Quem vai precisar da verdade? — Interrompendo perguntou a Lorde da Neve.

—Ninguém aqui deve saber... ainda. — Respondeu a Lorde das Histórias e logo olhou ao horizonte na direção indicada pelo Lorde do Sangue.

Subindo a montanha a silhueta de uma pessoa podia ser vista, era uma mulher, ela olhava na direção deles e seus passos, seu corpo ou seus olhos violeta não indicavam que iria enfrentá-los. Todos estavam um pouco relaxados ao notar isso mais ainda sim não iriam simplesmente ignorar sua presença, o Lorde do Sangue levantou-se e olhando para aquela mulher vestida de branco cujo rosto estava encoberto por um capuz de mesma cor, ele tinha uma sensação estranha ao vê-la. Era como se... Como se eles não foram feitos para se encontrarem, como se ele não devia estar de frente à ela e vice e versa.

Todos que a observavam tinham a mesma sensação que ele, ainda sim isto não era motivo para fazer algo contra ela enquanto a mesma não quisesse.

— O que quer conosco? Não deve ser alguém normal para ter chegado até aqui. — Perguntou ele direto ao ponto.

A cerca de vinte metros dele a mulher de branco havia parado quando ouviu suas palavras, seus olhos violetas indicavam sua origem mais sua presença indicava outra coisa.

— É um lorde também? — Perguntou a Lorde da Neve logo após.

— Vocês venceram, ainda bem. — Com um claro alívio em seu olhar e de forma baixa comentava a tal mulher calmamente. — Quando notei tantos dos pecados reunidos achei que o mundo estava perdido, ainda sim eles... Vocês se tornaram os novos. Então... poderiam por favor morrer? — De forma simpática, perguntou ela.

Aquilo parecia um absurdo, o Lorde das Armas já ia sr levantar para dar uma surra nela independente de seu estado ou o que quer que fosse, no entanto antes de qualquer coisa o Lorde do Sangue continuou.

— Porquê precisaríamos morrer? Lutamos tanto para viver, perdemos tanto para estarmos aqui! Todos provavelmente estávamos com medo do mesmo assim não desistimos, mesmo que estivéssemos no meio da loucura daquela matança desenfreada. Porque nos pede isso? — Perguntou ele também claramente irritado.

— Então vocês dão valor a vida. Não entendo. Vocês, você. Como um lorde... Como um vampiro... Como o Orgulho, não te vejo com tanto orgulho assim apesar de ainda haver uma boa quantidade... Então porquê? Porque você ganhou essa Autoridade? — Continuou perguntando ela até que parou alguns segundos, em sua visão claramente ninguém tinha a resposta para tal pergunta. — Então... Vocês não sabem. Então não deveria ter acontecido.

— O que não deveria ter acontecido? Essa batalha? — Perguntou a Lorde da Neve.

— Entendi...

— Entendi...

Ao mesmo tempo, a Lorde das Histórias e aquela mulher responderam, elas se olharam um momento e logo após uma pressão avassaladora começou a ser exalada a partir de cima deles, em qualquer que fosse o continente que eles estavam se houvesse alguém mais nesta extensão do horizonte visto por eles provavelmente também sentiria.

A tirania de quem governava sobre tudo e a todos, Dragões temeriam-no e Titãs se esconderiam dele, o céu foi tampado enquanto aquela "nuvem" de dezenas de quilômetros atravessava os céus subindo para sua batalha silenciosamente, porém o vento que se espalhava diante de sua presença emitia os sons que sua enorme boca não exalava.

— Nada mais faz sentido para mim... — Em choque, comentou o Lorde do Sangue paralisado com aquilo. — Deuses... Não nos abandonem...