O Sol começava a diminuir sua força quando a manhã chegou.
O começo do inverno se aproximava e também o maior dos eventos que a população poderia imaginar. A cada geração os quatro reinos competiam para decidir qual família ganhará a coroa do império. Atualmente todos os herdeiros já estão na idade perfeita para a competição e o Rei Miykal tinha dois cavalos nessa corrida.
Liam e Talitha.
Os únicos filhos das primeiras noivas, Blyana e Reyna. Uma pelo bem do reino de Parastin e outra pelo coração do rei. A única que conseguiu domar o coração do rei sanguinário que guiou os maiores batalhões nos momentos onde a discórdia circulava as margens, a brisa fria que deixou o Rei de Parastin de joelhos. Essa era Reyna.
Mãe de Talitha, que encontrou uma morte digna de seu coração.
A princesa andava pelos corredores próxima as janelas encarando o erguer do sol entre todos os prédios, ela apreciava esses momentos onde as partes de vidro das janelas marcavam o chão em uma silhueta suave contudo o que quebrava toda a harmonia do momento estava fora do prédio em um alvoroço que a forçou a sair da cama por estarem chamando em sua porta.
A reunião familiar
Algumas pessoas achariam adorável ou um tanto incomodo, mas para Talitha aquilo era caótico. Sua mente nunca encontrava paz quando as quatro esposas estavam juntas no mesmo prédio. Seu pai tinha o próprio conjunto de esposas e tinha descoberto que era uma dificuldade imensa coordenar todas as mulheres de personalidades completamente distintas. Com isso ele fez regras em suas relações para não acontecer o pior.
Todas as mulheres terão suas próprias casas onde criarão seus filhos até certa idade, quando essa idade chegasse eles seriam mandados para seu pai e assim seriam treinados até a maior idade.
Esse era o acordo e todas concordaram já que poderiam ter sua própria vida, mas Talitha era a exceção.
Com a morte tão repentina de sua mãe a menina foi mandada para o prédio onde os herdeiros iriam residir e crescer ao lado do pai. Nenhuma das mulheres gostaram disso, nem mesmo elas conseguiam ver o próprio marido todo dia e a criança de cabelos prateados conseguirá isso com o primeiro respiro.
Mas havia algo que elas odiavam mais.
A única coisa que somente os primeiros herdeiros conseguiram tomar.
Os olhos vermelhos de Killian
O maior sinal de horror foi ver que a criança da mãe morta foi abençoada com os olhos de rubi de sangue do pai.
Convivendo com o único irmão mais velho, Liam teve uma grande surpresa ao descobrir que uma menina pálida já morava na casa antes mesmo dele chegar.
A primeira divisão em sua relação.
Talitha teve os mesmos ensinos e cuidados desde que começou a crescer, aprendendo todos os tipos de coisas que se pudesse imaginar. E quando cresceu acabou se tornando a tormenta das mulheres da casa.
O ódio era mútuo.
Mas agora nenhuma delas se preocupava muito com o final.
E Liam não desejava mais que isso.
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Ter que se amarrotar no roupão longo e rosado era um teste para a paciência de Talitha.
Os empregados se esgueiravam pelas paredes sabendo que o dia mais agitado já tinha começado da pior forma. A paciência da princesa já estava aos limites e ela jurara aos deuses que qualquer coisa poderia acabar com seu temperamento, seu pai ficaria completamente furioso porém todo esse barulho tinha se tornado o limite.
Abrindo as portas da grande varanda principal Talitha deixou o ar fresco da manhã levar a cauda fina e sedosa do roupão para trás.
Se apoiando na borda ela encarava cada uma das mulheres que tomaram a atenção de seu pai e se tornaram parte de seu suposto coração, todas abençoadas pelos deuses. A maioria delas sempre ficava um pouco atrás se preparando para a discórdia que sempre as acompanhava para a reunião, entretanto somente uma permanecia inabalada.
A primeira mulher e verdadeira rainha de Parastin.
Blyana.
A única que se revoltou quando foi separada do marido e logo depois do filho. E sua mais divertida inimiga. Para ela a princesa não era mais nada da lembrança de uma mulher que conseguiu algo que ela nunca, jamais teve. O amor e consideração se seu marido.
Vinda de um casamento arranjado havia sérias restrições que seu pai tinha colocado, ela obedeceu e se colocou ao seu lado como uma estátua de pedra. Contudo a chegada da mulher aparentemente desconhecida e o grande afeto que seu marido lhe ordenava tinha mostrado a verdadeira face da rainha.
E Talitha sempre a lembrava o quanto ela fracassou.
E a princesa adorava ser a razão de sua repulsa.
--- Então já está acordada, deveria esperar isso de você --- Uma voz masculina muito conhecida soou.
--- Elas fazem um barulho imenso porque sabem que tenho problema de sono --- desgraças Talitha pensou.
Se apoiando em seu lado, o corpo forte e arrumado encarou a mãe ainda na frente da entrada. Liam Miykal o herdeiro homem do reino de Parastin.
A princesa encarou os cabelos escuros e a pele levemente bronzeada como se ele só tivesse aproveitado os últimos quinze minutos de Sol do verão, muito diferente da pele rosada e cabelo prateado de Talitha. Mesmo que ela tomasse Sol a única coisa que causaria seria uma grande porção de seu corpo se tornar vermelha.
Na maioria das vezes umas boas queimaduras.
--- Promete que vai se comportar?
--- Promete que elas não vão encher minha paciência como cada ano?
Um lado de seu lábio fino subiu com a provocação de irmãos, isso a era o mais perto de uma afeição que eles poderiam chegar.
Era algo respeitoso, mas ainda restrito.
E nenhum deles se importavam com isso, isso era bom.
--- Pai ainda não saiu do escritório? --- Ela perguntou.
--- não, continua enfurnado como sempre --- ele disse --- mas já que não quer ver toda a cavalaria contra você, poderia chamar o pai para mim?
--- Sua ordem é um desejo.
--- Obrigada Tali.
Tali.
Um apelido de infância escolhido por Liam na primeira vez que se viram. Talitha tinha adorado quando ouviu pela primeira vez, mas agora era como uma lembrança antiga de como era os dias bons.
Ela deixou o irmão a beira da varanda acenando para sua mãe enquanto ia em direção ao elevador principal, pelo corredor conseguia ver os quadros de todas as mães e seus filhos ainda recém nascidos. Todas estavam sorrindo cheias de energia pela nova vida em seus braços.
Mas eram somente quadro pinturas, uma sempre estava faltando. Reyna estava faltando e Talitha tinha se acostumado a conviver sem sua presença.
Mas ainda sim, parecia que algo estava faltando. Deixando uma leve angústia em seu peito quando se apertava mais no roupão e voltava a andar ainda mais rápido.
Ainda mais quando começava a esquecer como imaginara no rosto da mãe.