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Cronics

LiketheLay
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Synopsis

Chapter 1 - O Indesejado

Deus, ou os Deuses; é claro, dependendo da religião; são conhecidos por serem superpoderosos e perfeitos. Bom... Apesar de tal poder grandioso ser uma história fatual, a famigerada perfeição é apenas uma metáfora da fé; invenção humana para os mesmos se sentirem seguros em sua cega devoção.

Algo verdadeiro sobre a prole da existência é o vosso orgulho. Se acham tão invencíveis que seja a ser embaraçoso.

Apesar da metáfora da fé, por milênios, os Deuses eram realmente considerados perfeitos. Não por achismos, ou altivez, mas por nunca cometerem erros de fato. Nunca...

Desde a criação do mundo tangível, incontáveis vezes, Takada; o maior continente; foi o centro de uma maldição divinal. Segundo a história, derivado do erro de um Deus. Fluxos de poderosas batalhas, moldadas; a maioria das vezes; pelo mesmo motivo. Acontecimentos sem importância como discussões familiares de curto prazo (que deveriam ser) ou inveja. Essas são as reencarnações de Urayamashi e Rillyt, irmãos de sangue.

Há quase 14 anos; também como há 51 anos, 91 anos, 129 anos; as presentes reencarnações desses Deuses realizaram o papel qual lhes foram preparados: Enfeitar o solo de Faraldur com o sangue de seu adversário. Mas, durante a luta, estavam acompanhados por uma terceira sombra; a causa da ambiguidade do destino dos irmãos antagônicos.

A reencarnação de Urayamashi, o irmão bom, deveria ser derrotado e morto por Rillyt, apesar de ser um acontecimento trágico. Foi o contrário do que houve, pelo auxílio da terceira sombra. Seria um acontecimento bom, se as consequências não fossem as piores. Até mesmo para seu filho.

...

Por lei, os Faraldinos possuem dias específicos para ir à Solcz; a cidade comercial de Faraldur. Tradição fundada a fim de facilitar a interação entre os habitantes e organização durante os dias restantes da semana.

Era fim de um dia comercial, todas as divisórias de Solcz estavam lotadas de pessoas caminhantes. Muitos deles preferiram seguir o caminho do bosque de Barddone, já que sempre foi um lugar pacato e agradável.

Um casal de faixa-etária 20/25 anos retornava à vossa casa com uma charrete alugada que carregava tudo o que eles haviam comprado: Carvão, uma nova fornalha, velas, tábuas, gordura de ollie, etc.

Quem a puxava era o marido; chamado Garald Heredino. Jovem que passou a fazer parte da tropa real há pouco tempo. Sua excitação lhe tornou mais prestativo e um tanto econômico(Mão-de-vaca).

– Insisto em dizer que não precisamos de tudo isso, Aileen. — Disse Garald.

– Claro que precisamos! — Respondeu sua esposa.

– Porque precisaríamos de uma madeira perfumada?

– Porque é agradável! Podemos colocar em tantos lugares!

Sua esposa; Aileen Yamaguchi; extraviava sua atenção

com conversas agradáveis para que esqueça do demasiado peso que carregava. Mas, como ninguém é de ferro, Aileen e Garald decidiram descansar na confortável grama verde do bosque.

Segundos após se sentarem, sopra um forte vento do oeste que causa calafrios.

– O que foi isso?! — Disse Garald ao juntar seus braços e tremer, expressando frio.

– É apenas um vento frio. É comum em locais matosos.

– Esse sopro foi diferente. – Afirmou Garald, pensativo.

Depois de a conversa acabar, Garald e sua esposa ouvem o choro de uma criança de poucos meses. O som provinha de uma árvore qual o casal já havia passado. Logo, se aproximaram. Ali, havia uma pequena toca em um espesso tronco, onde estava o bebê, coberto por uma manta branca.

– Uma criança?! — Aileen expressa dúvida e choque. – Como veio parar aqui?

– Foi aquele vento!

– Ele não é tão leve assim!

– Ele não foi trazido pelo vento. Não literalmente. Foi um feitiço.

– Essa coisa de magia ainda é nova para mim.

– O líder do tirocínio real falou sobre esse feitiço na primeira semana. É uma conjuração rápida. Quem usou,

eventualmente, queria o salvar de alguma coisa.

– Será que ele está bem?

– Se seu instinto materno não te diz nada, como eu posso saber?

O choro da criança comove Aileen, que sugere a Garald que levem-o à vossa casa.

– Nós não vamos deixar ele aqui, não é?

– Eu não teria coragem de deixá-lo no relento. Eu me sentiria péssimo por toda a vida.

Com delicadeza, Aileen segura a criança e acaricia sua testa coberta por pequenos e lisos cabelos azuis, substituindo seu choro por uma doce gargalhada. Garald carrega sua charrete novamente e caminha à frente.

– Vamos, amor!

– '''Já vou.''' — Disse Aileen com tom baixo e doce, ainda sorrindo para a criança.

Durante a noite, ainda há horas de distância de casa, Aileen se esforça para não dormir em prol do conforto do bebê. Já Garald, era acostumado a passar a madrugada acordado. Na verdade, isso já fazia parte de sua rotina. Reconhecendo o esforço de sua esposa, e mesmo que Aileen se oponha, convence-a a subir na charrete.

– Não está muito pesado?

– Não se preocupe.

É bom ter um pouco de massa muscular e resistência em um momento como esse.

Ao se tratar do bem-estar de sua família, Garald sempre dizia que poderia aguentar tudo. Mesmo que seja um blefe.

...

Se passam algumas semanas após o resgate de Hakken. Naquela madrugada fria, Garald lia um livro sobre feitiços e guerras; uma lição do tirocínio real. Sua esposa dormia profundamente em seu quarto. Hakken começou a chorar, rapidamente alertando-o.

– Do que precisa, campeão? Só espero que não seja fome. Ultimamente, sua mãe anda cansada e está em seu décimo sono no momento. Espero que esteja tudo bem com ela. — Disse Garald com uma moderada preocupação em sua voz.

Mesmo que seu filho não houvesse comido nas últimas horas, Garald deu leves tapas em suas costas; colocou-o no berço e o cobriu; cantou a doce canção.

Nada que Garald fizera acalmava Hakken. Apenas restou uma justificativa para o pranto.

– Fome... Deve ser por isso que sua mãe anda cansada. Você é um rapaz faminto! Parece que eu vou ter que acordar Aileen.

– Não é preciso. Já estou aqui. — Disse Aileen, sonolenta, comovendo seu marido.

– Me perdoe! Eu não consegui o acalmar. Juro que fiz tudo o que eu podia.

– Não se preocupe.

Aileen tentou o alimentar, mas, Hakken rejeitou. Então, assim como Garald, Aileen cantou a doce canção.

– Eu já tentei. Não adiant- — Surpreso, não terminou sua frase. Hakken voltou a dormir ao ouvir a agradável voz de sua mãe. – Como? Eu também cantei...

– A doce canção foi criada para pessoas de voz doce cantarem.

– Está insinuando que minha voz é amarga?

– Não. — Disse Aileen, com tom de voz e sorriso duvidoso.

– ...Hm. — Com expressão arisca, Garald se "conformou".

– Sabe que estou brincando, não é?

– Não. – Garald bufou e passou a evitar olhá-la nos olhos.

– Hihi. Eu estou brincando. Sua voz é maravilhosa também.

Com um sorriso bobo, Garald a abraçava. Seu outro filho; dessa vez biológico; os observava, aparentemente enciumado. Por curiosidade, seu nome foi escolhido por sua Aileen: Yasashi Yamaguchi.

Ao perceber que seu pai o viu, se aproximava:

– O-oi, meu filho. Nos perdoe pelo choro. Agora, ele já se acalmou. Pode voltar a dormir, tudo bem? – Disse Garald, com tom intimidado.    – ...

– Você está bem, meu amor?

– ...

Mesmo com o tom brando de Aileen, Yasashi continuou calado e imóvel; o que os intimidou ainda mais. Eles se entreolharam, concordando que Aileen deveria resolver a situação por seu comportamento doce e delicado.

– Vamos dormir? Já é bem tarde. – Disse enquanto levava Yasashi ao seu colo.

Desde sempre, o pequeno Yasashi fechava seus olhos assim que sua mãe o levava ao seu colo. Aqueles passos leves e cantarolar terno enfeitiçaria qualquer um. Dessa vez não foi diferente. Garald expirou com força, aliviado.

– '''Aileen Yamaguchi salva o dia novamente.'''

Aileen coloca vosso filho em sua cama com o mesmo carinho de sempre.

Ao se deitarem, uma preocupação inquieta a mente de Aileen.

– Eu estou preocupada. E se-

– Uma hora ele vai se adaptar. Aos poucos, ele se tornarão bons amigos. E vão se aproveitar dessa amizade por muito tempo. – Com um sorriso, Garald tenta confortar Aileen.

– Eu desejo que esteja certo.

...

Havia uma ótima notícia para os Odisseios. Uma lenda se espalhava pelo mundo há dias, semanas, meses, anos, décadas ou séculos. Ninguém sabia de verdade sua "data de nascimento". Nem mesmo os reais... Nisso, eu desacredito convicta e absolutamente. Mas, esquecendo isso por ora, essa é uma famigerada lenda que desperta o interesse de muitos. Mas, é claro que a minoria deles pensa seriamente em comprovar a existência dos 12 templos.

A história diz que cada um desses templos resguarda um item apelidado carinhosamente de nefasto. Retornando um pouco ao assunto dos reais: A melhor coisa que poderiam fazer é fingir que não fazem a mínima idéia do que sejam eles para evitar perguntas e associações. Quanto mais habitantes acreditarem que os santuários são apenas especulações melhor.

Acabando com todos esses achismos: Há alguns anos, uma sombra havera invadido um dos templos; de Velmegun. E apesar de ter se passado tanto tempo, o incidente ainda não foi descoberto.

Haviam muitas coisas naquele chão além da grossa poeira: Líquidos estranhos e repulsivos, corpos cobertos por vermes, esqueletos, elmos, couraças, espadas e tudo mais o que pode ter sobrado de décadas de quietude e de homens destemidos e um tanto tolos. Tudo o que dizia que seja lá quem for o invasor, ele não foi o primeiro. E improvavelmente, o último.

Seria um dislate achar que passar por aquele santuário seria uma missão fácil. Apesar da escuridão quase total, era possível ver um enorme vulto de uma criatura por contas de pequenos raios de luz que ultrapassavam espécies de basculantes. Aquela sombra gigante... era um dragão? Não, eles não existem. Era um Kondrion, que felizmente para a sombra, estava dormindo.

De forma habitual, ele caminhou até o fim de um extenso corredor onusto de armadilhas. Auxiliado por sua magia transparente; poder capaz de transformar um corpo de tangível à intangível, como um fantasma; seu trabalho se torna fácil. Assim, captura o item chamado Totem de Sath; similar a uma ampulheta.

A sombra o quebra, expelindo uma densa fumaça. Tão densa que bloqueou a pouca luz quando se aproximou dos basculantes. A quebra do item também produziu um som estridente que acorda o Kondrion. Com a desordem no santuário, a sombra desaparece.

...

Se passou quase doze anos depois de o resgate de Hakken. Garald e Aileen já precisavam se preocupar com algumas linhas de expressão e dores nas articulações e nas vértebras. Não, eles não estavam velhos. Não se passou tanto tempo assim. Mas nunca é tarde para se preocupar com a saúde, não é?

Yasashi se tornou um adolescente pavio-curto e impetuoso; Hakken, um pré-adolescente circunspecto e não muito simpático. Uma doce mistura de ingredientes para uma agradável turbulência.

Desde que Hakken chegou à casa, muita vezes, Yasashi; seu irmão mais velho; se sentiu menos importante. E, às vezes, indiferente. É até compreensível o garoto ter desenvolvido seu tipo de personalidade depois de tanto tempo de convivência com esse sentimento corrosivo.

{

Hakken estava aprendendo a andar. Se passara alguns meses após seus pais adotarem-no. O pequeno bebê já conseguia dar alguns passos sem levar as mãos ao chão. Com muita atenção, Garald e Aileen observavam seus lentos passos confusos com as melhores expectativas.

– Não vai demorar para que ele consiga andar alguns metros sem pôr as mãos no chão. — Disse Aileen, com a voz serena, apesar de estar eufórica.

– Esse é o meu campeão! Yasashi demorou um pouco mais de um ano para isso.

Yasashi estava entediado e deitado em sua cama... Ou quase isso. Não sei bem descrever aquela posição. Suas pernas estavam apoiadas na cama e seu tronco... Ele estava de cabeça para baixo. Enfim... Quando o tédio o convenceu, Yasashi se levantou e caminhou em direção do quarto de seus pais, querendo brincar com vós. Mas, eles adiaram por estarem concentrados aos passos bambos do pequeno.

– Não vai demorar muito para nós irmos, tudo bem? É que esse é um momento importante para o papai e a mamãe. – Disse Aileen com voz doce enquanto segurava as mãos de seu filho.

– Tá bom. – Disse antes de abraçar sua mãe.

Apesar do momento fofo, durante todo o dia, Garald e Aileen não lembraram do que deviam a ele.

...

Yasashi tinha 7 anos quando foi registrado na academia de magos. O pequeno jovem não conseguia se conter por sua euforia.

Quando voltou de seu primeiro dia, desejava dizer tudo o que aprendeu, pessoas que conheceu e coisas que comeu(XD).

– Mamãe! Papai! Eu voltei! – Chamou-os com tom alto de voz.

Tudo estava silencioso... Talvez seja uma festa surpresa, apesar de seu aniversário ainda estar distante. Ou seus pais apenas estejam brincando com ele. Era o que achava e desejava.

– '''Eu vou encontrar vocês.''' — Disse baixo e sorrindo "maquiavelicamente".

Yasashi fechou seus olhos por um momento e manteve-se parado, concentrando-se em sua audição. Sem muito intervalo, ouvia um baixo ruído provindo de seu quarto.

– Achei!

Ao correr até na direção do som, observa seus pais com Hakken, seu novo companheiro de quarto. Seu semblante alegre esfria, se tornando uma expressão amarga.

– As mãozinhas dele...

As mãos de Hakken expressavam um brilho branco.

– Hakken já está despertando o seu poder!

– Isso não deveria acontecer agora.

– Esse é o meu campeão!

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– "Meu campeão." — Imitou Yasashi, de forma imatura. – Eu nunca recebi um apelido carinhoso que seja. Até parece que ele é filho de vocês, e não eu.

Hakken entrava no quarto enquanto Yasashi resmungava como um velho calvo amargurado que vive a base de loções para crescimento de cabelo. Seu olhar enfurecido chamou a atenção de Hakken.

– Porque está me olhando com essa cara? — Disse Hakken de forma fria, como de costume.    – É a única que eu tenho.

– Parece que sim.

– Você não faz idéia o quanto eu odeio seu jeito.

– O que você não odeia em mim? ...Eu te trato da mesma forma que trato meus pais.

– Esse é o seu problema! Age como se fosse da nossa família!

– ... — Hakken apenas desviou seu olhar ao entender o que Yasashi quis dizer.

– Você foi abandonado no meio do mato! Sua sorte é que os meus pais são as melhores pessoas e não deixariam você morrer lá!

Seus pais chegaram a tempo de ouvir o que Yasashi disse e se mostraram tensos de diferentes formas. Hakken se mantém inexpressivo.

– Yasashi!!! – Disse Aileen com a voz séria e furiosa, precedindo um longo sermão.

– Como voc-

Garald é interrompido pelo choque que sentiu; Yasashi se retirou sem dizer nada. Logo, Aileen o seguiu. Que Garald se explique sozinho, não é mesmo?

– Filho... — Garald diz com a voz preocupada.

– Não preci-

– Antes de dizer qualquer coisa, me ouça.

– Tá.

– O que Yasashi disse não é totalmente verdade. Nós te encontramos sim, mas não "no meio do mato." A verdade é que você estava na toca de uma árvore. Foi parar lá com algum tipo de feitiço de teleporte rápido.

– ...Se fui parar lá com um "teleporte rápido", meus pais ou quem fez isso estava com pressa. Mas por quê? Eu corria algum risco?

– Eu ainda não tenho essa resposta. Mas, o fato é que você não foi abandonado. Provavelmente, eram seus pais que queriam apenas te proteger.

– Porque ainda não vieram atrás de mim? Já se passaram 13 anos.

– Talvez, eles não possam.

– É...

– Você pretende ir atrás deles? — Disse Garald, inseguro.

– É claro que não. De qualquer forma, eu não tenho pista alguma.

– Se você precisar de um tempo para assimilar tudo isso, tudo bem. Eu vou entender.

– Não, pai.

– Está falando sério? — A insegurança de Garald se converte em surpresa.

– Sim.

– Que alívio. — Disse ao expirar com força.

– Não entendo o porquê de tanta tensão.

– Não é nada demais. É só...

– Tem medo de me perder para os meus verdadeiros pais?

– Se eu disser que não, eu estaria mentindo.

– Não se preocupa... Agora acho que precisa ajudar a mãe. Ela não é muito boa com sermões.

– É verdade!

...