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Chapter 2 - Reportagens e Atualizações

— Tudo certo? Maquiagem, câmera, vista? — disse uma repórter bem vestida, trajada de terno e calça justa, com o cabelo liso e lambido, amarrado por um rabo de cavalo. Falava com câmera man gordinho, que checava todas as possibilidades de erros na gravação. Entraria em live em poucos segundos. Para responder a moça, ele deu um positivo com a mão direita.

A situação era a seguinte: os dois receberam no ponto eletrônico que o âncora chamaria a repórter logo logo.

Ela respirou… Suspirou…

Ao vivo em 3, 2, 1…

— É isso mesmo, Rômulo. Estamos de frente a estação de Demi-Humanos, uma filial no Rio Grande do Norte, Natal. 

Ela segurava o microfone nem com firmeza, nem com leveza. Ela sabia exatamente o que estava fazendo.

— Para aqueles que não recordam, em 2125, a ciência evoluiu a tal ponto para ser capaz de modificar o DNA humano por completo, chegando até a criar novos seres vivos. Os responsáveis por isso foi o grupo japonês, NAKADA. 

Disse a repórter apontando para a logo em cima do nome da Estação.

— Originalmente o intuito do projeto era para trazer animais extintos recentemente a vida. Durante um dos estudos uma nova linha de pesquisa foi aberta, a doa Demi-Humanos.

Eles estavam fora da Estação, que mais parecia um hospital. O interior era coberto por janelas escuras e a única parte visível era a entrada, que de vez enquanto passavam pessoas para fazer a porta automática abrir.

— Somente algumas décadas depois a Estação De Demi-Humanos chegou e se espalhou no Brasil devidamente. Muito se perguntam para que serve um Demi-Humano e as diversas ramificações!

Então, um rapaz de aparente 18 anos saiu da estação com o que parecia ser uma garota pássaro. A repórter os abordou sem demora.

– Olá, boa tarde! Pode nos dizer um pouco o que o senhor veio fazer hoje?

O rapaz sorriu, quase com um sorriso debochado.

— Então, eu vim aqui acompanhar a minha irmã, que é essa que tá do meu lado. Ela não pode falar agora, por causa da cirurgia. Como ela não aceitava o próprio corpo, ela resolveu fazer a cirurgia pra mudar de aparência. Ela escolheu tomar a injeção do azulão, né. Ela gostaria de ser uma águia careca, o símbolo americano, mas como a… A…. NAKADA Brasil só trabalha com animais brasileiros, esse foi o animal escolhido. E tá tudo bem.

— E tá tudo bem. — repetiu a repórter. — Qual é seu nome? 

Ele fez o símbolo da paz com a mão. — Erique Dias. — se despedindo.

— Vocês ouviram de Erique Dias. Vamos mandar mensagens positivas para sua irmã. Vai dar tudo certo. É com você, Rômulo!

A câmera desligou… Foram se arrumando para entrar na Van da emissora. A repórter bateu o olho para dentro da estação mais uma vez. Seus olhos ficaram estranhos: amarelados e selvagens. Ela tinha a visão de um lobo, e o usou para ver se tudo estava bem com sua namorada, a repórter que iria continuar a reportagens com o cientista chefe da estação de Natal. Não percebeu a mão de seu colega tocam seu ombro.

— Se já terminou de tratar ela como uma boneca de porcelana… Vamos logo Olho de Biloca.

Ela sorriu, batendo nas costas do colega.

— Já não tá na hora de mudar meu apelido, não?

Na sede da grandiosa Voz Do Cacique, filial Nordeste, estava o âncora, Rômulo Sampaio, rapaz branco, baixo, magro, bem trajado com um terno. Ele fez seu papel de fazer a programação de notícias continuar.

— Então, obrigado Emylle. Tivemos aí a participação especial de Erique Dias, que levantou um dos motivos para ir até a estação de Demi-Humanos. Minha família mesmo, minha prima optou pela cirurgia e anda feliz e contente… Então, vamos passar para Andreia Faruttine, que irá entresvistar Carlos Nunes, cientista chefe e representante Brasileiro da NAKADA. Tudo certo aí, Andreia?

A câmera da televisão passou do interior da sede, para o interior da Estação dos Demi-Humanos. A repórter Andreia, outro câmera man e o cientista. Este, que se vestia como se tivesse acabado de sair de uma cirurgia de alto risco. A entrevista estava prestes a começar.

— Tudo certo, Rômulo! Estou entrevistando o Sr. Carlos Nunes. E, Sr. Carlos, me diga… Qual a necessidade de um Demi-Humano? Quais são os tipos de Demi-Humanos? E principalmente, qual é a nova inovação que trouxe de volta este tema… De Demi-Humanos?

Ela aproximou o microfone para o rosto do homem, que estava de mascará.

— Bem, primeiramente desculpe a demora para começar a entrevista… Ãh… Os Demi-Humanos são a prova de que nós, como seres humanos, podemos conseguir qualquer coisa, basta querer. É uma ideia que vem sendo desejada desde do século passado. Se a… Pandemia do Covid-19 não tivesse ocorrido, né. Se a Era Encarcerada não tivesse ocorrido, a ciência conseguiria fazer… Criar os Demi-Humano, ou projetos simples deles, em 2025, pelo menos começar.

Ele limpou a garganta.

— Ãh… A necessidade de haver Demi-Humanos, está em ajudar pessoas que não aceitam seus corpos, em aumentar a produtividade e até… E até… Em ajudar as pessoas em geral. Nós não acreditamos em nenhum tipo de preconceito, e graças ao nosso projeto, o índice de suicídios vem despencando, conforme mais Demi-Humanos andam pelas ruas. A sociedade evoluiu num ponto né… Que há trabalhos e cargos exclusivos para Demi-Humanos, ou que eles tem mais facilidade em… cumprir.

Parou um pouco.

— Atualmente temos dois tipos de Demi-Humanos, que são os com habilidades e os sem. Por exemplo, a pessoa só quer ter os olhos de uma cobra, mas não enxergar como uma. Podemos fazer isso caso a pessoa queira. Importante falar que não passamos os instintos animais. Tivemos alguns problemas nas fases teste, mas atualmente não passamos os instintos, então sentimentos de alpha, de beta, vontade de caçar… Não são passadas, óbvio.

Chegou a hora de acabar.

— Bem, não posso falar muito sobre esse último ponto, além de que estamos trabalhando numa forma de ajudar outros setores. Nosso maior lucro está na questão… De Saúde, como uma forma de tratar depressão, achar uma facilidade na recuperação de doenças terminais. 

— Então vocês pensam em criar uma empresa irmã só pra focar no entretenimento? — Perguntou a reporter.

— … Exatamente, isso mesmo.

Eles balançaram a cabeça e se despediram.

— Muito obrigado pelo seu tempo, Sr. Carlos Nunes. Então essas teorias se provaram verdade. Uma atriz famosa, A Luana Mendez, ter se tornado uma Demi-Humana para fazer um papel importante em seu próximo filme gerou um pouco de bafafa.

— É compreensível. Nem todos sabem que o retorno para o estado de humano normal é um procedimento simples, que não dura nem quatro horas. Lembrando que para se tornar um Demi-Humano você precisa ter no mínimo 14 anos e… Para voltar a ser Humano, três meses após a operação. É isso.

"Finalmente acabou", ambos pensaram.

Deixando os repórteres de lado, o doutor Carlos Nunes seguiu por um corredor entrou numa sala, a sala que un dia foi de vacinação, se tornou um lugar para pura alegria e diversão, já que antes de ser uma Estação De Demi-Humanos, era um hospital abandonado. Aquela sala era para os curtos 15 minutos de recreação entre os profissionais.

Com a porta fechada, o som não se espalhava. A sala estava vazia, e mesmo que tivesse pessoas lá dentro, eram todas de confiança. Ele abriu seu telefone - tecnologia antiga só usada por criminosos para não deixar rastros - e ligou para alguém.

"Eles já foram embora?"

"Conseguiram captura-lo?"

"Ótimo".