Chapter 2 - Denodo

Vigésimo sexto dia da Primavera, Ano 178, 2° Era.

Após algumas horas de viagem caminhando a pé pelo enorme e desconhecido continente de Gran Velon, nosso grupo de aventureiros acabam que encontrando uma estrada secundária, logo após passarem furtivamente pelo vilarejo de Drachen, que dava do portão principal da mesma até as verdes planícies abertas ao sul, denominadas carinhosamente por Lucius como:

— As planícies da desgraça. — Exclamou o coboldo enquanto fazia a sua caminhada para a mesma.

— Mas por que esse nome? — Indagou Adrios com uma certa curiosidade.

— Rirvog, por favor explica que eu não tenho paciência. — Pediu Lucius com certa familiaridade com o esqueleto.

— Na segunda era, durante os anos cinquenta e oito, e sessenta e um, esse lugar foi palco de uma guerra divina, entre dois supostos herdeiros ao trono de Sonnen. A Madame Amila Attendraque, filha do antigo Rei Dragomir I e o Meio-Elfo Maison Dernor, conhecido como "O Rei Misógino", que não aceitava uma mulher sequer no trono. De forma resumida, estes campos após ambos desistirem e se casarem, acabou se tornando um cemitério de tantos corpos e destruição que a guerra causou, eu mesmo vi tudo isso com meus próprios olhos. Esse lugar aqui não possui vida nenhuma, um cenário cinza e nefasto como eu. — Explicou Rirvog a Adrios enquanto se aproximavam da mesma.

— Aliás Rirvog, me desculpe perguntar isso mas, a quanto tempo você está "vivo"? — Inquiriu Adrios.

— Quem sabe, estou assim desde a queda de Akysia e isso faz o que? Mil anos? — Declarou o mesmo.

— Entendi, e você se lembra da sua vida antes de se tornar um morto-vivo? - Investigou o garoto.

— Pouquíssimo, só dos meus últimos anos. Eu era um soldado e estava me preparando para a guerra. Tinha uma pessoa que eu amava, mas como eu nunca me dei bem com espadas e afins, fui comandado em guerra mas acabei falhando em minha missão. Então acordei desse jeito aleatoriamente, logo após no meio de um campo de guerra somente com corpos, aproveitei e decidi viver uma nova vida. Nunca é tarde para se aprender algo novo garoto. — Garantiu Rirvog.

— Acho que você está certo, tem tanta coisa que não sei sobre o mundo e pelo visto magia é só um pequeno pedaço dela — disse Adrios — e aliás, sobre aquele meu sonho pessoal.

— Não acho que sonhos sejam lá aquela coisa importante enquanto estamos andando em uma área aberta. - Deixou claro Lucius.

— Desculpa, mas eu acho meio importante explicar, eu nunca tive um sonho assim. Até pensei que fosse um sonho "lúcido" como as pessoas falam mas... — Discerniu Adrios quando no último instante foi parado pelo coboldo:

— Pera, vai me dizer que teve algum tipo de visão? — Questionou o Lucius?

— Ele não tem motivos pra mentir Kastus, sabe disso. — Aclarou Rirvog.

— Tá, tá, só diga guri. — Replicou o coboldo.

— Eu não me lembro ao certo tudo mas, daqui a dois anos, será o fim do mundo? Um tipo de criatura bestial, com seis chifres, seis asas e seis membros irá destruir a própria realidade onde vivemos. — Explicou Adrios enquanto Rirvog e Lucius paravam para ouvir o mesmo - Aquela "coisa" que me explicou isso, disse que eu tinha deter isso de ocorrer.

— Adrios, você tem a pura e total certeza que você não comeu nenhum tipo de cogumelo na floresta antes de dormir? — Investigou o coboldo com uma certa preocupação.

— Não, eu só fui dormir. — Responde de forma honesta ao mesmo.

— Então isso muda tudo Lucius. — Comenta Rirvog.

— Ah que ótimo, vamos parar em um lugar e pensar, tudo bem pra vocês? — Pergunta o Lucius. -Tem uma entrada para um dos túneis de guerra aqui perto, se não me engano, me sigam.

Lucius acabou guiando eles até um buraco, que pela visão de Adrios parecia normal além do fato do seu tamanho exagerado. Após descerem um por vez, Lucius primeiro seguido por Rirvog que de sua mochila acabou acendendo uma lamparina que levou em suas mãos, e logo após Adrios finalmente. Pulou, seus pés bateram de forma brusca mas felizmente, nem se machucou, tratou-se de um metro até o chão, que dava-se a uma parede inclinada de terra para baixo, o garoto aproveitou e deslizou, diminuindo a sua velocidade com suas pernas, e peso, a cada possibilidade que conseguia.

Com essa descida eles se encontravam em um túnel escuro, o pouco da luz da lamparina mostrava sobre o caminho, feito de terra e sustentado por pedaços de madeira encontrados nas quinas das passagens. Adrios que ficou surpreso com tal estrutura acabou que perguntando:

— Esses túneis foram usados na guerra? — Questionou ele com uma cara de admirado.

— Sim, sabe aquele lance de trincheiras? Tipo isso, só que pra passar com muito mais facilidade os soldados, e não levarem uma bola de fogo na fuça. — Explica Lucius.

— É o melhor lugar pra descansar, tirando o fato das criaturas que usam esse lugar pra se alojar. — Alegou Rirvog enquanto encarava Adrios esperando uma reação.

Adrios não comentou, e os três seguiram caminho a dentro, e após uns minutos de caminhada com bastante cuidado no escuro eles encontraram uma passagem à direita deles, uma área provavelmente usada para descanso.

— Vazia? — Perguntou Adrios.

— Sim, achou que ia ter mesmo bixo? — Questionou Lucius. — Rirvog tava brincando com você, muitas pessoas passam por aqui, dificilmente tem algo. Vamos nos arrumar e resolver a situação. — Informou Lucius enquanto jogava sua mochila em um dos cantos da parede.

Eles pararam por um instante e começaram a se arrumar, colocaram os colchões e a lamparina no meio do local. Sentaram-se em seus respectivos colchões e começaram a conversar:

— Seguinte, se esse lance que você teve for real, a gente vai ter de mudar nossos planos. Já não basta essa marca bisonha, sem querer ofender claro. Mas agora uma profecia? Vamos ter de falar com alguém sobre isso lá na casa da desgraça que vai chamar a gente de louco! - Declarou exclamando o coboldo enquanto colocava suas mãos no rosto com uma devida expressão de preocupação.

— Não que seja ruim, olhe pelo lado bom. Acho que vamos lucrar muito mais se aquilo que o garoto falar for verdade, irão escrever histórias e músicas sobre nós. Isso não é incrível? — Expôs o esqueleto tentando convencer o seu colega.

— Ah ótimo, agora temos de salvar o mundo. Obrigado ó Sonen por ter me dado essa oportunidade. — Diz Lucius de forma sarcástica debochando-se da situação, enquanto se sentava de joelhos agradecendo-o.

— Bem, eu não estou pedindo que a gente faça isso. Só achei importante mencionar. — Exprimiu Adrios.

— Olha, profeta ou sei lá. A gente vai fazer o que sua "visão" pediu pra você, mas, se eu acabar na fogueira é sua culpa, entendido? — Enunciou o Lucius para Adrios.

— Tudo bem, e aliás sobre a questão do treinamento? — Questionou Adrios.

— Cacete moleque, me deixe dormir um pouco. — Suplicou para o garoto enquanto dava as costas pro mesmo e tentava dormir.

— Tudo bem, depois você me ajuda. — Disse Adrios, que acabou se desanimando com tudo que tinha acontecido, lentamente se deitou no colchão, encarou o teto de pedra e respirou profundamente.

— Relaxe, eu te explico a maior parte da teoria hoje, e amanhã de manhã ele te ensina com a prática. — Assegurou Rirvog.

— Tudo bem então, o que é magia de "Aniquilação"? — Inquiriu o garoto enquanto olhava deitado para Rirvog .

— A magia de Invocação de forma resumida é a mais ofensiva de todas categorizações de magia, o portador utiliza o controle elemental para deferir golpes no inimigo como você fez daquela última vez.

— Sério? Então é daí que ficaria a famosa bola de fogo, mas falando sobre fogo. Vocês comentaram sobre um tipo de "proficiência" correto? — Questionou.

— Ah, isso. Cada pessoa nasce com um tipo de proficiência a um elemento, você provavelmente nasceu com fogo, no meu caso tenho proficiência com o vento, e o coboldo aqui com eletricidade. — Explicou Rirvog. - Mas não se preocupe, não é como se você sendo proficiente a algo fosse te proibir de controlar outros elementos e afins, só te deixa muito mais fácil de controlar.

— Faz mais sentido. — Disse Adrios enquanto prestava atenção na explicação.

— Resumindo o resto, que eu me lembre. Magias de adivinhação servem para tentar prever o futuro mas possuem uma enorme chance de falha. — Concluiu Rirvog.

— Já ouvi falar sobre, tinha uma madame uma vez na vila. Ela dizia ser vidente e tudo mais. É isso? — Questionou Adrios.

— Sim, exatamente isso. — Respondeu. — Mas continuando, magias de alteração servem para alterar a própria realidade, muitos estudam em conjunto com alquimia justamente pra tentar transformar outros minérios em ouro, mas infelizmente que eu Rirvog saiba, ninguém conseguiu.

— Pera, e isso é possível? — Indagou o garoto. — Isso parece papo de louco para mim.

— Tudo é possível com mágica garoto. — Explicou Rirvog. — Claro que você precisa ter uma mente e confiança tão afiadas quanto uma espada, mas creio que sim, seja possível.

Adrios que ouvindo a explicação proposta pelo seu companheiro morto-vivo, acabou que com sua mão direita, pegando uma das pedra que se encontrava-se ao chão do local. De certa forma concentrado enquanto Rirvog parou sua explicação para prestar atenção na tentativa do garoto. Adrios fechou seus olhos e se deparou com o vazio, o mesmo sentimento que sempre se batia antes de sair em sua aventura, mas dessa vez era um tanto diferente. Ele sorriu, e quando abriu seus olhos, uma fumaça saia da sua mão direita, não de nenhuma forma o machucando muito pelo contrário, ele se segurava para não rir, cócegas? Enquanto tentava se acalmar, ele finalmente abriu sua palma e viu o próprio milagre.

— Um carvão? — Interrogou-se.

— É algo não é? Um carvão, bruto, mas com um potencial para ser usado, como fonte para a chama. Como seus sentimentos, para quem dizia que não sabia nada — clarificou Rirvog enquanto ria — você é melhor do que eu esperava, e nem sequer usou uma frase.

— Obrigado, então é assim que se usa a magia. — Agradeceu Adrios e se auto clarificou de forma silenciosa.

— Nada, aliás, fique com esse carvão. Talvez algum dia você possa transformar ele em um belo diamante. — Incentivou Rirvog.

— Entendo. — Comentou Adrios enquanto guardava o carvão em seu bolso da calça.

— Alguma outra dúvida? — Perguntou o esqueleto.

— Sociedade Arcana? Foi isso? Não me lembro, algo sobre o livro deles que vocês comentaram. — Indagou Adrios sobre sua dúvida.

— Ah, a "Sociedade Arcana". Ou como ela é chamada oficialmente: O Sodalício Arcanum. — Explicou Rirvog. — Eles são uma sociedade recente que se firmou em Sonnen após a Rainha Lyudimila Attendraque, assinar um acordo cívico para a fundação deles. De forma resumida, eles possuem o primeiro colégio e uma universidade no mundo inteiro de Domüm onde se ensina magia oficialmente.

— Sério? Bem, acho que só foi isso minha dúvida. Muito obrigado Rirvog. — Agradeceu Adrios.

— Nada, só me faz um favor e diminui a chama da lamparina antes de dormir. — Pediu o morto-vivo.

Adrios se levantou e girou a engrenagem para diminuir a chama da mesma. Após isso colocou seu escudo do lado do seu colchão, se deitou e tentou dormir, um pouco agitado porque não sabia o que esperar se tivesse um outro sonho como aquele.

Com o passar do tempo ele finalmente conseguiu pegar no sono, entretanto para ele o seu medo constante, o fez pensar mais e mais afundo no que ele viu. A face da besta, ele não conseguiu tirar da sua mente nem por um instante. Toda aquela destruição e poder, será que ele realmente estava ficando louco? Por que e como ele iria conseguir parar aquela criatura de destruir tudo e todos, ao menos se ela ainda não existir. No fim das contas, ele ficou feliz. Pelo simples fato que em um simples toque de magia, a vida dele se transformou, um pensamento um tanto egoísta dele, mas verdadeiro. Será que um dia ele poderia mudar sua forma de pensar, novamente?

Ele abriu seus olhos e viu seus dois companheiros, ambos esperando sentados em meio ao mesmo lugar.

— Vamos, se apresse que eu ainda preciso te ajudar com o lance das magias, — exprimiu o coboldo — vê se não esquece nada aqui dentro que não vamos voltar.

— Tudo bem. — Dizia Adrios se espreguiçando enquanto se levantava, pegava seu escudo, o colocava em suas costas e arrumava o restante das coisas dele.

O grupo que mal tinha se levantado das suas camas, acabaram se arrumando e continuaram pelos túneis adentro, onde após alguns outros minutos de caminhada pelos túneis rochosos, chegaram finalmente a uma saída. Uma pequena brecha que brilhava com os belíssimos raios de sol pela manhã, consequentemente não se tratava de nenhum tipo de escalada para chegar ao lado de fora como Adrios esperava, facilitando muito mais a vida dos mesmos.

— Finalmente, não aguentava mais ficar preso lá dentro. — Comentou Adrios enquanto reclinava sua coluna graças a dor.

— Você não é o único. — Exprimiu Lucius.

— Bem, achem um lugar lá na frente, que eu vou praticar um pouco da minha música. — Comentou Rirvog enquanto retirava seu cavaquinho da mochila e se sentava próximo da entrada.

Ambos o humano e o coboldo andaram até uma área mais aberta, onde se distanciaram como o coboldo acabou pedindo:

— Ai tá bom, alias, desculpa por ontem garoto, estava estressado. — Pediu perdão ao mesmo.

— Relaxa, eu entendo. Também faria o mesmo se eu fosse você. — Afirmou o garoto ao coboldo.

— Sério? Me surpreende. Mas vamos lá, vamos começar "devagar" hoje. — Assegurou o Lucius a Adrios enquanto tomava uma postura de combate. - E aliás, boa sorte!

Adrios e Lucius se encontravam um a frente do outro em meio às planícies da desgraça, o coboldo que por si estava sem armas, com seus braços abertos, eletricidade era claramente visível pelos seus punhos, suas faíscas ofuscaram em meio a ventania do local, demonstrando certa habilidade do mesmo, graças ao controle que ele tinha, sem sequer possuir nenhum tipo de medo pela instância caótica que a magia causava na sua proximidade. Adrios que mal tinha se preparado após ouvir a fala do coboldo, retirou o escudo de suas costas para colocá-lo ao chão mais ao lado, por segurança do objeto. Fechou seus olhos e tentou se concentrar, ele já havia sentindo-se antes como ele deveria se sentir nesse exato instante, mas replicar tal vontade seria o maior dos desafio para ele.

— Vamos, me mostre a força da sua vontade. — Disse Lucius de forma ensandecida para Adrios, enquanto reforçava a sua forma, a eletricidade corria de maneira mais descontrolada ainda pelo seu corpo.

— Eu não consigo! — Exclamou Adrios abrindo seus olhos.

— Não consegue? Mas você já fez isso antes. — Questionou o Lucius, a eletricidade aparentava diminuir de exaltação.

— Eu não sinto a mesma coisa de antes Lucius. — Alegou ele.

— Olha, a magia é canalizada através da sua força de vontade. — Comentou o coboldo enquanto descansava seu corpo, a eletricidade que saia do mesmo dispensavam-se dos seus punhos para suas pernas, e então em meio ao chão. — O seu desejo, o fogo que arde no seu coração, entende?

— É só eu acreditar? — Perguntou o garoto.

— Isso, tente se concentrar com essa sua mão da marca, deve ajudar de alguma forma, eu acho? Foi com ela que você usou aquela técnica. Só lance qualquer coisa em minha direção. — Pediu o Lucius.

— Tudo bem. — Aceitou o humano.

Adrios colocou sua mão direita a frente, com sua palma aberta em direção ao Lucius enquanto se concentrava. Fechou seus olhos durante uma respiração profunda, pensou naquele mesmo sentimento. O vazio que ali estava, finalmente se encheu por completo, com uma chama ardente.

Uma energia acabou sendo criada, tomou um aspecto fervente de fogo. Com Adrios percebendo o mesmo, ele direcionou a Lucius. O projétil por si tomou o formato de um parafuso em meio ao ar, labaredas circulavam em meio a ela própria em direção ao alvo.

— Boa guri! — Entusiasmado, Lucius gritou.

Enquanto o míssil de fogo ia em direção ao coboldo em uma velocidade surpreendente mas mesmo assim lenta, Lucius teve os milésimos de segundos o suficiente para se preparar:

Seu corpo inquieto respondeu muito bem, suas pernas pareciam não parar de se mover e bater ao chão, como se o coboldo estivesse muito ansioso, mas não se tratava disso, não hoje. Seus olhos brilharam naquele instante, como nunca antes, suas pupilas alaranjadas que eram afiadas como um dragão, se dilataram rapidamente, foram envoltas por um tipo de energia azul. O resto da sua constituição física, parecia ter diminuído seu tamanho, mas em troca, seus pés não eram mais visíveis sequer aos olhos.

Tamanho era a velocidade do pequeno ser, a ponto de antes de sequer o projetil tocar nele, ele desapareceu em meio ao ar.

Adrios assustado por tal, olhou para os dois lados se perguntando onde ele deveria estar e como alguém poderia ser tão rápido?

Entretanto, infelizmente para ele, não precisou esperar muito para descobrir. De cima de Adrios uma voz tão forte como um estrondo de trovão foi-se ouvido:

— аериа елецтрифыинг тыпхон! — Gritava em meio ao céus.

Era Lucius, que descia de uma altura imensa com um dos seus pés cortando a ventania, juntamente com uma energia que se ofuscava em meio a ele, e por fim se moldou por completo escondendo o coboldo dentro do mesmo. Um tufão, negro como as nuvens de uma tempestade acompanhado por chuvas e trovões descia em direção ao garoto.

Adrios sabia que se fosse acertado por isso, ele iria morrer, não tinha o mínimo de ideia do que o coboldo estava planejando. Só tinha uma certeza, nada que ele pudesse fazer, poderia ser tão grande ou forte como essa técnica de aniquilação.

E no instante que o golpe descia, era mais e mais visível o poder destrutivo da pequena criatura. A um ponto que mudou inteiramente o aspecto do ambiente, as nuvens ao céu mudaram de cor e começou-se a chover, junto com uma forte ventania que fez até mesmo o escudo que estava no chão próximo de Adrios, ser jogado para longe, e Adrios ter de se segurar ao chão pelas gramas do local para não ser levado, gritando:

— Lucius, pare! — Exclamou. — Já é o suficiente!

Algo estava acontecendo, Adrios sabia disso e não tinha sequer nenhum sentido para o mesmo.

No instante próximo onde Adrios não teve forças para se segurar mais, o Lucius parou. A poucos metros do chão, ambos caíram completamente acabados.

— Desculpa, eu não sei o que deu em mim. Isso nunca tinha acontecido antes. — Pediu desculpas em meio ao chão o coboldo.

— Viu, parece que eu não sou o único. — Comentou Adrios, rindo ao chão deitado.

— Minha cabeça tá doendo, ouch. — Disse o Lucius.

— Tá com uma marca no braço também? — Perguntou o humano.

Lucius olhou para ambos os antebraços enquanto se levantava e falou:

— Não, nada por enquanto. Mas sinceramente eu nunca teria conseguido fazer aquilo, acho que foi o fato de você estar próximo, sabe? Eu senti algo como nunca antes, eu me senti capaz de fazer tudo, qualquer coisa! - Exclamou o coboldo com um sorriso, enquanto fazia um gesto com suas mãos para cima.

E no momento que eles conversavam uma voz mais ao fundo que aumentava seu tom era escutado por ambos:

— Adrios! Lucius! - gritou Rirvog. — Vi uma tempestade enorme no meio daqui, tive de me esconder para meus ossos não serem levados.

— E não está errado. - Disse Adrios enquanto se levantava. — O Lucius que acabou fazendo aquilo.

— Não, eu não tenho marca no braço que nem o garoto, acho que foi por causa da gregorificação Rirvog. — Explicou Lucius.

— Certeza? Mas vocês mal se conhecem. — Questionou Rirvog.

— Sim, foi o mesmo sentimento só que muito mais presente, a marca dele deve ter intensificado a magia. — Dissertou Lucius.

— O que é isso que vocês chamam de "gregorificação", algum tipo de magia? — Perguntou Adrios.

— Sim e não guri, se trata de um estado da mente. Quando duas pessoas se conectam através dos fios que nos conectam, mas sim pode ser considerado um tipo de categorização da magia. — Declarou o coboldo.

— E isso é possível? — Indagou-se Adrios.

— Sim, através da amizade principalmente, ou algumas substâncias ilícitas. — Aclarou Rirvog.

— Vamos, precisamos sair daqui o quanto antes, sabe se lá do que ou quem podemos ter chamado atenção. — Evidenciou Lucius.

— Só me dê um instante meu escudo acabou sendo jogado para longe, vou dar uma procurada por ele. - Informou o garoto.

Adrios se virou e foi a procura do escudo, pelo que ele se lembrava acabou que sendo jogado para o norte, ele andou e andou a ponto de suas pernas ficarem cansadas e finalmente o encontrou. No chão enfiado de uma forma um pouco estranha, como se tivesse cortado o chão, mas isso não era impossível, o escudo não possuía nenhum tipo capacidade para cortar nada, era antigo e seus lados eram grossos e insuficientes de produzir qualquer dano parecido.

Independente disso, Adrios tinha certeza que deveria ter uma explicação óbvia nesse mundo mágico, ele só pegou o escudo novamente e o guardou em suas costas.

De resto, ele continuou o caminho de volta até Rirvog e Lucius.

— Demorou por que? — Perguntou o esqueleto.

— Estava muito, mas muito longe. — Explicou comunicando Adrios. — Só vamos indo.

— Cara estranho. — Declarou Lucius. — Bem, sigam-me os bons.

Os três finalmente estavam prontos, continuaram com as suas jornadas mais a frente, iriam ainda ter mais três dias de caminhada e a próxima parada seria o vilarejo de Aesen ao leste. O caminho seria longo mas tranquilo, pelo menos era o que eles esperavam.