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Chapter 21 - Capítulo 21: Inabálavel

Mais um dia se passou, e ao acordar, olho para a cena incomum que estava abaixo dos meus pés. Ravaatra estava "dormindo" no chão ao lado da minha cama. Diferente de Bresk, ela parece preferir ficar ao meu lado, talvez seja graças ao instinto de não querer que eu me machuque. Com meus pés, cutuco ela e ela levanta com um olhar irritado.

— Meu sono estava tão bom, por que me acordou?

— É hora de treinar.

Como Crzeck não iria mais ativamente me ensinar, decidi novamente criar um cronograma de treino. A partir das 6, nós três iríamos fazer duas horas de musculação, depois disso, quatro horas somente de artes marciais, Ravaatra concordou em me ensinar seu estilo de luta. Por fim, pedi a Ravaatra me ensinar a lutar com espadas, pedido que ela aceitou sorrindo e feliz, então, todo esse percurso terminaria por volta das 15 horas da tarde, e até as 23h, vou meditar.

Essa será a rotina de treino que irei seguir nos próximos 6 meses, e ao fim dela, Crzeck me pediu para estar com no mínimo 65% da minha mana completa, então retruquei dizendo que vou alcançar os 70%, fazendo ele rir.

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No meu primeiro treino com espadas, esqueci da coisa mais importante, uma espada. Após o ataque à vila, joguei a antiga arma de Sollac em um mato pelo caminho, então, tivemos que improvisar com espadas de madeira. Como o material não era resistente, não podíamos usar nossos corpos melhorados. Isso não foi de todo mal, assim como as artes marciais, tudo fica mais fluido depois que você aprende.

Bresk optou por não participar, ele utilizava adagas quando estava corpo a corpo, então esse tipo de treino para ele seria inútil. Enquanto treinávamos, pude conhecer um pouco mais sobre quem era a Ravaatra.

— Nasci em uma vila nas Terras Perdidas. Quando eu tinha uns… 6 anos, eu acho, meus pais me venderam como escrava.

Meu rosto se contorceu. Não sei o que era pior, perder seus pais ou ser vendido por eles.

— Os escravagistas decidiram passar pela floresta élfica na volta e acabaram sendo interceptados, basicamente, fui adotada por uma família de elfos. Eles não podiam ter filhos, então, cheguei em uma hora perfeita. Meu pai era um general e me ensinou pessoalmente a arte marcial que os militares usam, e também, me ensinou a usar a espada. Assim que fiz 18, decidi me tornar uma mercenária. Passei muito tempo em Vrarian e acabei por aperfeiçoar meu estilo de espada com os dois jeitos de luta de cada nação.

Escutei a história interessadamente, quem diria que uma pessoa que já foi escrava, poderia se tornar tão forte. Passei a respeitar um pouco mais a Ravaatra a partir desse dia.

— Sua base sobre espadas é horrível, pelo menos você não tá acostumado com ela, seria um saco remodelar tudo.

Os primeiros dias foram somente à base, como segurar a espada, onde posicionar o pé e alguns golpes simples. Ravaatra fez uma proposta que aceitei, adoro desafios. Ela iria me ensinar seu próprio estilo de espada, e depois, os outros dois estilos separadamente. O estilo de Vrarian, era focado em força e defesa, o do Reino Élfico de Evraweth, era focado em velocidade e contra ataques. O estilo que ela chama de utiliza o que tem de melhor em cada estilo, mas ela nomeou como dança pelo foco principal ser o jogo de pés.

Ravaatra era até que bem conhecida na capital, segundo ela, alguns nobres importantes da família Solaris chegaram a cortejá-la, mas como uma guerreira, jamais aceitaria fracotes como eles ao seu lado.

— Eu te venci uma vez, o que acha de mim, Ravaatra?

— M-Mestre… Não podemos fazer isso… Mal nos conhecemos…

Levantei uma sobrancelha com uma expressão confusa.

"Eu estava brincando…"

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Um mês se passou, e minha capacidade de absorver conhecimento de forma anormal ainda não me deixou. Integrando e alternando as bases de combate entre o estilo distante dos Elfos e o combate próximo dos Humanos, fui capaz de numa luta 2 contra 1, nocautear Bresk e cansar Ravaatra.

— Mestre, você é… O que é você?

— Ele é uma aberração. Começamos a treinar somente há dois meses, e mesmo assim, ele fica em pé de igualdade com pessoas que treinam há uma década.

Bresk cuspiu após terminar de falar, grama entrou em sua boca quando caiu.

— Eu sou forte? Ou vocês que são fracos?

Ao escutarem isso, pude sentir a aura ameaçadora que saiu dos dois. Ambos amplificaram seus corpos com mana.

— Venham!

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Mais dois meses ficaram para trás, e depois de todos esses treinos intensivos, consegui finalmente dominar a arte marcial de Vrarian. Se antes eu lutava de igual para igual com Bresk, agora, a vantagem nas batalhas era minha. Porém, ao lutar com Ravaatra, continuei perdendo a maioria das lutas em seu estilo. Quanto às minhas habilidades com a espada, estão quase alcançando um nível médio, quando Ravaatra não me pressiona, consigo passar um bom tempo trocando golpes com ela.

— Aí, do que é feita a sua espada?

Percebi que não importa o quanto a espada de Ravaatra se choque com outros materiais, ela não perde o fio e nem mostra sinais de arranhões.

— Ah, é aço mágico. Como eu disse antes, Nobres tentavam me cortejar sempre que podiam, e para ganhar meu coração, um deles me deu essa espada. É de um grande ferreiro anão.

— Será que pelo fato de ser aço mágico, ela ganhou a habilidade de cancelar uma magia?

— Talvez. Já li em algum lugar que o material pode influenciar.

— Entendi, obrigado.

Ravaatra colocou as duas mãos no rosto e contorceu seu corpo levemente.

— Fui útil para o mestre…

Nos últimos meses, todos nós ficamos mais próximos um dos outros, mas esse tipo de atitude que ela tem não deixou de aparecer.

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Ao fim dos longos 6 meses de treinamento, cheguei a um ponto onde nunca pensei que estaria antes. Mesmo sem amplificar meu sistema periférico, a capacidade da minha visão foi aumentando ao longo do tempo, tornando mais fácil para ver e reagir a estímulos. Meu corpo, após todo esse tempo, estava visivelmente mais desenvolvido, eu tinha ganhado por volta de mais 2cm de braço, e minha circunferência em outras partes também aumentou.

Se habilidades marciais tivessem um nível, com certeza eu estaria no nível avançado. Minhas habilidades chegaram a um nível onde sou superior a Bresk e equivalente a Ravaatra, isso sem contar a espada. Por ter aprendido dois estilos misturados como um, minha evolução foi mais lenta, porém, quando Ravaatra usava uma espada de madeira, não era mais uma tarefa fácil ganhar vantagem sobre mim.

Mesmo durante o treino, não deixei de lado minhas magias. Todas as três que aprendi anteriormente alcançaram o nível intermediário. Seja na caverna ou nos intervalos, usei minha e para observar os fantasmas ao nosso redor, tentei me comunicar com eles, mas era impossível, ainda mais pelo fato de todos parecerem me odiar.

Tanto treino foi feito, que até esqueci de perguntar para Ravaatra sobre o quão forte ela era. Observando-a com a pude perceber que dentro dela havia 80 canais de mana adicionais, isso significava que ela poderia melhorar a capacidade dela em 80%.

"Quando penso comigo mesmo, não faz o menor sentido. Como que eu bati de frente com ela usando somente 30%?"

Era de consenso geral que meu corpo não era comum. Mesmo sem mana, minha visão era ótima, assim como minhas reações, minha velocidade de aprendizado é extraordinária e minhas capacidades físicas deixam veteranos de queixo caído, então, o que é tudo isso no fim das contas?

Deixando esse tópico sem respostas para lá, a habilidade também chegou ao nível intermediário. Volta e meia em batalhas meus subordinados recebiam golpes que os infectavam, mas no fim dava tudo certo, era só cortar o membro fora e esperar crescer novamente.

E hoje, sendo o último dia, posso falar com orgulho que fiquei mais forte. Sou um mago relativamente poderoso, se for analisar meu poder mágico, é 26. Quanto a minha força física, é difícil medir, mas não para de crescer.

Tendo a última aula de treino com espadas do mês, acabei quebrando a espada de madeira no rosto de Ravaatra, contando mais uma vitória para mim.

— 92 a 90! Finalmente! Eu abri dois pontos na sua frente! Hahahahaha!

Enquanto Ravaatra se manteve no chão, olhando para mim com um sorriso, e logo começou a rir junto comigo.

— Você de fato é incrível, mestre!

Isso fez minhas bochechas ficarem levemente vermelhas. Fui até ela e ajudei-a a levantar. Assim que ela se levantou, pulou e me agarrou, me dando um abraço e fazendo nós dois cairmos no chão.

"Muito Contato! Muito Contato!"

Subordinados não podem matar seus mestres, mas será que também isso os impede de matá-lo de vergonha?