— Camila! — a latina quase se engasga com o doce que come direto do pote, ela ajeita a postura pois antes de ver Angela Iglesias ela estava debruçada no balcão da delicatéssen.
— Angela!
A mulher muito bem vestida se aproxima de Camila, a Oleja não tem como esconder o pote de doce de banana ou a colher em sua mão.
— Agnes falou que trabalha aqui e como vou embora em breve resolvi dar uma passada, na penúltima vez que estive em Tifton passei aqui para conhecer. — Angela se aproxima de Camila e lhe dá dois beijinhos no rosto, ela é tão sorridente que a latina fica envergonhada. — Obviamente não sabia que era um negócio da sua família, até porque nem conhecia você pessoalmente, só das histórias de Agnes.
— Ah... Fico feliz que veio aqui. — Camila quase perde a cor ao imaginar que Agnes falou algo que ela ficaria com vergonha se estivesse por perto. — Veio rever ou deseja algum produto. Posso te ajudar?
Camila não soltou o pote de doce ou colher, enquanto Angela começa a andar por perto olhando os produtos.
— Claro, mas não esquenta comigo, pode comer seu doce enquanto me atende. — Angela é bem despacha e Camila até gosta disso porque assim não precisa se forçar a falar coisas que podem soar constrangedoras após serem ditas. — É de quê?
— Banana. — Camila responde, andando para perto de Angela com o pote de doce na mão. — Você quer experimentar?
— Se não se importar em dividir. — Angela brinca, Camila logo pega uma colher descartável em uma gaveta perto dos produtos para amostra. — Estava brincando, Camila, não como doce tão cedo, desculpa te dar trabalho.
— Deixa de bobeira. — Camila nem liga e já está até a vontade com a amiga de Agnes. — Você está perdendo... É o único doce do mundo que eu sou capaz de morrer comendo!
— Isso não é mentira. — Bridget Alanis disse e Camila se assusta ao ver a mulher ali. A Oleja não tinha notado a silhueta se se aproximando. — Deve ser o único doce que ela seria capaz de comer uma torta. Acho que só o recheio de doce de banana seria capaz de fazê-la gostar de tortas.
Camila acena para que sua amiga se cale e até tenta demonstrar com um olhar massacrante.
— Você não gosta de tortas? — Angela vira—se para Camila, um tanto surpresa. Camila insiste olhando Bridget, mas não parece adiar.
— Não, ela odeia! — Bridget responde pela latina e fica de frente para Angela e Camila que estão lado a lado.
— Caramba. — Angela encara Camila. — Quero alguns potes, já que é um doce tão bom!
— É incrível! — Camila guia Angela para longe de Bridget, mesmo achando que já tenha estragado tudo. Ela deixa seu pote de doce em um dos expositores, para atender melhor a cliente. — É o melhor doce do mundo! E tem mais algumas coisas que você não pode morrer sem comer, aqui temos delicias de todos os tipos.
— Suspeito que você seja uma vendedora das boas. — Angela acaba brincando com a latina por ela ser atenciosa.
— Pode apostar que eu tento. — Camila responde tentando soar o mais leve e animada possível, mesmo preocupada com Bridget na loja podendo falar mais alguma besteira. Angela acaba comprando vários produtos e já está pagando por eles quando Camila agradece. — Muito obrigada, volta aqui quando vier para Tifton.
— Pode deixar, obrigada pela atenção. — Angela pega as sacolas no balcão e logo se despede. Bridget se aproxima de Camila assim que vê que a latina está desocupada.
— Que merda você acabou de fazer?! — Camila questiona de maneira irritada para Bridget, assim que Angela Iglesias sai da delicatéssen. — Você tem porcaria na cabeça de ficar falando coisas pessoais minhas para as pessoas que você não conhece?
— Mila, só comentei que você odeia tortas o que tem de mais? — Bridget não entende o que falou demais.
— Porra, Bridget Alanis, ela é amiga da mulher que eu estou saindo e mentindo para ela...
— O quê? — Bridget fica surpresa por Camila sair com alguém, já que em Miami isso raramente acontecia.
— Vou te contar sobre isso depois, primeiro me responde: que merda você faz aqui? Sabe que estou com raiva de você pelo que fez, não é? — Camila aponta o dedo no rosto de Bridget, que nem dá tanta importância pois não se sente ameaça. — Você foi uma grande filha da puta, mesmo que eu entenda o seu lado por não estar te ajudando com muita coisa em Miami. Mas isso não muda a raiva que sinto de você!
— As duas poderiam discutir no fundo da loja? — Alejandro questiona tendo os braços cruzados, nada feliz com Camila praticamente gritando no meio do estabelecimento.
— Desculpa, papá. — Camila pede e logo sai do meio da loja, indo para os fundos. — Vem, Bridget!
Camila para nos fundos do estoque para que ninguém escute da loja, mesmo que nem houvesse movimento no momento.
— Eu vim pedir desculpas, até de joelhos de você quiser. — Bridget tem a maior cara de cachorro abandonado que Camila já viu. — Eu fiz uma merda muito grande e admito isso, já tem mais de um mês que não vejo você?! Não sei ao certo, mas minha vida é uma desgraça completa sem você por perto.
— Eu não ligo. — Camila retruca de forma infantil.
— Liga sim, sua mãe falou que você chorou por eu ser uma babaca com você. — Bridget fala com seriedade, Camila já de forma impaciente cruza os braços.
— Como ela sabe disso?
— Não importa, eu senti muito sua falta e me arrependo de tudo. — a voz de Bridget é quase uma súplica. — Depois que Jack se mudou para o meu apartamento percebi que ele é um idiota, você sempre esteve certa!
— Eu disse...
— Mandei ele embora, terminei o noivado e agora vim atrás de você, pedir desculpas e dizer que estou oficialmente voltando para esse lugar porque não consigo viver sem você. Você é a minha pessoa! — Camila é totalmente desarmada pela declaração de Bridget. — Por acaso você sabe de alguém que quer precisa de funcionária?
— Você pode repetir a parte que não vive sem mim? — Camila questiona, encarando a amiga quase numa suplica.
— Não! — Bridget meio que solta um gritinho animado. — Você vai gravar.
— Então, eu não te perdoo. — Camila retruca em uma provocação, ela está segurando para não rir. Ela realmente sente falta de Bridget e é coração mole demais para deixar de perdoá-la.
— Acho que já estou perdoada.
— Não, não está.
— Sim, estou. — Bridget abre os braços tentando abraçar Camila, que desvia. — Caramba, foi muito rápida dessa vez! Quem é a mulher que você está namorando?
Camila desvia mais algumas vezes do abraço de Bridget, porém no fim ela mesma pula nos braços da amiga.
— Agnes Velazco.
— Meu Deus... — Bridget se solta de Camila para olhar no rosto da amiga. — Sua mãe já sabe?
— Não.
— Isso vai ser divertido de assistir, me convide para esse espetáculo.
— Bridget, você tem que me animar, não me massacrar, mas nem vou pensar nisso agota... Só vou pensar que você contou para a amiga da Agnes que odeio tortas e que eu como muito doce de banana, já sei que provavelmente nem devo ter contar para minha mãe que estou namorando uma Velazco. Eu tive que mentir para Agnes, disse que sou diabética para não comer uma das milhares de torta que aquela mulher faz!
— Ei, calma... — Bridget coloca as mãos nos ombros de Camila. — Como eu iria saber?
— Bridget! Eu fiz sinais que até no Japão captaram para que você calasse sua boca! — Camila fala de forma exagerada, quase chorando de desespero.
— Ah... Você sabe, eu sempre apanhava da minha mãe por não entender quando ela estava me mandando sinais para ficar quieta. — Bridget tem um sorrisinho franco quase como um pedido de desculpas.
— Sim, eu sei e mesmo assim você não aprendeu porra nenhuma! — A latina esbraveja.
— Pois é, e você é muito idiota por ter mentido sobre ser diabética... — Bridget dá um tapinha na cabeça de Camila que devolve o tapa no braço de Bridget. — E vai dizer o que para Agnes agora?
— Não faço a mínima ideia do que posso falar para que ela não fique com raiva pelo resto da vida!
— Se eu fosse ela te daria um pé na bunda. — Bridget retruca alisando o lugar onde levou o tapa.
— Obrigada, Bridget, você é uma amiga! Muito amiga! — Camila é sarcástica, Bridget coça a nuca pensando em uma solução para resolver o problema que ela criou para sua amiga, mas nada parece bom o suficiente.
— Desculpa! — Bridge insiste, não sabendo bem o que fazer para que consiga o perdão efetivo de Camila, afinal ela estragou as coisas quando estava começando a ser perdoada. — Posso te levar para comer alguma coisa? Te pagar pizzas?
— Acho que pode ser um bom começo...