O velho esticou a mão medindo a distância entre ele e a marionete marcial.
- Esta é uma técnica que eu criei chamada Mãos de espada. – Disse o velho enquanto olhava para o garoto.
Apesar do nome desta técnica ser um pouco simplista, ela é famosa no mundo marcial. O objetivo dela é criar uma forma de usar uma espada sem ter uma espada. Todos sabem que existe um mistério no cultivo que, independentemente do nível que uma pessoa está, se a pessoa der sua vida pela espada, viver pela espada, ela irá criar algo chamada intenção da espada.
A partir deste momento tudo pode ser uma espada na mão dessa pessoa. Existem contos de metres que derrotaram incontáveis inimigos utilizando apenas um graveto. Seus golpes eram mais afiados que qualquer espada conhecida.
É claro que o próprio Marx estava muito longe disso, quem dirá o pequeno Aman, mas a técnica criada por ele pretende imitar esta façanha. Utilizando apenas a energia espiritual comum, você pode transformar qualquer coisa em uma espada. O problema é que diferente da intenção da espada, está técnica consome muita energia espiritual do usuário, drenando assim suas reservas de energia.
Marx sabe que essa é uma técnica muito complexa, ele mesmo a criou. Eles ensinaram para todos os seus filhos, mas apenas um deles consegue usá-la em combate.
Quanto ao pequeno Aman, ele não espera que o pirralho saiba utilizar algo desse nível, mas existe uma coisa que ele está a muito tempo querendo provar.
- Primeiramente, você irá esticar a mão como se fosse uma espada pronta para golpear ao mesmo tempo em que envia a energia espiritual para o seu braço. Esse é o primeiro exercício, tem que ser automático, assim que você esticar o braço o seu corpo tem que mandar a energia automaticamente.
O velho explicou como se estivesse conversando com um adulto, repetindo diversas vezes o movimento. Olhando para o pequenino que o estava encarando com seus grandes olhos rubis, o velho sentiu vergonha de estar tratando um mancebo como grande artista marcial.
- Agora é sua vez de tentar
O garoto concordou prontamente e se aproximou da marionete, sua mãozinha esticada à frente não passava da cintura do boneco. Fechando os olhos, ele imaginou a pouca energia espiritual que ele tinha no início do Reino do Refinamento corporal sendo levada até seus braços.
No começo foi difícil de controlar a energia dessa forma, ele perdia o controle e a energia era desperdiçada, mas em poucas tentativas o garoto conseguiu corrigir os problemas e executar o movimento perfeitamente.
- Está certo vovô?
Exclamou o garoto em tom de alegria enquanto olhava para seu avô, somente para encontrá-lo perplexo, seu queixo estava caído e seus olhos arregalados igual um pires.
- Vovô... – disse o garoto enquanto coçava a cabeça.
"Como?" era a única coisa que o velho tinha na cabeça, ele entenderia que alguém experiente no mundo da cultivação conseguisse fazer esse movimento na primeira tentativa. Cultivadores fazem isso todos os dias, toda hora, não é difícil transportar energia pelo seu corpo.
Mas o problema é que isso leva anos para se alcançar, é conhecimento comum que umas das principais dificuldades dos novos cultivadores é o controle da energia espiritual no seu corpo; esse é até um ponto levantado na maioria dos métodos de cultivos e técnicas marciais, eles geralmente possuem requisitos de controle da energia espiritual. Quanto mais alto o nível da técnica maiores são os requisitos.
Pode-se dizer que um cultivador controla plenamente a energia no seu corpo quando ele atinge o reino da fundação. Antes disso o controle de energia é risório e possui falhar naturais neles.
Caso Amam conseguisse controlar a energia, não seria um problema, no máximo ele seria um gênio da cultivação. Mas os sentidos do velho não podem mentir, o garoto tem um controle da energia melhor que ele próprio, isso o assustou até os ossos.
Também havia um sentimento de perda, se Amam tivesse um talento marcial, que é a compatibilidade do corpo com a energia espiritual do ambiente e sua capacidade de obtê-la, mediana, ele seria um gênio entre gênios. Mas seu talento para cultivo só não é pior que aqueles sem raízes espirituais, isso torna tudo muito trágico para o velho e para o garoto.
Nesse momento, ele teve que tomar uma decisão, ou ele investe os recursos no garoto permitindo que ele tenha pleno suporte no seu caminho marcial ou ele redireciona o garoto ao caminho intelectual.
Na primeira opção, há um risco sério de criar um demônio no coração do garoto enquanto ele sendo alguém que claramente entende de cultivo melhor que qualquer um, sendo deixado para traz pelos outros no caminho do cultivo. Esse demônio no coração certamente o levara às artes malignas. O velho não pode deixar tal gênio se degenerar para o lado daqueles bastardos, seria uma tragédia para a humanidade.
Caso Amam se torne um intelectual, com sua percepção, ele poderá se tornar um pilar da humanidade no futuro. A escolha para o velho é óbvia, porém será necessário fazer mais testes com o garoto.
- Amam, você disse naquela hora que você sabia que sua irmã era forte, mesmo ela sendo um bebê, por que você acha isso?
Quebrando o silencio, o velho pôs uma expressão indiferente no rosto enquanto perguntava para o garoto.
Surpreso com a pergunta de seu avô, o garoto levou a mão ao seu queixo imitando os gestos dos mais velho em segurar a barba.
- Hum... eu... não sei dizer vovô, eu só sei que ela é mais forte que eu.
Respondendo à pergunta o garotinho encolheu os ombros como se estivesse sendo pressionado, desviando o olhar para outro lado, prontamente ignorou o seu avô.
- O que há de errado?
Observando o comportamento esquisito do garoto, Marx não pôde deixar de perguntar.
- Nada... – Retrucou o garoto como se tivesse lembrado de algo doloroso.
Antes que velho pudesse falar alguma coisa, o garoto saiu correndo com a mão em seu rosto, limpando as lagrimas de seus rostos.
- Só tem desajustado nessa família...
Suspirando, o velho balançou a cabeça ironicamente e andou em direção onde o garoto havia partido.
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Em uma parte do clã havia uma casa grande com arquitetura antiga, com um grande pátio e vários servos andando para lá e para cá. Enquanto Marx entrava na casa, era recebido pelos servos.
- Mestre!
Marx observava os servos fazendo referência enquanto acenada para eles.
- Onde está o pirralho?
- O jovem mestre está no seu quarto mestre!
Um dos servos respondeu prontamente ao ouvir a pergunta.
- Obrigado! Você está dispensado!
Continuou o velho enquanto se dirigia para o 2 andar da casa em direção a um quarto específico.
Knock Knock!
- Garoto, você está aí?
Perguntou o velho após bater na porta.
Ao não receber nenhuma resposta, o velho abriu a porta e entrou no quarto. Dentro do quarto havia uma janela aberta com uma sacada que dava para ver o resto do clã; no meio do quarto havia uma grande cama onde o garoto estava deitado virado para a janela, observando as coisas lá fora.
- O que aconteceu? Porque você me deixou sozinho!
Sem obter nenhuma reação do garoto, o velho se sentou na cama e o puxou para o seu lado. O garoto prontamente olho para seu avô com seus grandes olhos rubis. O que o velho viu foi apenas tristeza e indiferença...
Não havia mais nenhum choro, apenas uma vista cansada e sem propósito. Absolutamente nenhuma criança deveria ter esses olhos, absolutamente nenhuma! Penso o velho.
- O que aconteceu com você? Por que você está assim?
O velho mudou o tom de sua voz para algo muito mais terno e aconchegante. Ele tinha uma ideia do que poderia ser o motivo, mas deixaria o garoto falar primeiro.
- Eles me odeiam vovô
Retrucou o garoto com um certo amargor em sua voz.
- Ele quem? – Perguntou o velho.
- Meus pais... – respondeu o garoto olhando para o outro lado.