Não havia mais esperança. A guerra estava perdida. O cenário era o pior possível. Aqueles que estavam de pé estavam paralisados pelo medo, não conseguiam continuar. Eu não entendia como fui parar no meio da batalha, mas sabia que estava fadado a morrer.
O exército inimigo era composto de criaturas horrendas, anomalias, monstros três ou até quatro vezes maiores que um humano, enquanto nossas tropas (ou o que sobrou delas) eram compostas por homens normais, camponeses, pais de família que morreriam sem hesitar para proteger aqueles que amam.
A espada pesava, não tinha mais forças para brandi-la. A cota de malha e as placas de metal de minha armadura retardavam meus movimentos, já cansados. O escudo havia sido arrancado de meu braço e já não sabia mais onde estava. A sombra não tinha olhos. No lugar, uma luz verde que eu sentia me encarar, profunda e doentia como uma lâmina afiada. Me ajoelhei e aguardei seu avanço, não possuía mais forças para resistir. Aceitei que morreria, ao menos seria de forma honrosa, em combate e lutando contra um adversário formidável.
Acompanhei seus passos lentos com os olhos, pisava entre lama e sangue, desviando de corpos e destroços. Quando estava próximo o suficiente, encarei sua face escondida na sombra do elmo, duas esmeraldas brilhantes em meio ao vazio. O espectro preparou seu último golpe. Queria poder ver o rosto de quem me mataria, mas não conseguia, a criatura parecia não ter uma face. Um rugido agudo e penetrante precedeu a espada. Um golpe forte, de cima para baixo, cortando em minha direção.
Eu morri.