[14/04/2018] - [22:58:01]
[Oceano Atlântico - Aukhemya - Cidadela Central - Jardim do Éden]
[Lúcio POV]
Se algum dia visitar Aukhemya, e o acesso ao Jardim do Éden for-lhe concedido, recomendo que visite a borda do Jardim. A vista que se tem do Palácio Dourado- quer dizer... Cidadela Central neste lugar é enebriante. Não é para menos que se tornou um dos meus pontos turísticos favoritos.
Bem, a vista certamente seria enebriante em qualquer outro momento, exceto hoje...
As casas, outrora revestidas por ouro e jóias, estavam danificadas e ofuscadas pela poeira dos escombros. Antes podia-se ver apenas algumas feras místicas e outros animais mágicos pelo céu e nas ruas; agora, monstros gigantes perambulavam em qualquer canto. Os baixos roncos dos motores arcanos dos veículos deram lugar às sirenes de ambulância ou talvez carros da polícia pela cidade. E claro, tiros, explosões, rugidos e gritos, estalos e pancadas de luta completavam a música de fundo do espetáculo desastroso.
Selene: "*preocupada* Me diga que toda essa confusão é apenas um festival animado."
Éden: "*revirando os olhos* Sim, toda essa confusão é apenas um festival animado."
Selene: "Verdade?"
Éden: "*impaciente* Claro que não! Vossa Argenta Soberania pediu para falar isso, não a verdade!"
Selene: "Filho da... Ei Luc, esse moleque... Hmm? Luc? Ei, Lúcio!"
Acho que minha doce Leninha estava me chamando, mas minha atenção focava-se somente naquela construção. O caos na cidade não importava mais. Minha atenção estava voltada para o local logo abaixo do jardim flutuante, intocado pela baderna.
O magnífico palácio era o maior que vi e verei na minha vida. No mundo todo, até mesmo no Céu e no Abismo, os maiores palácios possuiam apenas algumas centenas de metros de diâmetro. Este possuía, pelo menos, QUILÔMETROS DE DIÂMETRO.
De um estilo nunca antes visto, misturava de tudo um pouco com nada e mais um tiquinho de qualquer coisa: colunas e pórticos greco-romanos, vitrais e janelas góticos, abóbadas e cúpulas bizantinas, torres e pagodes asiáticos, átrios e jardins élficos, passarelas e escadarias steampunk, câmaras e alas Celeste-Imperiais, muralhas e portões Inferno-Medievais, entre muitos outros estilos...
E céus, tudo aquilo juntava-se a algo mais. O que parecia ser uma fachada renascentista possuía detalhes astecas e de outras culturas mesoamericanas. Arcos e curvas modernistas ligavam janelas e telhados árabes. Pátios orientais eram adornados por fontes iluministas retratando animais fantásticos de Aukhemya.
Talvez a única característica padrão seria a cor do palácio: dourado, um dourado claríssimo, quase branco, muito diferente do dourado sujo do antigo palácio ou do santuário do safado Madha. Aliás, eu já não sentia a repulsa das antigas construções, como se qualquer coisa ruim que lá esteve fora exorcizada por um míssil carregado com granadas santas e água benta. Mas também não transmitia a sensação de um lugar imaculado intransponível.
Era... Como um lar... Uma casa a retornar...
Ah, haviam sim detalhes brancos, negros, escarlates, cerúleos e além, mas o dourado claro era o predominante.
Porém o mais assustador e excitante era que tudo isso representava apenas o pé da montanha, a base da torre, o térreo do arranha-céu.
Sim, o edifício principal superava tudo aquilo, ficando no topo. Pelo menos era o que eu sentia, afinal não podia ver porpetas nenhuma devido ao jardim acima do local.
E foi aí que tive mais uma das minhas excelentes e brilhantes ideias...
Lúcio: "Eu preciso ver isso... Tudo isso..."
Selene: *soltando a... Mas que p...*
*cahem*
*soltando a língua de Éden... Que loucura...*
"Hã?"
Éden: "*assustado, pressionando a língua devido a dor* Nhmm, uhnn, mhm... Eu afho que Fossa Aula Sobelania tefe uma ideia..."
Selene: "OH NÃO, POR FAVOR NÃO SEJA O QUE EU TÔ PENSANDO!!!!!"
Lúcio: "*subindo no beiral do jardim* Selene, Lene, Leninha, minha querida, teu noivo vos convida para um rápido passeio pelo mais belo palácio desse mundo. Aceitas?"
Selene: "PERAÍ SEU DOIDO, TÁ QUERENDO SUICIDAR?! E AINDA ME LEVAR JUNTO?!"
Lúcio: "Claro que não! Será como um passeio de asa-delta! Não é divertido?"
Selene: •_•
"*resmungando, mas aceita a proposta* Claro, por que não? Quem não quer morrer de novo? Vai ser divertido, disseram. Não há problemas em morrer, disseram."
Lúcio: "*com um sorriso malandro* Fico feliz que aceitaste o convite."
Selene: "Droga... Lá vem você falando em segunda pessoa..."
Éden: "E isso é ruim?"
Selene: "Péssimo.
Aliás, cadê a asa-delta? E o equipamento de segurança?"
Lúcio: "Oh, um momento, por favor..."
Concentrando um pouco, consegui sentir as coisas guardadas no Cofre Dourado, aquela Técnica que ganhei de Vivy quando absorvi o galpão com os itens deixados pelos meus pais.
Sem a presença de Vivy, senti um retardamento ao tentar usar a habilidade, mas eventualmente encontrei o que queria. Entre as várias bugiga- quer dizer, artefatos de vital importância, havia um planador mágico que criei similar a uma asa delta (que eu certamente já havia testado), e equipamentos de segurança extra, como capacete, joelheiras, ombreiras, peitoral e afins.
Se teve algo que aprendi nos últimos anos trabalhando como inscricionista de matrizes e formações mágicas é que você nunca tem equipamentos de segurança o bastante...
Retirei então os equipamentos. Entreguei um conjunto para Selene. Mas então percebemos o problema relevante às nossas novas estaturas.
Selene: "Uhhhhh... Tem tamanho GGGG? E será que esse planadorzinho aguenta nós dois?"
Lúcio: "Droga..."
'Talvez...'
Tentei controlar o Miasma Dourado para fazer o truque de infundir Miasma e melhorar um artefato. Funcionou perfeitamente.
Equipamentos dourados de planagem tamanho aukhemyano adquiridos!
Super planador tamanho aukhemyano para dois adquirido!
Selene: "*se equipando* Você já fez isso antes?"
Lúcio: "*se equipando* Moleza, é como montar um bebê wyvern!"
Selene: "*séria* E você quase caiu daquele vez, quatorze vezes."
Lúcio: "*arrumando a gola da camisa como o Bill Snith* Confia."
Selene: "Algo de errado não está certo... Ah, dane-se, vamos acabar logo com isso!"
E foi assim que nós, lado a lado, subimos no beiral do jardim, segurando um planador, prontos para saltar, apenas porque eu queria ver o edifício principal do novo palácio.
Sim, era uma ótima forma de passar o primeiro encontro de noivado. Anotem a dica, rapazes!
Selene: "No três, ok?"
Lúcio: "Certo. Um... TRÊS!
*pula*
GERONIMOOOOOOOOOOOOOOOOO!!!!!!!!!!!!"
Selene: "*forçada a pular também* AAAAAAHHHHHHH, LÚCIOOO!!!!!!"
Éden: *olhando para baixo, vendo Lúcio e Selene partindo*
"São dois loucos mesmo... Mas ganharam meu respeito. Principalmente o Soberano Lúcio. Nunca conheci um homem que aprontasse uma dessas com a namorada e saísse vivo. *fazendo uma rápida saudação*"
*retorna para dentro do jardim, mas para na metade do caminho*
"Uhhhhh, será que eu preciso avisar o pessoal lá embaixo que os Soberanos finalmente acordaram?
...
...
Naaaah!"
...
Admito, foi uma má ideia pular daquele jeito. Principalmente porque levei um sermão e uns cascudos de Selene mais tarde. Só não foi pior porque Leninha amou a vista do local pelo planador.
Mesmo com toda a destruição e o céu manchado de explosões cósmicas, nenhum cataclismo ofuscava a beleza do palácio.
Pela primeira vez nas nossas vidas, não podíamos tirar os olhos de uma construção tão estupenda. Diga o que quiser, mas não houve, há, ou haverá um palácio como o Palácio de Eldland.
Sim, esse era o nome do palácio. O mesmo nome da minha loja. Puta coincidência hein? Como eu sabia disso? Não sei. Saber disso era tão natural quanto respirar para mim, como também o significado de Eldland em aukhemyano: Cidade de Ouro.
Mas enfim, a aparência do edifício principal do palácio!
...
...
...
...
Uhhhhhh...
...
...
...
...
Ermmm...
...
...
...
Bem... Era belíssimo, grandioso, magnífico mas... Como posso dizer?
...
O edifício principal não era desse mundo. Ou melhor, era algo que não devia existir nesse mundo.
E antes que reclame, por favor, confie na opinião do cara que trabalha no distrito comercial de Todos Os Céus, lidando com parafernalhas místicas e ingredientes de feitiçaria, e que enfrentou altas loucuras nos últimos dias, envolvendo uma civilização antiga magicamente avançada, divindades, e um projeto de anjo maligno mal-acabado.
Acho que se uma pessoa assim me dissesse que o edifício colossal à minha frente não deveria existir nesse mundo, eu daria um mínimo de credibilidade.
O edifício principal, assim como os demais anexos, misturava vários estilos arquitetônicos em um único... uhhhh... qualquer coisa que fosse aquilo.
Não era uma construção nem algo natural. Não era físico ou etéreo. Sequer era possível dizer que tipo de tecnologia avançada ou magia antiga fora usada. Céus, até parecia estar vivo, consciente, mas também inanimado, desprovido de vida porém não morto.
Confuso, não?
Quanto mais olhava, a incerteza aumentava. A princípio era um altíssimo palácio da realeza, mas também parecia a imponente mansão de uma celebridade. Depois era o templo de um santo, logo em seguida a torre de um mago, o anfiteatro de um artista, a oficina de um artesão, e continuava mudando. A aparência em si não mudava, e sim a maneira como eu via o centro do palácio.
Selene: "Que lindo... É bem a cara de Vivy..."
Lúcio: "*surpreso* Oh... Eu não tinha pensado nisso... *com um leve sorriso* Que idiota..."
Fiquei tão empolgado que esqueci do mais importante: aquele era o palácio de Horakthy, a casa de Vivy, feito pela mesma. Como pude ser tão estúpido a ponto de não perceber a semelhança entre lar e habitante?
Selene: "Quando Vivy voltar, que tal pedirmos para fazer um tour no interior-
Garota 1: "*voz distante* Invasores nas redondezas do palácio! Preparar defesas anti-aéreas!
Lúcio: "O que foi isso?"
Garota 2: "*voz distante* Lorpar, espere! Aqueles dois são-"
Garota 1: "*voz distante* FOOOOGOOO!!!!!!!"
Selene: "Isso não é bom- AAAAAHHH, DESVIA, DESVIA!!!!!"
Plainar não era difícil, mas desviar de magias guiadas conjuradas de TODOS OS CANTOS DO PALÁCIO...
Já dá para adivinhar o que aconteceu, né?
Bastaram milissegundos e fomos atingidos. Estávamos caindo, o chão se aproximando, e nós dois xingamos a tal Lorpar que nos atacou. Será que o palácio foi invadido? Ou fomos confundidos como invasores? Ambos?
Não importa, a colisão era iminente e o fim também.
Mas então...
PLOIM!
PLOIM!
Algo grande, prateado e macio como um airbag amorteceu nossa queda. Estávamos salvos. Tontos, descabelados, desarrumados e provavelmente assustados, mas salvos.
Endimião: "*voz distante mas se aproximando, preocupado* Vocês estão bem?! Santa Monarca, se algo acontecesse, Senethre e Horakthy esfolariam as meninas!"
O airbag gigante lentamente se desfez para aterrissarmos em segurança. Endimião nos recebeu e provavelmente foi ele o responsável pelo resgate.
Selene: *rapidamente se recuperando do susto, acerta um cascudo em Lúcio*
Lúcio: "Ai!"
Selene: "Isso é para você pensar duas vezes antes de soltar outro Gerônimo."
Lúcio: "Mas eu pensei duas vezes!"
Selene: "*acerta outro cascudo em Lúcio* Então pense três vezes!"
Endimião: "Será que é uma boa hora para..."
Lúcio: "*rapidamente correndo para perto de Endimião* Oh Endimião, meu bom amigo, muito obrigado por nos-
...
Meu Deus, o que aconteceu com você?!"
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{Notas do Autor}
Yay, Lúcio e Selene curtindo a vida, enquanto Aukhemya tá uma zorra.
Para saber dos detalhes, veja o próximo capítulo!
Até mais, galera!