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Chapter 94 - Lança cravada e martelo em mãos

{Notas do Autor}

Ê rapaiz, demorou hein?

Em parte, por causa de problemas pessoais.

Mas principalmente porque não estava gostando do que escrevi.

Perfeccionismo ou não, sempre que começava a escrever um novo parágrafo, eu voltava nos anteriores e imaginava como poderia melhorar.

Isso, aliás, foi algo frequente no penúltimo capítulo (saporra ficou com quase 12k de palavras).

Mas só por isso não quer dizer que o bagúi tá bom o suficiente. Sabem como é, paranóias dos autores.

Algo que me ajudou a ter uma direção foi voltar a ler Epic of Caterpillar *hentai sounds intensifies*. Não, não teremos hentai nem harém aqui! Mas parte das personalidades dos protagonistas se parecem e muito. Aliás, até algumas coisas do roteiro. Céus, será que estou plageando a novel? Bem, acho que isso era esperado, já que também gosto de Overlord e Kumo desu ga.

De qualquer forma, obrigado por me aguardarem e por apoiar a obra. Pensei em colocar os nomes das pessoas que mandaram as pedrinhas, mas vou deixar isso com vocês. Só mande um comentário, ok?

E também agradecimentos especiais para minha prima. Ela já virou co-autora a um bom tempo e sempre tem me ajudado com seus comentários e idéias. E memes! Infelizmente não posso colocar todos porque... Bem... Spoilers...

Enfim, aproveitem a leitura!

*falando rápido* O Ministério da Saúde Aukhemyano adverte que ler Aukhemya pode causar dependência e morte de neurônios.

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[07/04/2018] - [15:49:51]

[Oceano Atlântico - Aukhemya]

[Lúcio POV]

Em alguns minutos, faríamos cosplay de Gol D. Roger no meio do Palácio Dourado. Não estávamos sorrindo como o lendário Rei dos Piratas, mas tínhamos um plano.

Sinceramente, meu fiofó trancou e a pressão caiu quando ouvi um dos cavaleiros ordenando nos levar para o local da execução. Teria sido ainda pior, não fosse o presentinho com oito patas de Selene.

Um minúsculo filhote da Tecelã Branca geralmente não é útil. Você pode alimentá-lo como qualquer outra aranha, e tem uma pequena chance que evoluirá, mas isso é DIFÍIIIICIL...

Porém, a história é outra quando a própria Tecelã Branca se interessa por você...

Não acho que era o caso, mas se ela gostou de ti, parabainx! Tu ganhastes uma Aranha Titã Colossal!

O que realmente importava naquele momento: a Tecelã Branca era, provavelmente, a melhor manipuladora de magia espacial do universo. Ou seja, o filhote sacrifi- *pigarreando* gentilmente absorvido pelo Miasma Dourado reduziu o tempo de espera da minha Técnica.

{Notas do Autor: Shiraori (Tecelã Branca) é a melhor usuária de magia espacial dos animes. CHANGE MA MIND IF YOU CAN, BITCHES!}

Só que... Teve um pequeno probleminha:

ION! ION! ION! ION!

Lúcio: "O q-"

*baque*

Apaguei. Na verdade, a sensação foi parecida com a vez que me conectei ao Núcleo.

Ou seja, eu morri.

Meu corpo não foi destruído igual à vez durante o Nigredo do Núcleo, mas todas as células do meu corpo pararam de funcionar. Você já sabe o que isso significa...

Só voltei quando já estávamos no local de execução, que era a gigantesca praça na frente da igreja matriz. Já que nós éramos, supostamente, cultistas demôniacos, o local mais apropriado só poderia ser uma igreja ou templo. É um clássico.

[...]

Narrador: "Impressão minha ou o Lúcio já morreu duas vezes nessa novel?"

Autor: "Três..."

[...]

Acordei totalmente grogue, ouvindo (muito mal, aliás.) murmúrios e vozes, principalmente a voz exageradamente amplificada de Belduin. Aposto que era algum discurso dele nos abominando e/ou os demônios. MAIS UM CLÁSSICO!

À minha frente, Selene em pé, presa em uma armação, similar a um estaleiro de chuchu só que de metal, e com os braços acorrentados. Ao meu redor, minha turminha do bagulho, cada um acompanhado por um cavaleiro, só para garantir que ninguém aprontasse. Ah, eles estavam no tamanho humano. Devia ser difícil vigiar pessoinhas baixinhas, né? Mesmo acorrentados e ajoelhados, nós ainda éramos "perigosos".

E daí que eram as mais poderosas correntes mágicas já vistas, melhores até que Gleipnir, as correntes do lobo Fenrir? NÓS ÉRAMOS PERIGOSOS E PRECISAVAMOS SER VIGIADOS DE PERTO!

...

BEEEEEEEEEM... Eles não estavam errados...

Na esquerda, a monstruosa igreja matriz. Mesmo se essa igreja fosse reduzida para tamanho humano, ainda seria maior que a Basílica de São Pedro. Ou seja, ERA ENORME, mas não tão majestosa quanto o maior santuário católico. Claro, ainda era uma bonita construção do estilo Renascentista, com um pouco de traços góticos e outros estilos arquitetônicos europeus. E sim, era dourada. O que mais se destacava eram as cinco cúpulas coloridas representando os quatro elementos e o tal Madha.

Só que aquilo não adiantava nada se era dedicada a um falso santo.

E do lado direito... Uma multidão eufórica acompanhando tudo. Não fosse a barreira mágica do lugar, já teríamos sido linchados por pedras e outros objetos perigosos.

As pessoas ansiavam nossa purga. Homens e mulheres berrando, talvez dizendo para nos queimarem, repórteres e câmeras excitados com o furo de notícias ao vivo, algumas crianças confusas no meio, pessoas assistindo das casas e estabelecimentos não tão próximos, como se fosse final de Copa do Mundo...

Continuei a correr os olhos pelo local. Então vi uma arquibancada com figuras interessantes: Garun, a esposa e quatro filhos. Além da família, também haviam outras comissões de personagens importantes, como Marauin e ministros do governo.

Encontravam no local outras quatro comissões importantes. Nunca tinha os visto, mas segundo as memórias dos aukhemyanos, aqueles eram os governantes de cada Setor e seus secretários.

Eles realmente transformaram uma execução num espetáculo. Será que estávamos na Idade Neo-Medieval ou coisa parecida?

Meus sentidos foram voltando ao normal. Conforme voltavam, o clima pesado causado pelo ódio, desprezo, desdenho e até empolgação dos berros das pessoas evidenciava-se mais e mais. Até que notei: estavam focados em Selene.

Claro, não estávamos numa situação socialmente melhor, mas a maioria desses sentimentos ruins direcionava-se à Selene. Só faltava pregarem-na numa cruz, atear fogo e chamá-la de bruxa.

Correção: ela já estava sendo chamada de bruxa.

As vozes deles... Xingando, maldizendo, gozando, até profanando...

Pouco me importava o que diziam sobre nós. Porém eles já tinham passado dos limites quando abriram aqueles buracos sujos para falarem sobre Selene.

Eu só queria quebrar seus ossos por pensarem em agredi-la, picar suas línguas por falarem merda dela, torcer seus membros até pedirem perdão, cortar seus tendões para passarem o resto de suas vidas ajoelhados e inválidos...

Mas... E se eu estivesse no lugar deles? Eu tentava ser católico, e provavelmente também reagiria dessa forma se fosse o Anti-Cristo ou algo parecido. E infelizmente, Selene seria a equivalente da filha do Diabo na religião deles.

...

TÔ POUCO ME FUDENDO PRA ISSO!

E daí que ela era o mal encarnado para vocês? PROBLEMA SEUS! Eu gosto dela e pronto! Selene não fez nada, e aí queriam acabar com a vida dela?! A desculpa era "é melhor cortar o mal pela raiz"?! VÃO TOMAR NO CU!!!

E também, se Selene realmente fosse um demônio ou até o Anti-Cristo, eu era algum Deus Demônio, e continuaria amando ela!

Sou hipócrita, egoísta e até pecador dizendo isso? SOU! E NÃO TÔ NEM AÍ! QUEM TAVA LÁ ERA SELENE E PRONTO! PRECISO DE MAIS ALGUM MOTIVO PRA EXPLODIR AQUELA PORRA TODA?!!?

Ah, é mesmo... Aquela história de "olho maligno" era mentira... Quase esqueci desse detalhezinho...

Bem, já que foram iludidos, eu deixaria essa passar. Claro, só depois de quebrar alguns dentes e ovos...

Belduin: "Irmãos, o fim dos demônios se aproxima! Após séculos, o olho perdido da primeira Rainha Demoníaca foi encontrado, e hoje ele será destruído! Conforme revelado, o selo sobre São Madhael será quebrado e uma era de glória cairá sobre Aukhemya quando este objeto profano for arrasado!"

Ahn?

Que?

Wtf?! Mas que diabos foi aquilo?! Ele realmente era um papa ou apenas um animador de torcida??? O discurso só serviu para incitar a população!

Como esperado, a algazarra aumentou. Novamente, a barreira cumpriu seu trabalho e preveniu um acidente. Os aukhemyanos ainda queriam as nossas cabeças.

...

Impressão minha, ou alguns deles estavam excitados, até demais, com o derramamento de sangue?

...

Belduin: "Esta, porém, não é uma provação fácil! Devido ao poder do olho, armas comuns sequer podem lascá-lo. Mas não há o que se preocupar, graças ao Arauto de São Madhael! O emissário do nosso Santo pode facilmente destruir esse artefato!"

Uh oh... Não gosto disso...

Belduin: "Mas... *fazendo uma cara de decepção* quisera o nosso Santo que esse emissário não fosse um de nós. E pior... *apontando para Lúcio* É um dos cultistas."

Aí o negócio desandou. Os aukhemyanos ficaram chocados, passados, meu Deus, Jesus, tavam vendo pela primeira vez!!

Agora, o murmurinho reinava. Todos tentavam entender porque carolhos o enviado de Deus era um cultista demoníaco.

Belduin: "Por favor irmãos, acalmem-se e escutem! Essa é uma provação de nosso Santo para nos mostrar que mesmo os pecadores têm oportunidades de redenção! E para esse humano, essa oportunidade é a destruição do olho!"

Ahh, acho que entendi porque o sujeito tava falando tão alto! O cara aproveitou a oportunidade e passou um sermão! Literalmente tava matando dois coelhos com uma cajadada só!

Ele ainda era um feadaputiz? ERA! Mas pelo menos estava cumprindo seu papel como evangelizador. Na verdade, é um absurdo chamar alguém que espalha mentiras de evangelizador.

Mas o surpreendente: os aukhemyanos ouviam a figura. Aí me lembrei sobre o fato de Aukhemya ser uma baita teocracia.

Só que então me lembrei de algo MUUUUUUITO mais importante e não pude deixar de olhar para Garun. Como pensei... Ele não estava feliz com a notoriedade de Belduin e da igreja.

E como pensei... A cara dele de inveja e raiva era maravilhosa! IMPAGÁVEL! Simplesmente impossível não sorrir! Amo ver esse tipo de expressão em pessoas metidas! Sabe... Ver o ego e orgulho desse tipo de gente sendo esmagado, como se tivessem levado um socão na cara, é incrivelmente satisfatório!

...

Narrador: "Isso é algum fetiche do Lúcio?"

Autor: "Não! Não tem nada de desejo sexual nisso! *murmurando* Mas ele sente prazer vendo essas coisas..."

...

Belduin: *se aproximando de Lúcio* *ficando desconfortável com o sorriso estranho de Lúcio*

"*pigarreando* Agora rapaz, abandone o mal! Liberte essa moça dos seus pecados! Cumpra sua missão na terra!"

*suspiro* Ainda tinha esse arrombado... Fazê-lo devolver o almoço pelo buraco de cima seria apenas o começo do tratamento de beleza dele...

Mas precisava ganhar o máximo de tempo possível. Ainda faltavam 24 minutos para usar minha Técnica espacial.

OU SEJA... HORA DE ENROLAR COM MUITA CONVERSA FIADA PRA BOI DORMIR!!!!

Lúcio: *pensando*

*pensando*

*pensando*

*fechando os olhos, franzindo a testa e fazendo uma careta enquanto pensa*

Belduin: "*impaciente* Então, o que decidiu?"

Lúcio: "*com uma voz macia* Olha, eu adoraria ajudar... Mas não sei como eu poderia fazer isso..."

Não sei se foi a fala ou a voz, mas ele fez uma cara de quem comeu e não gostou. Mas rapidamente recuperou a compostura. Sério, se não tivesse feito tanta merda, eu teria dado um Oscar à ele de melhor ator!

Belduin: "*animado* Não te preocupes! Bastais repetir o feitiço comigo. O poder de São Madhael manifestar-se-á naturalmente."

Lúcio: *pensando*

*pensando*

*pensando*

"Tá bom, eu concordo."

Lentamente me ergui. Eu o acompanhei tão rápido, mas tão rápido, MAS TÃO RÁPIDO, que só uma lesma poderia me superar. Infelizmente, poderia ter ido ainda mais rápido se um cavaleiro não tivesse me empurrado.

Claro, tropecei, caí, agonizei em dor, chorei, esperneei, abri o maior barraco... Enfim, tudo que pudesse ganhar tempo.

Claro, aprendi isso com nossos incríveis jogadores de futebol...

Faltavam 21 minutos.

Sete metros depois, frente à frente da minha namorada, percebi que Selene estava relativamente bem. Relativamente. Mesmo presa e com uma multidão literalmente querendo seu sangue, a calma dela NÃO me surpreendeu.

Afinal, Selene era a coragem encarnada. Ainda tinha medo de libélulas, mas isso não é importante agora. Como meu avô Avelino dizia: "Contra marreco, marreco e meio."

Mas ela superava isso e ia além: Contra marreco, Dois bandos e três quartos de gaviões!

Para estar tão calma com tudo aquilo era preciso muito sangue frio... Ou ela simplesmente tinha fé que iríamos escapar dali.

Mais uma vez, eu não poderia deixar essa fé escorrer junto com a vida dela pelos meus dedos. Então...

...

...

...

BOOOOOOOOOOOOOOORAAAAAAAAAAAAA!!!!!!!

HORA DO SHOW, PORRAAAAAAAAAA!!!!

Selene: "*chorando* Parece que esse vai ser nosso último encontro nessa terra. Queria ter passado mais tempo com você... Mas o destino é tão cruel..."

Selene também notou que eu estava enrolando, e entrou na dança. Na verdade, só um idiota não teria notado.

Lúcio: "*com um tom dramático* Sim! Um destino cruelíssimo, de fato! Mas saiba: nossa curta e romântica história é eterna! Ainda nos reencontraremos numa terra paradisíaca. Mas meu coração ainda pesa! Oh! Destino! Como podeis serdes tão sádico! És a paixão... Algo profano para ti? Cruel, cruel, cruel, CRUEL!"

Dava pra sentir os suspiros e os olhos revirados dos aukhemyanos. Claro, eu também reagiria dessa forma se estivesse no lugar deles, MAS NÃO ERAM ELES QUE SERIAM EXECUTADOS!!!

Felizmente o treatrinho valeu a pena: faltavam 19 minutos.

Belduin: "Agora que já se despediram, pode-"

Selene: "Espere, Sua Santidade! Eu... eu... eu gostaria de me confessar..."

...

NOICE, GAROTA!

Belduin: "*sorrindo, tentando manter a compostura* C-claro... *percebendo algo* Vou criar uma barreira, então poderá se confessar. Poderia nos dar licença, rapaz?"

Eu não queria deixá-la sozinha com aquele velho, mas iria ficar estranho se eu quisesse participar do confessionário. Claro, só presumi isso porque considerei os costumes católicos, ao ver Belduin criando uma barreira.

E lá se foi mais algum tempo. Já tinha se passado 8 minutos, só faltavam 11. Com sorte, a "confissão" de Selene demoraria mais. E com muita sorte, os Portões ficariam prontos.

Já estava pensando no fim daquilo, cantando vitória. Resolvi dar mais uma olhada ao redor. Os aukhemyanos já estavam ansiosos. Porra, cês tavam tão afim de uma matança?! Sabiam que nas florestas ao redor das suas cidades estão infestadas de perigos?! Por que não vão pra lá caçar um javali?!

Lúcio: @Todos |Pessoal, preparem-se para causar uma confusão. Assim que Selene terminar-|

Eu ainda estava dando aquela bisolhada na situação, quando vi a arquibancada de Garun e me preocupei.

Mais uma vez quis avistar sua cara de indignação, ansiedade, impaciência ou coisa parecida, mas o que avistei foi seu rosto calmo. Completamente calmo. Até os outros governantes estavam impacientes.

Mas Garun mantinha-se calmo. Bem, devia ser porque ele era um excelente político...

Ou porque tinha uma carta na manga...

...

E essa carta apareceu.

Um grupo de cavaleiros entrou em cena, liderados por dois com trajes de luxo. Poderia-se acreditar que esses dois pretendiam ir à um evento militar de gala, não fossem as armas cobertas em pano que carregavam. Um deles carregava uma lança, e o outro portava um martelo de cabeça larga.

Até Belduin teve que parar e desfazer a barreira. E pela cara dele, aquilo não estava no cronograma...

Ou seja... PLOTI TWISTI!!!!

Cavaleiro da Lança: "*curvando-se e saudando Belduin* Vossa Santidade, perdoe nossa intromissão, mas Sua Majestade Rei Garun ordenou a execução imediata dos cultistas. Pedimos que Vossa Santidade afaste-se."

Belduin: "Como é?"

É, aquilo realmente não estava em seus planos. E quem explicou tudo foi o próprio Garun, se levantando, aproximando-se da beirada da arquibancada e fazendo um discurso de vitória (pelo menos, isso estava estampado no rosto presunçoso e na voz dele.).

Garun: "Vossa Santidade, não há necessidade de ouvir os arrependimentos desses cultistas. Eles só creem no Rei Demônio, não em nosso Santo Senhor Madhael. Já perdemos tempos demais com isso.

Iâncera, Mionir, LIVREM NOSSA TERRA DESSAS CRIATURAS MALIGNAS!"

Os outros cavaleiros agiram. Dois deles bloquearam Belduin. O cavaleiro que me vigiava obedientemente se afastou, me empurrando junto.

Belduin: "*gritando, um pouco irritado* Vossa Majestade, sabes que é impossível destruir o olho demoníaco sem o poder do Arauto! Deixe-me continuar-"

Garun: "Acalme-se, eu conheço muito bem a história que VOCÊ contou. Mas conforme essa mesma história, o poder do Arauto não é o mesmo que o poder de São Madhael?"

Belduin: "Sim, mas o que-"

Garun: "Exatamente! Ou seja, não precisamos necessariamente do poder do Arauto, mas sim do poder de São Madhael!"

Toda essa conversinha ocorreu enquanto os aukhemyanos mais uma vez se empolgavam com a execução. Os repórteres não perderam a oportunidade e já estavam narrando toda a reviravolta, provavelmente em rede nacional.

Tive que tirar o chapéu para a habilidade do Garun. Mais uma vez parecia que era final de Copa do Mundo. Só que agora era como se o Brasil tivesse vencido a Alemanha por 7x1 nas finais, e virado hexacampeão. EEEEEEE OS AUKHEMYANOS VÃO À LOUCUUURA!!!!

Mas aí fizeram silêncio. Ouvi algumas exclamações, choros, rezas e a narração solene dos repórteres. Olhei para trás e vi motivo: os Cavaleiros da Lança e do Martelo removeram os tecidos de suas armas.

Só pude engolir em seco ao ver os dois artefatos. Aquelas coisas eram problemas. SÉRIOS PROBLEMAS...

Ao invés de madeira ou ferro, as armas foram forjadas em metal branco. Do ponto de vista como artesão e apreciador dos trabalhos de Ricardo, eram itens belíssimos e da mais alta qualidade. Repletas de detalhes e ornamentos, exalavam poder de suas runas. Como era de se esperar, a lança era afiadíssima, e o martelo parecia ser forte o bastante até para resistir um meteoro.

Já a minha opinião pessoal, como Lúcio Arabrantes: aqueles objetos não passavam de obras do Diabo.

Elas tinham a mesma aura da igreja e do palácio central de Aukhemya: Algo profano se fingindo se sagrado. Sim, eu sei que é estranho, mas um Mini Lúcio na minha cabeça só dizia para destruir aquelas coisas malditas.

Mas porque os aukhemyanos tiveram aquelas reações? Aquelas coisas eram relíquias sagradas desaparecidas para eles: as armas originais do Madha. Era como o Santo Graal para eles.

Também pude sentir uma energia similar à do fragmento do Brasão de Horakthy. Se não eram do Madha, então eram as armas de Hélio.

Até os governantes e ministros viraram religiosos naquele momento. Os únicos que tiveram reações diferentes foram Belduin, Marauin e Garun. O primeiro e segundo estavam incrédulos, e o outro sorria, porque os brinquedinhos dele eram melhores que os dos outros.

Belduin: "*espantado* E-essas relíquias estavam desaparecidas... Como-"

Garun: "Não se preocupe com os detalhes. Podemos conversar sobre eles aqui em cima."

Os mesmos guardas que bloqueavam Belduin o levaram para a arquibancada. Resumindo: Garun estava tomando o controle de tudo. Claro, a saída forçada do papa nessa situação seria estranha e chamativa. Mas a população estava demasiadamente entorpecida com as armas do "santo" para perceber isso.

Faltavam 7 minutos.

Homúnculos e eu tentamos reagir, mas os cavaleiros extras nos suprimiram. Iâncera, o cara da lança, aproximou-se de Selene. Ela estava aflita sim, mas ainda tinha fé.

E eu? Estava desesperado, tentava desprender-me das correntes e avançar nesse cavaleiro. Afinal, um cara com uma lança se aproximando de uma pessoa sentenciada à morte... Bem, não é preciso ser um gênio para adivinhar o final.

Mas quão grande era meu desespero? Simplesmente maior que o do momento em que o fim das buscas pelos meus pais foi anunciado, e eles foram considerados mortos.

Por que foi maior que o da vez dos meus pais? Simplesmente porque sabia que eles estavam vivos em algum lugar. Eu ainda não tinha desistido da minha fé. Ou pelo menos era isso que queria acreditar. Só que dessa vez não haveria espaço para esperança. Seria morte certa se aquela lança...

*engolindo em seco*

...

Lúcio: "*se erguendo e tentando avançar* PARE!!! LARGUE ESSA PORRA AGORA DESGRAÇA!!!!!!"

Continuei me debatendo. Os cavaleiros tentavam me conter. A turma, para me ajudar, também tentou causou uma bagunça, mas que rapidamente foi suprimida.

As correntes e meus braços já estavam esticados. Ainda tentava avançar.

BANG! BANG!

Só que eles atiraram nas minhas pernas e eu caí.

Doeu? PRA CARALHO!!! EU NÃO ERA UM SUPER HERÓI QUE LEVA UM TIRO E FICA DE BOA!!!! Mas a dor foi suprimida pela angústia. Iâncera estava entoando uma magia na lança. E seu alvo era o olho. A cabeça de Selene foi amarrada para que ela não se mexesse. Pelo visto, queriam espetar o olho de Cíntia.

6 minutos.

Continuei me debatendo, só que agora como um peixe fora d'água. Literalmente, pois estava me jogando, parecendo mesmo um peixe.

BANG! BANG!

Agora foram meu ombros. Adeus braços!

O sangue continuou jorrando. Minhas tentativas patéticas diminuíram, mas não cessaram. Estava a pouco mais de 7 m de Selene. Mas meu cavaleiro novamente me imobilizou, pressionando o joelho na minha nuca. Já não conseguia mais ver direito.

Lúcio: "*rugindo, com sons de engasgo* SOLTEM ELA!!!!! SOLTEM... ELA AGORA!!!! SOLTEM ELA... DESGRAÇADOS!!!!

Era inútil berrar. Só serviu para um deles me amordaçar. Continuei grunhindo.

Sobre o que os outros estavam fazendo? Não sei. Mas acho que não estavam em condições muito melhores. Pelo menos não levaram tiros.

5 minutos.

Lúcio: *desesperado* @Vivy |Vivy, você não pode fazer nada?!|

Vivy: @Lúcio |Eu até posso mas-|

Lúcio: @Vivy: |ENTÃO QUAL É O PROBLEMA?! SÓ FAÇA ALGUMA COISA, PELO AMOR DE-|

FUUUOOOSHH!!!

...

Selene: "*agonizando em dor* WWWWUUAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHHHHHHH!!!!!!"

Nossas lágrimas correram. E os aukhemyanos fizeram um alvoroço. Ver o sangue dela correr era tão bom pra vocês, seus filhos da puta?! No fim das contas, meu poder realmente não era necessário nos planos de Garun, já que tinha um plano B.

4 minutos.

Consegui mover meu pescoço para ver a cena. A lança estava cravada no olho de Selene, mas ela ainda mantia-se viva, enquanto chorava e gemia.

Então foi a vez de Mionir com seu martelo.

...

...

Não...

Não me diga...

NÃO ME DIGA QUE ESSE CARA VAI MARTELAR A LANÇA?!??!!?

VOCÊS ESTÃO QUERENDO EXPLODIR A CABEÇA DELA TAMBÉM?!?!!!

...

3 minutos...

Só três minutos. Só três minutos para fugir. Mas isso não importava mais. Mionir desferiu o golpe fatal na lança cravada. Agora só faltava uma cena de massa cinzenta, sangue e ossos escorrendo...

...

...

Mas...

...

...

...

POR QUE CARALHOS ELE TAVA TÃO DEVAGAR!??!!!!

Vivy: @Lúcio |Eu usei uma daquelas poções de aceleração de pensamento. Precisamos conversar sobre algo sério.

Lúcio, só há uma chance. Se aceitar, pode dar adeus à tua vida. Nada será como antes. Mas garanto que Selene vai ser salva. Tem certe-|

Lúcio: @Vivy |*animado* MANDA BALA, GAROTA!|

Vivy: @Lúcio |ME ESCUTA PORRA!!! TÁ QUERENDO JOGAR TUA VIDA FORA?!|

Lúcio: @Vivy |Espera... Quer dizer que esse é aquele clichê em que eu ganho poder em troca da minha vida? ENTÃO EU VOU MORRER?|

Vivy: @Lúcio |Não, não é nada disso! Mas você vai virar um monstro, de verdade! Aí pode dar adeus à sua vida antiga!|

Vejamos: abandonar minha família e amigos, largar tudo o que tenho e conheço para, em troca, ter uma chance de salvar Selene?

Família, me perdoe, MAS EU TOPO ESSA PORRA É AGORA MESMO!

...

Vivy: @Lúcio |*suspiro longo* Pai do Céu, o Mestre Wilson e a Mestra Miriam vão me dar uns cascudos... Mas acho que vão ficar orgulhosos do filho...

MUITO BEM!

Mestre Lúcio, lhe entrego minha Herança, meu Legado, e a Dimensão da minha Terra Dourada, Aukhemya.|

...

...

Ela finalmente falou. Agora tudo fazia sentido. Só precisava confirmar algo...

Lúcio: @Vivy: |Antes de aceitar, eu queria saber seu nome.|

Vivy: @Lúcio |Hein? Bruh, já esqueceu que foi você mesmo que me nomeou? Mas já que se esqueceu, vou lembrá-lo. É Viviane.|

Lúcio: @Vivy |Não estou falando desse nome, bobinha. Estou falando do seu nome original.|

Aí minha visão, mente, alma, sei lá, virou uma bagunça. Na hora eu não sabia o que era, mas depois soube que aquilo que vi era o Caos, o universo antes de Deus criar a Luz.

E falando na Luz, ela apareceu. Quando essa Luz surgiu, o universo também nasceu. E dessa Luz surgiu uma figura muito conhecida por mim, e ao mesmo tempo totalmente desconhecida.

Esse espetáculo durou um instante e uma eternidade. Não sei quanto tempo durou.

O que importa: a figura se revelou. Uma mulher com uma majestosa e imponente armadura, carregando uma bela e poderosa alabarda, enquanto havia a mais magnífica e poderosa matriz flutuando sobre sua cabeça. Era um Brasão Divino.

Era Vivy. Não em seu Modo de Batalha, mas em sua verdadeira forma original, aquela com que sonhei desde minha infância. Ela sorriu, o mais belo sorriso digno de uma deusa.

Vivy: "*com um sorriso terno* Você já sabe o meu nome."

Lúcio: "*sorrindo* Sim, eu sei. Eu aceito Aukhemya, Vivy.

Ou devo dizer...

...

...

Horakthy de Aukhemya, minha Divina Rainhaperatriz."

Vivy/Horakthy mais uma vez sorriu, brilhou e desapareceu. Então fiquei sonolento e dormi. Mas antes de ficar novamente inconsciente, tive um breve vislumbre do que tava rolando ao meu redor. O martelo estava a pouquíssimos milímetros de distância do pé da lança.

O estranho era que, de alguma forma, parecia que essa cena de Selene presa sendo atacada por Mionir se aproximava, como se eles estivessem vindo em minha direção...

Ou eu indo em direção a eles...

...

...

...

Narrador: "Mionir desferiu o golpe de martelo.

Naquele momento, as pessoas, ansiosas pelo resultado, não podiam desviar o olhar, seja por pena da pobre moça, sede de sangue, desejo de justiça, ou simplesmente porque era uma cena interessante sendo transmitida ao vivo.

A maioria dos aukhemyanos comuns queria o fim da cultista demoníaca.

Um certo rei almejava o poder desencadeado dessa ação.

Os irmãos Vanuris temiam o resultado desastroso daquilo.

A Monarca das Trevas já estava a ponto de causar um desastre para salvar a garota.

O traidor, outrora selado, agora prestes a ser libertado, pois a marca de sua nêmesis seria destruída nesse ataque.

A própria garota aceitou seu fim.

Então o som de pesadas correntes se rompendo e o vento sendo cortado por algo veloz foi ouvido, seguidos por um estrondo e uma nuvem de escombros.

E seu amante...

Anunciou ao mundo...

Que o Senhor Dourado, Soberano de Aukhemya chegou.

...

...

...

A nuvem de poeira lentamente assentou-se. As pessoas tentavam ver o que permanecia oculto. Só então..."

UOHRRRRRRRRRRRAAAAAAAAAAAAWWWWWWWWWWLLLLLLLLLRRRRR!!!!!!

Narrador: "A poeira dispersou-se. Os vidros próximos e frágeis quebraram. O causador dessa cena estava em pé, sobre um cavaleiro ensanguentado e inconsciente, com um martelo fragmentado ao lado.

Esse causador, com pouco mais de 4 metros de altura, parecia um demônio dourado. Diferentemente do Lúcio Modo Monstro de Ouro Derretido, aquela figura era de ouro sólido, com olhos, veias e runas escarlates, portando uma coroa de cristais auro-escarlates.

O demônio se virou para a moça imobilizada e, com exímia destreza e delicadeza, removeu e absorveu a lança e depois lançou um projétil na arquibancada do rei. Então as pessoas finalmente perceberam a criatura em suas frentes. E o desespero caiu sobre elas.

Pela primeira vez, o mundo conheceu Eldlich, a Personificação do Miasma Dourado...

E um dos Avatares do Senhor Dourado."

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{Notas do Autor}

SENHORAS E SENHORES, GOSTARIA DE ANUNCIAR A TODOS VOCÊS...

QUE VAI COMEÇAR A MATANÇAAA!!!!!!

Acho que vocês já tem uma ideia do vai acontecer. Na verdade, minha prima já adivinhou 99% do final do Volume 1.

Mas... Isso é só o começo!!! Esse 1% ainda é muita coisa!

Nem lembro se falei, mas vou falar mesmo assim: o Miasma Dourado foi inspirado no Eldlich da Terra Dourada, um deck de Yu-gi-oh.

Aliás, essa é uma história interessante para o final desse Volume. É sobre como esse deck mudou totalmente os rumos da novel.

Ah, SE ainda resta algum mal entendido, permitam-me deixar algo claro, novamente: Lúcio é egoísta, hipócrita, babaca, pecador, imperfeito e tudo mais. Mas ele ainda é humano. E isso também se aplica ao amor dele por Selene.

Até logo, galera!