[06/01/1999] - [15:32:49]
[Fazenda dos pais do Lúcio - MG - Brasil]
[3°P. POV]
Miriam: "Lúciooo! Vai pegar uma romã lá no pé e leva pro seu pai!"
A mãe do garoto pálido e magrelo estava na cozinha da casa verde. O menino encontrava-se na sala, brincando. Seu pai conversava com um amigo nos fundos, na varanda aberta de concreto, sombreada pelas altas e frondosas mangueiras e jabuticabeiras.
O pequeno Lúcio saiu. Caminhou pela passarela de pedras alvas e depois pela grama recém aparada. Logo chegou ao pomar. Mesmo usando chinelos, não era um problema, pois o lugar era mantido limpo e capinado. Em pouco tempo, chegou à romãzeira. Colheu o fruto mais avermelhado e voltou. Entrou em casa, passou pela sala, pelo corredor, depois a cozinha e por fim a varanda.
Seu pai e o conhecido ainda dialogavam. O pequeno se aproximou e entregou a romã.
Wilson: "*sorrindo* Obrigado Lúcio! Agora venha aqui, Compadre Merenda me ensinou uma simpatia nova."
Compadre Merenda: "Ah, Biangueiro, é balela! Essa simpatia é muito velha por aqui! É porque você é recém chegado."
O compadre despediu-se e partiu. O homem e seu filho saíram da varanda, e foram para uma lagoa próxima. Passaram por um curto caminho calçado. Toda a margem da lagoa, de ambos os lados, era sombreada pelas mais diversas árvores: Mangueiras, abacateiros, jabuticabeiras, coqueiros, buritis, ipês e além.
Wilson: "*enquanto corta a romã* Preste atenção, tá? Você vai pegar nove caroços de romã. Comece fazendo uma oração, depois engula três caroços. Aí você vai ficar de costas pra lagoa, faz mais uma oração e joga outros três caroços para trás. E os últimos três caroços você guarda na sua carteira."
Lúcio: "Mas eu não tenho carteira."
Wilson: "Haha, não se preocupe! É só guardar na sua gaveta de brinquedos."
Lúcio: "Tá. Mas por que são nove caroços?"
Wilson: "Bem, na verdade são três caroços três vezes. É uma conta de multiplicação. Você vai aprender sobre isso em breve. Os três caroços são para os três reis magos: Belquior, Baltazar e Gaspar."
Lúcio: "Ah, são aqueles três senhores que visitaram Jesus quando ele nasceu?"
Wilson: "Sim, eles mesmos."
Pai e filho realizaram seus ritos. Toda a família era composta por católicos. O pai até construiu uma capela em homenagem a Nossa Senhora de Guadalupe.
Lúcio: "Pai, eles eram cristãos ou islâmicos?"
Wilson: "Eles eram..."
Wilson limitou-se a uma expressão de dúvida. Ponderou por alguns momentos. Ele entendeu o que o filho quis dizer. Afinal, ele também fez essa pergunta à muitos anos atrás. Então percebeu que aquela não seria a melhor resposta para o menino.
Wilson: "Sabe filho. Os humanos ainda não perceberam que Deus e Alá são parecidos. Algum dia, as pessoas vão perceber e aí vão mudar. Só que acho que ainda vai demorar um bocado. Mas você não precisa se preocupar com isso. Na verdade, religião é mais complicado do que pensa."
***
[De volta a linha principal do tempo, em Aukhemya.]
[Sarifo POV]
Sarifo: 'Tch, aquele monstro escorpião está demorando muito... E eu aqui aturando o capacho do alvo...'
O capitão do nosso grupo, Marlos, era a maldita babá do monstrengo. Por mais que negasse e inventasse mil desculpas, ele se importava com o escorpião...
Droga...
MAS QUE DROGA!
COMO É QUE EU VOU ACABAR COM A VIDA ESSE MALDITO MONSTRENGO SE O CAPITÃO FICA DE OLHO NELE?!??!
Motorista: "Ehrm... Senhor?"
Sarifo: "*irritado* Continue."
O motorista do furgão estava ansioso e suando. Não podia ser mais óbvio. Provavelmente transportava objetos roubados ou até crianças sequestradas para o tal prefeito.
Não que eu fosse algum santo, mas o alvo também não era melhor. Na verdade, ele se assemelhava e muito com meus superiores do QG nesse aspecto.
...
BAM! BAM!
BAM! BAM!
BAM!
Sarifo: "Mas o que..."
Agente 1: "Veio lá do furgão!"
Agente 2: "Será que aconteceu alguma coisa com o Ferrão?"
Sarifo: "Ah, não deve ter sido nada. Deixa ele se virando."
Agente 2: "Mas não era melhor ir ajudá-lo?"
Sarifo: "*irritado* Com o que?! É problema dele! Mas já que você quer tanto ajudá-lo, vai lá. Pare de encher o saco, Ferrus."
Ferrus: "N-não obrigado. Eu fico aqui."
Sarifo: 'Esse imbecil... Por que todo mundo se importa com aquele monstro? O que houver lá dentro é problema dele!'
Kriafik: "*com um tom sério e urgente* Ei, venham aqui! Encontrei algumas coisas!"
Os outros dois ficaram curiosos. Na verdade, seria muito melhor ir até lá ao invés de ouvir as baboseiras do motorista.
Mas algo me dizia que aquilo não acabaria bem...
E esse algo nunca tava errado.
Sarifo: 'Droga, e agora? Será que o escorpião aprontou alguma? Não, ele não seria louco de fazer isso! A vida da mulher e da filha estão em jogo. Quer dizer que tem algo perigoso no furgão?'
Então o monstro tirou um pilar dourado com runas escarlates do veículo.
...
...
PUTA MERDA!
Ferrus: "EI, AQUILO É UM ARTEFATO ANTIGO?!"
Agente: "Haha, é o nosso dia de sorte! Aqueles cardeais sovinas vão nos dar uma ótima recompensa!"
Se aquilo realmente fosse algum artefato antigo, da época da Criação, seria um ótimo achado. Os líderes do Templo sempre estavam em busca dessas coisas velhas. E pagavam quantias generosas para quem os entregasse.
Vender essas coisas para o mercado negro? Nem pensar, era suicídio!
E pensar que a fortuna estava a 30 metros de distância! Finalmente, nossa recompensa merecida após anos de árduos serviços para a organização!
Mas...
Por que eu ainda hesitava?
...
...
Será que era algum artefato amaldiçoado?
Sim, parecia ser o caso. Tive um mau pressentimento assim que pus os olhos naquele pilar.
...
HAHAHAHA!!!!
COMO SE EU ME IMPORTASSE COM A MALDIÇÃO DE ALGUM DEMÔNIO MORTO!
NA VERDADE, ISSO SERIA AINDA MELHOR! COM SORTE, KRIAFIK IRIA PRA VALA!
E mesmo que eu morresse logo em seguida, pelo menos eu teria me vingado! Sim, valia a pena morrer e levar o monstro comigo!
Sarifo: "Acho que olhar não tem problema."
Seguimos para a traseira aberta do furgão, mal contendo a empolgação. Obviamente, o motorista nos acompanhava. Nunca se sabe quando vai precisar de um escudo.
Parei e olhei o artefato dourado. Realmente parecia algo da época da Criação. Mas estava muito bem conservado. Bem até demais...
Agente: "Ei, Major! Deixa isso de lado e venha aqui!"
Finalmente fui até a traseira. E logo vi humanos deitados e desacordados.
...
Droga...
Agente: "E agora, Major?"
Sarifo: "*suspira* Vou contactar os outros. Esse prefeito é ainda mais problemático que pensávamos."
Todos aqueles humanos... Parecia que a missão não seria a simples eliminação de um alvo...
Me afastei e usei o comunicador para informar o capitão. Mas não consegui, como se estivesse fora de alcance, o que seria impossível.
Então percebi uma barreira dourada ao redor e ouvi os gritos dos outros agentes.
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{Notas do Autor}
Planejava postar esse capítulo ontem, mas teve algo chamado sono que me impediu. Por isso, tô postando agora de manhã.
Acredito que, nos próximos capítulos, a turminha finalmente chegará no Palácio Dourado.
SayoNARAAAAA, GALÉÉÉÉÉRA!!!
p.s.: Rakugaki Page, sexta opening de Black Clover, para quem não pegou a referência.
Narrador: 'Ooooo vergonha alheia...'