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Chapter 11 - O Jake Completo

"Vocês aventureiros são apenas um grupo de pessoas sem o menor senso a respeito do que se passa nesse mundo... Todos os dias vários de vocês morrem fazendo bobagens como essas... E agora, você irá se juntar a eles!"

Tudo está queimando. Com um único ataque, toda a grande catedral foi preenchida com as chamas escarlates geradas por um chute mágico flamejante. Aquele ataque é muito poderoso, e foi até mesmo capaz de afetar Jake pesadamente.

"É um grande poder destrutivo. Eu tenho que pensar em algo, ou senão morrerei pateticamente aqui..."

Uma forte dor afeta a região das costelas direitas do rapaz. Até mesmo respirar está doendo. Jake apoia-se na parede feita de madeira, já bem próximo da porta. Um único golpe foi capaz de causar todo aquele dano.

"Deve haver alguma maneira de passar por isso..."

Ronéz caminha na direção de Jake, coberto por um manto de chamas que rodeia seu corpo em um padrão circular múltiplo. O fogo mágico queima tudo ao redor, e uma trilha de destruição é deixada conforme o carpete vermelho é consumido.

"Devo dizer que você é um tanto incomum. Não é qualquer pessoa que continua de pé e muito menos consciente após ser atingido com aquele chute. Posso dar-lhe esse cumprimento, aventureiro."

Jake acumula o máximo de sua força, apenas para conseguir manter-se inteiramente de pé.

"Eu tenho um nome, se você não sabe disso..."

A dor não havia passado, contudo, de toda maneira, Jake prepara um soco, correndo com alguma dificuldade em direção a Ronéz.

"Isso não vai adiantar!"

Ronéz repudia o ataque com um desvio, logo aplicando um golpe com a lateral de sua palma direita aberta nas costas de Jake. Incrivelmente, é justamente por aquilo que o rapaz esperava.

Enquanto cai, Jake mais uma vez tenta atingir aquele estado de consciência. Ele limpa seus pensamentos, preenchendo sua mente com o único intuito de agarrar...

"Mas o que?!" Ronéz reage com surpresa ao notar o uso do que parecia ser Magia por parte de Jake.

Jogado ao chão, o rapaz novamente conjura aquelas enigmáticas cordas feitas de escuridão. São várias delas que surgem das sombras das mangas da blusa. Aquelas vinhas se enrolam no corpo de Ronéz, e com isso, Jake de algum modo consegue controlá-las para fazê-las atirá-lo para longe.

Ronéz é enviado vários metros para trás por aquelas vinhas negras, batendo suas costas com força total contra um dos grandes pilares de sustentação, feito de madeira nobre, que sustentam a construção em estado decrépito.

Jake apoia-se sobre os próprios joelhos para se erguer com alguma dificuldade. Ele olha para sua própria mão, percebendo como é simples o uso da Magia.

"É realmente algo bastante simples utilizar isso."

Enquanto isso, a reação do outro lado é imediata. Os três que assistem aquela luta aguçam suas visões, grandemente apreensivos pelo fato de seu líder ter sido acertado.

A nuvem de poeira é reduzida, revelando algo inteiramente assustador. Uma explosão alaranjada queima todo o material amadeirado, ocasionando uma explosão local. Ronéz surge dali, simplesmente intocado de todas as maneiras possíveis em que isso possa ser aplicado.

"Mas como?" Jake analisa a situação em que se encontra.

Ronéz continua imponente. As chamas que o rodeiam não são reduzidas, e continuam circulando seu corpo como uma capa, uma espécie de veste. O rapaz usuário do poder flamejante caminha poderoso, exibindo o pilar inteiramente destruído que havia sido deixado para trás.

"O impacto foi um tanto, digamos... Foram apenas cócegas." Ronéz se gaba do dano causado por Jake, ou no caso, da ausência deste.

"Ele... Esse oponente é completamente diferente de tudo. Como ele pôde sair ileso?"

Jake apenas pode observar conforme seu ataque é menosprezado. Algo naquela pessoa não aparenta ser humano. Ronéz detém ao seu redor uma aura de algo superior, algo naturalmente acima da humanidade. Como Jake pode esperar derrotar algo tão diferenciado?

Apenas um sorriso por parte do usuário de chamas é visto brevemente, antes de um inteligente movimento. Ronéz ajoelha-se, posicionando suas duas mãos voltadas para trás. Em suas mãos, ele gera explosões que o impulsionam na direção de Jake com imensa velocidade.

"Ele se propeliu como um míssil?" Jake pensa.

A velocidade com a qual corta o espaço é extrema. Jake não possui tempo de reação suficiente para desviar, contudo, pode tentar uma última alternativa.

"Se não pode desviar, ataque." É exatamente nessa frase que Jake pensa no momento. O rapaz prepara um golpe com o máximo de sua força, acumulando tudo de si naquela única aposta. Ele pode morrer naquele momento, ou conseguir fazer com que os impactos sejam somados e seu valor final direcionado para Ronéz.

"Eu tenho que tentar isso."

... ... ...

Os dois ataques se colidem. O punho de Jake, capaz de enviar pessoas e bestas aos ares, destruir paredes e estruturas de residências colide com aquele verdadeiro tiro disparado por um canhão...

O choque das duas forças gera uma intensa explosão flamejante, bem maior do que a primeira. De um segundo para o outro, a luz toma a visão de ambos os combatentes, assim como do restante que assistia. Todos buscam algum modo de se proteger, seja utilizando Magia ou apenas mantendo-se atrás de algo que possa agir como obstáculo para a explosão.

Nada consegue segurar o impacto das densas chamas que escapam com intensa pressão pelos vários vitrais e janelas do lugar. Em poucos segundos, apenas aquelas aberturas já não se mostram suficientes para aliviar todo o poder, e com isso, tudo é simplesmente destruído. Toda a titânica construção desaba sobre si mesma, sendo engolida integralmente pelo fogo. Aquela edificação será completamente apagada dali, como se jamais houvesse sequer sido construída.

A intensidade do fogo pulveriza a madeira no ato. A potência é imensurável, e ao invés de queimar, a estrutura é imediatamente reduzida a pó, que é levado pelo vento como areia.

Como resultado do impacto, ambos Jake e Ronéz são impulsionados cada um para um lado, para o lado de fora dali.

... ... ...

"Vocês estão bem?!"

Com um balançar de sua mão, Laula desfaz a enorme parede de gelo que gerou com sua Magia. Esta parede serviu como proteção para ela e para os outros dois.

"Sim, nós estamos! Mas... O que foi aquilo?! Eu nunca vi o meu irmão aplicar tanto poder mágico em um único golpe... E ele foi parado por um soco?! De que tipo de luta estamos falando aqui?!" O mais jovem diz.

A segunda garota, de aparência misteriosa, apenas olha para o céu que agora é inteiramente visível como se estivesse em transe, assistindo as várias colunas ardentes de fumaça sobem em direção a este, imponentes.

"Lamth hefit handrak..." Ela pronuncia, abrindo seus lábios sutis pela primeira vez.

A voz daquela garota é quase inaudível, contudo, o significado daquelas palavras foi muito bem compreendido por todos ali, e uma feição de puro horror toma as faces dos dois demais.

Aquelas palavras guardam um significado bastante singular e especial para os habitantes desse mundo.

***

"Não tivemos sucesso nenhum..."

Klynt respira profundamente, tomando bastante ar. Durante aquela manhã inteira, seu grupo não conseguiu encontrar a menor pista acerca da localização do anel que tanto buscam.

"Eu não gosto do olhar dessas pessoas... Todos eles olham para nós como nós fossemos os criminosos da ocasião!" Klynt se refere aos habitantes do Burgo Esquecido.

De fato. Todas as pessoas que observam o grupo de aventureiros não carregam consigo as melhores expressões faciais. Klynt está começando a sentir-se sem esperanças no tocante à missão.

"Eu me pergunto como o Jake está..." Marelle, a usuária de arco, levanta um tópico um tanto sensível.

Klynt não suporta ter de escutar aquele nome, e prontamente exibe isso ao fechar a boca de maneira odiosa. Ele não deseja recordar-se de Jake.

"Quem se importa com ele? Aquele cara não consegue sequer trabalhar em equipe, quem dera sobreviver em um lugar como esse!"

Ele se sentiu pessoalmente atingido pelas palavras de Jake, e com isso, decidiu que seu grupo não se envolveria mais com aquele aventureiro.

"Bem... A verdade é que aquela casa já está queimando há algum tempo... Eu estou preocupada com o que possa ter acontecido..." Desta vez, a segunda garota, Leuthe, se manifesta.

Klynt escolheu não prestar atenção à explosão. O rapaz, de livre e espontânea decisão, optou por ignorar qualquer informação que possua relação com Jake.

"Se ele tiver que morrer, que seja... É isso que ele consegue por se recusar a cooperar..."

Mesmo percebendo a vontade de intervir presente em suas companheiras de grupo, Klynt recusa-se a mover um dedo para prestar qualquer tipo de atitude.

"Eu não gostaria de ter que discutir por isso, mas... Somos aventureiros, não é? Ajudar é o tipo de coisa que nós fazemos, não é?" Marelle diz.

"Eu apoio a Marelle. Acho que devemos voltar e ajudar." Leuthe se posiciona.

Klynt ri de maneira amarga. Ele não acredita naquilo que está escutando.

"Então vocês realmente querem ir para lá e tentar ajudar ele? Depois de todas as coisas que ele disse? Quando chegarem lá, ele vai fazer a mesma coisa novamente! Aquele Jake precisa de uma lição, e isso é certo!"

Seu tom de voz se altera. Imediatamente, Marelle e Lethe são subjugadas pela fala um tanto autoritária de Klynt.

"Ele não vai fazer nada por vocês duas! Não do jeito que eu fiz e faria se estivesse naquela situação! Entendam, eu estou apenas tentando proteger vocês! E mesmo que cheguem lá, o que irão fazer? Duas fracassadas e inúteis como vocês?"

Klynt revela suas verdadeiras cores naquele instante. A verdade é que aquele grupo é algo muito mais obscuro do que apenas três amigos de infância que sonham em ajudar pessoas...

O rapaz levanta sua mão, gesto esse que já traz apreensão para as garotas. Ele vai fazer "aquilo", não vai?

"Aquele velhote do meu pai... Ele nunca ensinou que escravos nunca devem elevar a voz contra os seus senhores?!"

Klynt realiza um gesto com sua mão, o que invoca uma resposta dolorosa nos corpos das duas garotas.

"Lembrem-se. Vocês duas não são mais do que duas escravas... São animais! E um animal nunca contraria seu senhor, ou isso acontece! Fomos nós quem tiramos vocês duas desse lugar! Vocês só saíram desse inferno por nossa causa!"

As garotas são relembradas de sua dolorosa verdade. Elas jamais foram amigas de infância de Klynt. Tudo isso é uma grande mentira gerada para afastar qualquer tipo de questionamento, e de fato, elas apenas servem como ferramentas, objetos para o deleite do rapaz.

Aquilo tudo se mostra apenas como uma exibição doentia, um roleplay criado por uma mente perturbada. Klynt meramente fingia ser um aventureiro ideal e bondoso, vivendo uma brincadeira na vida real. Marelle e Leuthe eram nada mais do que as peças para isso.

"Antes de morrer, ele deixou vocês duas de presente para mim... 'Que belos presentes' eu pensei! Mas nunca imaginei que seriam tão inúteis!"

Ele ri sadicamente, apertando suas mãos, mantendo-as unidas com ainda mais força. A dor sentida pelas garotas é proporcionalmente aumentada.

Seus olhares pedem por piedade. Aquele feitiço é como ter suas entranhas agarradas e espremidas, uma experiência extremamente desagradável e de imensurável dor, feita apenas para coagir os escravos à obediência completa.

"Vocês jamais tentarão falar mais alto do que o seu mestre, ouviram?! Jamais! Minha vontade é soberana!"

Ele apenas continua ampliando a potência do Feitiço de Submissão. Aquilo não matará as garotas, contudo. Toda aquela experiência é meticulosamente elaborada para o sofrimento.

"Saibam o lugar que ocupam! Vocês são dois amontoados de lixo e nada mais! Saibam o lugar de vocês-"

Imediatamente, os gritos param.

... ... ...

"Hm... Hm-hmm... E assim essa peça se finaliza! Bravo! Bravo!"

Um tom de voz desconhecido corta o ar. Seja quem for aquela pessoa, estava cantarolando. Sua voz é alegre e enérgica.

Klynt se calara. O rapaz, antes intimidador, está complacente e quieto. Ele olha para seu próprio peito, percebendo a grande mancha vermelha que se originava de seu coração.

"Que trágico! Quem diria que isso iria acontecer?" Aquela pessoa novamente é escutada.

O homem puxa algo das costas de Klynt com extrema velocidade. Seu próprio punho. Ao fazer isso, o rapaz cai ao chão, com um buraco imenso no local onde estava seu coração.

A poça de sangue se acumula ali, apenas aumentando sob o corpo de Klynt. Aquele estranho indivíduo encapuzado, em vestes marrons, esconde seu rosto enquanto eleva alguma coisa em direção ao sol.

Percebendo aquela cena, Marelle vomita sobre si mesma, enquanto Leuthe apenas observa estática, inteiramente traumatizada.

O homem encapuzado segura o coração sangrento e ainda pulsante de Klynt com sua mão direita, elevando-o.

"Oh! A trágica morte humana! Um evento que choca os corações desde os primórdios! Vocês não acham isso interessante? Finalmente estarão livres de sua prisão!"

O homem olha diretamente para elas, esmagando, sem esforço nenhum, o coração de Klynt, gerando uma explosão sangrenta. As duas garotas não conseguem reagir.

"Vão! Agora estão livres do tormento! E essa grande apresentação pode continuar!" O modo de falar daquela revela uma certa insanidade.

Elas sabem o que aquilo significa. O feitiço começa a fazer o efeito. Leuthe ergue-se, e retirando uma de suas adagas da bainha de couro, parte para cima de Marelle, introduzindo a parte metálica do objeto em sua garganta, em seguida, apunhalando sua própria amiga no abdômen diversas vezes, cada uma delas gerando uma fonte de sangue que banha a garota.

É perceptível que Leuthe não deseja isso, pois conforme toma a vida de sua amiga de modo tão brutal, lágrimas e pedidos de perdão tomam o espaço.

"Me perdoe... Me perdoe... Me perdoe, Marelle... Me perdoe...!"

O som dos soluços intercala as apunhaladas. Não demora muito. Todos os órgãos internos da garota surgem. O fígado fora completamente esmiuçado pelas apunhaladas, assim como intestino, partido em pedaços. Marelle havia sido destruída muito além de qualquer salvação.

Tendo feito o trabalho, ela aponta a adaga para si mesma, forçando a lâmina completamente através de seu próprio olho esquerdo, caindo sobre o corpo morto de Marelle.

Esse é o efeito secundário do Feitiço de Submissão. Se o dono por algum motivo morrer, os escravos irão prontamente tomar suas próprias vidas. O efeito pode ser postergado caso os escravos sejam transferidos para outra pessoa no momento da morte.

A morte de Klynt pelas mãos daquele homem encapuzado gerou aquele imenso banho de sangue e tripas.

"Ah! Que adorável! A morte é mesmo um espetáculo muito adorável!"

Ele ri, erguendo as mãos sangrentas em direção ao céu azul. As pessoas que assistem das casas não se escondem ou apresentam o menor sinal de medo, incrivelmente.

"Mas que mundo mais belo!" Entre suas botas, o sangue quente e ainda vivo escorre.

***

"Ugh... Mas que... Situação..."

Com bastante esforço, Jake consegue desenterrar-se dos escombros, retirando grandes pedaços de madeira que estão sobre si.

A explosão o enviara para dentro de uma casa localizada do outro lado da pequena praça que circunda a igreja, em uma rua diretamente oposta à construção.

"Que ótimo modo de ser enxotado..."

Ele se levanta, segurando seu braço direito. As roupas que ganhou do velho Poht já se encontram em um estado além do reparo por costura. Diversos buracos e marcas de queimaduras tomam as vestes que usa.

Jake continua a deter o único objetivo de pegar o anel e sair vivo com o objeto, contudo, reconhece que não será nada fácil. Ronéz provavelmente foi pouco danificado pelas próprias chamas, e aquele oponente se exibe difícil.

Jake caminha por aquele corredor da casa, saindo pelo exato grande buraco na parede pelo o qual forçadamente entrou. Na rua, tudo o que pode ser visto da catedral são poucas estruturas restantes, que continuam queimando. Do centro delas, Jake vê movimento.

"Não me diga..." Ele pronuncia com dificuldade.

Ele está cansado, e virtualmente incapacitado de continuar batalhando, mas mesmo assim, Ronéz surge do meio da grande nuvem de poeira, coberto com aquela capa de chamas.

"Impressionante, contudo, não o suficiente!"

Ele vê conforme os ferimentos desaparecem do corpo de Ronéz, pouco a pouco. Aquilo apenas pode ser Magia. Aquele manto de fogo há de o estar regenerando com o tempo, posto que os pequenos cortes que se formaram em seu rosto são literalmente fechados pelas brasas.

"É impossível destruir caso o dano não seja imediatamente letal... Se eu quiser acabar com ele, tenho que aplicar o máximo de força em um golpe certamente mortal..."

Contudo, isso não promete ser tão simples. Ronéz demonstrou uma resistência excepcional, e Jake está beirando a incapacitação física. Ao contrário de seu oponente, ele não consegue se regenerar, combinado ao grande gasto de energia.

"Lá vem ele..."

Ronéz corre novamente em direção a Jake. O rapaz, bastante ferido, puxa ar entre seus dentes travados uns contra os outros. É naquele momento que uma observação é feita, um fato importante que talvez possa virar a luta.

"Ele está mais lento... Ronéz está mais lento..."

O ato de utilizar o Poder Mágico que emana da terra, manipular seu formato e propriedades utilizando o próprio corpo e logo após liberar esse poder de forma destrutiva consome bastante energia. Utilizar Magia é como realizar um exercício físico de alta intensidade, em escala comparação.

Logo, é de se esperar que haja cansaço, o que está justamente ocorrendo com Ronéz.

"Entendo... Manter aquela capa de chamas consome energia do corpo de uma maneira constante. É como um motor."

Jake prepara um soco.

"Eu tenho apenas uma esperança... Eu tenho que acertar esse último golpe."

Nem mesmo Jake sabe como continua vivo após aquelas explosões e danos. É humanamente impossível continuar caminhando após sofrer tantos ferimentos. Ele apenas sabe que aquilo irá acabar ali, para um dos dois lados.

Ele acumula o máximo de força em seu punho. É a hora da verdade.

Os dois golpes prometem se chocar. Uma carga de chamas em grande velocidade, e um soco imbuído do pico da força sobrenatural...

... ... ...

"O que?!" A voz de Laula, que assiste à distância, ecoa.

O impacto não ocorreu.

Jake olha para Ronéz, que fora lançado por uma grande distância. Algo como uma onda de choque invisível chocou-se contra ele, enviando-o para longe. Mas o que aconteceu aqui?

***

"Ronéz!"

"Irmão!"

Laula e o garoto olham pasmos. Alguma força externa interferiu com a batalha.

O som de respirações profundas e cansadas atraem a atenção de todos, e conforme a nuvem de poeira é reduzida, uma forma surge ali.

"Sua desgraçada! Quem é você?!" O irmão mais novo de Ronéz questiona.

Ao sumir da poeira, aquela pessoa é finalmente revelada. Jake certamente não esperava ver aquela pessoa ali.

"... Enille? O que está fazendo aqui?" Jake questiona.

Definitivamente é uma surpresa. Jake não consegue de fato sentir nada a respeito, porém isso não o impede de admirar a coragem da garota.

Os sinais de cansaço exibidos por seu corpo indicam que ela correu todo o caminho até aqui. Os cabelos longos e louros estão desorganizados e bagunçados e as constantes e pesadas respirações apenas acrescentam mais mérito a ela.

"Acho que não estou em posição para reclamar disso..."

Jake está completamente fora de combate naquele ponto. Ferido, ao menos uma costela há de estar quebrada, posta a dor excruciante sentida em cada respiração.

"Assim que o efeito da adrenalina passar, isso vai doer demais."

Enille caminha decididamente em direção a Jake, posicionando-se ao lado dele em uma postura combatente.

"Eu não posso simplesmente desistir e virar as costas para tudo... Não depois de tudo o que você me disse, Jake. Do mesmo jeito que você me protegeu antes, eu vou proteger você agora."

Ela olha para o quarteto de ladrões, fitando cada um deles no centro de suas almas.

"Se quiserem machucar ele, terão que passar por mim! Todos vocês!"

Um ato corajoso. Naquele momento, Jake pode novamente ver aquela face de coragem e força exibida por Enille.

"Huh... Em que tipo de história clichê eu estou?"

Jake olha para frente, pensando em como Enille era apenas mais uma idiota por estar ali para morrer.

"Não importa... De todo modo, é uma luta completamente injusta. Será apenas uma dupla derrota. Aquele usuário de fogo é poderoso demais, e desconheço as afinidades dos dois demais. Ronéz está lutando sozinho por puro capricho. Duvido que sairemos vivos daqui."

Ronéz levanta-se, espanando a poeira de seu ombro direito.

"É uma linda cena, admito. Que pena que terá que acabar..."

Ele foca o máximo de si. Pode-se ver que aquele ataque combina o restante da energia de Ronéz. As chamas em seu corpo crescem em volume e intensidade, e ele toma uma imensa quantidade de ar, cuspindo uma enorme bola de fogo, que compreende o espaço de uma rua inteira em largura. Não há para onde fugir.

Enille permanece amovível. A garota já fez sua mente, e se tiver que morrer naquele local e naquele instante, será protegendo aquele que a salvou.

"Eu vou usar minha segunda oportunidade... Se eu tiver que morrer, que seja por você, Jake!"

Ela foca tudo de si, preparando um ataque com vento mágico. Enille não possui energia suficiente para anular completamente aquele grande projétil flamejante, mas pode garantir a sobrevivência de Jake.

Ela fecha seus olhos, aceitando completamente seu destino. Ela não será inútil por mais aquela vez.

... ... ...

Um som afiado corta o espaço inteiro. O grito de um relâmpago.

Ela havia fechado seus olhos... Por que não sentiu nenhum calor? Onde está a luz que atravessava suas pálpebras cerradas?

Ela abre os olhos.

***

Aquela reunião está se tornando um tanto vívida. O número de pessoas ali já conta um total de sete.

O homem guarda sua espada longa no interior da bainha, realizando rápidas manobras.

"Acabou. Essa luta não mais continuará."

Ali está ele. Botas de couro, vestido em uma capa preta. Alto, de pele pálida e cabelos escuros como o carvão. Seus olhos vermelho e azul como rubi e safira brilhantes são o chamativo de sua figura. A mera presença daquele indivíduo preenche o ar de uma grande pressão.

"Quem é você...?" Ronéz está pasmo com o que acabou de ver.

Aquele homem estranho simplesmente cortou a grande bola de fogo ao meio, como uma faca recém-afiada corta o papel. A velocidade do golpe foi completamente desumana, sendo tão veloz quanto um raio. A mera onda de choque gerada pelo balançar da espada esmiuçou o projétil flamejante.

"Professor Naoki...?"

A voz trêmula de Enille chama a atenção de todos. A garota cai ao chão. Suas pernas estão catatônicas. No final, ela não estava tão preparada para a ideia de morrer quanto imaginava estar. Involuntariamente, as lágrimas caem pelo rosto. Lágrimas de pura felicidade.

... ... ...

" 'Naoki'...? O Naoki da Guilda dos Guerreiros? O que você está fazendo aqui?" Ronéz questiona.

Um piscar de olhos. Apenas isso é necessário para que Naoki instantaneamente mude de posição, movendo-se para trás de Ronéz.

"Maldito! Como chegou aqui tão rápido?!"

Ronéz tenta socar Naoki. O punho é simplesmente segurado pela mão direita do Guerreiro.

"Você ameaçou um de meus alunos. Apenas isso basta."

E então, em um intervalo de tempo menor que um segundo, Naoki desfere uma desumanamente veloz rajada de socos contra Ronéz.

"Eu não consigo sequer contar todos esses socos... Trinta? Quarenta? Quantos socos foram desferidos em apenas um segundo?"

Jake observa aquilo. Ele é incapaz de até mesmo ver os socos sendo desferidos. Apenas uma rápida linha luminosa que se multiplica. Ao fim daquela rajada na velocidade da luz, Naoki agarra o ombro de Ronéz, desferindo uma descarga elétrica que o faz cair.

"Eletricidade?"

Jake apenas pode suportar suas dores enquanto observa aquele estranho em menos de cinco segundos simplesmente nocautear o inimigo que sequer conseguiu arranhar. Aquele homem utiliza uma espada característica da Guilda dos Guerreiros. O que ele estaria fazendo ali? Por algum motivo, Enille conhece aquele homem.

"Ele disse algo sobre 'alunos'... Será que..."

Jake olha para Enille, lembrando-se que ela chamou o homem de "professor".

"Bem, isso explica tudo."

Nesse cenário, o irmão mais novo de Ronéz aproxima-se, em visível raiva.

"Seu desgraçado! O que você fez com o meu irmão?! Você vai pagar por isso!"

O garoto cobre sua mão direita com o que aparentam ser pedras, tentando desferir um soco contra Naoki, que sem esforço desvia, surgindo imediatamente atrás dele, derrubando-o com um simples corte de karatê.

Laula e a outra garota optam por não se envolver, apenas assistindo o conflito. Não há motivos para fazer nada, ou sequer dizer nada. Qualquer tentativa de intervir poderia ser altamente repudiada.

Apenas o silêncio reside ali. Naoki toma seu tempo, posto que ninguém está interessado em ter seu rosto atirado contra o chão com aquela facilidade. O homem toma ar, e de forma bastante pacífica caminha até Enille.

"Você está bem?"

Sua voz é leve e repleta de grande calmaria, como o vento que corta os campos verdes. Ele ajoelha-se, ajudando sua aluna a levantar-se.

"Sim, eu estou, mas... Mas..."

Naoki olha para Jake. O olhar ardente e ao mesmo tempo frio do homem pálido que não aparenta ter mais de 25 anos encontra-se com seu objetivo.

Naoki estende sua mão na direção de Jake, preparando um soco. No entanto, toda a surpresa surge no momento em que o som de algo metálico é ouvido. Naoki não planejou acertar Jake, mas sim algo específico que rumava em sua direção.

Jake rapidamente fita a adaga metálica caída ao chão. Naoki socou a proximidade direita de seu pescoço. Aquela adaga iria acertá-lo em cheio.

O som de palmas é ouvido.

"Minha nossa! Que bela reunião! Estão todos aqui para assistir à peça de teatro que será apresentada hoje? Espero que estejam animados para o espetáculo!"

Jake conhece aquela voz, e instantaneamente trata de se dirigir àquela pessoa.

"É você novamente. O que faz aqui dessa vez?" Jake diz, para a surpresa de grande parte dos demais.

O homem encapuzado, oculto por panos de cor marrom, sorri de maneira insana, gargalhando ao reencontrar-se com Jake.

Naoki segura Enille, que entra em estado de choque. De um segundo para o outro, todas as memórias que rodeiam aquele homem surgem novamente na superfície de seus pensamentos. Suas pernas tremem e sua respiração se acelera conforme a garota relembra o modo terrível em que seus amigos foram deixados, a crueldade que foi feita.

O homem percebe isso, e sorri para Enille. Ele estende sua mão direita para frente, liberando uma visão assombrosa ao abri-la.

Ele deixa aqueles objetos caírem ao chão. Orbes perfeitas e brancas, com linhas vermelhas que decoram. Ao centro de cada pequena esfera está uma gema colorida de uma cor bela, seja castanho, azul ou verde.

Um total de seis daquelas joias cai dali. Três pares de sangrentos olhos humanos, um único olho inteiramente despedaçado, feito em incontáveis pequenos pedaços.

Ele ri com insanidade conforme Enille esconde seu rosto na capa de Naoki, sendo acolhida por ele. Ela agora chora, percebendo o sadismo que tomou vidas, o demônio que vive naquele indivíduo.

"Que pena que estes não poderão ver o melhor espetáculo mais uma vez, afinal, já participaram dele! A morte é mesmo algo bastante inspirador!"

O modo como ele ri corrói as mentes aos poucos. Cada um dos que ali estão podem perceber que algo muito ruim reside naquele homem, algo além de pura maldade.

"Já chega dessas baboseiras!"

Ronéz ergue-se do chão, e mesmo bastante cansado, traz para fora suas chamas mágicas. O rapaz corre em direção àquele maníaco, que o saúda com outra salva de palmas.

"Bravo! Ação! Eu adoro ação!"

"Não vai gostar tanto assim que estiver morto!" Ronéz tenta atingi-lo com um punho flamejante.

E então, o homem louco deixa escapar de seus lábios um conjunto de palavras distorcidas. Aquilo não faz sentido algum. Os poucos dizeres estão em uma língua desconhecida.

Logo após dizer aquela pequena frase, Ronéz é jogado ao chão por uma força intensa.

"Ronéz!" Laula exclama por ele.

Não há nada que ela possa fazer. Uma mera ladra não possui a menor chance contra aquele mal verdadeiro, um mal sádico e que se delicia no sofrimento alheio, algo bastante diferente do simples ato de roubar para sobreviver. Aquele é o cúmulo de toda a maldade.

A garota apenas pode pedir que nada de pior aconteça.

"Minha nossa! Onde foi parar toda aquela confiança?! Eu quase pensei que teria que me movimentar um pouco!"

"O que é... Isso...? Pesado..." Ronéz não consegue pronunciar com facilidade.

É como se um grande e pesado objeto estivesse sobre ele, uma pressão atmosférica várias vezes maior do que a comum. Ele não consegue sequer erguer levemente a palma das mãos ou até mesmo respirar apropriadamente. Se aquilo se mantiver por muito tempo, ele pode acabar morrendo.

"Não consegue sequer se levantar, huh? Bem, não se preocupe! Não irá durar para sempre! ... Você morrerá antes disso acontecer!" Novamente ele ri.

O homem se abaixa, retirando algo do bolso da calça de Ronéz. Uma pequena sacola de pano. Ao abri-la, é revelado seu conteúdo.

"Ah sim! É isso mesmo que estou procurando!"

O anel está ali. O ornamento dourado com uma pedra de rubi em seu centro atrai a visão de todos. Por que motivo ele deseja um simples anel?

Ele eleva o anel para o alto, rindo mais uma vez. É nesse momento que Naoki surge detrás dele, perfurando seu abdômen com um único soco.

"Você não irá a lugar nenhum com esse anel." Naoki diz, puxando sua mão, agora repleta de sangue, da cavidade abdominal aberta daquele homem.

... ... ...

"Não, não, não! Está tudo errado! Você precisa aplicar mais afinco! A cena seria bem melhor se você gritasse enquanto faz isso!"

Para o terror de todos, ele não demonstra o menor sinal de dor ou hesitação. Seus interiores estão caindo pelo chão, sangrando loucamente. O intestino rompido forma uma corda que goteja, gerando repúdio em todos, com exceção de Jake.

Laula cai sobre seus joelhos.

O irmão de Ronéz desvia seu olhar, fechando os olhos com força.

Enille abraça o ferido Jake, buscando em seu salvador o abrigo daquele pesadelo.

Ronéz, ainda pressionado contra o chão, observa aquele monstro com um pavor não antes visto.

As vestes dele estão completamente manchadas com o vermelho de seu próprio sangue, e periodicamente, pedaços de si mesmo caem nos paralelepípedos da rua, tingindo-os.

"Como um ser humano consegue sobreviver a isso sem esboçar o menor incômodo?" Jake se questiona.

Ele está sendo envolvido pelos braços de Enille, que não consegue presenciar nada daquilo, e por isso afunda o rosto em suas roupas.

"Ugh... Minhas costelas... Elas doem..."

***

"Mas o que?!" Naoki caminha alguns passos para trás, notando a falha em seu ataque.

"Finalmente um pouco de emoção por sua parte, 'garoto do golpe único'!" O homem o apelida.

Aquele golpe deveria ser o único, e Naoki sabe disso. Aquele verdadeiro monstro não poderia possivelmente sobreviver, seja em qualquer hipótese. No entanto, mesmo com um buraco, com entrada e saída, de cinco polegadas no corpo, órgãos internos esmiuçados e grande hemorragia, ele não apresenta o menor desconforto, aparentando sequer se importar com o próprio estado.

"Eu adoraria poder continuar a me divertir com vocês, mas pelo visto terei que sair apressadamente!"

Por um momento, Naoki abandona sua face estoica, tempo suficiente para que aquele insano indivíduo retire algo debaixo de sua capa. Uma adaga.

Ao ver aquela adaga, Jake lembra-se. É a mesma adaga de metal preto que foi usada antes por ele.

"Naoki! Acerte-o antes que ele se apunhale com aquilo!" Jake eleva seu tom.

Se ele conseguir se atingir com a arma, todos os esforços serão em vão. Jake agora sabe que o anel é bem mais do que apenas um artefato bonito e valioso monetariamente, e que tudo poderá estar perdido caso ele escape com o objeto.

E é então que vários projéteis misteriosos fazem contato com o rosto do homem. Laula usa sua Magia para moldar pequenos projéteis feitos de água, atirando-os como uma arma faria, com a ponta de seu indicador.

"Não podemos deixar ele se mover, não é? Então prove isso!" Laula exclama.

As balas de água de algum modo se alojaram no corpo do homem, e com um gesto de sua mão, Laula os transforma em espinhos de gelo, que agora estão fincados em sua perna direita, braço esquerdo e ombro esquerdo.

Ela ganhou algum tempo para Naoki. O espinho de gelo alojado na perna causa uma queda, dando a oportunidade de ataque para o guerreiro, que se apressa em tentar atacar.

... ... ...

No entanto, quando sua mão fechada, coberta por ondas elétricas toca o corpo daquele encapuzado, todos os esforços se perdem. Já é tarde demais.

Ele consegue esfaquear a palma de sua mão com a adaga preta, sendo transformado em poeira roxa, esvaindo-se dali com uma risada.

O anel foi completamente perdido.

***

"Entendo... Então a missão foi completamente falha... Irei informar as autoridades acerca desse sujeito encapuzado que você descreveu. Um alerta de nível máximo de perigo será associado com esse indivíduo."

"Agradeço."

Uma derrota. Naoki conversa com a atendente da Guilda dos Aventureiros, relatando tudo acerca do ocorrido para a mulher, que anota todos os detalhes em uma página.

Muito aconteceu naquele início de dia. Neste momento, são cerca de 11 da manhã, ou como disse Naoki, 11 do eixo solar. Jake olha pela janela. A fumaça já desaparecera do Burgo Esquecido, e o grupo de ladrões foi apenas deixado para trás. Depois de todo aquele combate, ele teve de tornar a trajar-se com as roupas com as quais veio, as originais de seu mundo.

Os ferimentos foram curados na Guilda. É interessante o modo como uma simples luminosidade consegue fazer as dores sumirem e os cortes serem fechados. A Magia é algo ainda misterioso.

Magia. Ele olha para sua mão. Aquilo foi Magia? O que significam os tentáculos negros que viu naquele vitral? E qual a razão de ele conseguir manifestá-los? Ele fecha seus olhos. Os detalhes fornecidos pela Entidade são vagos. Jake desconhece múltiplos mecanismos desse mundo, inclusive coisas sobre si mesmo.

Até que ponto sua humanidade foi afetada pela remoção de sua alma? Ele consegue debruçar-se sobre as cenas mais grotescas e cruéis sem o mínimo impacto sobre si... Estaria tudo o que o faz humano simplesmente perdido?

Ali, além de Naoki, está Enille. A garota não o solta por motivo algum desde o momento em que aquele embate múltiplo se finalizou. Ela estava disposta a se sacrificar por ele naquele momento, alguém que apenas se aproveitou das circunstâncias, que a tratou como uma peça em um tabuleiro.

"O que isso me torna?"

Jake retribui o abraço. Ele deseja se importar. Apenas deseja. Por mais que ele queira sentir algo por aquela garota, isso se exibe nada menos do que impossível.

Entretanto, por mais que não consiga sentir, por mais que nada ocupe seu coração, Jake já se decidiu. Esse mundo é repleto de maldade. Ele não deseja ser apenas mais um vilão.

Existem vários modos de sentir empatia, nem todos eles emocionais. Mesmo se ele mesmo não puder sorrir, Jake "sente" que deve proteger os sorrisos desse mundo.

O que o "Jake completo" faria em uma situação como essa?

"Irei me comprometer em cumprir minha missão."

... ... ...

"Jake..." A voz baixa de Enille chama por ele.

O rapaz é retirado de seus pensamentos.

"Sim, Enille?"

A garota se aconchega mais, deixando-se envolver completamente pelo braço direito de Jake.

"Seu abraço é confortável."

"Então é isso?"

Ele fecha seus olhos.

"Mais alguma coisa?"

"Não. Eu não preciso de mais nada."

***

Com o tempo, Enille acaba por cair no sono, agarrando-se a Jake. Naoki aproveita esse instante para aproximar-se, sentando-se ao lado de Jake à mesa.

"Jake Parker, o mais novo membro da Guilda dos Aventureiros... Você sabe que não estou aqui para conversar sobre coisas banais, certo?" Naoki o questiona.

"Certamente que não está." Jake responde.

Naoki toma uma porção de ar para si, fitando Jake intensamente.

"Vou direto ao ponto. Antes da explosão inicial, senti um estranho Poder Mágico, uma energia completamente diferente de tudo o que já vi..."

Jake apenas escuta.

"... E pude concluir, assim que o vi que se trata do seu Poder Mágico, garoto."

"Meu Poder Mágico?"

Naoki desvia o olhar, observando a janela. De um segundo ao outro, seu olhar encara Jake de relance.

"Algo em mim afirma que você sabe de algo... Digamos que eu também sei de algo."

Ele expõe suas cartas, atraindo a atenção de Jake.

"Venha à sede da Guilda dos Guerreiros de Calendas amanhã. Eu irei ensinar-lhe o básico acerca das coisas que você ainda não aperfeiçoou. Posso garantir que ambas as nossas dúvidas serão sanadas com o tempo. Interessado?"

Jake não pode dizer que Naoki é seu aliado, mas também é incapaz de julgá-lo inimigo. O melhor que ele pode fazer no momento é aceitar.

"Irei ensinar você a lidar com sua Magia exótica e treiná-lo como um guerreiro-mago. Como isso soa para você?" Naoki novamente pergunta.

Jake responde sem hesitar.

"Eu aceito."

"Muito bem. Começaremos amanhã, como combinado."

Naoki então gentilmente remove Enille do abraço de Jake, para não a acordar, e a carrega de volta para casa. Jake olha para a janela. O guerreiro-mago some com grande velocidade, em um mero salto.

"Eu urgentemente preciso saber mais a respeito de tudo isso."