Era uma noite escura e fria, as gotas de chuva atingiam a janela do quarto com força e o trepidar das paredes deixava claro que uma tempestade havia chegado.
No local havia uma grande cama, na qual estava deitado um homem idoso. Sua aparência era cadavérica, que junto dos vários aparelhos médicos ao redor da cama, perpetuavam uma sinfonia melancólica e mortal.
O homem respirava com a ajuda de equipamentos e a quantidade de medicamentos que estavam sendo injetados em suas veias era realmente grande, não era à toa que ele estava em coma induzido, para não sentir a dor sufocante de sua doença.
O senhor, preso a uma cama hospitalar, era um famoso cientista e humanitário.
Suas descobertas no campo da ciência revolucionaram o mundo moderno, seus inventos não apenas levaram a humanidade a uma nova era de conforto e descobertas, mas também de salvação.
Com o planeta definhando aos poucos, devido as ações predatórias que o ser humano insistiu em continuar fazendo, as soluções se apresentavam aos montes, mas nenhuma realmente foi capaz de sanar o problema.
E então, no final do século 20, uma criança nasceu e com ela a esperança da humanidade.
Durante sua vida adulta, muitos estudos foram feitos sobre ele, para tentar descobrir como alguém era capaz de tornar-se tão inteligente.
Seu Quociente de Inteligência foi dito como impossível de ser calculado em um número exato, mas era um consenso entre os renomados psiquiatras e neurologistas, que o número teria em torno de cinco dígitos.
Aos trinta anos, o cientista trouxe a primeira revolução, o primeiro computador quântico industrial.
Aos trinta e cinco anos, ele criou a tecnologia para a criação de computadores quânticos pessoais, ou seja, notebooks e afins.
Aos quarenta, haviam celulares quânticos.
Aos cinquenta anos ele descobriu uma maneira de criar uma barreira eletromagnética, a qual era, virtualmente, indestrutível.
Aos cinquenta anos ele descobriu uma maneira de criar uma barreira eletromagnética, a qual era, virtualmente, indestrutível.
Aos cinquenta e cinco anos, descobriu a tecnologia para o nascimento de Usinas de Fusão Nuclear Miniaturizadas, ou seja, qualquer pessoa poderia ter uma pequena usina no quintal de casa.
Aos sessenta, descobriu maneiras viáveis de filtrar o ar de todo o Planeta Terra, bem como limpar os oceanos de uma vez por todas.
Aos setenta anos, descobriu como tornar possível o teletransporte quântico e com isso, a exploração espacial deu um salto gigantesco, possibilitando a humanidade a explorar planetas e estrelas distantes.
Aos oitenta anos, criou a tecnologia que possibilitou a impressão de órgãos complexos, como corações, olhos e medula espinal.
Aos noventa anos ele se aposentou, indo viver em uma casa comum de classe média, com sua esposa e alguns cachorros.
Muitos não entendiam a sua história e o que mais os chocava era o fato de que todas suas descobertas e criações, nunca foram impedidas de serem copiadas.
Ele sempre deixou aberto ao público, não cobrando nenhum centavo por suas pesquisas.
Alguns economistas da época diziam que se ele tivesse cobrado o valor devido por suas conquistas, ele teria acumulado uma fortuna de mil trilhões de euros, afinal, suas descobertas não apenas levaram a humanidade a uma nova era, mas a salvaram.
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Dia dezesseis, do ano de 2096, após um ano de uma luta contra um câncer cerebral incurável, o maior cientista e humanitário que havia pisado na face da terra, finalmente deu seu último suspiro.
O planeta inteiro declarou luto por uma semana e estátuas foram colocadas nas dez principais cidades de todo o mundo, bases em outros planetas, criadas devido as suas descobertas, foram renomeadas em sua homenagem.
Líderes mundiais se reuniram e fizeram discursos em sua memória, deixando claro que aquele homem jamais seria esquecido.
Porém, enquanto o mundo jazia em luto e em caos pela sua morte, algo diferente acontecia em um lugar desconhecido para todos.
Era uma sala colossal, colunas imensas, tão grandes que poderiam sustentar o próprio céu, se faziam presentes e seguravam um teto dourado cravejado com pedras preciosas e algumas outras que nem se conhecia.
No final da sala, havia um trono, no qual havia um ser assentado, mas não era possível ver sua aparência, ele emanava tanta glória e poder que era irreal alguém sequer imaginar a possibilidade de ver sua face.
"Bem-vindo..." Uma voz angelical e com um tom divino ecoou por todos os lados, sem uma fonte própria, quase como se um coral de anjos estivesse falando em uníssono.
"O... Onde eu estou?..." As palavras vieram de uma esfera branca que flutuava sozinha.
"Você morreu... Eu devo dizer que estou surpreso com a Vida que você levou, apesar de saber tudo, suas escolhas ainda assim me surpreenderam. Eu sou capaz de ver o passado, presente e futuro.
Eu sei como foi o ontem e como será o amanhã e, em todas as Eras, passadas e futuras, você foi um dos poucos seres humanos que conseguiu me surpreender.
Eu lhe dei inteligência o suficiente para Reinar sobre toda a Raça Humana, eu dei a você a capacidade de se sobressair sobre tudo e todos, mas, você escolheu em vez de reinar, servir.
Dedicando sua Vida ao bem comum e não aos próprios ganhos.
Eu, o Criador, lhe dou meus parabéns..." Aquela voz divina e transcendental era capaz de fazer qualquer mortal virar cinzas.
Contudo, aquela esfera branca solitária no meio da Sala era uma Alma e, apesar de estar tremendo de medo diante da Glória do ser a sua frente, ela era capaz de manter-se intacta.
"Sendo assim, eu vou lhe dar duas escolhas.
Viva a eternidade no Paraíso, onde você jamais terá que se preocupar com nada, não há dor, não há tristeza e apenas alegria eternamente ou eu posso fazer você renascer em outro Universo, com Leis Físicas parecidas, mas não idênticas, em um Mundo Antigo e subdesenvolvido, no qual eu vou lhe dar Poder ainda maior do que na sua Vida na Terra.
No entanto, eu preciso que você Reine.
Esse Universo está perdido sem uma liderança forte, forças colidem diariamente e em vez de se unirem contra as Forças Malignas, preferem lutar um contra o outro em uma sede constante por poder.
Eu estou prestes a os destruir, mas, caso você consiga transformar esse local em algo que valha a pena permitir que continue existindo, eu assim o farei.
Sendo assim, escolha..." A voz era soberana e aquela pequena e indefesa Alma era capaz de entender o peso por detrás das opções.
No entanto, algo nas profundezas de sua mente lhe dizia que a escolha correta era óbvia.
"Eu vou escolher a segunda opção..."
Era impossível de ver a expressão daquele Ser Divino e Criador, mas uma sensação estava emanando no ar de que ele estava sorrindo e alegre.
Ele já sabia que ele escolheria a segunda opção, mas, isso não deixava de o alegrar, pois, ver alguém que diante do paraíso e de uma vida com dificuldades, mas com uma grande missão, ainda escolhe a segunda opção, era algo deverás angelical e, porque não, Divino.
"Que assim seja!"