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Chapter 3 - Um demônio

Ao chegarem ao laboratório uma linda mulher de cabelos claros amarrados em um rabo de cavalo os atende, Lilian a olha calada, algo em seu rosto a incomodava.

— Eu preciso que você adiante o implante. — Mateus fala decidido, ele tinha ouvido a conversa mais cedo e estava certo a fazer de tudo para que a garota recebesse o demônio.

— Sobre as ordens de quem senhor?

— Minhas.

Os dois se olham profundamente, Lilian não sabia o que estava acontecendo, porém observando o físico de Mateus percebeu que não conseguiria fazer nada contra o mesmo.

— Olha Mateus, eu não sei o que você espera que eu faça, os superiores já não estão felizes com essa sua promoção.

— Clara ela vai conseguir, confia em mim.

— E eu vou ganhar alguma coisa com isso? Não sei... talvez um anel ou algo do tipo? — enquanto falava ela mexia em seus cabelos constantemente, mas Mateus parecia não mostrar nenhuma afeição.

— O que você quiser.

— Certo! Venha comigo minha querida — com um sorriso enorme ela estica sua mão para a garota que a segura.

Clara a leva para uma porta com um bilhete "entrada permitida somente para pessoas autorizadas", Lilian por algum motivo encara Mateus enquanto adentrava a porta e vê-la fechar ela sente um vazio, era como se a visão que ela tinha daquele rapaz fosse o que ela procurava durante muito tempo.

Em poucos passos as duas adentram uma sala com aparelhos vitais, uma maca e uma mesinha de alumínio com equipamentos médicos em cima.

— Deite aqui, por favor.

A enfermeira se aproximou com um tipo de injeção, o líquido era da cor preta e isso lhe causou um estranhamento, quando finalmente foi injetado a dor se espalhou por todo o seu corpo mas Lilian sentiu um estranho cansaço, ela queria dormir e ninguém ia a impedir.

Quando acordou o seu corpo não seguia seus comandos.

— Tem alguém ai?

A falta de uma resposta deixou claro que ela estava totalmente sozinha, o que não era muito diferente da maioria de seus dias, naquele momento se esquecera até mesmo de Mateus que puxou a sua atenção em apenas alguns segundos.

Ela teve força o bastante para se sentar na maca, mas na hora de descer sentiu suas pernas fraquejarem causando um fatídico tombo, Lilian tentou se levantar porém sua falta de força ficou estampada em seu rosto, até olhar para a porta, lá estava Lívia a observando com a mesma camisola transparente, com os mesmos pingos de sangue, mas dessa vez sua expressão era calma.

Lilian contou os segundos, foram três segundos até Lívia sair, três segundos e Lilian finalmente se levantou junto com um sentimento de dever, ela tinha que ir atrás daquela pessoa que tentou matá-la antes, parecia loucura mas ela precisava, talvez fosse o único jeito de sair viva de lá.

Correndo para fora ela se depara com um enorme corredor e uma bifurcação para a esquerda, nela conseguia se ver apenas o rosto de Lívia que de um segundo para o outro vai embora novamente, Lilian anda enquanto olha os arredores, não se lembrava de ter passado por aquele lugar mas naquele momento estava certo de que tudo seria uma ilusão, um morto não voltaria a vida tão facilmente.

Quando chegou na bifurcação ela se deparou com duas portas, uma dupla no final do corredor e outra na parede do lado esquerdo, está em si se encontrava aberta, Lilian decidiu olhar para dentro, assim verificando se Lívia estaria ali, Thais estava rasgando sua filha ao meio com a faca que tinha a matado, os órgãos ficaram espalhados ao chão a medida que ela os arranca de dentro do corpo gélido e imovel de Lívia, Lilian queria sair correndo e ela tentou, mas assim que se virou seu corpo travou, não importava o quanto ela tentasse nem mesmo um dedo se mexia, a única coisa que ela podia olhar era a maldita bifurcação, nada acontecia até se passarem três segundos, as paredes se descascavam mostrando uma parte suja e abandonada, pareciam enferrujadas, um odor de apodrecimento surge e quanto mais atenta ela estava mais ficava claro que alguma coisa se aproximava.

Seu corpo doía em sincronia com as batidas de seu coração, algo iria acontecer e isso ficou claro quando garras escuras e longas apareceram lentamente na bifurcação do corredor, as batidas aumentavam mais e mais enquanto aquela criatura ficava aparente, ela era alta e corcunda, seus dedos eram enormes juntamente com as garras pretas finas e pontudas, era esquelética com cabelos enormes pretos tampando todo o seu rosto, com fios vermelhos enrolados em seu corpo. "Quando se olha para o poço ele te olha de volta" era isso que Lilian sentia, o demônio olhava o fundo de sua alma e se aproximando rapidamente arranca o seu coração, enquanto a garota se perde nos olhos profundos daquele demônio o restante se torna negro, fazendo com que tudo perdesse o sentido.