A entrarem, as luzes piscaram, mas Eun Ha viu com extrema nitidez com o monóculo, uma versão borrada e distorcida do Ajusshi , grudada ao pescoço dele.
Parecia que essa versão monstruosa do Confeiteiro Lee estava ligada a ele pelo couro cabeludo, e estava encarapitado sobre ele. Eun Ha percebeu, apenas nesta rápida olhada de microssegundos, que a entidade maligna e escura parecia estar sugando o homem como se ele fosse um saquinho de vitamina. O homem tinha uma faca na mão. A fada se virou para o lugar onde a pouco pelo lado de fora vira a ajuhma sem rosto, mas não havia nada.
Ela sequer teve tempo de processar as informações, apenas recebê-las.
A luz apagou completamente. Ela sentiu um frio em suas costas, como se estivesse molhada, mas foi puxada pela mão tão rápido que ficou zonza, apenas teve a presença de espírito de apertar o monóculo com a mão livre no rosto, antes de cair sentada no chão.
Ela se agachou, encolhendo-se e procurando abrigo embaixo de uma mesa. Ela ouvia barulho de movimento, e tentou focar o que acontecia, quando ouviu Shin chamar por ela:
"Jung! Tire a faca do humano! Não o deixe se matar!"
What-the-hell! É por isso que ele estava com uma faca?! Não como uma ameaça, mas para… Ela se levantou num ímpeto, empunhando sua varinha mágica e tentando focar com a lente azul onde estava o Confeiteiro possuído, ou o que fosse, mas o monóculo caiu de seu rosto no exato momento em que ela viu o homem rastejando para longe do monstro e do Caçador.
Seu tutor parecia estar tendo dificuldades em segurar o monstro, que apesar de ter a constituição do Confeiteiro, parecia ter a força de um animal selvagem. Um pouco atordoada ela mirou a esmo e lançou uma magia, e ouviu o grito do Caçador! "Jung, o que você está fazendo?!"
"Omo! eu te acertei, Professor Shin! Omo!!"
"Só sai daqui! Vai!" A voz dele foi abafada por um agudo grito feminino, por um momento Jung Eun ha estava tão atordoada que só depois entendeu que não era o monstro, e sim a voz da ajuhma verdadeira, em pânico. Ela rodou em seus calcanhares para obedecê-lo, mas seu tronco hesitou. Se ela corresse, o que aconteceria? "Droga, professor! Eu não enxergo!
Ela se virou, ao sentir a mão grudar em seu calcanhar. Era o homem, mas ela estava tão apavorada que ela o chutou por instinto, e ele rolou para um canto, onde ficou.
Algo se levantou de onde o monstro e o seu professor se embolavam e veio em sua direção de maneira abrupta. Se o caçador ou o monstro, ela não sabia, mas sentiu um pânico tão e forte que seu coração doeu, e ela fechou os olhos esperando a pancada e a dor, paralisada pelo medo.
Mas seu ouvido ouviu o barulho dos panos, e então reconheceu que era o Caçador Shin.
Ele passou por trás de seu corpo, abraçando sua cintura e pegando seu braço com força. Eun Ha sentiu a mão grande dele deslizar pela sua, e entrelaçar os dedos com seus dedos, apertando com força sua varinha mágica. Ele guiou o movimento de sua mão, e ela sentiu a magia passar desde a planta de seus pés até seus dedos, e fluir pela varinha como um jorro.
Ela arregalou os olhos. O que está acontecendo?! O clarão fez com que ela piscasse, sem conseguir realmente enxergar. Mas entendia o que tinha ocorrido. Entendia que Shin tinha dominado sua magia, para atingir no ar a criatura que vinha desabalado para Eun Ha.
A fada ainda estava trêmula, tanto pela experiência da magia quanto pelo medo, enquanto via a criatura se dissolver em névoa pelo ar. As luzes elétricas voltaram a piscar, ameaçando acender.
Ela não sabia se tinha passado minutos ou segundos. Tudo parecia que tinha sido simultaneamente tão longo e cheio de detalhes, e tão rápido e confuso. Apenas afundou o rosto no peito do Professor Shin, ainda com as mãos entrelaçadas nas dele.
Sentiu os tapinhas desajeitados na sua cabeça, tentando fazê-la voltar a si.
Meu Deus, sua fada estúpida, não pode ser um herói sexy nem de vez em quando? Eu estou abalada! Estou traumatizada! E você está tocando a minha…
"Omo!" Ela desvencilhou seus dedos dos dele e sua varinha do contato com a palma calosa de sua mão grande. Shin se afastou, com a deixa, e se virou para examinar os humanos.
"Acabou...Professor?" Eun Ha guardou sua varinha rapidamente, resgatou o monóculo do chão, e olhou o casal. A mulher parecia inconsciente, e sem nenhum monstro a parasitando, perto da porta do banheiro, então ela foi até lá se certificar que ela estava bem, enquanto o Caçador verificava como estava o Confeiteiro Lee, sentado e encostado numa parede com o olhar vazio.
"Este homem parece em choque. Como está a mulher?
"Eu acho que desmaiou. O pulso está fraco, mas ela respira bem."
"Vamos chamar a emergência. E sair daqui."
Eun Ha achou o monóculo no chão, e se lembrou que talvez seu mestre pudesse estar ferido:
"Professor, Shin, eu atingi você com a faca?"
Ele suspirou, negando com a cabeça, e se levantou. "Vamos ver se há ou havia algo no banheiro, antes de ir."
Ela não estava animada por isso, mas o seguiu. Percebia que ele mancava levemente, mas não parecia machucado em outras partes.
"O que era…?"
"Shhhh. Já disse, hoje não. Isso não acabou."
"Não?!"
"Não. Um deles fugiu. Mas esse tipo de criatura nunca é a causa do problema. Eles são consequências." ele abriu a porta do banheiro. Eun Ha examinou com o monóculo, mas não viu nada. Examinaram rapidamente os cômodos restantes, e Eun ha foi percebendo que, como o Professor tinha dito, a visão do monóculo foi ficando normal com o passar dos minutos, até realmente não captar os miasmas de antes, apenas a visão idêntica ao outro olho.
"Ligue para os médicos com o telefone do Confeiteiro, Jung." O caçador ainda remexia aqui e ali, nas gavetas e armários, em busca de algo. Eun Ha fez isso, e quando desligou o telefone, a Ajuhma Confeiteira já estava voltando à consciência.
As duas fadas saíram, pararam embaixo de uma marquise. O Caçador virou-se para ela, enquanto acendia um cigarro:
"Você disse que o homem que veio aqui os chantageava, certo?"
O coração de Eun Ha ainda batia forte e sangue fluía rápido, ela tinha certeza de que a adrenalina de fada era igual a de humanos. Ela tinha esquecido disso por um momento, mas teve um clique:
"O olhar do Confeiteiro Lee para aquele homem… Era o olhar de quem está antecipando algo ruim e está saboreando isto…Será que foi por isso que ele ia se matar? Por causa do que estava fazendo?
O caçador apenas balançou os ombros, aparecendo incerto.
A estilista resumiu para o Caçador o que tinha testemunhado. E completou: "Acha que o causador dessa coisa toda está onde este homem vai?"
"Só saberemos se formos lá."
"Ah! Não! Professor!"
"Você é bastante inteligente para deduzir que o homem vai atrás do objeto que quer vender na antiga fábrica de bolinhos, Jung. Se não formos lá agora, ele pode morrer."
Ela sabia que provavelmente não tinham tempo a perder. Embora ela não quisesse ir, e tivesse milhões de perguntas, também sabia que teria que cooperar com o Caçador.
"Se nós formos, vai ser pior do que dessa vez?"
Ele passou a língua nos lábios secos, parecendo pensativo, ao invés de responder diretamente:
"Se eu não for, pode se tornar um problema ainda pior. Eu ainda não sei o que está acontecendo, mas já tenho uma desconfiança. Mas começo a achar que cheguei bastante atrasado."
Ele apagou o cigarro e rodou a chave da moto no dedo, dando um meio sorriso repentino e falando: "Coloque logo o gorro dessa sua capinha de mentira, Jung. Você está derretendo."
"...!"